quarta-feira, março 21, 2012

Hoje é o dia mundial da poesia

 

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Oração

Pai, eu escolhi acreditar.

Escolhi sentir nas palmas das mãos aquilo que é o mundo.

Sentir no bater do meu coração

E no meu sangue encarnado

Os enganos deste mundo tão errado.

Escolhi ver e não olhar.

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Pai, eu escolhi acreditar.

Do cimo da minha consciência resolvi olhar em redor

E ver outra vez o mundo que já conhecia de cor.

Decidi experimentar

E atirar-me desse penhasco que é a minha mente,

Atirar-me para o vazio inseguro,

Esperando só e somente que houvesse alguém,

No fim da queda,

Que me amparasse em ombros,

Que me visse seguro,

E que me dissesse o quão valente eu tinha sido por abandonar a minha casa.

O quão valente.

Por abandonar a segurança do meu lar

Para partir,

Fazer uma vida diferente.

Uma vida que fosse minha,

Só minha,

De mais ninguém.

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Dos penhascos que me lancei

Nunca, porém, duvidei,

E sempre acreditei, pai, que houvesse lá alguém.

Lancei-me cego de loucura,

Tremores doentes e paixão,

Lancei-me

E (já não sei contar as vezes que,

Pai),

Caí e consumi-me no chão

Apenas para me atirar outra vez,

Com os olhos fechados,

A rezar,

Nesse voo que nunca é o último.

André Afonso, 11º ano

 

 

Imagens:

Fotografia 1 - Anka Zhuravleva

Fotografia 2 – Dieter Appelt

Fotografia 3- Lyubomir Sergeev

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