segunda-feira, março 30, 2009

De Onde É Que Vem A Expressão…

clip_image002Não Dizer/Perceber Patavina

Esta palavra é tão comum, que até o meu próprio computador Toshiba não a identifica como um erro. E, no entanto, “patavina” não é um vocábulo português, mas sim, italiano. Ora, por que motivo uma palavra destas aparece no nosso vocabulário?

Pádua, uma cidade italiana lindíssima, era conhecida no antigo Império Romano por Patavium. Os cidadãos naturais dessa bela terra eram chamados (adivinhem lá…) patavinos. A população de Pádua tinha e tem o que nós chamamos um dialecto, ou seja, uma versão popular, regional e muito adulterada de uma língua, tão adulterada que quase chega a ser uma nova língua (o mirandês e o barranquenho são dois exemplos típicos de dialectos em Portugal). Na verdade, Itália está carregada de dialectos: o napolitano, o siciliano, o romano, o gaetano, o toscano, o lombardo, o milanês, etc. Já agora, a título de curiosidade, quando dizemos “eu falo/não falo italiano”, o que queremos na verdade dizer é “eu falo/não falo toscano”, o falar das gentes de Florença. Este dialecto foi elevado à categoria de “língua oficial”, graças ao génio incomparável de um escritor florentino, Dante Alighieri, o autor da esplendorosa obra “A Divina Comédia”.

Mas voltemos ao que interessa: Pádua foi a terra natal de um dos maiores escritores italianos de sempre, Tito Lívio. Os seus documentos históricos ainda são tidos como muito fiéis às verdades da História e estão extraordinariamente bem escritos. O problema é percebê-los: Tito escrevia no dialecto de Pádua, o que quer dizer que quem não entendesse o falar destas gentes, não perceberia…Patavina do que tinha lido. Aliás, diz-se que a sua obra Décadas está minada de “patavinitas”, ou seja, palavras ou construções frásicas típicas das gentes de Pádua.

Há também duas outras explicações possíveis: os intelectuais têm tendência para desprezar os “rústicos do campo” ou as sabedorias das terras de interior. Esse desprezo pode muito bem ter tido consequência na adulteração do significado da palavra. Por outro lado, Pádua, no século XIII, rivalizava fortemente com Bolonha, uma vez que ambas as cidades possuíam duas fabulosas faculdades. Ora, nenhum estudante que quisesse ser juiz poderia ignorar a sabedoria da ciência jurista de Pádua. O que era o mesmo que ser um idiota que não percebe nada da matéria, ou seja, patavina…

Foto retirada de:

http://www.sebodomessias.com.br/sebo/(S(t1utqsuwka4gly55oylhvl55))/detalheproduto.aspx?idItem=6118

domingo, março 29, 2009

O Poder do Livro

 

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Folhas brancas dizes-me tu,

Riscas pretas inúteis

Que,

Com uma rodada de página,

Te fazem pensar em coisas terríveis,

Fazem-te chorar,

Fazem-te rir,

Fazem-te pensar,

E às vezes até partires…

 

 

É lógico dizes-me tu,

É fácil compreender:

Para querermos viajar

Basta sabermos escrever.

 

Pega no lápis e papel,

E estás pronto para embarcar,

Mas eu digo que não,

Que ainda falta acreditar,

Escrever, só, é vão,

E eu digo que para viajar,

É precisa a aventura.

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E, para além de escrevermos,

Também é preciso lermos…

Olhaste para mim,

E disseste-me assim:

Pega então no livro,

Vamos tornar o mundo vivo,

Vou viajar e dizer às pessoas,

Que, para podermos sonhar,

É preciso uma página virar.

La combatante

Imagens retiradas de:

sociallyglobal.ning.com

http://www.blogtalkradio.com/stations/flylady/mama2many

sábado, março 28, 2009

Lição de Vida

“ Se olhares para o abismo, o abismo olhará para ti”-Friedrich Nietzche

Aquele era o tempo em que as mãos se fechavam

E nas noites brilhantes as palavras voavam

E eu via que o céu me nascia dos dedos

E a Ursa Maior eram ferros acessos

Marinheiros perdidos em portos distantes

Em bares escondidos em sonhos gigantes

E a cidade vazia da cor do asfalto

E alguém me pedia que cantasse mais alto

Quem me leva os meus fantasmas

Quem me salva desta espada

Quem me diz onde é a estrada

Quem me leva os meus fantasmas

Quem me leva os meus fantasmas

Quem me salva desta espada

E me diz onde é a estrada

Aquele era o tempo em que as sombras se abriam

Em que homens negavam o que outros erguiam

Eu bebia da vida em goles pequenos

Tropeçava no riso abraçava venenos

De costas voltadas não se vê o futuro

Nem o rumo da bala nem a falha no muro

E alguém me gritava com voz de profeta

Que o caminho se faz entre o alvo e a seta

(refrão)

