sexta-feira, outubro 25, 2019

Três Descobertas que desafiam os Arqueólogos


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 Faz parte do nosso consciente coletivo e dos bancos da escola dizer que a Humanidade tem, ao longo de milhares de anos, evoluído. Da pedra lascada passou-se para a roda, da roda nasceu a carroça, a carroça deu lugar ao carro, etc. Tudo está muito alinhadinho, muito certinho e, devagarinho com alguns sobressaltos, lá vão os Humanos amadurecendo para um futuro melhor.
No entanto, recentes descobertas arqueológicas têm confundido, desde o século XIX, os cientistas e deram origem a várias explicações alternativas do passado do Ser Humano. Uma das mais polémicas é a Teoria da Devolução: ao contrário do que os manuais de História afirmam, a Humanidade não tem evoluído, tem devoluído, e muitos dos saberes e conhecimentos que antes tínhamos desapareceram na poeira do Tempo. Michael Cremo, o pai desta teoria, tem vindo desde os anos sessenta do século passado a defender este ponto de vista e editou em 1993 um livro extremamente polémico, de nome Arqueologia Proibida, livro esse que enumera dezenas de descobertas arqueológicas que não fazem qualquer sentido, desde colheres de prata com 100.000 anos até copos de vidro com mais de um milhão de anos. Desde então, a Arqueologia Académica tem gasto muito do seu tempo a escudar-se de todos os “ataques” vindos de fora, e estas teorias alternativas têm sido uma enorme dor de cabeça para muitos cientistas.
Muito do que a História Alternativa defende é pura teoria de Conspiração. Porém, há descobertas que põem, de facto, em causa a realidade que nós conhecemos. Para piorar, a tecnologia também tem vindo a trazer à tona edifícios e artefactos que, mesmo enterrados, podem ser vistos por sondas ou câmaras especiais. É o caso da tecnologia LIDAR, que tem revelado imenso do nosso passado.
Apresentamos aqui três exemplos que desafiam qualquer cientista:
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1- Gobekli Tepe (Turquia) – Desenterrada por Klaus Schmidt, esta civilização antiga não só tem mais de quinze mil anos – pensa-se que a parte de baixo, ainda não enterrada, seja ainda mais antiga! - como, ainda por cima, aparecem gravados nas colunas em forma de T inúmeros animais que ainda ninguém percebe muito bem para que serviam. Ao contrário do que se pensou durante muito tempo, a História da Humanidade não começou na Suméria e não tem apenas cinco mil anos… Mais ainda, descobriu-se que, quanto mais antiga é a parte que está a ser escavada, mais complexa e sofisticada ela é.
2- Cidade Submersa em Cuba (primeira imagem, em cima) – Descoberta pela engenheira naval Russa Paulina Zelitsky no ano de 2001, esta metrópole com quatro pirâmides foi notícia em todos os canais de televisão, jornais, rádio, etc. Mas assim que se soube que as amostras retiradas do local declaravam que estas ruínas tinham mais de 50.000 anos, a cidade foi outra vez “afundada” no esquecimento. Uma coisa tem que ser dita: o mundo da Arqueologia Académica está ter muitas dificuldades em aceitar a existência de novos dados científicos. Um facto curioso: os índios daquela zona (costa da península de Guanahacabibes, província de Pinar de Del Rio – Cuba) falam, nas suas lendas, de uma cidade cheia de gente alta de pele branca e essa metrópole sofreu um cataclismo e afundou-se. Nessa região, a palavra “Atlanticu” significa “lugar onde descansa o nosso bom pai”. Estamos a falar de um grupo de pessoas que nunca teve contacto com Platão…
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 3- Parafuso com 300 milhões de Anos – E não é um parafuso: são vários! Aliás, objetos muito antigos e fora do tempo – colheres, relógios, chips – têm sido encontrados nos quatro cantos do planeta. Este parafuso foi escavado na Rússia em 1998 e já tem sido análise de arqueólogos, geólogos, físicos e mineralogistas. Já se concluiu que o objeto é genuíno, pois parte dos “ingredientes” do tal parafuso já passaram para a pedra, já estão fundidos na pedra. Como tal, esta é tão antiga como o parafuso.

