terça-feira, novembro 03, 2020

Livro da Semana – O Principezinho, Antoine de Saint-Exupéry

 

Capa de O Principezinho

Estávamos no ano de 1935. Antoine e o seu amigo André Prévot iam a caminho de Saigão, quando o avião que eles estavam a pilotar começou a sofrer uma falha tremenda: estava à beira de uma explosão. Despenhou-se a mais de 200 quilómetros do Cairo e, azar dos azares, ficaram aprisionados no deserto do Sahara durante quatro dias. Cheios de fome, desidratados, começaram a ver miragens e a ter alucinações, algumas delas bem assustadoras. Foi por uma unha negra que se safaram: um beduíno estava de passagem, encontrou-os num estado lastimável e levou-os ao seu acampamento.

Este momento horripilante na vida de Exupéry marcou-o para a vida, e foi tão traumático que mereceu um outro livro, onde ele narra ao pormenor estes quatro dias de Inferno. Estamos a falar da obra Terra dos Homens, escrito em 1939. Porém, foi precisamente este acidente que acabou por inspirar a fábula moderna mais famosa do século XX: estamos obviamente a falar de O Principezinho. Através da poesia, das metáforas, dos simbolismos e de alguma interpretação psicológica, todos os momentos da sua vida ficaram condensados nestes quatro dias de areia e solidão: a homenagem à sua esposa, a admiração e carinho por uma grande amiga, a morte do irmão, a inocência da sua infância através de um menino de caracóis de ouro, as suas ansiedades como adulto, o medo da guerra e da loucura das “pessoas grandes”…

Não há ninguém neste planeta que tenha dito “não gosto deste livro”. Há sempre uma citação, uma passagem, um momento tocante, uma personagem que mexe connosco. Este é um livro que fala a Voz Humana: esquimós, zulus, dinamarqueses, japoneses, angolanos, portugueses, todas as culturas, etnias, civilizações, todos identificam-se com a beleza deste livrinho supostamente escrito para as crianças.

Se um dia um OVNI descesse à Terra, e quisesse conhecer a alma humana, este seria o livro que devia ser oferecido aos nossos “irmãos cósmicos”…

Imagem retirada daqui.

           

 

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