domingo, janeiro 31, 2010

Bibliomúsica

 

clip_image002

São, neste momento, a banda do momento e os seus espectáculos têm provocado todo o tipo de reacções: aplausos entusiásticos, fãs apaixonados, críticas estrondosas e êxtase geral. E, para espanto de todos, a ideia do grupo Dead Man's Bones partiu de um actor e não de um músico: o novíssimo e talentoso Ryan Gosling, candidato a um óscar para melhor actor, pela sua prestação no filme Half Nelson. Este jovem canadiano é considerado uma espécie de “cavaleiro solitário”, que só faz aquilo que quer e não aquilo que pode. Escolhe a dedo os seus papéis, aparece nos écrãs de quinhentos em quinhentos anos e, de repente, desaparece, quase sem deixar rasto. Não gosta da fama, não gosta das luzes da ribalta, não gosta de groupies, não gosta de Hollywood... Em suma, gosta de representar e gosta de estar sossegado na sua casa, com os seus livros, o seu cão e os seus amigos. Voltaremos a vê-lo no cinema ainda este ano mas, por enquanto, o que ele quer mesmo fazer é... música.

Estávamos todos a estranhar a sua ausência mas, pelos vistos, já sabemos onde encontrá-lo: nos palcos (como era de se esperar) mas a cantar com uma banda muito estranha, que quer ser, como afirma, o Tim Burton da música. Os seus espectáculos são acompanhados por um lindíssimo conjunto de marionetas, casinhas de papel assombradas, luzes élficas, zombies, dráculas, fantasmas e muita boa disposição à mistura. E são bons. São muito, muito bons.

Ouvir estas canções sem ser ao vivo não é a mesma coisa. Mas como eles não podem vir ao nosso blog, deixamos aqui duas músicas à vossa disposição. Há aqui qualquer coisa de Arcade Fire e Blues.

Divirtam-se.

Dead Man's Bones – My Body Is A Zombie For You

 

Dead Man's Bones – Name In Stone

sábado, janeiro 30, 2010

Hoje É O Dia Escolar Da Não-Violência E Da Paz

clip_image002

Sempre existiram filmes dedicados a professores e alunos, sendo o Clube dos Poetas Mortos o mais famoso de todos. No entanto, de há uns anos para cá, temos vindo a assistir a filmes relacionados com a escola que mostram este espaço como o reflexo de um mundo cada vez mais violento, cada vez mais intolerante, cada vez menos interessado no futuro e na vontade de aprender. O Dia da Saia é um desses exemplos emblemáticos: uma professora de uma “escola de periferia” perde a cabeça de vez, torna os alunos da sua sala de aula reféns e causa o caos na França. Outro filme que está na berra é o Depois das Aulas (na imagem), do brasileiro António Campos, que mostra, sem qualquer pudor, até que ponto a sociedade pode literalmente boicotar o bom trabalho dos professores: para que estamos nós a ensinar os nossos alunos a valorizar os livros, o saber, a partilha e a compaixão se, assim que saem da escola, o que eles fazem é exactamente o contrário, tudo isto com o “apoio” irresponsável dos pais e dos media? Afinal, que poderes é que os professores hoje em dia têm? Podem eles ajudar a mudar o mundo para algo melhor? Ou será que já é tarde demais? Ou será que nós próprios também já fomos “infectados” por esta violência globalizada e glorificada, e ainda não nos apercebemos de tal?

O Dia Escolar da Não-Violência e da Paz foi instaurado a década passada pela UNESCO. Esta instituição internacional deseja diminuir a violência através da escola, com a colaboração dos professores. Alguma coisa já está a ser feita. Já há escolas que promovem técnicas de respiração e de controlo de stress, várias já podem contar com um psicólogo fixo, muitas já promovem o desporto, as artes plásticas, o prazer da leitura, o teatro, entre muitas outras actividades. Mas, infelizmente, quem as pratica são os bons alunos, aqueles que não necessitam tanto destes “apoios para a alma”. Os alunos agressivos e desmotivados, vindos de famílias disfuncionais, são precisamente aqueles que mais poderiam ganhar com estes clubes e são sempre aqueles que dizem “não” e que nunca querem participar.

Que podemos fazer, então? Segundo muitos psicólogos, muita coisa na nossa escola deveria mudar: menos aulas, menos disciplinas, mais tempos livres e, sobretudo, todas estas actividades acima faladas devem ser inculcadas nos alunos ainda antes do primeiro ciclo. Ensinar as crianças a controlar a sua agressividade é meio caminho andado para o sucesso escolar, pessoal e profissional. Deixá-las respirar, deixá-las brincar e ensiná-las a amar a paciência e o trabalho.

Porque não é no sétimo ano que se fazem milagres.

Dia da Saia (trailer Traduzido)

sexta-feira, janeiro 29, 2010

E Não Seria Bom Olharem-se Ao Espelho?

A notícia já é do conhecimento de todos, e mesmo aqueles que clip_image002não lêm jornais nem ouvem rádio nem vêm o Jornal das oito já sabem que na nossa muito competente e profissional TAP há pilotos que andam às caneladas e pontapés, não por causa de dinheiro ou injustiça no local de trabalho, não por excesso de horas de trabalho, não por causa de ameaça de despedimentos, não por causa de cortes orçamentais, mas por causa do... Facebook.

Tudo começou com uma queixinha online: um piloto e a sua família sentiram-se picados por terem levado a viagem toda em classe turística, em vez de irem para a primeira classe, como é do direito de qualquer piloto desta companhia aérea. Vai daí... toca a criticar a própria agência que os contratou, numa rede social assistida por milhões e milhões de seres humanos. “Cheguei hoje de Maputo. Foi tão bom ter vindo 10 horas na penúltima fila. Eu, a minha mulher e a mulher do co-piloto apesar de haver lugares em Executiva”, desabafou.

A guerra não se fez esperar, e colegas do piloto, também no Facebook, entraram na táctica de guerrilha, e foi um nunca mais acabar de “lavar a roupa suja” em público. E não estamos a falar de críticas amargas e lúcidas, estamos a falar mesmo de insultos: Outros colegas do piloto indignado por viajar em económica decidiram comentar e apelidaram o comandante e o co-piloto do voo de Maputo de 'filhos da p...', 'labregos', 'atrasados mentais' e 'montes de m...'. Chocada com a “falta de chá” dos seus trabalhadores, a TAP obrigou-os a tirar um curso de ética profissional, castigo esse que, na nossa opinião, até é bastante suave: numa outra companhia, os “meninos rabinos” já teriam levado um bom tau tau no rabiosque (esta capa do Lucky Luke é muito inspiradora...) e, de seguida, teriam sido chutados para o olho da rua. Mas não!!!!! Os autores desta brincadeira de mau gosto não só não se sentem minimamente envergonhados das figuras tristes que fizeram e da má imagem que trouxeram à TAP como, ainda por cima, agora até ameaçam os patrões com uma valente greve, caso tenham que ir para a frente com o curso!

