Vem aí o dia tão esperado por muitas namoradas e tão temido por muitos homens: o Dia de São Valentim. É aquele momento em que os machos de barba rija engolem o orgulho gingão, e lá vão eles oferecer coisas pirosas e lamechas como almofadas em forma de coração, ursinhos de peluche cor-de-rosa, flores, postais piegas e jantares românticos. Elas, mal podem esperar pela hora em que a sua cara-metade lhes apareça à frente com um ramo de rosas e um bilhete fofucho, e ai deles se se esquecerem desta data! Quanto ao silêncio da solidão, os esquecidos, os feios, os velhos e os não-correspondidos odeiam este dia que parece insultá-los, que parece dizer “és um falhado e um perdedor, por isso ninguém está contigo”.
No entanto, como toda a gente devia saber, o dia 14 de Fevereiro nunca foi festejado pelos portugueses, se não muito recentemente: esta celebração é uma importação de Hollywood, lado a lado com as lojas das grandes superfícies. O verdadeiro dia dos namorados Lusitano festejava-se, em quase todo o país, no dia de Santo António, “o santo casamenteiro”, segundo o folclore popular (13 de junho). Era durante esta festa popular que os namorados trocavam lenços e beijos, atiravam moedas ao poço dos desejos e oferecia-se um vasinho de manjerico, com um versinho maroto para guardar para a posteridade. É só lá para os finais dos anos 80 do século passado que o dia de São Valentim – graças à pressão dos centros comerciais – passou a ser o dia dos namorados para uma nova geração de miúdos que estavam ansiosos para serem “europeus”, e detestavam tudo o que fosse “português”...
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