terça-feira, junho 18, 2019

Bolas, há dias para tudo!

Bolas, há dias para tudo!
 Mas quem é que inventa os dias especiais, no século XXI?? E onde é que se decidem estas coisas? Nos gabinetes das Nações Unidas? Nos parlamentos? No clube Bilderberg? E já agora, que roupa usar? Fraque com cartola? Gravatazita catita? Ou vamos apenas à reunião em estilo casual?
Está bem, nós sabemos quem é que eram os responsáveis pelas datas comemorativas, até aos finais do século XVIII: a Igreja Católica. Até a facção Protestante acabou por seguir dias comemorativos que já tinham sido designados pela então Igreja Romana. Mas como todos nós bem sabemos, o calendário era uma “seca” tremenda: eram só santos e santas, Natal, santos e santas, Páscoa, santos e santas, dia dos mortos, santos e santas… (bocejo). E até as festas pagãs eram toleradas e vigiadas pelo Vaticano (Olhem o Carnaval e o Réveillon: como nós bem sabemos, não têm nada de Cristão…). Foi só a partir do século XVIII, graças ao movimento Iluminista, que as instituições religiosas começaram a perder peso no mundo Ocidental. A partir daí, lá se foram ajuntando algumas festividades mais “mundanas”: dia de um determinado país, dia do trabalhador, dia da Mulher, etc.
Durante um determinado período, estes dias comemorativos criaram algum impacto nas massas: o Dia internacional da Mulher serviu para questionar a forma como o sexo feminino era tratado no Ocidente; o Dia Internacional da Criança foi útil para falar dos direitos destes seres humanos pequeninos e indefesos; o Dia Mundial da Sida foi muito relevante para transmitir informação científica válida, a propósito deste mal dos tempos modernos; e, claro, está implícita a ideia de que “água mole em pedra dura, tanto dá até que fura”.
Porém, o que é demais não presta: chegámos ao ridículo de ter dias para tudo. Ah, acham que não? Então, vejam: segundo o website Calendarr Portugal , só o mês de Janeiro já nos dá vontade de rir: temos o dia internacional da comida picante, o dia internacional do fetiche, o dia mundial da neve, o dia de são Simeão estilista e até temos um dia internacional ao contrário!! Em Fevereiro, a risota continua: existe um dia de limpar o computador! A sério, não estamos a brincar! Há um dia da mão vermelha (???) e um dia para os engolidores de espadas! E que tal celebrarmos os dias mundiais da canalização, da incontinência urinária e do backup (todos em Março)? Abril reserva-nos surpresas: é urgente celebrarmos o dia da diversão no trabalho (suponho que Jeff Bezos alinhará nesta data comemorativa…). Mas tudo isto empalidece com a grandiosidade dos dias do golfista, do pinguim e do design gráfico. Enfim, é melhor pararmos por aqui, se não quisermos que os nossos leitores morram de riso.
A mania dos dias especiais pegou de tal forma, que o calendário já não chega para celebrar tanta gente e tanta coisa: estamos a escrever este post no dia 18 de Junho, certo? Ora, este ciclo de 24 horas está a festejar CINCO eventos: de manhã, vamos todos para o campo celebrar o dia mundial do piquenique; suponho que o dia mundial do Sushi deve ser glorificado durante a hora do almoço (faz parte do farnel que trouxemos e estendemos na relva); antes de comer, rezemos a santa Osana (calha bem, porque ela fazia muitos jejuns); para o piquenique, devemos trazer connosco um autistazinho, pois o dia 18 de Junho é o dia deles, coitadinhos; por fim, voltemos para casa a pé, às escuras e sem dinheiro, que é para celebrarmos o dia mundial do pânico.
No fim disto tudo, são as comemorações do costume que ficam nas nossas memórias: o dia do Holocausto, o dia do Trabalhador, o dia mundial da criança… O cérebro humano não está programado para se lembrar de todas as datas importantes. E, francamente, aqui entre nós, o único evento que merece ser falado hoje é aquele que é dedicado ao Autismo, um problema sério que deve ser discutido e minorado, e talvez esse outro pesadelo bem contemporâneo que é termos um ataque de pânico. Mas esta pressão de sermos “inclusivos” por dá aquela palha está a destruir a credibilidade destas datas importantes. Se tudo pode ser comemorado, então nada tem valor suficiente para ser comemorado. Estes momentos do calendário estão a transformar-se numa piada mundial, de tal forma que até já existem calendários dedicados só aos dias parvos (poderão ver um deles neste link .
Sim, o politicamente correto está a ficar cada vez mais pateta. Mas a nossa equipa aceita sugestões. Não sabemos muito bem com quem iremos falar, para oficializarmos uma nova comemoração. Talvez a wikipedia tenha a resposta para esta questão. Eh, pá, espera! Que tal o “dia internacional da Wikipedia”?
Ela bem merece…