De que serve ter o mapa se o fim está traçado

De que serve a terra à vista se o barco está parado

De que serve ter a chave se a porta está aberta

De que servem as palavras se a casa está deserta

(refrão)

Poema de Pedro Abrunhosa

Dia Mundial do Teatro

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Dizem que a Vida é um palco,
e neste palco da Vida,
luto,
danço,
represento.
Os personagens que por mim passam
apoiam-me
ou enfrentam-me nesta luta
que travo dia a dia.
(Pequenas lutas do quotidiano).
Golpes que não sangram, ou
rasteiras que por vezes me deitam ao chão.
Há quem dance comigo:
os Amigos
(sempre os Amigos).
Com eles ensaio longas valsas,
embalados que somos nas palavras trocadas,
nos segredos murmurados,
e nas confidências a meia-voz.
Os tangos têm um lugar privilegiado
pois esses
danço-os com a Morte
- figura omnipresente.
Detecto-a pela sombra
que projecta sobre mim
e por um certo arrepio no pescoço.
O seu longo braço sobre o meu ombro.
Umas vezes perto
sussurra-me ao ouvido.
Outras vezes longe
sorri-me,
como que a tranquilizar-me.
Represento ainda os inúmeros papéis
que me são atribuídos.
Há máscaras para todos os gostos!
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Mas no espelho deste lado do palco,
apenas eu me vejo intacta.
Os espectadores podem escolher
a fantasia que pretendem.
Da farsa ao drama.
Soprano ou contralto.
É só pedir!
É só escolher!
Ao fim de cada dia
baralham-se as máscaras,
trocam-se as deixas,
o cansaço impera.
Quando me olho no espelho
deste lado do palco
e me vejo intacta
como só eu posso ver-me,
a nudez assusta-me de tão crua.
A voz embarga-se de tão rouca,
e as lágrimas lavam do rosto
pinturas já gastas.
Adormeço então
enrolada em mim mesma.
Sonhando um papel só meu.

Poema de Dulce Portugal em: http://paralemdemim.blogspot.com/search?q=

Ilustração retirada de: juntafreguesiafridao.wordpress.com

Foto retirada de: http://revistaraiz.uol.com.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=180&Itemid=178

quinta-feira, março 26, 2009

Efeméride do dia…

clip_image002 27 de Março

Dia Nacional do Dador de Sangue

Esta comemoração foi instituída através da Resolução do Conselho Ministros nº 40/86, tendo como objectivo reconhecer a enorme importância da contribuição desinteressada dos Dadores Benévolos de Sangue para o tratamento de doentes. Para que o cidadão comum perceba que é indispensável a colheita de sangue, e se sinta encorajado a dar o seu contributo.

É sempre necessário encontrar mais dadores, pois em todos os hospitais é necessário sangue a cada instante, de modo a tornar possível tratar os mais variados problemas de saúde. É sempre preciso mais.

E é também necessário ter em conta que, para além de as dádivas por vezes serem insuficientes, o sangue não é todo igual! – É geralmente classificado em oito grupos (A+, O+, B+, AB+, clip_image004,clip_image006,clip_image008 e clip_image010), havendo compatibilidade apenas entre alguns deles:

Pode receber

Pode dar

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Mas, qualquer pessoa pode dar sangue?

É claro que não! Para se ser dador de sangue é necessário reunir algumas condições:

- Ser uma pessoa saudável, com hábitos de vida saudável;

- Ter idade entre os 18 e os 65 anos (primeira doação até aos 60);

- Ter peso igual ou superior a 50 kg;

No entanto, antes de se proceder à colheita, é sempre feito um exame médico, de modo a averiguar acerca de outras condições obrigatórias relacionadas com hábitos de vida, história clínica e estado de saúde.

Há várias situações em que não é possível ser-se dador de sangue, por ser prejudicial para o próprio dador e/ou para quem iria receber esse sangue. São exemplo dessas situações:

- Doenças cardíacas;

- Epilepsia;

- Diabetes tipo I (insulino-dependentes);

- Situações temporárias de hipertensão, de gripe, certos tratamentos dentários.