O que devemos, então, concluir? Mais de 90% destas descobertas supostamente antigas não passam de fraude, nada mais. A mais conhecida de todas é a famosa caveira de cristal, provavelmente uma falsificação. Porém, negar factos científicos só porque não “batem certo” com a nossa perceção da realidade, não é propriamente o raciocínio lógico que se espera dos cientistas.
Em todo o caso, já há físicos que defendem a existência de multiversos e buracos de tempo, o que poderia explicar um martelo fundido numa rocha com 100 milhões de anos: quem sabe se um pobre Homo Sapiens tropeçou num desses buracos, foi parar a um passado distante e por lá ficaram o martelo e o esqueleto…

Ervas daninhas, nossas amigas

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Antes de começarmos a falar dos benefícios destas plantas mal amadas, é caso para perguntarmos a nós mesmos: o que é uma erva daninha? Foi essa pergunta que Jack Wallington tentou responder, antes de editar o seu livro Wild about weeds (em tradução livre, “louco por ervas”). Tradicionalmente, “erva daninha” é toda a erva que é invasiva. No entanto, este botânico chegou à conclusão de que a fronteira entre ervas daninhas, medicinais e adubos verdes é muito ínfima e segue modas do momento. A título de exemplo, basta olharmos para o humilde trevo: aquilo que no resto do mundo ocidental é considerado uma praga, para os irlandeses, esta planta pertence à categoria de “adubo verde”. Com efeito, há séculos que os habitantes desta nação utilizam o trevo para fertilizar as terras que estão em pousio, pois largam imenso potássio, enriquecendo, assim, o solo para futuras colheitas. Não é por acaso que um dos símbolos da Irlanda é o trevo de quatro folhas, símbolo da abundância e da prosperidade.
Sejamos honestos: chamamos “daninhas” às ervas que não são muito bonitas e que interferem negativamente (ou assim se pensa!) com as nossas queridas plantas do jardim. Na verdade, elas têm mais benefícios do que malefícios. Ora, vamos lá a ver:
1- Excelentes para a drenagem – São muito úteis no Outono e no Inverno, especialmente para todos os amantes de jardins que têm vasos, em vez de terra “normal”. Uma vez que elas crescem super depressa, tendem a beber o excesso de água, salvando, assim, a planta de se “afogar” e de apodrecer num monte de lama fétida.
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2- Substituem o relvado – Hoje, todos concordam que a relva é um verdadeiro pesadelo: “come” imensa água, estraga o solo, custa muito dinheiro e, se não cuidada, fica feíssima. As ervas daninhas –devidamente podadas, é claro - não só criam um verdadeiro ecossistema como enchem um espaço de várias cores e aromas. É o caso do já amigo Trevo, o Dente-de-leão, a Morugem ou a Tansagem.
3- Identificam o solo – Para quê comprar um medidor de solo, quando basta apenas olharmos para as plantas que estão à nossa frente? Encontrou mostarda? Então, o solo está compactado. Encontrou Urtiga e Dente-de-leão? Então, o solo é ácido. Quanto à humilde Fumária, ela avisa-nos que o solo está com estrume ou enxofre a mais.
4- Têm propriedades medicinais – A Urtiga é um excelente pesticida e enche o solo de nitratos, a Beldroega tem mais ferro do que o Espinafre, o dente-de-leão pode dar uma ótima salada, a Junça está cheia de vitaminas E e C e a Morugem tem ómega 6. Eis aqui alguns dos muitos exemplos que podemos dar.
5-Perfeitas para a compostagem e para ressuscitar uma terra “morta” – Mesmo arrancadas do solo, elas podem ser usadas para a compostagem. Também são excelentes para criar o famoso “chá de compostagem”, uma mistela malcheirosa que mata praticamente toda a bicharada da horta/jardim. Quanto às terras “mortas” que já não dão nada – é o que vai acontecer no espaço de 10 anos, com todas as monoculturas que existem aqui em Serpa – tudo o que há a fazer é encharcar o solo de ervas daninhas e deixá-las em pousio. A título de exemplo, a erva Chenopodium Album (nome comum: Ansarina Branca, Catassol, Erva-couvinha) limpa o solo dos químicos agressivos que as monoculturas tanto usam.
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Para a próxima, quando encontrar uma erva daninha no seu jardim ou vaso, verifique bem se a planta ao lado está a gostar da sua presença. Se sim, deixe-a ficar. Muitas plantas funcionam em modo de simbiose, e aquilo que nós achamos que é melhor para elas, não o é necessariamente. Repare nas serras: são centenas de plantas convivendo todas no mesmo espaço.
É assim que os nossos jardins deviam ser.



