“Mas isto aqui é o da Joana??!!”
Não há ninguém que não a tenha dito, pelo menos uma vez na vida. Ou foi a mãe que entrou no quarto dos filhos e viu tudo num caos; ou foi a professora, farta de ouvir o barulho dos alunos; ou fomos nós mesmos, numa esplanada, que criticámos as más decisões de um governo ou sentimo-nos exasperados num enorme tráfego que já durava há horas. No entanto, são poucos os que sabem quem foi esta tal Joana e o que é que se passou para que tanto brasileiros como portugueses utilizassem o seu tão honrado nome... Ora, vamos lá contar a história.
Em tempos que já lá vão, no século XIV, existiu uma senhora muito prendada, muito esperta, muito manhosa e muito má chamada Joana de Nápoles, rainha deste reino, rainha titular de Jerusalém e condessa de Provença. Pelo menos, é assim que reza a lenda e as más línguas, o que quer dizer que não nos devemos fiar muito nelas. Famosa pela sua vida permissiva, cheia de amantes tanto do sexo masculino como feminino – lá vamos nós com as más línguas – há fortes suspeitas de ter assassinado o seu marido André de Nápoles. Quer tenha sido culpada ou não, a verdade é que a reputação desta fidalga tão cristã não jogou a favor dela, e teve que fugir para o reino de Avinhão, em 1346.
Deve ter sido uma mulher muito carismática pois, um ano depois, mesmo debaixo da suspeita de ser uma regicida, foi encarregada de regulamentar os bordeis do reino em que estava refugiada. Uma das normas exigia que todas estas casas deviam ter uma porta “por onde todos entrassem e saíssem”. Parece uma regra estranha – afinal, todas as casas têm portas, não é? Mas não era bem assim: muito bordeis nada mais eram do que quartos e muitos até existiam em caves, com túneis para os clientes. Obrigar um bordel a ter uma porta era “oficializar” publicamente a existência de uma casa de prostitutas, perante a comunidade da vila ou cidade. A partir deste momento, estas “casas de tolerância” passaram a ser conhecidas como “casas da mãe Joana”.
Hoje em dia, esta expressão é usada quando falamos de um espaço ou situação onde o caos predomina, não há líder e não há respeito por ninguém. Por isso, da próxima vez que ouvir alguém gritar “mas isto aqui é o da Joana?”, já sabe quem é esta nobre senhora, e o que ela fez para merecer este dito tão colorido!
Imagem retirada daqui .
2 comentários:
Muito interessante, esta história. O que as expressões de todos os dias nos ensinam...
Muitas vezes usamos expressões e nem sabemos a origem delas. Dá gosto aprender estas coisas. Torna a vida mais colorida e divertida.
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