Um homem pode dar sangue de três em três meses, enquanto que uma mulher o pode fazer de quatro em quatro. Qualquer um deles oferece cerca de 450 mL em cada doação, que logo de seguida é reposto pelo organismo, sem qualquer dificuldade.

Onde se pode dar sangue?  por exemplo no …

Centro Hospitalar do Baixo Alentejo, E.P.E. – Beja

Dias úteis das 9h 30 às 12h 30 e das 14h 30 às 16h 00

Quarta-feira das 9h 30 às 12h 30 e Sábados das 10h 00 às 12h 00

Muitas mais informações: www.ipsangue.org

A.S.

quarta-feira, março 25, 2009

Voar Para Dentro De Nós

Foi durante o segundo período que as turmas A e B do sétimo ano leram e analisaram um dos mais belos contos alguma vez escritos: A Salvação de Wang-Fô, de Marguerite Yourcenar. Para quem conhece esta história, sabe que a personagem de Wang-Fô representa aquilo que de mais belo existe num ser humano: o dom de transformar a realidade mais feia num sonho de perfeição absoluta; o dom de amar, de perdoar, de ouvir e de compreender; o dom de fugir à própria morte, através de um legado de beleza e de fantasia construídas ao longo de toda uma vida de pobreza e de humildade; o dom da partilha ou do simples prazer de dar, sem recebermos nada em troca

A propósito desta belíssima história, os alunos das turmas acima referidas aceitaram o desafio de tentarem ilustrar imagens, usando técnicas de pintura chinesas. Os resultados estão à vista: montanhas etéreas, que se assemelham a algodão e não a terra; folhas delicadas e frágeis; rios serenos e quietos, espelhando o equilíbrio das emoções; pequenas pétalas de flor franzinas mas cheias de perfume.

Todas estas ilustrações foram concebidas na disciplina de EDT, por isso agradecemos à dedicação e empenho da professora Mariana César, que aceitou este projecto interdisciplinar e motivou os alunos a superarem as suas próprias expectativas. A exposição foi montada com a colaboração da professora Emília Sarmento, a professora Sandra Costa e o entusiasmo de vários alunos da turma B do sétimo ano. Obrigado a todos aqueles que acreditaram neste “sonho”!

Apresentamos aqui um pequeno “cheirinho” dos trabalhos realizados. Esperemos que sejam do vosso agrado e, para quem quiser vê-los, estarão expostos até à primeira semana do terceiro período. Para Maio ou Junho, está programada uma peça de sombras chinesas, onde será contada a história de Wang-Fô e da forma como ele foi “salvo” da morte.

terça-feira, março 24, 2009

Hoje é do Dia Mundial do Estudante!!!

Vá, cantem todos:

Fado do Estudante

(também conhecido pelo nome "fado do Vasquinho"

Que negra sina ver-me assim
Que sorte e vil degradante
Ai que saudades eu sinto em mim
Do meu viver de estudante
Nesse fugaz tempo de Amor
Que de um rapaz é o melhor
Era um audaz conquistador das raparigas
De capa ao ar cabeça ao léu
Sem me ralar vivia eu
A vadiar e tudo mais eram cantigas
Nenhuma delas me prendeu
Deixa-las eu era canja
Até ao dia que apareceu
Essa traidora de franja
Sempre a tinir sem um tostão
Batina a abrir por um rasgão
Botas a rir num bengalão e ar descarado
A malandrar com outros tais
E a dançar para os arraiais
Para namorar beber, folgar cantar o fado
Recordo agora com saudade
Os calhamaços que eu lia
Os professores da faculdade
E a mesa da anatomia
Invoco em mim recordações
Que não têm fim dessas lições
Frente ao jardim do velho campo de Santana
Aulas que eu dava se eu estudasse
Onde ainda estava nessa classe
A que eu faltava sete dias por semana
O Fado é toda a minha fé
Embala, encanta e inebria
Dá gosto à gente ouvi-lo até
Na rádio - telefonia
Quando é cantado e a rigor
Bem afinado e com fulgor
É belo o Fado, ninguém há quem lhe resista
É a canção mais popular, toda a emoção faz-nos vibrar
Eis a razão de ser Doutor e ser Fadista

segunda-feira, março 23, 2009

Livro Da Semana

clip_image002O Papalagui, de Tuivaii (chefe de tribo de tiavéa nos mares do sul)

Quando este livro foi publicado no ano de 1920, tornou-se em três tempos um best-seller. A explosão de sucesso foi tanta que, ainda hoje, estes discursos escritos por um polinésio aparentemente simples e ingénuo, acerca do dia-a-dia do papalagui (isto é, “Homem Branco” na língua de Samoa), continua a vender centenas de milhares de cópias no mundo inteiro, e continua a fascinar todos os leitores, não importa a sua raça ou credo.

