Reconstrução Digital da Atividade Cerebral
Para quem já não se lembra ou não viu, o filme Relatório Minoritário, baseado num romance de Phillip K. Dick, narra um tempo futuro em que os criminosos serão apanhados e julgados em tribunal antes de cometerem um crime: graças aos dons de três médiuns telepatas, qualquer candidato a assassino, violador, raptor de crianças, chantagista, bombista and so on não terá qualquer oportunidade de cumprir o seu objetivo, pois o seu desejo de praticar o mal será detetado e prevenido pelas autoridades. A “prova do crime” nada mais será do que um registo profetizado e arquivado num computador, uma espécie de “filme” retirado do cérebro dos três telepatas (ver imagem em baixo).
Claro que esta ideia, …
por muito desejável que nos pareça – imaginem a quantidade de vítimas que poderiam ser salvas e protegidas - implica imensas questões éticas: podemos julgar e condenar alguém apenas com base nas intenções de uma pessoa? E se o réu em questão voltasse atrás no seu desígnio? E será, acima de tudo, possível falsificar e planear um crime? De acordo com este romance de ficção científica, sim: o herói desta história – ironicamente um polícia que trabalha neste departamento de criminologia - é injustamente condenado por um assassínio que não cometeu e, para provar a sua inocência, vai ter que se pôr em fuga e encontrar o real culpado. Por muito estranho que pareça, alguém conseguiu enganar os telepatas e fabricar um crime que não existiu…
Se pensam que isto é ficção científica, preparem-se para o choque: é bem possível que daqui a dez anos esse Futuro profetizado na história acabe por se transformar no Presente. É que uma equipa de cientistas japoneses já conseguiu extrair e gravar imagens dos cérebros humanos. É verdade, ouviram bem: uma equipa de cientistas japoneses, chefiada por Yukiyasu Kamitani, e pertencente ao Laboratório de Neurociência Computacional realizaram precisamente este “feito”, no ano de 2008. Conseguiram, para espanto de todos, extrair imagens de palavras (ver artigo neste link . Porém, cientistas da universidade de UC Berkeley foram ainda mais longe, ao gravarem imagens de rostos humanos , através de um software de nome FMRI (functional magnetic resonance imaging, ressonância magnética visual). Trocando por miúdos, este programa de computador reproduz visualmente o que estamos a ver na televisão ou no nosso dia-a-dia. E embora as imagens ainda estejam muito enevoadas, os resultados são, no mínimo, uma mistura de fascínio e de terror…
Será que estamos a chegar ao Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley? Esperemos que não. Devidamente usado, esta “impressão digital” do nosso cérebro pode ser uma excelente ajuda para provar a culpabilidade ou inocência de alguém. Porém, também pode ser mais uma arma para controlar as massas…
1 comentário:
...assustador. Não gosto mesmo nada disto. A nossa mente é o nosso cantinho de Identidade. É o refúgio do nosso Eu. Se nos tiram isto tiram-nos a nossa Humanidade, tiram-nos tudo.
Enviar um comentário