Imagens retiradas do link acima mencionado

segunda-feira, junho 17, 2019

Balanço geral da palestra O Sol e a Humanidade


Balanço geral da palestra O Sol e a Humanidade
Já toda a nossa comunidade escolar sabe que a equipa da biblioteca escolar e centro de recursos costuma trabalhar lado a lado com os conteúdos programáticos de muitas disciplinas de qualquer ciclo. Ora, uma das ofertas da BECRE é realizar palestras ou workshops, a propósito de um determinado conteúdo que está a ser leccionado. Desta forma, já são vários os docentes que nos contactam e nos pedem para irmos à sala de aula deles e desenvolver um determinado tópico. Em outros casos, somos nós próprios quem sugerimos uma actividade a realizar em comum. Foi o caso da palestra O Sol e a Humanidade: O impacto do sol na nossa cultura, saúde e economia. Com efeito - e a propósito da exposição O tempo das flores – desenvolvemos várias actividades e palestras à volta deste tema, que nada mais é do que a chegada da Primavera… e do Sol. Esta sessão teve lugar na turma B do 10º ano, na disciplina de geografia (professora Elisabete Cardoso).
A reacção dos alunos foi de surpresa e muito interesse: poucos ouviram falar de uma coisa chamada “relógio biológico” – ou já não se lembravam – e muito poucos estavam a par do famoso “ciclo circadiano”, que já foi cientificamente comprovado por três cientistas, e foi graças à sua investigação que foram contemplados com o prémio Nobel da Medicina, no ano de 2017 (ver vídeo no fim deste artigo). Falou-se do conhecimento que os nossos antepassados já tinham deste ciclo; falou-se do sol como produtor de vitamina D e de occitocina, e do impacto que este tem no sono. Aliás, para sermos mais específicos, o tema do sol forçosamente teve que abarcar informações relacionadas com o sono, sonho, controlo de stress, produção de hormonas condutoras do bem-estar… e dos telemóveis. A turma foi muito participativa e não se cansou de fazer perguntas. Notou-se claramente que os alunos estavam muito curiosos e desejosos de saber mais. No entanto, precisávamos de informações mais detalhadas, e foi para isso mesmo que o nosso questionário - após a palestra - serviu. No total, foram 15 discentes que responderam às nossas questões.
Vamos então aos resultados: no que diz respeito à 1ª questão (Qual foi a informação mais importante que aprendeste, durante estas três aulas?), verificamos imediatamente que a informação que mais impacto teve nas turmas foi a “descoberta” do Ciclo Circadiano. Vários admitiram ficar surpresos com a importância do sol no dia-a-dia das nossas vidas. Quase todos os alunos deram mais do que uma informação. O interessante foi notarmos que o que permaneceu na memória deles foi a questão do sono e do ritmo interior que existe em cada um de nós. Apesar de terem sido colocadas muitas questões na sala de aula, a propósito do impacto negativo dos aparelhos eléctricos durante o sono, o que eles “fixaram” mesmo foi o ciclo circadiano.