E nunca foi tão importante ler este pequeno livro! O Papalagui é uma bofetada de cara bem dada aos europeus e americanos, altamente convencidos de que são os seres mais superiores do mundo, os seres mais inteligentes do mundo, os seres mais “iluminados” do mundo. E nunca estivemos tão errados!! Destruímos centenas de povos e civilizações, arrasámos com o equilíbrio do planeta Terra, criámos a bomba nuclear, criámos o terrorismo, já criámos duas guerras mundiais, levamos a santa vida a sair de uma “crise mundial” para logo entrarmos noutra, vivemos para o trabalho e relegámos para terceiro plano a família e os nossos amigos… Mas estamos muito convencidos de que a nossa civilização é a “fina nata” da inteligência humana!!

Tuivaii, um “simples” e “inculto” chefe de uma tribo da Polinésia, após ter visto a Europa e os Estados Unidos da América com os seus próprios olhos, ficou, a partir daí, com uma muito má opinião dos povos ocidentais. E não parou de “pôr o dedo na ferida”: assombrosamente observador, nada escapa ao seu olhar de águia. Acha deplorável que o “papalagui” tenha vergonha do seu próprio corpo, e se cubra de mil e um panos, para esconder aquilo que é natural; acha lamentável que o Homem Branco precise de dinheiro para tudo, até para pagar o seu próprio nascimento e a sua própria morte; acha absurdo que os homens do campo que, segundo ele, vivem uma existência mais saudável e mais rica, tenham inveja dos “homens das gretas” (homens das cidades), que moram “enterrados” no meio da poeira, da sujeira, das pedras e da violência; acha patético o facto de o Homem Branco esbanjar dinheiro em coisas absolutamente inúteis, apenas porque elas lhe dão status, ao mesmo tempo que ignora as coisas boas da nossa existência que, ironicamente, não têm preço; acha absurdo o cinema, arte essa que leva o “papalagui” a viver experiências e emoções que, para todos os efeitos, não fazem parte do mundo real, ao mesmo tempo que o mesmo ignora a sua própria vida, e acha que esta não é digna de valor; acha doentia a fixação que o Homem Branco sente pela tecnologia e todo o tipo de bugigangas e máquinas, que só enchem o espaço de barulho e de poluição; acha o conceito de “propriedade privada” uma ideia completamente absurda, sem qualquer fundamento (não nos esqueçamos que os povos dos mares do sul, naquela época, viviam todos em comunhão de bens); acha lamentável o facto de o Homem Branco não ter tempo para literalmente nada; por fim, fala da “grave doença” do papalagui de “estar sempre a pensar”, como se um ser humano não pudesse sentir o prazer de apenas sentir a vida.

clip_image004 Lido este livro, a que conclusão poderemos chegar? Antes de mais, Tuivaii não sente ódio pelo Homem Branco. Sente (e isto é bastante pior!) pena dele. Estes discursos foram feitos para a sua tribo e não para serem traduzidos pelo mundo fora (a tradução para alemão foi quase feita às escondidas, e só muito mais tarde é que Tuivaii teve conhecimento de tal), e consistiam em apelar ao seu povo para não se deixar iludir pelo mundo aparentemente feliz do papalagui. Por outro lado, a leitura deste livro é uma lição de humildade para todos os leitores da Europa e dos Estados Unidos da América: é extraordinário como um “simples” homem, sem nunca ter posto os pés numa escola pública/ privada ou numa faculdade, saiba mais do sentido da vida, do que muitos “doutores” e “engenheiros” que para aqui andam.

Reduzamo-nos, portanto, à nossa insignificância e escutamos as palavras de um sábio…

S.C.

domingo, março 22, 2009

A VOL Recomenda

clip_image002Firmin, de Sam Savage

Logo na capa do livro, encontramos uma dica para o que nos prepara: Um história para todos aqueles que sentem paixão pelos livros e que não perderam a capacidade de amar. Identifica-se com esta citação? Então, do que está à espera para comprar este livro?