Em primeiro lugar, as redes sociais não são espaços privados. Eu posso ter inicialmente 10 amigos na minha página do Facebook, mas basta os amigos dos meus amigos e os amigos dos meus amigos dos meus amigos adicionarem-me também (pessoas que eu, muitas vezes, nem sequer conheço mas que, por delicadeza, acabo por aceitar o convite) e, imediatamente, terão acesso a tudo o que eu digo. Aquela conversa, para todos os efeitos, não foi privada. Em segundo lugar, não é aquilo que se diz, é como se diz: o piloto que começou este “lavar da roupa suja” poderia ter dito exactamente a mesma coisa sem ironizar ou insultar ninguém. “Hoje, tivemos que ir em classe turística, apesar de haver lugares vagos na classe executiva. Ficámos surpreendidos mas acho que deve ter havido aqui um mal-entendido. Amanhã eu falarei com os responsáveis, para saber o que se passou”. Tivesse escrito algo assim e os problemas nem sequer teriam começado. Em terceiro lugar, viajar (ainda por cima grátis, quem me dera eu!) numa classe turística não é propriamente aquilo que nós consideramos um “problema maior”: se tivesse sido descoberta uma rede de grande corrupção na TAP, ou colegas que discriminam passageiros porque são de minorias étnicas, ou deficientes motores que estão proibidos de entrar em classes executivas... Bom, estes são casos que vale a pena investigar e denunciar. Mas criar uma guerra por causa de um detalhe estúpido não é inteligência, é mesquinhez pura e simples. No dia seguinte, não teria custado nada ao piloto ter-se dirigido ao seu superior, convidá-lo para um café e perguntar: “Ouve lá, explica-me lá por que cargas de água é que eu tive que ir na segunda classe, se havia lugares vagos na primeira. Confesso que não percebi nada...” Não há nada como uma conversa franca entre duas pessoas para que mais de metade dos problemas num local de trabalho desapareçam. É que muitos desses problemas, na esmagadora maioria dos casos, não passam de mal-entendidos entre colegas...

E se houver um leitor ou outro que ache que eu estou a fazer uma tempestade num copo de água, então façamos este exemplo: uma professora tem uma página no Facebook, certo? Ora, um dia, um pai de um dos seus alunos dá de caras com o conteúdo dessa página e descobre que o filho e os seus colegas estão a ser insultados online. Concordam com a postura desta professora? Acham que esta mulher tem perfil psicológico para educar crianças?

Vêm como eu não estou a exagerar?

Há adultos e adultos. Há aqueles que cresceram, que amadureceram, que têm consciência dos seus actos e que pedem desculpas quando cometem um erro. E há aqueles que só são adultos no Bilhete de Identidade. Por dentro, não passam de crianças mimadas que nunca saíram do recreio da escola e que ainda estão a precisar de um papá e de uma mamã que lhes puxem as orelhas e lhes cortem na mesada.

Por fim, um pequeno conselho: aprendam a ser humildes. A nossa vida não é importante. A cor das nossas cuecas, as birrinhas com os nossos colegas de trabalho ou a discussão com o nosso parceiro, nada disto irá mudar o mundo. Guardemos esses assuntos pessoais para as conversas de esplanada ou jantares em família. Porque o mundo não está minimamente interessado na nossa opinião e nas nossas crises existenciais. Se não têm nada de interessante para dizer, calem-se. Ou joguem Farmville.

Plantar rabanetes e nabiças que só existem no computador pode ser um passatempo um bocado parvo. Mas nunca fez nenhum mal ao mundo.

Sandra Costa

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Excelente, Como Sempre

 

clip_image002[4]

Todos nós sabemos que os bons resultados de uma turma dependem bastante do entusiasmo, trabalho e empenho dos professores. Sabemos também que uma saudável relação entre professor e alunos é meio caminho andado para resultados positivos, quer a nível do aproveitamento quer a nível de comportamento. Sem isso, os alunos desmotivam-se, aborrecem-se e deixam de dar o seu melhor. Porém, convém também lembrar que se a turma não cumprir a sua parte não há docente que faça milagres. Também ele/a é um ser humano, também ele/a precisa de se sentir motivado/a, também ele/a precisa de ouvir um “obrigado” por parte dos alunos, também ele/a precisa de sentir que é bem-vindo e que não está a gastar tempo precioso da sua vida para nada. Não há nada que mais desmotive um professor do que uma turma preguiçosa, desinteressada ou até indisciplinada. E, mesmo que não o queira, já não irá empenhar-se tanto como desejava, “baixará os braços” e dedicar-se-á mais a turmas que o valorizem. É o típico “toma lá/dá cá” das relações humanas: se não te interessas, por que motivo irei eu interessar-me?

O blog que vos apresentamos é um perfeito exemplo daquilo que acabámos de falar: quatro alunas da turma 12ºC, Línguas e Humanidades, aproveitaram a disciplina da Área de Projecto para fazer algo original. Arregaçaram as mangas e decidiram criar um cantinho pessoal na internet, todo ele dedicado ao tema do preconceito. E em pleno século XXI, este assunto dá “pano para mangas”: até que ponto a nossa escola é racista ou preconceituosa? Até que ponto aceitamos as diferenças dos outros? Será que somos assim tão “modernos” ou, no fundo no fundo, somos mais conservadores do que nós próprios pensamos?

Há de tudo: notícias, filmes, sondagens, anúncios, filmes, todos eles relacionados com o tema. O blog chama-se Diferenças e Preconceitos e foi inaugurado há quatro dias atrás. Podem consultá-lo aqui: http://diferencasepreconceitos.blogspot.com/. A equipa da Biblioteca/Centro de Recursos deseja-lhes bom trabalho e aconselha as quatro autoras desta página da internet a publicarem com muita regularidade diversos posts, pois é assim que irão ganhar um público fiel, que dará valor ao seu projecto. Para já, o blog é promissor, bem-disposto e é de chorar por mais. E, já agora, aproveitamos para alertar os senhores futuros deputados do projecto Parlamento dos Jovens: há aqui muitos artigos que poderão ser do seu interesse!

É mesmo caso para dizermos: com alunas como estas, dá mesmo gozo sermos professores!

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Uma Quarta-feira Quente

Eram cerca de dez e poucos da manhã, quando a sala do Centro de Inovação e Aprendizagem foi “invadida” por todas as turmas do Terceiro Ciclo. Objectivo? Lançar e clip_image002promover o debate por parte das listas concorrentes, apoiar e votar na lista preferida, por parte dos alunos. O projecto, como a escola já sabe, chama-se Parlamento dos Jovens, e o tema escolhido para este ano lectivo foi o Debate sobre a Sexualidade (o Secundário tinha outro tema).

