terça-feira, janeiro 22, 2019

Livro da Semana: 50 Coisas para Desenhar e Pintar, vários autores


E já que andamos, nos últimos posts, a cavalgar a onda da criatividade – e tendo em conta que a montra deste mês é precisamente dedicada ao artesanato, desenho e design – o livro desta semana não será dedicado à literatura. Como o Plano nacional de Leitura deixa bem claro, ler não é só poesia ou romances que fizeram história. Com os livros, podemos também aprender muito sobre História, Geografia, Ciências... e até artes visuais!
50 Coisas para Desenhar e Pintar foi criado para agradar a um público infantil mas, sejamos honestos!, esta é uma edição para todas as idades: é pró menino e prá menina e é para todas as crianças dos 8 aos 80. Os fantásticos truques e dicas que aqui são dados servem para tudo e mais alguma coisa: pintar um móvel, desenhar um quadro artístico personalizado, criar um mural numa das paredes da nossa casa, decorar caixas, embelezar presentes, dar um toque cool numa manta ou candeeiro ou mochila...
Com este fantástico livro, podemos aprender a desenhar lagartos, focas, sereias, dinossauros, moinhos, borboletas, árvores, uma paisagem, vários rostos humanos... E é extraordinário como apenas três ou quatro manchas coloridas podem dar vida e dimensão a coisas aparentemente tão difíceis como um elefante ou um peixinho. Assim que começamos a seguir as instruções, damo-nos conta de que todos nós somos bem mais criativos do que originalmente pensávamos!
E voltamos a fazer um elogio ao livro físico: é verdade que plataformas como o youtube estão carregadinhas de tutoriais, de faça-você-mesmos dedicados à arte da pintura/ilustração. No entanto, este pequeno quadradinho que se leva facilmente numa mala permite-nos estar numa esplanada ou numa paragem de autocarro ou no cimo de uma montanha, sem nos preocuparmos se o espaço tem ou não net, qual será a password e se a bateria ainda está cheia. Enquanto os outros paralisam “porque não há rede”, quem tiver esta edição continuará, impávido e sereno, a dar asas à sua imaginação. É esta a vantagem que os livros físicos nos dão: total liberdade para nos movimentarmos neste planeta, total privacidade, e as únicas energias de que precisaremos serão as do sol e das nossas mãos.
Finalmente, a editora Edicare é uma mais-valia, pois estamos a falar de publicações que têm mesmo o propósito de educar, estimular e aumentar a nossa inteligência.
Peguem numa folha, “saquem” dos lápis de cor e... mãos à obra!

