Capa de O Principezinho
Estávamos no ano de 1935. Antoine e o seu amigo André Prévot
iam a caminho de Saigão, quando o avião que eles estavam a pilotar começou a
sofrer uma falha tremenda: estava à beira de uma explosão. Despenhou-se a mais
de 200 quilómetros do Cairo e, azar dos azares, ficaram aprisionados no deserto
do Sahara durante quatro dias. Cheios de fome, desidratados, começaram a ver
miragens e a ter alucinações, algumas delas bem assustadoras. Foi por uma unha
negra que se safaram: um beduíno estava de passagem, encontrou-os num estado
lastimável e levou-os ao seu acampamento.
Este momento horripilante na vida de Exupéry marcou-o para a
vida, e foi tão traumático que mereceu um outro livro, onde ele narra ao
pormenor estes quatro dias de Inferno. Estamos a falar da obra Terra dos Homens, escrito em 1939.
Porém, foi precisamente este acidente que acabou por inspirar a fábula moderna
mais famosa do século XX: estamos obviamente a falar de O Principezinho. Através da poesia, das metáforas, dos simbolismos
e de alguma interpretação psicológica, todos os momentos da sua vida ficaram condensados
nestes quatro dias de areia e solidão: a homenagem à sua esposa, a admiração e
carinho por uma grande amiga, a morte do irmão, a inocência da sua infância
através de um menino de caracóis de ouro, as suas ansiedades como adulto, o
medo da guerra e da loucura das “pessoas grandes”…
Não há ninguém neste planeta que tenha dito “não gosto deste
livro”. Há sempre uma citação, uma passagem, um momento tocante, uma personagem
que mexe connosco. Este é um livro que fala a Voz Humana: esquimós, zulus, dinamarqueses,
japoneses, angolanos, portugueses, todas as culturas, etnias, civilizações,
todos identificam-se com a beleza deste livrinho supostamente escrito para as
crianças.
Se um dia um OVNI descesse à Terra, e quisesse conhecer a
alma humana, este seria o livro que devia ser oferecido aos nossos “irmãos
cósmicos”…
Imagem retirada daqui.
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