Os alunos já sabiam o desafio que iam enfrentar: durante mais de um mês, prepararam com entusiasmo propostas e medidas de prevenção, que pudessem ser aprovadas na Assembleia da República. As turmas que participam neste projecto também já ficaram a saber que só no Alentejo há quinze escolas que irão concorrer e apenas duas serão escolhidas para a fase final: a honra de o nosso estabelecimento de ensino ser representado por um aluno/deputado, que terá o privilégio único de se sentar numa cadeira do plenário da Assembleia da República e de ser ouvido pelos nossos governantes. O desafio é puxado mas... a julgar pela boa prestação dos nossos alunos, durante o debate, não é impossível. Mas, antes de tudo, a escola tinha de escolher a melhor lista, bem como os futuros “deputados” que nos irão representar em Beja, durante a segunda fase. Para isso, como exigia o regulamento, foi realizado um debate na escola.

Ao princípio, os cabeças-de-lista estavam enervados. Tropeçavam nas palavras, esqueciam-se de ler uma linha ou outra, cada um olhava o colega de lado, ansioso. Porém, não demorou muito para que os ânimos aquecessem. E quem lá esteve sabe que a lista A foi a mais “atacada” e aquela que mais teve que enfrentar as questões das listas “rivais” e do público. Apesar de tudo, os representantes mantiveram-se de pé e cal e souberam justificar os seus pontos de vista. As “respostas prontas” das alunas Carolina Valente e Filipa Engrola receberam muitos elogios dos professores e do público, mesmo aqueles que não votaram nelas. A lista B foi a que mais levou tempo a “aquecer” mas, ao fim de meia-hora, a cabeça-de-lista, Jessica Correia, soube contra-argumentar com bastante eficiência, e sempre cheia de boa disposição. Quanto à lista C, claramente a preferida do público, contou com a excelente prestação da Susana Diogo e do apoio dos seus colegas.

No fim, contaram-se os votos e, como muitos já esperavam, ganhou a lista C. Contudo, convém lembrar agora que estes quatro futuros deputados (contando com a suplente) já não representam uma turma, representam a Escola Secundária de Serpa. Conseguiremos convencer catorze escolas a votar em nós? É possível! Por agora, os alunos/deputados prometeram juntar-se todas as semanas, para poderem preparar a “guerra”.

É que agora vai ser mesmo a doer!

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Livro Da Semana

Erva-Do-Diabo, de Teresa Moure

Escreve assim Francisco Clamote no seu lindíssimo e apetitoso blog O clip_image002Botânico Aprendiz na Terra dos Espantos (http://obotanicoaprendiznaterradosespantos.blogspot.com/): A Erva-Do-Diabo(Datura stramoniumL.) é também designada pelos nomes comuns de Castanheiro-do-diabo, Erva-dos-bruxos, Erva-dos-mágicos, Estramónio, Figueira-brava, Figueira-do-inferno e Pomo-espinhoso. É originária da Amércia do Norte, mas quanto à sua distribuição, é considerada actualmente como espécie cosmopolita. É tóxica.

De facto, a Erva-Do-Diabo é uma planta maldita: é capaz de dar cabo do melhor jardim, é um excelente veneno e há quem diga ainda que, em doses curtas, pode criar óptimas alucinações. Originária do continente americano, os índios usavam-na para comunicarem com os grandes espíritos e os seus antepassados. Porém, também é excelente para combater dores persistentes e é um milagre para as dores de cabeça. Levada para a Europa pela mão de amadores de Botânica, depressa passou a ser usada nas nossas farmácias. Ainda hoje, os laboratórios mais sofisticados a usam, mas todos os remédios à base destas plantas só podem ser comprados por receita médica, tal é o poder desta pequena maravilha da natureza.

Ora, basta lermos esta introdução para chegarmos logo à conclusão de que o nosso livro da semana está relacionado com a palavra "perigo". Mas... Que perigo? Se nós dissermos que este livro tem como uma das personagens o filósofo francês Descartes, já ficamos um bocado confusos: afinal, Descartes falava do poder do raciocínio sobre os sentimentos que habitam no ser humano. A Razão é a raíz da nossa personalidade. "Penso, logo existo" é uma frase que ficou para a História da Humanidade e, pelo menos uma vez na vida, iremos citá-la. Mas Descartes tinha um medo terrível de amar e de revelar os seus sentimentos. Por isso mesmo, amou sem saber amar a sua querida holandesa Hélène Jans. E é já no fim da sua vida que este grande filósofo confia à rainha Catarina da Suécia um pequeno testamento: uma carta de amor lindíssima, dirigida a Hélène, e é finalmente nesta que ele revela o que sempre existiu na sua alma: um amor sincero. A partir desta missiva, rainha e amada tornam-se amigas. Mas é uma terceira mulher, Inês Andrade, que irá reconstituir, através de cartas, poemas e desabafos encontrados, este bonito romance entre um filósofo que tinha medo do corpo e uma "feiticeira" que amava as ervas aromáticas e medicinais.

Teresa Moure escreve com paixão e sentimento. Escreve uma história de três mulheres que giram, fascinadas, à volta de um homem que tem medo do "belo sexo" e que é quase incapaz de o compreender. Há que controlar as mulheres, domá-las, cortar-hes a raíz, não vão elas destruir o jardim do pensamento. Elas estão para além da razão, para além do raciocínio. São perigosas, instáveis, trazem o caos.

São a Erva-Do-Diabo.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Hoje é o Dia Mundial das Religiões

Há quem não acredite em Deus, há quem necessite de falar com Ele (ou Ela ou Eles, consoante a fé). Há quem nunca tenha sentido essa força, há quem a ache o grande mal do planeta Terra, há quem duvide da sua existência, há quem desista de tudo para se dedicar a Ele (ou Ela ou Eles). Em todo o caso, quer gostemos ou não, as religiões estão em todo o lado e marcam-nos, para o bem ou para o mal.

Hoje, comemoramos este dia com cinco fés: a Hindu, a Muçulmana, a Cristã, a Budista (não é bem uma religião, mas bilhões de seres humanos vêm Buda como um Deus) e a Islâmica. São canções religiosas, quais delas mais diferentes do que a outra. E, no entanto, todas elas falam do amor ao Criador do Universo. Ou Criadores.

E todas elas têm o seu quê de estranho, de alienígena e de belo. Para cantar a Deus, nada como a paz e a voz humana.