sábado, janeiro 19, 2019

A minha vida vale um livro

A minha vida vale um livro
 No nosso último post, falámos de uma companhia especializada em encadernar obras de uma forma muito pessoal e muito única. Estas obras são artísticas, e por isso não é de espantar que estas publicações custem os olhos da cara. No entanto, existe um grupo cada vez maior de artistas espontâneos, vindos de todos os cantos da Terra e que, devagarinho, transformam a sua vida numa obra de arte. Estamos a falar dos criadores dos diários artísticos ou visuais.
Não se sabe como começou este movimento. A verdade é que os diários sempre existiram, um dos mais antigos tem 4.500 anos! No entanto, estes eram usados como meros documentos de registo: o diário de um navio, de uma igreja, de uma companhia, etc. Só muito recentemente (cerca de 300 anos?) é que começaram a aparecer relatos pessoais. Mas a ideia de transformar um diário pessoal numa obra de arte provavelmente começou com uma figura enigmática, de nome Charles Dellschau (segunda imagem): morreu em 1920 e o seu estranho e fantástico diário foi encontrado num sótão 70, anos depois (a história deste homem e do próprio diário mereciam um post bem interessante para o nosso blog!).
Mas é nos anos sessenta que se criou um movimento relacionado com diários visuais. Estávamos na era dos experimentalismos e da construção da nossa própria personalidade. Porém, foram os mundos da Psicologia e Psiquiatria que deram um empurrão bem forte a esta nova forma de arte: depressa se concluiu que quem construía diários pessoais apresentava níveis mais baixos de stress e, inclusivamente, tinha mais resistência a problemas como a raiva ou a depressão. Assim, muitos psiquiatras aconselhavam os seus pacientes a serem “artísticos”, de forma a focarem-se nos momentos belos da vida.
Quem começa a fazer um diário visual, nunca mais largará este “vício”: em primeiro lugar, sabe tão bem criarmos algo belo com as nossas próprias mãos. Em segundo lugar, nada como descobrirmos o nosso lado criativo, algo que, muitas vezes, nem sequer pensávamos ter. É que no mundo dos diários visuais, tudo é permitido: colagens, fotos, embalagens de chicletes, panos, jornais, flores secas… Por outro lado, esta arte aumenta a nossa perceção de que o mundo está cheio de coisas fascinantes, felizes, coloridas e mágicas. São muito raros os diários visuais que se focam no sentimento negativo. Muitos são os criadores que confessaram em entrevistas que começaram por elaborar cadernos artísticos como forma de descarregar a dor e a raiva, mas os seguintes passaram gradualmente a ser cada vez mais leves e luminosos.
E tudo fascina: uma folha caída, um gato brincando, uma lista de tarefas, um pedaço de renda, os mecanismos de um relógio…
E se vocês acham que esta é uma arte feminina, não podem estar mais enganados: o movimento art journal ou beautiful chaos está carregadíssimo de homens e rapazes adolescentes. É, para todos os efeitos, uma arte unissexo, e plataformas como a flickr, tumblr ou youtube, estão cheias de fotos, tutoriais, sugestões, partilha de ideias… Eis um lado bem luminoso e feliz, no mundo da internet.
Para homenagear todos estes artistas, a nossa equipa elaborou um vídeo, com o objetivo de mostrar a vocês, leitores, a espantosa beleza e chama que os humanos ainda carregam dentro deles, uma chama que nem as máquinas nem a dor conseguiram destruir.
Um festim para os olhos!

Vídeo: Diários artísticos e transformação de livros

Imagens retiradas daqui e daqui

segunda-feira, janeiro 14, 2019

O sonho de qualquer amante de livros

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Já esteve muito mais perto a profecia de que o livro físico iria desaparecer, graças aos livros digitais (ebooks, como se chamam). Com efeito, houve uns aninhos em que estes eram comprados como pãezinhos quentes, ao passo que os físicos acumulavam pó nas prateleiras das livrarias.

No entanto, os mais velhos estão a rir-se neste momento: quando a companhia Amazon começou a vender kindles, toda a gente queria um e, durante um certo tempo, as livrarias físicas sofreram as passas do Algarve. Porém, assim que a novidade acabou, a queda da compra deste produto foi abrupta... E voltámos ao velhinho livro de capa dura ou mole. Como o jornal online The Guardian bem o diz, Os livros estão de volta: só os maluquinhos da electrónica é que achavam que iriam desaparecer. (leia o artigo aqui ) .  Perante o espanto de todos, a Amazon decidiu fazer o contrário: comprou uma livraria física. E as vendas começaram a subir...

Não, nós não somos suspeitos: há imensas vantagens no livro digital, e podemos mencionar algumas delas: para já, estes nunca irão parar à “guilhotina” (livros destruídos, quando não se vendem); nunca se esgotam; se wps6B98.tmphouver um incêndio na nossa casa, a nossa biblioteca está toda salva numa chapa; podemos modificar o tamanho da letra, o que é excelente para o leitor que sofre de problemas de vista ou está mesmo quase a cegar (há tablets que já têm um aplicativo “audio” para quem já estiver mesmo cego!); tornam-se obviamente muito baratos, pois os custos da publicação de um livro diminuem consideravelmente; podem ser comprados à distância de um simples clic, já não há a preocupação de que uma obra “não esteja à venda” no nosso país; por fim, são excelentes para quem anda “com a casa às costas”.

