sexta-feira, novembro 12, 2021

O Conto da Ilha Desconhecida contado por miúdos

 


Os alunos José Borralho (9.º A), Letícia Coelho (10.º C), Luana Costa (12.º B), Marta Horta (11.º C), Neide Cubaixo (12.º B) e Tiago Silva (11.º B) associaram-se às comemorações do centenário do nascimento do Nobel da Literatura, José Saramago, redigindo um (re)conto do Conto da Ilha Desconhecida, cujo texto encontram abaixo. Podem também aceder ao texto também aqui.

"Era uma vez um homem que sonhava ter um barco para procurar a sua ilha desconhecida. Um dia, o homem foi bater à porta do castelo do rei, à porta dos pedintes, para lhe pedir um barco, mas o rei, como sempre, estava ocupado com os cumprimentos aos cortesãos na porta dos obséquios e não o atendeu. Respeitando a burocracia do castelo, passado algum tempo, o rei disse ao primeiro secretário para abrir a porta, este, por sua vez, disse ao segundo secretário, que dissesse ao terceiro secretário, este passou a mensagem ao primeiro ajudante, que por sua vez, passou ao segundo ajudante, e, que, por sua vez, disse à mulher da limpeza. Esta, como não tinha mais ninguém para chamar, foi abrir a porta para saber o que o homem queria. O homem disse à mulher ao que vinha, queria um barco e, por isso, queria falar com o rei. No entanto, sabia que seria difícil. Seguindo a burocracia do castelo, a mulher da limpeza passou a mensagem pela ordem inversa até chegar ao rei. O rei demorou a responder e os protestos à porta dos pedintes começaram a ser evidentes, porque havia mais cortesãos que queriam ser atendidos. O homem instalou-se a um canto da porta e preparou-se para passar a noite ali até que o rei o atendesse. Passados três dias, o rei tomou vergonha e como seria prejudicial deixar o homem ao relento da sua porta dos pedintes, foi saber o que queria. O homem queria um barco para ir à procura da sua ilha desconhecida. O rei disse que lhe dava um barco, não muito grande, porém seguro, mas sem tripulação e direcionou-o para o capitão. O homem dirigiu-se ao porto e atrás de si vinha a mulher da limpeza que queria ir à procura de uma nova vida. O capitão deu ao homem uma caravela. A mulher da limpeza encarregou-se de limpar o barco enquanto o homem foi à procura de marinheiros que quisessem ir à procura da ilha desconhecida. No entanto, como todos pensavam que já não havia ilhas desconhecidas, o homem não conseguiu arranjar nenhum marinheiro que estivesse disponível para o acompanhar na sua viagem.

Fez-se noite e o homem, de cabisbaixo, chegou ao barco sem marinheiros, mas trazia consigo pão, vinho e queijo de cabra para o jantar. A mulher da limpeza animou-o e não o deixou desistir da sua viagem. À luz de velas conversaram e comeram o farnel que o homem tinha trazido. A certa altura, o homem começou a ver a mulher da limpeza com outros olhos e achou-a bonita, quando o seu rosto foi iluminado pela luz da vela. A mulher da limpeza também começou a ver o homem com outros olhos, mas pensava que ele só tinha olhos para a sua ilha desconhecida. Depois de muita conversa foram dormir, cada um nos seus aposentos. O homem teve um sonho e sonhou que estava ao leme do seu barco, à procura da sua ilha desconhecida. No seu barco estavam muitos marinheiros, os que tinham recusado o convite naquela tarde, muitas mulheres, nos seus afazeres, muitos animais, galinhas, porcos, cavalos, vacas, e muitos sacos de terra com sementes e árvores plantadas pois, se iam para uma ilha desconhecida tinham de a povoar. No barco, os seus olhos procuraram a mulher da limpeza mas ela não estava ali, teria ficado no porto, pensou o homem. A tripulação, cansada, queria que o homem parasse o barco numa ilha já conhecida para poder abastecer e descansar, e assim foi. Nessa altura toda a tripulação saiu, levando todos os animais, deixando apenas os sacos de sementes já germinadas e as árvores que já alcançavam o mastro. Sozinho com o seu barco, partiu à procura da sua ilha. O seu barco era uma ilha à deriva no mar. Nesse momento, o homem acordou do seu sonho e estava nos braços da mulher da limpeza. Juntos foram fazer alguns arrumos e pintar de branco, no barco, o seu nome, “Ilha desconhecida” e depois partiram para alto mar.



Este conto reflete a procura de um sonho, a procura do eu de cada um de nós." 


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