QUESTÃO 1- Qual foi a informação mais importante que aprendeste, durante estas três aulas?
Aprendi que existe um relógio interior em cada um de nós/Aprendi que existe uma coisa chamada ciclo circadiano – 9 alunos
Aprendi que o sono é muito importante – 5 alunos
Aprendi que o sol é muito importante para a nossa saúde física e mental – 2 alunos



Continuando com a segunda questão (Dá a tua opinião sincera sobre esta atividade), foi um prazer verificar que todos os discentes que participaram gostaram da experiência. Mais ainda, a turma afirmou que a mesma foi enriquecedora e que adquiriram mais cultura geral. Estamos confiantes de que estes resultados são genuínos, pois o questionário era anónimo (mais uma vez, vários alunos deram mais do que uma informação):

QUESTÃO 2:  Dá a tua opinião sincera sobre esta atividade.
Foi muito Interessante e informativa – 9 alunos
Aumentou a minha cultura geral – 8 alunos
Foi enriquecedora  - 2 alunos


Chegámos finalmente à última questão (Gostarias que a equipa da biblioteca fizesse mais atividades com a tua turma? Porquê?). Todos afirmaram que sim, esta colaboração entre disciplinas e BECRE é para continuar. E deram várias razões para justificar a sua opinião (muitos deram mais do que uma resposta):
QUESTÃO 3 – Gostarias que a equipa da biblioteca fizesse mais atividades com a tua turma? Porquê?
Sim, aprender nunca é demais – 9 alunos
Sim, é informação extra que não aprendemos nas aulas – 5 alunos
Sim, alerta-nos para problemas reais na nossa sociedade – 1 aluno
Sim, fez-me refletir – 2 alunos
Olhando para este balanço, podemos afirmar que estamos contentes com o resultado final desta palestra, e queremos também agradecer a colaboração da professora Elisabete Cardoso.
Uma coisa é importante: TODOS os alunos desta turma querem continuar com estas actividades para o próximo ano letivo. Foi bom descobrir que alguns inclusivamente questionaram os seus hábitos de vida. Esperemos que esta sessão os tenha transformado, nem que seja para ficaram mais 5 minutos do seu dia a apanhar sol no boné!

Vídeo Euronews: Relógio Biológico vale prémio Nobel de Medicina (2017)


Imagens retiradas daqui, daqui e daqui .