Canto Gregoriano de monges beneditinos

Dança Sufi

Música judaico-aramaica (Deus é o Senhor do Mundo)

Prece Hindu a Deus

Cântico Budista (corrente Zen)

terça-feira, janeiro 19, 2010

Lisboa Voltou A Ficar Alfacinha!!

 

Começou por ser uma simples necessidade das classes mais pobres: estava ali clip_image002mesmo ao lado um terreno deserto e, pelos vistos, abandonado. Vai daí... toca a agarrar na enxada e a cavar. Não demorou muito para que a paisagem começasse a ficar não só bonita mas também comestível. Quem passasse pela zona do aqueduto de carro, ficava siderado a olhar para o que via: o que raio estão ali, à beira da estrada, a fazer um montão de nabos e couves???? E, pouco a pouco, os netos começaram a juntar-se aos avós e ganharam o gosto à comida feita pelas suas próprias mãos. Actualmente, a Câmara Municipal de Lisboa, entusiasmada com o retorno da capital “alfacinha” (os lisboetas eram conhecidos por esse nome porque esta cidade esteve, durante muito tempo, cercada de hortas), já criou um plano de protecção e preservação destes novos e engraçados espaços verdes. Com efeito, Lisboa precisa como de pão para a boca de “cápsulas de oxigénio”, capazes de limpar a sua atmosfera altamente poluída. Ora, não há melhor amigo do lisboeta do que o legume: é que estes devoram dióxido de carbono como o ser humano devora chocolate ou bolas de berlim, ou seja, papam-no com prazer e crescem felizes e saborosos. Veja-se o caso de uma horta em plena Mouraria (foto acima), plantada por gente de todas as classes e gerações.

Mas para quem acha que plantar uma horta é coisa de “campónio” ou de “pobre”, o melhor mesmo é deixar de pensar à século XX: Por este mundo fora (e também até no nosso país), está clip_image004em curso uma “revolução verde”, um reencontro com a Mãe Terra e as coisas simples da vida. Cada vez mais desconfiados daquilo que lhes vai parar à mesa - a galinha doente dos aviários, a vaca feita em série das grandes ganadarias, os pesticidas chupados pelos legumes e frutas – são cada vez mais as pessoas que tomam a iniciativa de plantarem nas suas varandas, terraços e até telhados, pequenas ou micro-hortas para uso pessoal. Poupa-se na carteira, poupa-se no stress (a terra pode ser um hobby muito relaxante), as crianças tomam contacto com a vida, o ar puro, o ar livre e a saúde. E se as convencermos a entrar na brincadeira, é com prazer que comem legumes, em vez de os rejeitar. Afinal, foram elas que os plantaram!

Agora vejam só o que uma simples família americana de Los Angeles conseguiu fazer com apenas 400 m de espaço no seu quintal. O seu desejo é tornarem-se autónomos, auto-suficientes, para que possam, assim, ser livres e não dependerem de ninguém.

Horta orgânica em casa – Família Dervaes, legendas em português

Imagens Retiradas de:

http://lisboaemuitagente.blogspot.com/2009_05_01_archive.html

http://pimentanegra.blogspot.com/2008/04/destruio-em-lisboa-das-hortas-urbanas.html

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Livro Da Semana

Dezanove Minutos, de Jodi Picoult

No mês de Abril de 1999, o mundo acordou em estado de choque: dois jovens da cidade de Columbine, nos Estados Unidos da América, decidiram vingar-se da maldade e desprezo dos seus colegas e, munidos de um pequeno exército de clip_image002munições, mataram a sangue frio 15 alunos e professores e feriram mais de vinte, inclusivamente um docente, que se pôs à frente de um aluno e pagou caro pela sua boa acção. No fim, viraram as armas às suas cabeças e partiram deste mundo vingados. Desde então, começa a tornar-se um hábito abrirmos a televisão e sermos confrontados com mais um tiroteio numa escola, mais um aluno que perdeu a cabeça e decidiu fazer justiça pelas suas próprias mãos, mais um oceano de vítimas que estavam no lugar errado na hora errada.

O mundo, eternamente estúpido, levou tempo a perceber as razões de tal violência. Porém, à medida que se foi tomando conhecimento dos seus diários e das suas entradas na internet, chegou-se à conclusão de que estes dois rapazes eram desprezados e gozados pelos adolescentes mais populares da escola, quase todos ligados ao desporto e às festas de arromba. Mais ainda, um deles sofria de depressão crónica. Na verdade, os dois amigos sofriam de perturbações mentais e não estavam a ser devidamente tratados.

Questão número um: onde é que estavam os adultos, quando a sua presença era mais do que necessária? Ninguém reparou nestas “crianças”? Ninguém reparou que elas não eram bem tratadas pelos colegas? Que fez a escola para tentar reintegrá-los? Onde estavam os pais? Onde estavam os professores? Onde estavam os funcionários da escola?

Questão número dois: serão eles culpados ou vítimas de uma sociedade, que fecha os olhos à violência e que acha que o bullying é uma coisa normal, “uma brincadeira de rapazes”?

O bullying sempre existiu desde que as crianças são crianças. Que o digam (por exemplo) as centenas de jovens dos colégios internos, especialmente os ingleses. Porém, assistimos a dois fenómenos completamente novos: em vez de as vítimas se calarem e acatarem a maldade dos outros, planeiam a vingança e levam-na à prática, mesmo que esta termine com o fim das suas próprias vidas. Em segundo lugar, o bullying não está a aumentar mas está a tornar-se cada vez mais perverso e sórdido. Há cinquenta anos atrás, gozar com os colegas resumia-se a uma série de socos no recreio da escola, briga essa que quase sempre acabava no gabinete do Director, com os pais aos berros a pregarem bofetadas e puxões de orelhas aos filhos. Ou, quanto muito, era o “caixa de óculos” ou alcunhas ofensivas. Os adultos estavam presentes, toleravam uma certa maldade na hora do recreio. Porém, quando esta começava a atingir proporções doentias, era o “pára já, senão levas um sopapo”. E é precisamente aqui que a sociedade do século XXI falha: assim que os adultos viram as costas, as crianças, completamente sozinhas, dão asas à sua imaginação, quer para o bem quer para o mal. E não há ninguém que as controle. E quem leu O Deus das Moscas, sabe muito bem do que estamos a falar (já foi nosso livro da semana: http://bibliotecaportaberta.blogspot.com/2009/04/livro-da-semana_27.html ).

O livro da semana, como já devem ter adivinhado, aborda precisamente este tema: um adolescente vinga-se de anos e anos de maus-tratos e de “indiferença” por parte dos professores, funcionários da escola e pais da maneira mais inesperadamente violenta que se possa imaginar. A escritora deste romance de cortar à faca tenta ser o mais imparcial possível: todos mas todos têm culpas no cartório e todos são inocentes. Nem Peter Houghton merecia ser tão mal-tratado nem as vítimas mereciam ser vítimas. Acima de tudo, ficamos com a sensação de que a Sociedade, quando quer fazer justiça, já chega e sempre tarde demais.

