Com que então vocês querem uma farmácia em casa?!
É
verdade que os preços dos medicamentos, graças aos genéricos, já
começam a ser cada vez mais acessíveis aos bolsos de toda a gente.
No entanto, esta nova vaga de interesse por tudo o que seja “medicina
alternativa” tem uma razão de ser: o excesso de medicação criada
artificialmente em laboratórios certificados – e quase sempre cria
efeitos colaterais que nem sempre são dos melhores – fez-nos
chegar à conclusão de que, em muitos casos, o ideal não é sacar
do famoso comprimidinho, mas sim, apostar na prevenção e em
produtos naturais, que já deram provas milenares de serem eficazes.
Convém,
no entanto, fazermos uma pausa e tentarmos perceber que o termo
“medicina alternativa” é muito vago e contempla um enorme
exército de supostas terapias “eficazes” ou “anciãs”, que
tanto podem ser realmente boas para a saúde, como podem ser nada
mais do que fraudes ou “modas” de estrelas de Hollywood. Mais uma
vez, convém usarmos a cabeça: se a máquina de lavar roupa tem o
motor avariado, não há de ser a pastilhinha Calgon
que irá pôr a
dita cuja a funcionar de novo. Para situações graves, é bom mesmo
chamarmos o mecânico, se não teremos um problema que nunca mais
será resolvido. Ora, os médicos são os mecânicos do nosso corpo:
quer queiramos quer não, a “ida à faca” ainda continua a fazer
milagres.
Apesar
de tudo, as novas gerações do século XXI podem e
devem apostar na
prevenção que, em 99% dos casos, é mais barata, mais prática e
mais inteligente do que a célebre atitude das “trancas à porta”.
E nem é preciso assim tanto!: água limpa, oito horas de sono,
comida saudável, exercício físico diário. É tudo.
E chás. Sem dúvida, chás. O conhecimento dos nossos avós, acerca dos benefícios da Mãe Natureza – especialmente quando se trata de plantas e frutos – voltou a estar na moda. Ou seja: a nossa avozinha ou bisavó voltou a estar na berra, e “quadrados” ou out são agora aqueles que só comem junk food ou se enfrascam em medicamentos da farmácia, ao mais pequeno sinalzinho de dor física ou frustração. Explodem as ervanárias por tudo o que é sítio e, no Alentejo, brotam como cogumelos todo o tipo de associações, plantações ou firmas que valorizam os produtos naturais. O do it yourself (Faça você mesmo, na língua Inglesa) voltou a ser chic…
E
a propósito da palestra/exposição de ervas e chás (da
responsabilidade da doutora Maria José Palma) que teve lugar hoje na
biblioteca da escola, foram vários os alunos que nos perguntaram
onde poderíamos ter acesso a mais informações relacionadas com o
tema. Para além dos livros que já possuímos na biblioteca –
outros, da autoria da Dra. Fernanda Botelho, irão ser comprados –
o que não falta na internet são sites
e blogs exclusivamente dedicados a este conhecimento milenar. O site
Ervas Medicinais curam!
é bastante útil para qualquer pessoa que queira ter acesso a
receitas caseiras, ou queira aprofundar os seus conhecimentos acerca
das plantas e chás. O blog MalvaSilvestre é da
autoria de uma das maiores “entendidas” de plantas em Portugal:
nem mais nem menos do que a Fernanda Botelho
. Outros blogs muito interessantes chamam-se NovosRurais e Terra e sementes. Representam melhor do que ninguém o desejo de uma geração
citadina de voltar a meter as mãos na terra, e de recuperar o prazer
quase esquecido de plantarmos a nossa própria horta biológica e, já
agora, de a mostrarmos aos vizinhos. Por fim, o blog Obotânico aprendiz na terra dos espantos,
da autoria de Francisco Clamote, alguém apaixonado por tudo o que
tenha a ver com a Terra
possui, para além de muitas informações úteis relacionadas com
plantas, uma bonita coleção de ilustrações retiradas de
lindíssimos herbários.
Em
suma: criar um cantinho na nossa casa dedicado a plantas medicinais
não é assim tão difícil e complicado! Basta arregaçarmos as
mangas e mãos à obra. Mais tarde, poderemos mostrar orgulhosamente
a nossa ervanária pessoal aos nossos vizinhos. Quem sabe se, com
este simples prazer, não criamos um movimento novo na nossa
comunidade?