sábado, junho 15, 2019

Livro da Semana A Conspiração de Papel – David Liss

Livro da Semana
A Conspiração de Papel – David Liss


São – infelizmente! – poucas as pessoas que gostam de História. Para elas, este assunto faz-lhes lembrar a “seca” das aulas, decorar datas importantes, falar de coisas que “já não são do meu tempo” e, por isso – segundo muito boa gente – já não interessam para nada. Não podíamos estar mais longe da verdade: sem o conhecimento do nosso passado e da nossa memória coletiva, nós já não sabemos quem somos. É por isso que a Civilização Ocidental está a passar por um período muito crítico e por uma angustiante crise existencial: afinal, quem somos nós e para que é que servimos?
No entanto, há uma maneira muito divertida de aprender o nosso passado: através dos romances históricos. Este é um género literário muito polivalente, muito versátil, e que serve para todo o tipo de narrativas. Tanto dá para falarmos de um belo romance de amor, como dá também para imaginarmos uma intriga política ou um crime cometido. Podemos criar personagens que nunca existiram e colocá-las num século à nossa escolha, como podemos, se quisermos, “pegar” em figuras genuinamente históricas e dar-lhes vida, através de biografias imaginárias, diários que nunca foram escritos ou, simplesmente, colocá-las no seu mundo e vê-las viver a sua vida.
No caso do escritor David Liss, este optou por uma personagem imaginária, de nome Benjamin Weaver, um judeu que era... Português. Por que motivo Liss escolheu uma personagem de origem lusa? Bem, há várias explicações: para já, Liss é judeu, por isso não é de espantar que ele se interesse pelo passado do seu “povo”, ao longo da História. Por outro lado, tudo começou com a sua “Tese de Mestrado” na universidade de Columbia: ficou tão entusiasmado com toda a pesquisa e estudo que estava a acumular, a propósito do século XVIII, que depressa deixou a sua tese e começou a escrever a tempo inteiro. Além disso, Benjamin Weaver é baseado num pugilista que realmente existiu no século mencionado: seu nome era Daniel Mendoza, era descendente de judeus portugueses e, inclusivamente, escreveu uma biografia (imagem à esquerda). Era uma celebridade da época, arrastava multidões aonde ia e revolucionou “a nobre arte” do Pugilismo. Benjamin Weaver é bastante influenciado por esta figura fantástica, talentosa, perdulária e caótica. No entanto, Weaver é mais metódico, mais observador e mais – um bocadinho de nada mais! – ajustado na Inglaterra de então. Isto é, ajustava-se como podia, pois a comunidade judaica era muito demonizada e ostracizada.
O mais fascinante neste livro nem sequer é a intriga principal: um filho, que anda de costas viradas para o pai, desce ao submundo do crime para tentar encontrar o assassino que o matou. O verdadeiramente interessante neste romance é o que está à volta dele: a sociedade, os costumes de então, a descrição das prisões, a fome nas ruas, o preconceito. E sobretudo SOBRETUDO o mundo do dinheiro e da sua ligação incestuosa e assustadora com as redes criminosas e partes substanciais do governo Britânico. Com efeito, podemos mesmo afirmar que o tema da corrupção é O grande assunto em todos os romances de Davis Liss. Aliás, ele próprio afirmou numa entrevista: Há qualquer coisa de muito interessante em vermos uma versão do nosso tempo noutro século. Nós reconhecemos as semelhanças com mais facilidade, quando estas já estão desfamilarizadas. (podem ler, aqui, a entrevista completa.
Este é um excelente romance de Verão: contundente, profundo, de leitura viciante, mas também cheio de uma ironia e de um sarcasmo que cortam o “azedo” da história.
Divirtam-se!

A Imagem de Daniel Mendoza foi retirada da Wikipedia.

quinta-feira, junho 13, 2019

Balanço geral da atividade Para que serve a escola?


Balanço geral da atividade Para que serve a escola?

Já tínhamos mencionado num dos nossos posts anteriores que a equipa da nossa biblioteca e centro de recursos, a pedido do docente Jorge Ferreira, estava a realizar três aulas com as turmas A e D do 7º ano, na disciplina de Cidadania (professora Susana Laneiro). O seu objetivo consistia em mostrar aos alunos de hoje o quão importante é a escola nas nossas vidas (podem (re)lê-lo aqui. No geral, cerca de 20 discentes participaram nestas mini-lições engraçadas e lúdicas.
A brincar, a brincar, lá se foram dando informações importantes e lá se foi estimulando os alunos a pensar no seu presente e futuro. No entanto, “ficar com a sensação de que” alguma coisa correu bem, não chega para fazermos um balanço correto. Por isso mesmo, pediu-se às duas turmas que preenchessem um simples questionário de três perguntas apenas, questionário esse que era (obviamente!) anónimo.  E os resultados foram, para grande alegria nossa, muito positivos!
Mas vamos por partes: no que diz respeito à 1ª questão (Qual foi a informação mais importante que aprendeste, durante estas três aulas?), verificamos imediatamente que a informação que mais impacto teve nas turmas foram as profissões do passado que desapareceram e as profissões que provavelmente poderão existir no futuro. De facto, os alunos ficaram surpreendidos (e alguns até alarmados!) com a quantidade de empregos que irão deixar de existir já no tempo deles, e todos os que sobreviverem ou forem inventados necessitarão do cérebro e criatividade humanas. Daí a importância da escola e dos estudos: servir cafés e carregar bilhas de gás será algo do passado. Eis os resultados (alguns deram mais do que uma informação):