quarta-feira, outubro 23, 2019

Livro(s) da Semana Os Jogos da Fome, Suzanne Collins

Livro(s) da Semana
Os Jogos da Fome, Suzanne Collins

E voltamos à mesma questão que foi colocada na semana passada: uma vez que esta trilogia literária já foi transformada em filme, por que motivo ainda vale a pena (re)lê-la?

Existe atualmente um problema muito sério para o mundo da Literatura: a partir do momento em que um livro é transformado em filme, deixa de ser lido. De facto, Tolkien vendeu os direitos da trilogia Senhor dos Anéis a Hollywood porque ele acreditava plenamente que esta saga seria “infilmável”, por isso morreu em 1973 sem se preocupar com tal possibilidade. Mal ele sabia que, dez anos depois, uma coisa chamada “Computador Pessoal” iria radicalmente transformar o mundo, e cenas “infilmáveis” como a fuga de Moria e o confronto com um Balrog iriam tornar-se realidade, no século XXI. Hoje, esta fantástica trilogia – que estava sempre a voar das prateleiras – está a ganhar pó nas estantes. Os filmes chegaram, os livros morreram.
Foi precisamente esta mesma maldição que “matou” a trilogia de Suzanne Collins: ainda antes do seu universo criar raízes - clubes de fãs, uma geração inteira a passar testemunho para os seus filhos e netos - foi logo passada para o grande ecrã. Mal teve tempo para amadurecer e foi rapidamente transformada em Marketing e Franchise. As grandes sagas de hoje não conseguem fundar alicerces, ao contrário das grandes criações e heróis do passado, como Sherlock Holmes, o mundo de Dune, O Senhor dos Anéis, Star Wars ou Star Trek. A última grande obra-prima imaginária que ainda conseguiu tal proeza foi a saga de Harry Potter. A partir daí, foi o fim. Não há TEMPO para a maturidade, a discussão, o debate, a análise, a homenagem. Tudo é tratado como uma esfregona descartável: usa-se, fica velha, deita-se fora. E, muito pelo contrário, os filmes não são maus e respeitaram esta trilogia. Infelizmente, também a “mataram”.
Vamos ter que esperar 20 ou 30 anos, para que uma geração inteira não tenha contacto com os filmes e tropece acidentalmente nos livros. Fenómenos destes já aconteceram: temos como exemplo a série de livros Mary Poppins, que foram enterrados no esquecimento, assim que o filme estourou no cinema. Só agora é que eles foram reeditados e já estão a criar um novo grupo de fieis leitores.
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A trilogia Jogos da Fome é, acima de tudo, uma análise política sobre a Liberdade, o Poder, o auge e queda de uma civilização. Está muito mais ligada a conceitos como Ética e Moral, do que propriamente a momentos de ação e entretenimento. Não é um filme da Marvel ou da DC, e não há nada de errado em gostarmos de ver um bom e saudável filme de super-heróis. Mas Os Jogos da Fome NÃO SÃO uma história que serve apenas para entreter e, tristemente, foi tratada como tal nos filmes. Por detrás da adolescente Katniss Everdeen - que se oferece para tomar o lugar da irmã e morrer por ela – estamos a assistir a um sistema económico, político, social e cultural à beira de um colapso iminente. Com efeito, Katniss não foi a causadora da queda deste regime, ela foi simplesmente o pretexto, a gota de água que fez transbordar o copo. Como Herói, ela é mais reativa do que ativa. Foi empurrada para ser o rosto da Resistência sem que ninguém se tivesse dado ao trabalho de lhe perguntar se queria fazer parte da mesma, e muito do que acontece nos livros escapa totalmente ao seu controlo. É precisamente por tudo isto que o fim desta saga é tão importante: cansada de ser um joguete nas mãos de todos, ela toma as rédeas e choca toda a gente com a sua decisão final.
Ao contrário da obra 1984, de George Orwell, esta história acontece não no auge de uma ditadura totalitária, mas já na fase da queda. E esta escolha de Suzanne Collins cria no leitor a sensação de esperança, de fé num futuro melhor. Por muito horrenda que seja a Realidade, o dia chegará em que o desejo de Liberdade e da Dignidade Humana serão mais fortes do que o medo da fome, da tortura e da morte.
Injustamente descartada, eis uma saga que merece ser lida. Com olhos de LER.