Terminamos este texto com uma das músicas mais emblemáticas do grupo Pearl Jam, em homenagem a Jeremy Wade Delle, um adolescente de quinze anos que se matou na sala de aula, à frente de alunos e professores. Veio-se a descobrir que os pais pouca atenção lhe davam e Jeremy era um rapaz solitário, mal-compreendido pelos seus colegas.

A solidão, como já reparámos, está sempre presente em todos estes miúdos...

Pearl Jam – Jeremy (legendado)

 

domingo, janeiro 17, 2010

Ninguém, Ninguém É Cidadão!

clip_image002Corria o ano de 1969 quando no Brasil, em plena ditadura, Caetano Veloso e Gilberto Gil construíam uma das “músicas” mais fortes e mais brilhantes contra o racismo: Haiti ou O Haiti É Aqui. Não é propriamente uma música, mas sim, um rap falado em português, e a mensagem é clara: Muitos dos negros que agora são vítimas de racismo no Brasil vieram de antepassados raptados, metidos em “navios negreiros” e escravizados pelos portugueses. O Haiti era um desses “hipermercados” de escravatura: com a ajuda de muitos chefes tribais (que, assim, facturavam às custas do sofrimento de muitos seres humanos), eram às centenas de milhar os nativos que perdiam a sua honra e a sua vida.

Duzentos anos depois, o Haiti continua a existir na terra do samba. Como diz esta canção, no Brasil ninguém é cidadão!

Muita atenção ao poema, que é de cortar a respiração.

O Haiti – Caetano Veloso (Ao vivo)

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Haiti: Uma Tragédia Há Muito Anunciada

clip_image002
Haiti e República Dominicana: um contraste chocante (fotografia da revista National Geographic)

Logo no início deste ano lectivo, a equipa da biblioteca tinha proposto aos nossos leitores a espreitadela de uma obra de divulgação científica: Colapso, de Jared Diamond (poderão (re)lê-lo neste link: http://bibliotecaportaberta.blogspot.com/2009/09/vinte-anos-para-salvar-o-planeta.html). Parece coincidência, mas não é: o capítulo 11 (Uma Ilha, Duas Nações, Duas Histórias) é exclusivamente dedicado ao chocante contraste entre a República Dominicana e o Haiti. Ambas são, de facto, nações muito pobres. Porém, enquanto que o lado direito soube ter visão e apostar no futuro (República Dominicana), o lado esquerdo desbaratou o melhor que tinha, ou seja, o seu Ecossistema (Haiti) e agora vive na total e absoluta miséria. E tinha sido várias vezes avisado de que caminhava para a destruição.

Por mais que isto nos desagrade, é a um ditador com visão que temos que agradecer: quando Joaquín Balaguer (oficialmente considerado “Presidente” desta metade da ilha) tomou posse do governo da República Dominicana no ano de 1966, o seu país estava a caminhar tal e qual para a destruição que hoje assistimos no Haiti. Este homem, horrorizado com o poder total das indústrias madeireiras, que estavam literalmente a desertificar e a emprobrecer a sua pátria, considerou crime público matar uma árvore. O seu extremismo foi tal que retirou a gestão das florestas ao Ministério da Agricultura e entregou a sua guarda e preservação aos militares. Estes foram práticos e funcionais: criaram um plano de preservação, que consistia em fazer sobrevoações diárias e atirar para matar em qualquer homem ou mulher que estivesse a fazer “coceguinhas” com o machado a algo semelhante a um arbusto. Esta guerra entre as indústrias da madeira e as tropas culminou num massacre em 1967: ao detectarem um campo clandestino de abate de árvores, as forças do exército meteram-se a caminho e mataram a sangue frio dezenas de madeireiros. O aviso estava dado: tocam numa árvore, pagam com a vida.

E parece que resultou: a República Dominicana continua a ser ainda hoje uma nação bastante pobre, mas devido à “bio-muralha” das suas florestas, as catástrofes naturais (bastante comuns naquela área do planeta, esta foi apenas mais uma) só vitimam umas escassas dezenas. Do outro lado, são às dezenas ou centenas de milhar. Pensando bem, a Mãe Natureza não é nada estúpida: os gigantescos e imponentes jardins daquela ilha não foram criados para enfeitar as fotografias da revista National Geographic. Foram criados precisamente para atenuar o impacto das mais que comuns devastações climáticas nesta zona do planeta. E sem essa barreira a terra ficou nua, morta e indefesa.

Ao destruirem o seu ecossistema, os Haitianos destruíram o seu futuro. E, como sempre, são os inocentes que pagam caro a factura: esta gente, que agora jaz nos escombros de uma capital pulverizada pelo impacto de três bombas atómicas, não teve nada a ver com a estupidez dos seus pais e avós. Resta-nos agora apoiá-los, alimentá-los, curar os vivos e enterrar os mortos, limpar as cidades e convencê-los a replantar as áreas das suas extintas florestas.

Vejam este video da Sic Notícias, que relata brevemente muito do que dissemos acima, e que foi emitido precisamente ontem:

Haiti – Desflorestação, Pobreza e Instabilidate Política

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Lição De Vida – O Inverno Entristece A Nossa Alma...

clip_image002

Paisagens de Inverno

Passou o outono já, já torna o frio...
- Outono de seu riso magoado.
Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado...
- O sol, e as águas límpidas do rio.


Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?


Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...


Onde ides a correr, melancolias?
- E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...

in Clepsidra

Pintura de John Everett Millais, Ofélia

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Qual Foi A Maior Invenção Da Humanidade?

Em apenas vinte anos, o mundo mudou radicalmente: há vinte anos atrás não existia o Youtube, nem o Facebook, nem o Twitter, nem a Wikipedia, nem as escolas online, os quadros interactivos eram coisa de FBI e da CIA, os computadores portáteis eram dez vezes mais caros do que são agora, não era assim tão fácil espiar o vizinho do lado, a pen era um monstro gigantesco que só dava para armazenar 30 mb clip_image002de arquivos, o tele-trabalho era uma miragem de poucos, o DVD competia com a velhinha cassette de video.

