Descubra as diferenças
Este velhinho simpático de barbas brancas é hoje (feliz ou infelizmente) mais famoso do que o próprio Jesus Cristo e já existem muitas casas portuguesas que nem sequer presépio ou um anjinho da guarda têm. Porém, nunca falta a árvore de Natal e o famoso avozinho de pijama vermelho pendurado numa janela ou varanda, tentando trepar para a chaminé. O Natal é cada vez menos uma festa religiosa e contam-se pelos dedos os Portugueses que ainda hoje celebram a famosa Missa do Galo. Muito mais espertos são os Espanhóis, que sabiamente tiveram a sensatez de festejar primeiro o nascimento do Messias e só no Dia dos Reis é que as prendas são distribuídas.
Actualmente, o Pai Natal é um “velhote” muito fixe e baril, que distribui prendas a todos os meninos que se portaram bem. É tudo menos uma figura Cristã: o que raio está este bizarro idoso a fazer numa festa que pretende celebrar o nascimento de Jesus? O que é que ele tem a ver com o Messias?
O Pai Natal que hoje conhecemos foi uma invenção da Coca-Cola: no início dos anos vinte do século passado esta famosa bebida estava associada ao Verão. Poucos eram os americanos que compravam este refrigerante nas restantes estações do ano. Ora isto significava prejuízo para uma empresa e, por isso, os geniozinhos da publicidade meteram mãos à obra e criaram uma série de cartazes, onde esta gasosa era bebida em qualquer altura da semana ou mês. Mas foi em 1931 que a moda pegou de vez: o ilustrador Haddon Sundblom, inspirado num poema escrito em 1822 (Uma visita do São Nicolau, de Clement Clark Moore), pintou o Pai Natal que pertence ao nosso imaginário: um avô bonacheirão, gordinho, bem-disposto e mãos-largas, que se veste de vermelho, viaja num trenó voador puxado por renas, e entra na nossa casa através da chaminé, para pousar presentes ao pé da lareira, enquanto os catraios estão a dormir.
Mas… o Pai Natal foi todo ele uma invenção da Coca-Cola? Não. Existiu de facto um Pai Natal, embora este fosse bastante diferente daquele que hoje conhecemos: São Nicolau (Santus Nicolaus) nasceu em Lycia, um país que pertence à região da Ásia Menor, no século III ou IV d.C., e terá sido bispo na cidade de Mira, na Turquia. Segundo o blog http://www.regiaocentro.net, Ficou também como um dos santos mais populares da história da Cristandade, sendo o protector não só dos mais pequenos. Também marinheiros, escravos, pobres e presos se dizem protegidos pelo santo, isto porque São Nicolau esteve preso no reinado de Diocleciano, durante a perseguição aos cristãos, ficando encarcerado por muito tempo. Mas mais tarde Constantino, O Grande ordenou a libertação de vários presos religiosos entre os quais se encontrava Nicolau.
Reza a lenda que São Nicolau, muito à frente do seu tempo, amava e respeitava as crianças, e também as mulheres. Ao contrário de muita gente, olhava-as como seres humanos especiais e não como objectos que estavam aqui para servir os caprichos dos adultos e machos. Há muitas, muitas lendas à volta deste bom homem: uma conta que São Nicolau salvou três crianças, que estavam fechadas numa arca e que iam ser vendidas como escravas. Outra história muito famosa narra o terror de um pai que se vê forçado a “aceitar”, cheio de remorsos, a prostituição das suas três filhas, pois era velho demais para trabalhar, e não havia ninguém para sustentar a família. São Nicolau, depois de ter ouvido, horrorizado, esta história, decide, às escondidas e pela calada da noite, atirar da janela da casa vizinha um saco cheio de ouro ao pé da lareira onde estavam estas quatro tristes almas. Desta forma, filhas e pai puderam recomeçar a sua vida do zero e nunca mais tiveram que suportar tamanha desonra. Também são muitos os “relatos” deste santo bem-disposto, que distribuía comida, doces e presentes às crianças, montado num burrinho ou viajando num trenó puxado por oito renas.
São Nicolau é, sem dúvida, um dos santos mais amados da História desta do Cristianismo. Representa tudo aquilo que Jesus pregava: a compaixão pelos outros, a vontade de ajudar, a caridade, o respeito e amor pelos mais fracos e mais inocentes. É uma pena que hoje seja apenas um pretexto para as lojas e supermercados sacarem dinheiro aos pais…
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