E esta obra é, sem dúvida, deliciosa. Deliciosa no sentido literário da palavra, uma vez que o herói desta história é uma simpática ratazana macho, chamada Firmin. Aprendeu a ler, quando estava a devorar as páginas de um livro… E eis que se sentiu atraída pela literatura.

Mas (oh, mundo cruel!), um bichinho destes, assim que começa a ler, em vez de comer o produto, passa a ser marginalizado pela sua sociedade. Ninguém o compreende. É então que Firmin, sozinho e triste, procura fazer amizade com o livreiro da loja onde mora e com um escritor fracassado, também ele um ser pouco respeitado no mundo dos humanos. À medida que se relaciona com a nossa temida espécie, o nosso herói começa também a ter sentimentos humanos…

Obviamente que esta obra é uma alegoria a todos os homens e mulheres que se destacam do mundo em que vivem, porque são demasiado curiosos, demasiado sensíveis, demasiado sonhadores. Sam Savage criou uma história enternecedora, cheia de vida e maravilhosamente escrita. Devemos também prestar homenagem ao ilustrador Fernando Krahn que, através dos seus desenhos, fez com que este livro se tornasse um prazer ainda maior!

Para quem gosta de “devorar” livros, não vai ser difícil identificarmo-nos com a ratazana que existe dentro de nós…

 

A Ascensão Do Dinheiro, de Niall Ferguson

clip_image004 Já cantava a Liza Minelli, no filme Cabaret: “O Dinheiro faz girar o mundo”. E quem é que não se lembra da canção “Money”, do álbum The Dark Side Of The Moon, dos Pink Floyd? E quem é que nunca desesperou no fim do mês? E quem é que nunca apostou no Euromilhões ou na raspadinha ou no Totoloto? E quem é que nunca sonhou pelo menos uma vez na vida em ser rico/a?

Pois é. Diz-se para aí que o dinheiro é o “vil metal”, que destrói sociedades, famílias inteiras, corrompe almas, arrasa com o bem-estar de todos. Porém, e segundo o excelente estudo de Niall Ferguson, o dinheiro é, ao mesmo tempo, a grande mola que faz desencadear as revoluções quer sejam negativas ou positivas. Sem ele, por exemplo, não teria existido a implantação da República, na França. Sem ele, não teria existido a Democracia, não teria existido o Feminismo, a luta pelos direitos iguais, os movimentos ecológicos. Como diz o resumo desta obra, Nial Ferguson considera que a actividade financeira é, na verdade, a base do progresso humano. Mais do que isso, apresenta-a como a história por detrás da História. A evolução do crédito e da dívida foi tão importante como qualquer inovação tecnológica, desde a Babilónia até às minas de prata da Bolívia.

Todavia, é bom não nos iludirmos: o dinheiro será sempre uma fonte de problemas, de lutas pelo poder, de ascensões e quedas de grandes impérios. O autor deste livro demonstra que a lição mais importante que a história da actividade financeira nos dá é que, mais cedo ou mais tarde, todas as bolhas rebentam, mais cedo ou mais tarde, haverá sempre mais “Bears” (vendedores pessimistas) do que “Bulls” (compradores optimistas), mais cedo ou mais tarde, a ganância transforma-se em medo.

Há que tirar o chapéu a Niall Ferguson. O autor não escreveu este livro só para alguns. Desde o sapateiro até ao senhor advogado, desde a caixa de supermercado até ao senhor doutor juiz, toda a gente lê este estudo com imenso prazer. Acessível, objectivo e cativante, eis aquilo que chamamos “dinheiro bem gasto”.

 

clip_image006A Misteriosa Chama da Rainha Loana, de Umberto Eco

Se existe actualmente um escritor que merece o título de génio, Umberto Eco é um deles. Num mundo literalmente dominado pela literatura light, pelas obras de auto-ajuda, pelos livros de culinária, “segredos” e “códigos Da Vinci”, é um prazer sem limites lermos algo que realmente merece ser lido. Mais ainda, outra das grandes características de Umberto Eco é surpreender o leitor: nunca escreve a mesma história, o mesmo livro, as mesmas personagens. Por isso mesmo, sempre que folheamos as páginas de um novo romance deste escritor, nunca sabemos o que nos espera, nunca sabemos como a história irá acabar, sentimos sempre estupefacção perante a sua extraordinária imaginação.

clip_image008E do que trata esta história? Yambo, o herói deste romance, perdeu a memória, graças a um AVC. Mas não é qualquer memória que perdeu, é a chamada “memória semântica” que sofreu um assustador blackout no seu cérebro. Em poucas palavras, é capaz de se lembrar, com uma vivacidade realística, de toda a história de Júlio César, a ditadura de Mussolini, todos os escritores e poetas que leu, todas as músicas que escutou. Só não se lembra é da sua vida! Não sabe como se chama, não sabe se é casado, se tem uma amante, se tem filhos, qual é a profissão, quem são os seus amigos.