Há vinte anos atrás, não se tinha descoberto ainda um par de óculos que nos permitisse restituir a visão a cegos, a guerra contra o cancro estava quase perdida, 120 exo-planetas ainda não tinham sido descobertos (e alguns deles, segundo vários cientistas, podem muito possivelmente abarcar algum tipo de vida), a existência da anti-matéria ainda não tinha sido provada em laboratório, o teletransporte era ficção-científica e não existia tal coisa chamada “efeitos especiais feitos em computador”. O computador caseiro era um luxo de poucos e o melhor mesmo é nem falar da internet e dos telemóveis. Nasciam os primeiros anti-vírus, o muro de Berlim tinha acabado de ser demolido, palavras como “aquecimento global” ou “reciclagem” só eram sussurradas por alguns loucos e cientistas, a Genética era um ramo da ciência que começava a ter impacto na vida de todos os seres humanos, a tvcabo era uma coisa que só existia “lá fora” (usavam-se antes as antenas parabólicas) e era um luxo de poucos. O Jaccuzzi era um capricho dos grandes abastados (ainda é, mas já não tanto), fumava-se em todos os lugares, inclusivamente nos autocarros e salas de aula (eu tive professores que fumavam na sala de aula!), os solários eram desconhecidos em Portugal, a Feira Popular ainda mexia...

Se continuarmos a pensar em todas as mudanças que ocorreram no mundo e no nosso país, no curtíssimo espaço de apenas vinte anos, nunca mais saímos daqui. Porém, fazendo um balanço geral, quais terão sido as 50 invenções que realmente mudaram a face deste planeta? O jornal Expresso aceitou este desafio tão difícil e fez a sua lista muito pessoal e subjectiva. Muitas destas descobertas/invenções são já um consenso geral: não nos passa pela cabeça não incluir nesta lista as invenções da roda ou da televisão ou da internet. O que torna esta síntese interessante é o grau de importância que todos nós damos a cada uma delas. O que marcou mais a Humanidade? A imprensa (imagem no cimo) ou o preservativo? O frigorífico ou a pilha? A electricidade ou o avião? A Agricultura ou a invenção do relógio solar?

Cada um tem a sua lista pessoal. E se me perguntarem qual foi a mais perfeita invenção do Homem, a minha resposta está pronta: o cão.

E tu? Se tivesses que escolher apenas uma, qual seria? Dá uma espreitadela à fotogaleria do Expresso.pt (http://aeiou.expresso.pt/50-invencoes-que-mudaram-a-nossa-vida=f554598) e vamos lá a ver se concordas ou não com as escolhas da equipa deste semanário.

Já agora, diverte-te com “As dez piores invenções do Homem”. A revista inglesa Focus realizou em 2007 um inquérito a mais de 4164 pessoas, perguntando-lhes qual teria sido a pior invenção da Humanidade, e alguns resultados foram, no mínimo, surpreendentes...

As dez piores invenções da Humanidade

Imagem retirada de:

http://blog.projetovida.com.br/up/p/pr/blog.projetovida.com.br/img/Buchdrucker_1568_ok.gif

terça-feira, janeiro 12, 2010

As estrelas Vieram e Encantaram!

clip_image002[6] Na sexta-feira passada, a nossa escola recebeu a visita do planetário móvel da Escola Secundária Diogo Gouveia. O objectivo consistia em ensinar a várias turmas, de uma forma divertida e pedagógica, a melhor maneira de encontrarmos as constelações no céu. Por fora, parecia um gigantesco iglo insuflado (para entramos no mesmo, tínhamos que o fazer de gatas, o que provocou muitos risos bem-dispostos entre todos os participantes). Mas, por dentro, um céu bem estrelado e límpido aguardava a chegada de todos. E nestes dias tão cheios de chuva e de cores cinzentas, soube bem matar saudades dos astros...

De início, o professor Luís Miranda explicou aos alunos presentes a razão porque algumas constelações se chamam Cassiopeia ou Orion, ou por que motivo os nossos horóscopos incluem figuras como o Capricórnio, os Gémeos, Balança ou Peixes, em vez do Galo, do Cão, do Rato ou do Dragão, típicos do horóscopo chinês. Ficámos todos a saber que todas estas personagens astrais foram imaginadas pela antiga Civilização Grega.

 

clip_image004 Como era de se esperar, todas estas figuras apresentam uma lenda, e cerca de vinte minutos foram bem passados a ouvir histórias engraçadas dos deuses do Olimpo, as suas brigas, vinganças, “espertezas saloias”, paixonetas e eternas guerras. Quando finalmente as histórias mais conhecidas foram relatadas, passou-se ao “teste de avaliação”: olhando para o céu estrelado (que, por fora, nada mais era do que uma bola de plástico), perguntou-se aos alunos se conseguiam detectar as várias constelações, desta vez sem a ajuda de desenhos. Quase todos passaram o teste e muitos ainda se lembravam onde estava o cão Sirius, companheiro de Orion ou onde estava o seu signo.

O sucesso desta actividade promovida pelo Plano Nacional de Leitura foi tão grande que vários professores do Secundário, que não tiveram oportunidade de assistir a este evento, pediram um segundo round. Se a tua turma não foi contemplada desta, pede ao teu professor para que inscreva os teus colegas da próxima vez!

E, já agora, por que motivo o horóscopo chinês é tão diferente do nosso? Reza a lenda que Buda, um dia, convidou todos os animais deste planeta para festejarem a chegada de doze meses novinhos em folha. No entanto, só apareceram doze. Por isso mesmo, em agradecimento pela boa vontade destes “amigos não-humanos”, baptizou cada novo ano com o nome de cada um deles...planeta

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Livro Da Semana

A Mecânica do Coração, de Mathias Malzieu

São cada vez mais as obras do Género Fantástico que apostam num tema muito peculiar: as máquinas e engenhocas mágicas, que rivalizam com os sentimentos humanos ou transformam o Homem num ser muito mais especial e mais completo. Tanto na história A Cidade das Sombras, de Jeanne Duprau, como na sequela Túneis, de Roderick Gordon e Brian Williams, sociedades debaixo da terra dependem exclusivamente das máquinas para sobreviver. E estas engenhocas milagrosas conseguem a proeza de criarem condições de vida fabulosas e são o produto da imaginação de homens e mulheres geniais. Já o lindíssimo livclip_image002ro A Invenção de Hugo Cabret, de Brian Selznick, narra-nos a história de uma criança fascinada por relógios e, durante um dos seus passeios habituais, encontra uma máquina muito especial: um autómato/robot avariado, sentado ao pé de uma mesa, e que precisa de “voltar a viver” para escrever uma mensagem importante num papel que está à sua frente. No jogo de computador Syberia, a heroína passeia em cidades mecanizadas, perdidas em desertos de gelo e quase desertas. E até na literatura Tim Burton brinca com o leitor, inventando crianças que são meio-ostras, meio-robots. Todos estes universos reflectem um século XXI em constante, acelerada e esquizofrénica mudança, um mundo que nos torna cada vez menos “humanos” e cada vez mais mecanizados ou “transformados” em algo “transgénico” ou “clonado”.