QUESTÃO 1- Qual foi a informação mais importante que aprendeste, durante estas três aulas?
Antigamente  havia pessoas que tinham mais direitos do que outras – 3 alunos
A escola é muito importante – 4 alunos
A escola cria mobilidade social  - 1 aluno
Muitos empregos desapareceram – 3 alunos
O que serei no ano de 2050 – 2 alunos
Empregos que existirão no futuro – 7 alunos
O que fazemos agora na escola terá consequências no futuro  - 1 aluno

Continuando com a segunda questão (Dá a tua opinião sincera sobre esta atividade), foi um prazer verificar que todos os discentes que participaram gostaram da experiência. E houve atá surpresas: quatro mencionaram que a atividade fê-los pensar no seu futuro. Estamos confiantes de que estes resultados são genuínos, pois o questionário era anónimo (mais uma vez, vários alunos deram mais do que uma informação):
 QUESTÃO 2:  Dá a tua opinião sincera sobre esta atividade.
Foi engraçada/divertida/interessante – 13 alunos
Aprendemos mais sobre os nossos direitos – 3 alunos
Aprendemos muita coisa - 10 alunos
Temos que saber o que esperar do futuro -  4 alunos
Gostei muito porque foi uma atividade diferente  - 1 aluno
Chegámos finalmente à última questão (Gostarias que a equipa da biblioteca fizesse mais atividades com a tua turma? Porquê?). Todos afirmaram que sim, esta colaboração entre disciplinas e BECRE é para continuar. E deram várias razões para justificar a sua opinião (muitos deram mais do que uma resposta):
QUESTÃO 3 – Gostarias que a equipa da biblioteca fizesse mais atividades com a tua turma? Porquê?
Sim, aprendemos sempre novas coisas – 8 alunos
Sim, porque foi divertido- 11 alunos
Sim, porque devemos estar preparados para o futuro – 2 alunos
Sim, é giro fazermos atividades com a biblioteca – 1 aluno
Sim, porque aprendemos melhor -  4 alunos

 Para terminar, a professora Susana Laneiro pediu às turmas que acrescentassem uma opinião final (Queria ainda dizer que...). Nota-se com facilidade que estes alunos souberam fazer a ligação entre a Escola e o tópico dos Direitos Humanos, embora não o tenham desenvolvido muito:

OPINIÃO FINAL - Queria ainda dizer que...
Aprendi muitas coisas do século  passado – 5 alunos
Temos o direito de estudar, mesmo não gostando da escola – 1 aluno
Não respondeu – 5 alunos
Queria ter mais aulas destas – 2 alunos
A escola faz parte dos direitos humanos -  2 alunos
Os direitos humanos têm que ser respeitados – 5 alunos

Olhando para este balanço, podemos afirmar que estamos contentes com estas três aulas, e agradecemos o desafio do professor Jorge Ferreira. Para o próximo ano letivo, iremos trabalhar na disciplina de Português ou História o livro Do Cinzento ao Azul Celeste, de Ana Oliveira. A biblioteca já adquiriu 5 exemplares. É pouco, mas já ajuda para uma leitura e debate na sala de aula.
Uma coisa é importante: algumas sementinhas germinaram. Vários alunos aperceberam-se do impacto que a escola terá no seu futuro. É chata? É, sim senhor. É trabalhosa? É, sim senhor. Mas será graças a ela que muita gente sairá da pobreza e triunfará na vida.
Imagens retiradas daqui , daqui e daqui .

