terça-feira, maio 25, 2010

Semana Da Adolescência

Anorexia: Uma “Moda” Que Mata

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A anorexia nervosa caracteriza-se por ser uma doença psiquiátrica que afecta sobretudo adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, levando a grandes prejuízos biopsicossociais com elevada morbilidade e mortalidade. As doentes anorécticas, por norma mulheres, têm uma lógica de raciocínio que as leva a acreditar de que estar magra é um dos caminhos mais curtos para obter a felicidade. Ou seja acreditam que estar magra é o mesmo que ser atraente, ter sucesso ou ser feliz.

Este raciocínio de tipo caótico é extensível ao estilo de vida desorganizado de uma doente anoréctica. Uma das causas possíveis para explicar esta disfunção alimentar é a própria desordem pessoal. Uma das explicações avançadas para o excessivo controlo alimentar é uma tentativa fracassada de ordenação e segurança emocional. Alguns dos traços psicológicos mais característicos neste distúrbio de comportamento alimentar são: a) baixa auto-estima; b)sentimento de desesperança; c)desenvolvimento insatisfatório da identidade; d)tendência a procurar aprovação externa; e)extrema sensibilidade a críticas e finalmente, conflitos relativos aos temas da autonomia versus dependência.

clip_image004 Em torno deste transtorno alimentar surge a possibilidade de pessoas que olham a anorexia não como uma doença mas como um estilo de vida comunicarem entre si e criarem uma comunidade virtual de culto desta identidade. Este fenómeno de redes sociais em torno desta forma de vida tem vindo a crescer no Brasil e as comunidades pró-ana que defendem o lema “ Anorexy is not a disease, is a lifestyle” (A Anorexia não é uma doença, é um estilo de vida) prolifera a olhos vistos na Internet. Uma vez que esta patologia é reconhecida pelo discurso médico como sendo uma doença, o espaço virtual é um ambiente no qual as cybernautas reafirmam as suas fraquezas: o no food, a fome, as compulsões alimentares, o medo de engordar e sobretudo, o desejo de ser “normal” são receios que partilham umas com as outras, construindo um meio de auto-afirmação e estabelecendo laços de pseudo- solidariedade no sentido de não pisar o risco e manter o auto-controle corporal e restrições alimentares.

O culto da beleza corporizada num ideal de perfeição é em grande parte mediatizado pela comunicação social. O mundo da moda a ditar regras de beleza de proporções delimitadas levou ao extremo, pois o controlo do peso para quem segue os padrões vigentes, termina apenas numa reviravolta de ciclo, depois de casos de morte por subnutrição de modelos de renome.

Existe um ambiente de apelo na era moderna que identifica o corpo como meio de afirmação das jovens na possibilidade de uma vida repleta de amigos, no valor da atracção física e na inspiração para o sucesso em todas as demais áreas de vida. As mensagens vindas da publicidade, moda e desporto criam terreno fértil para as idealizações do “EU” e emanam as vantagens incontornáveis de um padrão de beleza única, sem vias alternativas de auto-superação. No entanto, os riscos surgem quando existem predecessores biológicos e psicológicos que alimentam a convicção pessoal de que este é o caminho certo para o Projecto de Identidade Pessoal. Este determinismo de discurso acalenta a sua própria ideia falseada e distorcida da dimensão do corpo e da dimensão dos desafios da idade adulta, como limitados a uma única premissa: Ser Magra(o) é a Solução para todos os Problemas.

Helena Guerreiro,

Psicóloga Escolar

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1 comentário:

Dellenn disse...

Cá por mim o problema delas é o tédio. Só num Ocidente abastado, sem problemas e cheio de fartura é que certas meninas mimadas se podem dar ao luxo de ter taras. Ora se andassem mas é a sobreviver e a lutar pela vida, como fazem os desgraçados do 3º Mundo!Uma criança paquistanesa já trabalha numa fábrica de tijolos aos 4 anos e quando crescer não irá ter anorexia!