As Mentiras de Locke Lamora, de Scott Lynch
Quem é que, pelo menos uma vez na vida, não sonhou ser pirata, viajar em navios fantasmas, ser um ladrão com estilo e adorado por tudo e todos, ou ser um cavaleiro capaz de defender uma aldeia inteira? A verdade é que estes três arquétipos da Humanidade – o ladrão, o pirata e o cavaleiro – fazem parte do nosso subconsciente: o pirata representa a rebelião, o espírito livre, a coragem de enfrentar o desconhecido e o prazer de estarmos no lado errado; o ladrão representa a manha e a inteligência, aquele que é capaz de roubar um banco super blindado debaixo dos narizes de toda a gente; por fim, o cavaleiro representa o melhor lado que existe em todos nós, o desejo inerente de protegermos os fracos, os inocentes, os velhos e as crianças. Todos nós, em suma, temos um pouco de cada um destes três símbolos da Humanidade. O interessante é tentarmos perceber qual é aquele que está mais vivo dentro de nós…
E Locke Lamora é precisamente aquilo que esperamos de um bom ladrão. Não, não é bonito e charmoso como o George Clooney nos filmes Ocean qualquer coisa, mas possui uma inteligência e uma manha bastante fora do vulgar. Aliás, no reino de Camorr, a população deste mundo imaginário já se deu ao trabalho de inventar todo o tipo de coisas acerca dele: que é alto, forte, corajoso, capaz de enfrentar exércitos sozinho, capaz de atravessar paredes como um fantasma e, pasme-se!, até rouba dos ricos para dar aos pobres. Pois sim. Ele até pode ser - e é – extraordinariamente inteligente, mas rouba dos ricos para enriquecer, é franzino e frágil como uma pena, é esquivo como um fantasma, é uma desgraça nas batalhas e não é nada bonito. E, no entanto, há qualquer coisa nele que encanta…
Juntamente com os seus amigos especiais, Lamora pertence a um grupo de elite bem fechado, de nome “O grupo dos Bastardos Cavalheiros”, um nome que, como indica, não tem adeptos lá muito recomendáveis. Ironia das ironias, estes bandidos podem ser mesmo a última esperança de Camorr, pois uma violenta guerra clandestina e uma feroz luta de poderes correm o risco de destruir o reino que eles tanto amam… e que, afinal de contas, é o seu sustento. Estes cavalheiros podem parecer duros e cínicos, mas, como manda a lenda e as histórias de heróis, o coração de manteiga acaba sempre por vencer.
Ah, só uma coisa: George R. R. Martin, o escritor de A Guerra de Tronos, recomendou a leitura deste livro e, muito importante, este romance foi traduzido e editado por aquela que é apenas (na nossa opinião, é claro) a melhor editora do país: a Saída de Emergência.
Por isso, já sabem: estamos todos em boas mãos.
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