Desesperado, Yambo decide fazer algo que parece uma perfeita loucura, mas tem a sua razão de ser: pesquisará o seu passado, através dos cadernos da sua escola, dos manuais guardados, dos discos que ouviu na sua infância e adolescência, das bandas desenhadas que foi coleccionando, dos panfletos históricos e publicitários da Itália de Mussolini. Talvez assim, algumas memórias “saltem” para o seu consciente, e lhe expliquem, de uma vez por todas, quem é ele…

Este romance não é só um prazer de palavras, é também um manjar para os olhos: como quem não quer a coisa, Umberto Eco, através de dezenas de imagens a cores, leva o leitor a dar um passeio à Itália da Segunda Guerra Mundial, e mostra-nos uma Itália sombria, reaccionária e racista que, infelizmente, ainda existe. Basta abrirmos um jornal e vermos Silvio Berlusconi no ecrã, para nos apercebermos até que ponto o culto do líder ainda está vivo, em Roma.

E o que é que esta história tem a ver com uma “misteriosa chama da rainha Loana”? E quem é esta “rainha Loana”??

Não sabe? Pois, Yambo também não…

quinta-feira, março 19, 2009

Dia do Pai

 

O pai moderno não diz: “a minha mulher está grávida”. O pai moderno clip_image002diz: “Estamos grávidos!”. Lê livros sobre bebés, acompanha a futura mamã nas aulas de hidroginástica, chora baba e ranho quando vê pela primeira vez a ecografia do rebento.

O pai moderno entra em pânico quando a esposa rebenta as águas, assiste ao parto, respira fundo e forte como a mulher e chora de alegria, quando vê o filho sair.

O pai moderno acorda às três da manhã, com o pressentimento de que o bebé está com fome. Empurra orgulhosamente o carrinho no jardim, vai ao supermercado com o filhote encavalitado, tem a fotografia do petiz na carteira, guarda religiosamente o seu primeiro dentinho numa caixinha.

O pai moderno conhece todas as marcas de fraldas, todos os leites em pó, o melhor pó-de-talco, o champô que não irrita os olhos do menino e até a água-de-colónia ideal para uma criança. Dá banho à criança, troca de fralda, cozinha, anda com olheiras e faz turnos de sono com a mãe.

O pai moderno leva o filho à escola, é encarregado de educação, passa noites à mesinha de cabeceira do menino quando este está doente, vai às festas da escola, comove-se até às lágrimas se o pimpolho se saiu bem na peça de teatro e confraterniza com os professores.

O pai moderno não fuma (faz mal ao menino), não guia com excessiva velocidade (porque o menino vai no banco de trás), não fala ao telemóvel enquanto conduz (porque o menino vai no banco de trás) e não bebe enquanto conduz (porque o menino vai no banco de trás).

O pai moderno não quer perder pitada do crescimento do seu filho. Não quer ser como o seu avô, que assistia ao milagre de uma nova vida sempre à distância, nunca chorava porque “um homem não chora”, não ia ao cinema com o filho, não escutava os seus desabafos (“vai falar com a tua mãe), não o levava ao colo.

Mas noutras coisas, o pai moderno há-de ser sempre à moda antiga: se tem uma filhota, desconfia de todos os namorados dela. Se tem um rapaz, o Futebol é o desporto-rei.

Os maus pais, infelizmente, existirão sempre. Há aqueles que ignoram os filhos, há aqueles que batem neles, há aqueles que não conseguem expressar os seus sentimentos. E há aqueles que dão tudo às crianças, porque não estão para aturá-las. Porém (felizmente!) são ainda uma minoria. Pais modernos ou nem tanto, desde que amem os seus e os preparem para a vida, serão sempre uma figura indispensável nas nossas vidas.

A todos os pais de verdade, este dia é só para vocês!!

Foto retirada de:

http://outdoors.webshots.com/photo/1096799386032093015tFEvgZ

quarta-feira, março 18, 2009

A Ciência Explica

Por que motivo muitos ovos são ovais e não redondos?