O nosso livro da semana segue precisamente esta temática: poderá um coração de metal suportar as dores e as alegrias do Amor num ser humano? Até que ponto estamos nós dispostos a aceitar o nosso lado emocional, mesmo que este destrua a nossa saúde e, talvez, a própria vida? Eis uma questão bastante importante no nosso século, se pensarmos que vivemos num mundo onde as pessoas se refugiam cada vez mais na realidade virtual, pois esta faz-nos sofrer menos do que a realidade concreta que nos rodeia. Fugimos da vida porque esta nos magoa cada vez mais, pensamos muito ingenuamente que assim seremos mais felizes e, ironicamente, continuamos frustrados e descontentes com a nossa existência.

A história começa na cidade de Edimburgo, em 1874, no dia mais frio que os habitantes alguma vez na vida conheceram. A descrição deste dia é de uma poesia surpreendente: As árvores parecem grandes fadas em camisa de noite, dançando de braços abertos à luz do luar () os pássaros gelam em pleno voo antes de se esmagarem no solo. O barulho que fazem ao cair é incrivelmente suave, nem parece um som de morte. Ora, é precisamente nesse dia que uma criança chamada Jack nasce. E o frio é de tal forma frio que o pobre bebé nasce com o seu coração totalmente congelado. Em desespero de causa, a parteira da cidade (que tem a fama de ser bruxa) consegue salvar a vida deste menino, introduzindo-lhe um relógio de madeira no seu coração.

O menino, graças à inteligência e engenho da parteira, consegue sobreviver. Porém, nunca será uma criança igual às outras: não pode chorar, não pode rir, não pode sentir raiva, não pode sentir rancor, não pode sentir stress, desgosto, euforia, nada. Eis o preço a pagar pela sobrevivência: deixar de ser humano. Mas… será que podemos mesmo desistir da nossa Humanidade? Entretanto, Jack cresce, torna-se adolescente e apaixona-se por uma linda cantora de rua. E é bom que o nosso herói se prepare: o amor é um sentimento que tanto nos pode levar ao Céu como nos pode levar ao Inferno…

Viver é o mesmo que durar? Já Fernando Pessoa tinha colocado esta questão a si mesmo e a todos os heterónimos que foi inventando. O que é que nos torna, afinal, humanos? Onde é que acaba a máquina biológica que é o nosso corpo e começa esta entidade chamada “alma”? E a alma existe?

Escrito numa atmosfera muito “Tim Burtoniana”, esta é uma história que fará as delícias de todos os amantes da boa literatura.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Amanhã As Estrelas Descerão À Escola!

clip_image001

O Planetário móvel da Escola Secundária Diogo Gouveia fará amanhã uma visita à nossa escola e sete turmas terão o prazer de receber uma bela lição de Astronomia, a partir das dez da manhã. Se o espaço o permitir, será realizada na nossa biblioteca.

E a propósito desta actividade planeada pelo Plano Nacional de Leitura, deixamos-te aqui uma belíssima canção de Jorge Palma, de nome Estrela do Mar. Neste poema, este belo ser marinho representa a Eternidade, o Amor e a Liberdade.

Porque as estrelas são também amigas da poesia…

Imagem retirada de:

http://simples-devaneios.blogspot.com/2009/02/descritos-pelas-estrelas.html

Jorge Palma – Estrela do Mar

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Balanço Do Primeiro Período

O tempo passa realmente muito depressa: parece que foi ontem que o ano lectivo começou! Passados cerca de três meses, que balanço geral podemos fazer do empenho, esforço e trabalho das equipas da Biblioteca, Centro de clip_image002Recursos e Plano Nacional de Leitura?

Para começar, vários projectos e actividades que fizeram sucesso no ano transacto continuaram a ter “pés para andar” como, por exemplo, o nosso blog, que se mantém fiel à sua imagem e personalidade. O nosso cantinho persiste em publicar vários artigos e textos que tentem agradar a alunos, professores, pais e funcionários da escola. Desde novidades musicais até artigos de opinião; desde histórias de fotos que mudaram o mundo, até textos sobre Ciência; desde críticas de filmes a sugestões de livros; tudo isto tem enriquecido o nosso espaço digital e tem criado um público fiel. Por fim, temos valorizado sempre o trabalho dos nossos alunos e professores.

clip_image004O Livro da Semana, bem como a Estante do Mês são apostas que criaram raízes e a nossa comunidade escolar já adquiriu o hábito de consultar nos locais próprios as novidades do momento. Mais ainda, os responsáveis pela biblioteca e Plano Nacional de Leitura já foram chamados, a pedido dos directores de turma, às suas turmas para darem uma pequena “palestra”, e estas sessões tiveram como objectivo motivar os alunos para o gosto da leitura. Foi o caso da turma B do sétimo ano, que em Outubro recebeu a visita da coordenadora do Plano Nacional de Leitura, com o objectivo de dar sugestões de várias obras literárias e não literárias aos discentes. A mesma professora acompanhou-os também à Biblioteca da Câmara Municipal durante a última semana de aulas, de forma a ajudá-los a escolher o seu livro de férias, e teve o apoio das funcionárias deste estabelecimento municipal. Resta salientar que este apoio personalizado é realizado todos os dias, pois são vários os alunos oriundos de várias turmas que nos vêm pedir conselhos de obras literárias, a propósito da actividade Contrato de Leitura, exigida nas disciplinas de Língua Portuguesa ou estrangeira.

clip_image006 À semelhança do ano passado, a biblioteca tem ido sempre ao encontro das necessidades e pedidos dos vários docentes desta escola. Por isso mesmo, a biblioteca está sempre em fase de actualização, graças à aquisição de novos livros e de novos DVDs. Neste momento, estamos empenhados em alargar a escolha de filmes, séries de televisão e de documentários que possam preencher as necessidades e gostos da nossa comunidade escolar.

Ao longo deste período, a equipa da biblioteca/Centro de Recursos recorreu também a um serviço de newsletter: diariamente, a Comunidade Escolar tem recebido via mail as novidades do dia ou da semana. Assim, muitos têm-se mantido a par dos nossos projectos e sugestões. Para além desta actividade, recorremos também a um constante serviço personalizado, auxiliando sempre todos os alunos e professores que necessitem de um apoio relacionado com as novas tecnologias. Esta ajuda tem sido sempre efectuada pelo coordenador da Biblioteca José Filipe e pela professora Carmen Cruz.

clip_image008 Outras actividades planeadas foram cumpridas: para além da já tradicional Feira do Livro, que teve como sempre uma boa adesão, efectuada na última semana de aulas do primeiro período, também foi comemorado o Halloween. A biblioteca foi decorada pelos alunos das turmas A e B do oitavo ano e foi feita uma pequena festa para toda a comunidade escolar. Estiveram presentes os pais dos alunos, responsáveis pelo Plano Nacional de Leitura e equipa da Biblioteca Escolar, foram lidos contos de terror elaborados pelos membros das duas turmas, tendo sido premiados os três melhores. Quanto à actividade As Estrelas Desceram À Escola, esta foi adiada por motivo de doença do professor responsável. Assim, estas sessões serão realizadas já na próxima sexta-feira, 8 de Janeiro, no período da manhã.

clip_image010 Foi realizada uma exposição, no âmbito da comemoração dos 50 anos de Astérix. Esta actividade foi feita e montada pela turma A do 9º ano e foi da responsabilidade da professora Maria João Brasão.

