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Lembro-me muito bem de ter lido a obra Salambô, de Gustave Flaubert. Tinha para a volta de 16 anos, adorava romances históricos e, assim que vi a sinopse do livro - uma princesa cartaginesa e um amor impossível – saquei de uma almofadinha, deitei-me na cama, e preparei-me para uma viagem inesquecível. Morri de tédio. Já não me lembro se acabei o livro ou não, mas esta obra foi provavelmente uma das histórias mais aborrecidas que tinha lido até então…
Antes da Nouvelle Histoire – um movimento revolucionário entre os Historiadores, em 1970 – a História nada mais era do que uma acumulação de datas importantes, personagens históricas, ascensão e queda de impérios, relatos da vida das grandes elites e dos grandes poderosos. O povo pouco ou nada contava, o “peixe miúdo” não era relevante para ser mencionado nos manuais escolares. E é precisamente por causa disso que o género do romance histórico era tão pouco apelativo e mais parecia um filme de Hollywood feito à pressa: faltava a veracidade da época, o estilo de vida dos cidadãos desse reino antigo, as pequenas coisas que tornam uma história real e tangível como, por exemplo, os rituais de casamento, a fé, a superstição, a decoração das casas, a cosmética, os balneários, a azáfama nos mercados, as relações entre homem e mulher, etc.
Ora, o historiador Jacques Le Goff foi tão importante para este movimento, ao ponto de ter sido considerado um dos grandes pensadores do século XX, lado a lado com outro grande Francês, Georges Duby. Especializado no período da Idade Média, os seus livros mostram este período da História da Humanidade como sendo uma era bem mais interessante e bem mais Humanista do que originalmente se pensou. E se clicarem neste link terão acesso a 18 obras muito importantes da autoria deste grande historiador. É só clicar, baixar o ficheiro pdf e já está!
É graças à Nouvelle Histoire que uma escova de cabelo, um botão ou um púcaro passam a ter tanta importância como uma catedral ou uma coroa de um imperador. A História é um tecido complexo e foi este movimento que conseguiu explicar as origens e raízes de movimentos, tendências, revoluções. A História pode começar com um único ser Humano, mas são as massas que escolhem quem irá ficar na memória de uma nação ou não.
Aproveitem, que presentes destes não acontecem todos os dias!