quinta-feira, junho 06, 2019

Sim, as plantas sentem as más vibrações. E podem morrer por causa disso


Sim, as plantas sentem as más vibrações.  E podem morrer por causa disso
Já se desconfiava há muito tempo que as plantas interagiam com o restante mundo animal. Afinal, as chamadas “mãos verdes” pertenciam àquelas pessoas que gastavam o seu tempo a falar com as suas flores e que, normalmente, eram bem-humoradas. Notou-se também que as árvores plantadas ao pé de locais com muita dor tendiam a crescer mais devagar do que aquelas que eram colocadas em locais felizes e cheios de luz. Mas a Ciência recusava-se a acreditar neste facto... Até ao dia em que um pensador alemão, de nome Rudolph Steiner, começou a operar milagres na sua horta. Este fenómeno bem documentado criou uma revolução de pensamento, especialmente a partir dos anos 60 do século passado.
Desta vez, a companhia IKEA decidiu fazer uma experiência numa escola dos Emirados Árabes Unidos. Duas plantas foram colocadas no hall de entrada do estabelecimento de ensino. Uma levou um mês a ser “insultada” pelos alunos, a outra era elogiada e mimada. Ambas receberam a mesma água, a mesma luz, a mesma terra, o mesmo fertilizante. Pertenciam à mesma espécie e tinham o mesmo tamanho. O objetivo consistia em mostrar aos estudantes o impacto negativo do “bullying” na vida de uma planta, quanto mais na vida de um ser humano. Ao fim de um mês, os resultados foram gritantes: aquela que foi “bullyada” estava murcha, amarela, tristonha, mais raquítica. A outra que foi mimada estava viçosa, verde, saudável e mais crescida.
Podemos contestar até que ponto esta é uma experiência moralmente correta. Porém, uma coisa é certa: olharmos para o impacto das nossas palavras – os estudantes viram mesmo a sua maldade estampada num ser vivo! – trouxe mudanças de comportamento naquela escola, e abriu a mente de todos os que assistiram a esta experiência. Escusado será dizer que a planta ferida já está numa casa em boas mãos, a ser amada e acarinhada, se bem que ainda vá levar algum tempo a recuperar...
Outras experiências têm sido feitas, como, por exemplo, a dos frascos de arroz, um experimento ainda hoje polémico da autoria do japonês Mazaru Emoto. Mas usar uma planta produz um impacto maior, precisamente porque esta não pode falar, não pode fugir, não se pode esconder. Está exposta à crueldade dos outros. Tal e qual uma criança vítima de bullying.
Sim, as palavras magoam. A Ciência acabou de o provar. Vejam agora o vídeo desta atividade.

Vídeo: Bully a plant (Ikea)

Imagem retirada do vídeo acima citado

terça-feira, junho 04, 2019

Morreu Agustina Bessa-Luís


                   Imagem retirada daqui . 
Ontem, a equipa da nossa biblioteca soube que Agustina Bessa-Luís, uma das mais extraordinárias escritoras mundiais de todos os tempos, falecera aos 96 anos. A notícia não foi para nós uma surpresa: afinal já se sabia há mais de uma década que ela tinha um cancro, que estava doente e, segundo a filha, já dormia muito e começava lentamente a desprender-se da vida, vida essa que foi vivida com intensidade e honestidade. No entanto, a morte de alguém tão luminoso e tão único deixa sempre em nós um gosto agridoce na nossa alma: por um lado, sabemos que ela será imortal, que a sua essência perdura nos livros e não no seu corpo. Por outro lado, saber que esta mulher – tão produtiva, tão versátil! – não voltará a pegar na pena, cria em nós um triste vazio, que anseia por ser preenchido.