segunda-feira, outubro 21, 2019

Pessoas famosas que foram vítimas de Bullying


Vamos ser honestos: o bullying sempre existiu, sempre fez parte das nossas vidas, da nossa infância e até do nosso local de trabalho. São infindáveis os relatos de grandes filósofos, artistas, cientistas e de pessoas anónimas que, ao longo de milénios, contaram as suas memórias bem pessoais e bem dolorosas. No entanto, foi só no final do século passado que este tipo de crueldade começou a ser estudada e combatida, e este alerta deveu-se muito ao triste tiroteio e massacre numa escola, na cidade de Columbine, EUA. Dois rapazes, vítimas da maldade dos colegas, mataram e feriram dezenas, para depois cometerem suicídio. Esta tragédia teve lugar no ano de 1999 e quase que parece ter anunciado a chegada de um século XXI cheio de sangue, de guerras e da apatia de uma civilização que já não funciona mais.
Ontem, foi o Dia Mundial de Luta contra o Bullying. Para “comemorar” este dia, apresentamos aqui homens e mulheres que, ao longo da História, também tiveram de suportar esta humilhação pública... E sobreviveram. Além disso – a julgar pela imagem acima apresentada – são muitos mais do que nós pensamos.
É caso para dizermos: o que não me mata, torna-me mais forte.

Cláudio, Imperador Romano (século X a.C.)
Muitíssimo gago, sofria também de tremores nas pernas e salivava muito. De facto, ele pode muito bem ter sofrido de uma doença rara chamada Doença de Wilson, e esta enfermidade pode até criar surtos psicóticos. Foi gozado e espancado por Calígula, um dos muitos imperadores loucos do Império Romano. Chegou ao poder por simples acidente: era o único sobrevivente da linha de Augusto (os outros foram “despachados” para o Céu...) e deram-lhe o cargo. Acabou por se tornar um excelente imperador... até ser sido assassinado pela sua esposa, Agripina.

Leonardo Da Vinci (século XV)
Gozado por ser ruivo e por ser gay, o pobre do Leonardo passou as passas do Algarve. E mesmo já famoso e protegido por poderosos mecenas, chegou a haver peças de teatro satíricas que aludiam a um “tal pintor” famoso e ruivo, que tinha paixonetas por rapazes. Com efeito, foi recentemente descoberta uma ilustração alemã do ano de 1495, onde se vê o pintor a olhar para um jovem seminu.

Napoleão Bonaparte (séculos XVIII e XIX)
Foi gozado por ser baixinho. Há fortes indícios de, inclusivamente, ter sido molestado por colegas. Além do mais, o seu forte sotaque francês da Córsega também não ajudou nada. Para piorar, era tímido, gostava de estar sozinho e adorava ler. O alvo perfeito para qualquer bully... Reza a lenda que, um dia, decidiu vingar-se: durante uma guerra de bolas de neve na escola, Napoleão ajudou o seu grupo a vencer a batalha, ao criar uma estratégia de guerra eficaz, que incluía até um forte criado para a ocasião.