Se um ovo tivesse que ser verdadeiramente resistente, a clip_image002forma esférica seria, sem dúvida, a ideal. Porém, a Mãe Natureza, uma mamã bem inteligente e prática, deve ter descoberto, há milhões de anos atrás, que os mesmos, caso fossem redondinhos, rolariam para longe do ninho. Tal “acidentezinho“ seria uma calamidade, pois um número extraordinário de espécies de aves acabaria por se extinguir. Particularmente aquelas que vivem em lugares altos. Ou seja, quase todas. Ora, a forma oval elimina a “fuga”: quem viu um ovo rolar, reparou que este faz uma curva, acabando por se deter com a ponta aguçada virada para cima. Trata-se, portanto, de um design bastante inteligente, melhorado por esse conceito fabuloso chamado “Evolucionismo”. É que as crias dentro das suas (aparentemente) frágeis carapaças, podem facilmente morrer, se a incubação for interrompida, nem que seja por uns simples minutos. Quanto mais perto o ovo estiver do ninho e da mãe, menos hipóteses terá o “bebé” de morrer.

Há outros factores a ter em conta: os ovos com a forma oval proporcionam uma maior poupança de espaço no ninho, e permitem que as crias fiquem mais facilmente aconchegadas umas às outras, evitando, assim, a perda desnecessária de calor. Por fim, o parto das mamãs-aves seria muito mais desconfortável, caso os ovos fossem redondos e não ovais.

Foto retirada de: http://falloutofline.files.wordpress.com/2008/12/eggs1.jpg

terça-feira, março 17, 2009

segunda-feira, março 16, 2009

Oh, Professora, O Que Significa “Zen”?

clip_image002 Foi esta a pergunta que alguns alunos meus me fizeram (baixinho, para ninguém ouvir) e foi precisamente essa questão que a docente Emília Sarmento colocou a cada uma das turmas, antes de começar as actividades. Clichés à parte, ficou-se então a saber que um jovem “Zen” é alguém que,conserva o seu centro, o seu equilíbrio, mesmo quando o caos se instala à sua volta. É alguém que aprende a lidar com o stress, com os imprevistos da vida, e que aprende a tirar proveito deles. É, no fundo, um estado de espírito, uma maneira de estar no mundo.

Mas vamos ao início: tudo começou quando a Coordenadora do Plano Nacional de Leitura, a propósito do “Mês da Adolescência”, convidou a professora Emília Sarmento e criar uma série de actividades que ajudassem os alunos a controlar a voz, respirar melhor, manter uma clip_image004postura correcta, desenvolver a auto-estima, o espírito de grupo e que aprendessem também a saber saberem gerir as suas próprias emoções. Mais ainda, estes exercícios pretendem ser uma espécie de continuação, uma vez que já está planeada mais uma sessão “Zen”, para além de a professora de Língua Portuguesa destas duas turmas estar disposta a acompanhar estes jovens na descoberta maravilhosa que é respirar bem, andar bem, pensar positivo, recarregar energias.

Foram, obviamente, escolhidos exercícios simples que pudessem ser efectuados quer numa sala de aula quer em casa quer entre amigos: respirar rapidamente pela boca (para aquecermos o corpo e descarregarmos o stress), enrolarmo-nos e desenrolarmo-nos como um caracol (excelente actividade física para relaxar um corpo tenso), pensar numa flor ou numa onda, enquanto respiramos pausadamente (uma “meditação” perfeita para esvaziarmos os pensamentos negativos e recuperarmos energias) e muitos mais.

A última actividade (precisamente a da flor) foi uma das mais relaxantes de todas. Alguns alunos levaram um clip_image006considerável tempo para se acalmarem, esquecerem os colegas do lado e “viajarem para dentro”. Outros, quase que se deixaram dormir, de tão apaziguados que estavam. Mas a experiência foi tão boa, que depressa as duas turmas pediram para que estas duas sessões fossem repetidas, embora as próximas venham a contemplar outras técnicas “relax”, preparadas especificamente para outras situações tensas: saber lidar com a agressividade, com a rejeição, etc.