Sim, o mundo está cheio de escritores, mas existem aqueles que são irrepetíveis: Tolstoi, Umberto Eco, Saramago, Camilo Castelo Branco, Virginia Woolf, Zola, Agustina, entre tantos tantos outros. Outros virão, é certo, outros darão uma nova contribuição à literatura mundial. Mas Agustina será sempre Agustina.
O seu universo literário não era propriamente difícil, ao contrário do que muita gente pensou e pensa. Há, de facto, a ideia de que os seus livros são escritos apenas para um punhado de “escolhidos” que conseguem entender e beber as suas palavras. Não podíamos estar mais longe da verdade: a sua obra literária exige, isso sim!, uma sensibilidade especial e uma mente muito aberta. Afinal, o mundo de Agustina era um mundo de terra, de frutos e mistérios, de relações familiares complexas e complicadas, de palavras que nunca eram ditas mas eram pressentidas. As suas histórias giravam à volta de clãs teimosamente ligados a casas e pessoas e herdades e jardins, convivendo lado a lado com os animais e as gentes das aldeias. Um clã sociável e distinto mas fechado numa cúpula de sarcasmo e, às vezes mesmo, hipocrisia. Os herois dos seus romances – particularmente as mulheres - eram seres de fabulosos defeitos e qualidades, hábeis manipuladoras benfazejas, puxando os cordelinhos aqui e ali, cada uma delas desempenhando o seu papel nessa constelação chamada “família”. Aliás, esta escritora explicou numa entrevista o sucesso das suas personagens: Sou perigosa na medida em que conheço profundamente a natureza humana").E há a traição, a proteção, a doença, o amor, o dinheiro. Pequenas histórias que se tornam grandes e imortais, porque são as histórias de todos nós.
Agustina Bessa-Luís nunca pertenceu a nenhuma “caixinha” em particular. Foi feminista mas à sua maneira; foi socialista mas à sua maneira; foi escritora mas à sua maneira. Disse sempre a verdade, independentemente de chocar ou não as pessoas. Chegou-se a acusá-la de ser reacionária e misógina, porque as suas mulheres não desempenham o papel dos homens, nem querem usurpá-lo. São felizes na sua casa, no seu jardim, na sua terra. Agustina acreditava e glorificava o “eterno feminino” e era de opinião de que as mulheres não tinham nada de imitar o sexo masculino pois, ao fazê-lo, estariam a anular-se como seres humanos. O seu feminismo – e isso nota-se nas suas heroínas –é um feminismo de afirmação, de não sermos esquecidas, de nos impormos ao clã. (Desde criança que me apercebi que o medo era o grande mistério. Era o caminho para o poder. Refiro-me à noção de poder que é dada numa família em que o rapaz está votado a um triunfo de qualquer maneira, às vezes exigente demais para as forças que tem, e a menina vive mais na sombra). Este é um feminismo para a família, não para o país e para o mundo. Porque o mundo é a casa, e essa tem que ser gerida, arrumada e vivida.
Fica aqui um documentário da vida dela, para aqueles que quiserem saber mais dela.

Nasci Adulta e Morrerei Criança- documentário

Estante do mês de Junho – Chegaram as férias!!

Imagem retirada daqui .
Sim, vem aí a silly season, como se costuma chamar ao Verão. É o tempo das músicas parvas, dos filmes que não nos puxam pela cabeça, de estarmos repatanados no sofá ou na areia a olhar para o nada, de pararmos, viajarmos ou, simplesmente, batermos uma sorna bem merecida às horas que bem nos apetecer.
E não, não é tempo mal gasto ou improdutivo: são precisamente estes momentos de ócio que nos permitem recarregar baterias e voltarmos a um novo ano letivo com mais cabeça, mais juízo e mais vontade de trabalharmos. Esta é a estação em que “puxarmos pela cabeça” não é aconselhável nem saudável.
Por isso mesmo, a própria literatura “de verão” tende a ser mais light, mais bem-disposta, menos pesada. Os livros têm de bater certo com a areia da praia, o piquenique lado a lado com o carreirinho das formigas, a caminhada da manhã lado a lado com a garrafinha de água, a prancha surf lado a lado com a alforreca. Verão não é tempo para Tolstois e Cesários Verdes, é tempo para Códigos Da Vinci e Escolas do Bem e do Mal. Livros que se leem de uma assentada, que terminam pouco antes do jantar entre amigos, o churrasco na praia, um mergulho na piscina.
Assim – e homenageando a estação do calor, da festa e do riso – aqui vai uma seleção bem disposta e risonha de obras que qualquer um pode ler com prazer, pois a escolha é muita: policiais, romances, contos, histórias exemplares, fantasia e ficção científica.
Boas férias e boa leitura!

E-book (Clique na imagem para abrir)