George Orwell (século XX)
Ora, aqui está uma história deveras curiosa: aluno da escola Eton – famosa por ser a escola dos meninos riquinhos e poderosos – George Orwell morreu convencido de que tinha acidentalmente matado um colega chamado Philip Yorke, juntamente com o seu amigo Steven Runciman... através de um ritual voo doo. Não, não estamos a brincar, Steven Runciman inclusivamente confessou os seus remorsos à família da vítima! A verdade é que a crueldade dos outros leva-nos a cometer atos desesperados e loucos. Após a feitiçaria voo doo, Philip Yorke, um bully consumado, sofreu de uma lesão na perna e, meses depois, morreu de Leucemia. George Orwell foi para a cova a pensar que tinha matado um ser humano.

Alan Turing (século XX)
Aluno da famosa e icónica Kingston’s College, em Cambridge, o pai do computador sofreu extraordinárias crueldades nas mãos dos seus colegas. Turing sofria de Síndrome de Asperger, e foi obviamente olhado como sendo um “esquisitoide”. Sozinho, vindo de uma família remediada, era pobre e era autista. Foi o suficiente para ser humilhado e vilipendiado.

Taylor Swift (século XXI)

Coitada da senhora, parece ter aquela cara: sofreu e ainda sofre de bullying. Na escola, toda a gente a humilhava e até abandonavam as mesas do refeitório, cada vez que ela tentava conversar com alguém. Por que motivo a odiavam, ainda hoje ela não sabe. Taylor Swift é o exemplo perfeito de que a prática de bullying não tem literalmente nada a ver com género, raça, corpo, classe social. As pessoas odeiam-te “porque sim”. Ainda hoje – vá-se lá saber porquê – ela cria ódios de estimação: Ellen Degeneres empurrou-a para uma parede, o grupo metoo diz que ela é demasiadamente branca e rica para ser levada a sério e a sua casa é constantemente assaltada. Hoje, ela vive cercada de seguranças e traz sempre uma arma consigo. Não é de espantar que a coitada tenha problemas psicológicos...

 Imagens retiradas daqui, daqui e daqui .

quinta-feira, outubro 17, 2019

Estante do mês de Outubro Histórias de príncipes e de naves espaciais



Pois é, vem aí o Halloween. Ou Samhain. Ou Dia dos Mortos. Ou Dia de Todos os Santos. Chamem-lhe o que quiserem mas, pelos vistos, a mesma época do ano parece ter trazido o mesmo fascínio, religiosidade ou até terror para os nossos antepassados, vindos dos quatro cantos do planeta. Hoje não passa de uma festa de Hollywood e é um pretexto para riso, divertimento e festa.
Ora, já que esta celebração vem aí, vamos aproveitar para criar – como já tem sido costume - uma estante dedicada à magia, ao género do Terror e à ficção científica. Poderíamos fazer uma seleção maior, mas uma estante não pode ocupar uma biblioteca inteira. Por isso mesmo, fizemos uma escolha das várias obras disponíveis no nosso espacinho.
Esperemos que, entre as opções que mostramos aqui, haja um livrinho ou conto que vos capte a atenção, e que levem para casa.
Boas leituras, bons sonhos e bons sustos!

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Imagem retirada daqui .