Durante o período passado, têm sido efectuadas reuniões entre os projectos Eco-Escolas, Educação Para a Saúde e Clube das Artes, existentes na nossa escola. Tais contactos são necessários, uma vez que a Semana da Adolescência está programada para o segundo período, bem como a Semana da Leitura e vários projectos relacionados com a disciplina de Ciências Naturais e Geografia, a propósito do Ano da Biodiversidade. Encontram-se também planeadas sessões com a Seguranet, o Centro de Saúde de Serpa e a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. Por fim, o Departamento de Línguas tenciona reabrir o Clube das Línguas e trabalhará em conjunto com a Biblioteca Escolar e o Plano Nacional de Leitura, através da actividade Dois Dedos de Conversa.

terça-feira, janeiro 05, 2010

Bibliomúsica

Foram considerados pelo jornal Público e pelo semanário Expresso como tendo sido uma das bandas que criou um dos melhores álbuns do ano. E digam lá se não sentem aqui um cheirinho a Genesis em início de carreira…

Animal Collective – In the Flowers

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Livro Da Semana

1808, de Laurentino Gomes

É mesmo caso para dizermos: contado, ninguém acredita. clip_image002Esta história – que é verdadeira – mais parece uma novela mexicana ou, melhor ainda, um filme de Emir Kusturica repleto de gangsters, caos generalizado, corrupção, muitas gargalhadas, luxo a escorrer pelas quatro paredes de uma casa e tiros por todos os lados. E, no entanto, voltamos a dizê-lo, esta história é verdadeira.

A começar pela própria Família Real: D. João VI era um homem cobarde, eternamente indeciso, preguiçoso, cheio de manias e de “picuinhices”, não se lavava, a sua roupa estava tão suja e sebosa que se parecia mais com um mendigo do que com um rei e fartava-se de comer a partir do momento em que saía da cama. A rainha, Carlota Joaquina era inteligente, hiperactiva, irascível, tinha a mania das grandezas, adorava o luxo e o dinheiro, era traidora (conspirou cinco vezes contra o próprio marido) e violenta. Quanto à mãe de D. João… bem, essa era louca varrida, de tal forma que foi dada como interdita e quem governava (supostamente…) Portugal era o “príncipe regente”, ou seja, D. João.

Ora, no ano de 1807, Napoleão decide fazer um ultimato a Portugal: ou a Família Real portuguesa entrega-lhe o comando do país e ajoelha-se perante o seu poder, ou a Dinastia de Bragança terminará os seus dias. clip_image004Já do outro lado, a Coroa Inglesa promete que irá proteger D. João VI… desde que obedeça aos seus desejos. Pois bem: que fez o nosso corajoso e bravo rei? Como diz o povo na sua infinita sabedoria, “deu de frosques” para o Brasil. Vocês bem podem imaginar a total estupefacção do povo português, quando viu dezenas de naus carregadas de livros, comida, dinheiro, jóias e toda a família Real e Corte pisgarem-se de mansinho, pela calada, com uma rainha louca a dizer a verdade aos berros, diante da multidão atarantada: “não andem tão depressa, que assim eles pensam que nós estamos a fugir!”. A pressa de sair de Portugal foi tal que centenas de malas, carregadas de livros e de jóias, ficaram no porto, para grande satisfação dos invasores franceses. O nosso rei era Absolutista, isto é, todo o poder do país estava nas suas mãos, e sem ele, Portugal pararia. Concluindo: na manhã de 29 de Novembro de 1807, os Portugueses foram literalmente “abandonados às feras” e, sozinhos, tiveram que se desenvencilhar como podiam.

Como é que é possível que um rei tão cobarde, tão indeciso e tão preguiçoso tenha sido uma peça-chave indispensável na criação desta gigantesca nação que hoje conhecemos pelo nome de “Brasil”? É que, vendo bem as coisas, se D. João VI foi um péssimo rei português, por outro lado foi um excelente governador nas terras do Samba: em apenas dez anos, o Brasil deixou de ser um amontoado de colónias pré-históricas e miseráveis e passou a ser uma nação com capacidades para tomar conta de si mesma e de se tornar independente (e como nós bem o sabemos, foi isso mesmo que aconteceu). Odiado – e com toda a razão! – pelos Portugueses, D. João foi muito amado e muito respeitado pelos Brasileiros. Construiu escolas, hospitais, pavimentou ruas e casas, instituiu normas de higiene e de saneamento básico, abriu universidades, abriu as portas para o mundo das Ciências e das Artes (pelo menos, tentou…) criou frotas brasileiras, introduziu o tão desejado comércio nacional (esta colónia estava proibida de pclip_image006roduzir o que quer que fosse…), abriu um banco e introduziu pela primeira vez a moeda brasileira, etc, etc, etc.

Cobarde ou “espertalhão”? Raposa manhosa ou “medricas”? Bom rei ou mau rei? Só lendo o livro é que chegamos às nossas próprias conclusões. É que ainda hoje esta personagem histórica é polémica. Esta Edição Juvenil Ilustrada (poderão comprar a versão oficial e mais detalhada em qualquer livraria do país) é soberbamente divertida, de rir até às lágrimas, e está deliciosamente ilustrada. Laurentino Gomes descreve com mestria a viagem da família real por via marítima durante mais de dois meses (imperdível!), o Rio de Janeiro de então, os costumes e o caos de uma cidade que, antes de D. João, era quase uma mata abandonada, à mercê da sujidade, da criminalidade e dependendo da mão-de-obra escrava (um em cada três brasileiros era um “objecto” e não um ser humano). Escrito por um brasileiro, este livro pretende ser uma homenagem a um rei cobarde que criou, numa simples década, um país inteiro e deu-lhe “pernas para andar”.

Lá que este episódio histórico é muito estranho, ninguém o nega. De qualquer forma, Napoleão Bonaparte, antes de morrer, escreveu nas suas Memórias, referindo-se a D. João VI: foi o único que me enganou.

E isto já nos diz alguma coisa.