Por fim, a que conclusão poderemos chegar? Se todas as escolas deste país (principalmente as do primeiro ciclo) pudessem criar acções de formação como esta e efectuá-las com regularidade ao longo do ano lectivo, os níveis de tensão, cansaço e agressividade, existentes em muitas crianças portuguesas, poderiam diminuir bastante. Com efeito, os clip_image008portugueses não sabem gerir os seus sentimentos: não sabem lidar com o stress, não sabem manter uma postura correcta, não sabem racionar as suas energias, não sabem respirar correctamente, não sabem falar de uma maneira pausada e serena. No futuro, levarão o resto das suas vidas ansiosos mas apáticos, furiosos mas cansados, stressados mas sem forças e sempre com dores nas costas. Ora, estes exercícios tão simples podem minorar todas estas mazelas. E quanto mais depressa aprendermos, melhor!

A equipa da Biblioteca e do Centro de Recursos quer então agradecer a colaboração da professora Emília Sarmento, da colega Irene Sampaio da EBI de Santiago Maior de Beja e do docente Carlos Gomes, por ter disponibilizado uma sala do ginásio e diversos materiais para este evento.

Para a próxima, há mais!

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O Livro Da Semana

 

O Afinador de Pianos, de Daniel Mason

O piano tem sido um dos instrumentos musicais mais focados, mais descritos e mais amados da história da literatura clip_image002ou até do cinema. Versátil e multi-facetado, tanto pode transmitir a dor e o sofrimento, como pode “Falar” de sentimentos como a raiva, a alegria, a sensualidade e a paixão. Na música clássica, transporta-nos para as grandes casas senhoriais, as tertúlias e as grandes orquestras. E espalha-se como um perfume requintado e eterno. Nos filmes de cowboys e índios, há sempre um “saloon”, onde um homem, obscurecido pelo fumo dos cachimbos e dos cigarros, toca mais para si do que para os outros. No mundo do jazz, o piano é sinónimo de rebeldia, sensualidade, brincadeira de sons e euforia.

Mas neste primeiro romance de Daniel Mason, o piano é o símbolo de uma possível paz entre duas nações. Edgar Drake, o herói da nossa história, recebe a proposta mais estranha que alguma vez recebeu: deixar a mulher, os filhos e toda a sua vida feliz em Londres, para viajar até ao longínquo país da Birmânia, onde um piano raríssimo e belíssimo aguarda a sua chegada para ser afinado. Porque a profissão de Edgar é exactamente essa: ressuscitar pianos moribundos.

Este belíssimo instrumento pertence a um major médico chamado Carroll, um homem extremamente culto, carismático e excêntrico. Excêntrico, porque a sua vida está cheia de aventuras incríveis, tão incríveis que estas já viraram lendas para quem o conheceu pessoalmente. Mais ainda, Anthony Carroll acredita que pode acabar a guerra entre os ingleses e os birmaneses… Através da poesia, medicina e música. E parece que está a conseguir…

Esta tem sido uma obra muito polémica, precisamente porque não é de leitura fácil. O escritor teve o cuidado de criar um “ritmo de vida” semelhante ao do século XIX, adequado a um afinador de pianos que anota e descreve tudo o que viu e sentiu durante a sua longa viagem à Birmânia, e a sua estadia neste estranho país exótico. Convenhamos que o ritmo selvagem de um século XXI pouco ou nada tem a ver com o mundo já extinto de há dois séculos atrás. Por último, o fim deste romance tem causado as reacções mais adversas: alguns leitores sentiram-se decepcionados, outros acharam o desfecho da história estranho, outros adoraram as últimas linhas…

Seja como for, este é um livro que não vai deixar ninguém indiferente!

domingo, março 15, 2009

NO FEMININO

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São dezanove jovens mulheres… Dezanove palavras… Dezanove traços… Dezanove cores (e eu que, quando era criança, imaginava que só havia sete cores, as do arco-íris)… Dezanove formas… Dezanove gestos… Dezanove vozes, dando voz a tantas outras, todas elas expressando-se em português, em ambas as “margens” do Atlântico…

Sim, são dezanove as alunas do 1º ano do Curso Profissional de Técnico de Apoio Psicossocial que se aventuraram a animar o espaço da Biblioteca Escolar com mais uma Exposição, sugestivamente intitulada “Expressão no Feminino”.

O propósito é assinalar o Dia Internacional da Mulher, 8 de Março. A Exposição estará patente ao público entre 09 e 17 de Março e cobre as mais diversas formas de expressão, da música à dança, passando pela literatura, pelas artes plásticas, pelo teatro, pelo cinema, pelo circo.

Estamos certos de que dar uma olhada às fotografias será um estímulo para uma visita!

Estamos à tua espera!