terça-feira, outubro 15, 2019

Livro(s) da Semana Série Harry Potter


A história já foi contada, a história já foi filmada, mil e uma versões das personagens já foram recriadas pelos fãs, a série já foi politizada pela extrema-esquerda e caluniada pela extrema-direita. Livros foram queimados e rasgados em público, há personagens que já mudaram de cor e de sexo, já há papéis de parede, malas, sapatos, parque de diversões, bandas musicais dedicadas exclusivamente a este mundo...
Era suposto tudo ter terminado no ano de 2011, data do último filme. No entanto, este universo está mais do que vivo, ao ponto de já ter entrado no vocabulário comum da sociedade moderna. Então, por que motivo estamos a aconselhar-vos a (re)leitura deste mundo mágico, se já toda a gente conhece o desfecho da história?
Para começar, Harry Potter era suposto ser uma série de volumes escritos para crianças, mas é com a chegada do terceiro livro que começamos a sentir que há algo negro a rastejar devagarinho neste mundo. Toda esta narrativa é contada através dos olhos de uma criança que vai crescendo e amadurecendo. Do olhar encantado e inocente da Diagon-Al na Pedra Filosofal, vamos notando a interferência dos feiticeiros negros. E é de tal forma grande que, já na obra final, a famosa praça mágica transformou-se num esgoto cheio de lojas fechadas, magia negra e pedintes nas ruas. Podemos sentir o colapso económico de uma sociedade outrora próspera, agora nas mãos de fanáticos que esgotam os seus recursos em nome de ideologias “neo-nazis”. O que nos leva a chegar a uma conclusão: por detrás do olhar “fofucho” do mundo dos feiticeiros, o que existe na realidade é uma feroz crítica à nossa sociedade atual. Com efeito, o livro cinco é um verdadeiro libelo contra o Sistema de Educação moderno, que tende a valorizar tópicos como “atitudes e valores”, em vez de dar valor a conteúdos programáticos que serão úteis para o mercado de trabalho. No mundo dos mágicos, o professor ensina, o pai educa e os dois trabalham juntos. Em Hogwarts, os docentes têm total autoridade sobre os alunos, de tal forma que podem recusar a entrada de um deles na sala de aula (para sempre!!), caso falte ao respeite ou não trabalhe o suficiente (claro que tal não acontece, as crianças nunca chegam a ser expulsas, porque a sua postura é quase sempre cordial e respeitosa). A guerra cerrada entre Dumbledore e Umbridge não é apenas uma guerra de poderes: é também uma sociedade antiga, mais meritocrática, mais hierárquica e mais exigente, que se vê ameaçada por teorias de ensino demagógicas e doutrinadoras e que, pior ainda, retiram o valor a esse ser humano que é o “professor”, transformando-o numa mera roldana da Máquina, nada mais. Não se esqueçam, afinal de contas, de que a autora desta série foi professora, e conheceu muito bem o sistema de ensino por dentro.
Como se tais críticas não bastassem, nota-se o olhar mordaz e altamente severo do “jornalismo moderno”: voltando ao livro cinco (A Ordem da Fénix), não é difícil percebermos até que ponto os canais de informação estão ligados aos grandes poderes, e até que ponto eles conseguem transformar uma mentira numa verdade. Devagarinho, como um veneno de longa duração, vidas e reputações vão sendo destruídas uma a uma, só porque certas pessoas se tornaram incómodas para o Novo Regime. Não vos faz lembrar nada?
E quem é que não reparou na influência fortíssima dessa célula da sociedade chamada “família”? E é de tal forma importante, que até os próprios Malfoys traíram várias vezes o próprio Voldemort, só para se salvarem uns aos outros! Família está primeiro, ponto final. As figuras do pai e da mãe são cruciais para o bem-estar psíquico de cada personagem deste livro: Lilly sacrificou-se para salvar o seu filho Harry; Molly Weasley largou a sua independência para se dedicar exclusivamente à educação dos seus filhos; Narcissa Malfoy, mãe de Draco, traiu duas vezes o próprio Voldemort, para tentar salvar o seu filho... As mães e os pais que falham criam monstros. Podemos também falar da influência da figura paterna, mas assim este texto nunca mais teria fim.
Por fim, ler esta coleção de uma assentada permite-nos ver até que ponto a própria escrita de J.K.Rowling foi sofrendo evoluções: da linguagem simples e clara – perfeita para crianças – passamos para uma narrativa cada vez mais descritiva, mais metafórica e mais rica. Mais ainda, o tom da escrita torna-se cada vez mais profético, anunciando nas entrelinhas sinais de perigo que estão a aparecer no NOSSO mundo. Por isso mesmo, reler esta série é um dever. Vão ser muitos aqueles que irão ficar espantados com todas as “segundas leituras” que não conseguiram detetar no passado, e que agora são tão claras como a água.
São assim, as obras-primas: intemporais e cheias de surpresas.