No entanto, faltou sempre qualquer coisa... Falta a beleza deslumbrante de uma capa, o cheiro do papel novo, o prazer de nos sentarmos à sombra de uma árvore, sem nos preocuparmos se a bateria está a esgotar ou não. Enfim, o prazer da privacidade, do silêncio, de estarmos sozinhos. Como este artigo bem afirma, as pessoas querem uma pausa para poderem estar longe do maldito écrã. Com efeito, o deslumbramento bimbo e subserviente que a geração dos anos 90 sentia pelas tecnologias já não se traduz nos tempos de hoje, muito pelo contrário!: ela é vista como sendo cada vez mais uma ameaça à nossa segurança e privacidade, e já começa a cansar ficar tudo registado num server qualquer, nem que seja a compra de um mundano par de peúgas!

O que falhou, então? Voltemos ao artigo: as pessoas esqueceram-se da diferença entre novidade e valor. Esqueceram-se do fator humano, esqueceram-se que um livro não é só um suporte físico que traz qualquer coisa. É também ele uma obra de arte. Oh, sim, os olhos compram...

Ora, publicadoras como a polaca Kurtiak and Ley nunca na vida se preocuparam com os livros digitais, e tal se deve ao facto de que esta companhia – que não tem feito outra coisa senão ganhar prémios atrás de prémios – satisfaz um público bem diferente do comum: desde 1989, a sua especialidade consiste em criar livros únicos e personalizados, feitos e pintados à mão. Em ocasiões especiais, edita uma obra num número muito muito limitado, e assim que a 1ª edição se esgota, acabou-se. Isto quer dizer que os afortunados que tiverem dinheiro e bom gosto para comprar uma destas obras de arte, enriquecerá de ano para ano, pois estas edições valerão ouro no futuro!

Kurtiak and Ley são o sonho de qualquer amante de livros: eles transformam este objeto numa extraordinária obra de arte. Sabemos que são caríssimos mas, se vocês virem o vídeo abaixo indicado, o dinheiro é sem dúvida bem gasto. Afinal, a verdadeira arte não vive apenas nos museus. Pode ser encontrada numa rua, numa parede, numa árvore...

E numa estante.

Vídeo de promoção da companhia Kurtiak and Ley (site oficial do youtube)

Imagens retiradas do site oficial

domingo, janeiro 13, 2019

Bibliomúsica – Eu quero viver no campo!

Otava Yo e The Dead South
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É impressão nossa ou não haverá para aí um movimento retro, que está espontaneamente a crescer pelos quatro cantos do globo? Num mundo cada vez mais tecnológico e desumano, onde todos vestem as mesmas roupas, comem a mesma comida, ouvem as mesmas músicas e olham para os mesmos filmes, sites de “faça você mesmo”, “receitas da avó” ou o ressuscitar de sons étnicos brotam como cogumelos de todos os lados.
wpsFFD6.tmpÉ o caso destas duas bandas  acima mencionadas: Os Otava Yo (foto em cima, os paninhos em russo dizem “15 anos de banda”) vêm da Rússia e fazem uma apologia da vida campestre: as pequenas aldeias, os vizinhos que se conhecem uns aos outros, a alegria sadia de respirar o bom ar puro das árvores e dos rios não poluídos. Já os The Dead South veem do Canadá, já foram apelidados de “maninhos maus dos Mumford and Sons, e seguem um estilo musical, de nome bluegrass (o country do Canadá). No mundo da world music, estas duas bandas são rock stars e esgotam salas e teatros.
Deixamos aqui um cheirinho dos sons do campo, das raízes sadias do folclore feliz, criado por gente comum para gente comum.
Otava Yo- Era uma vez numa colina (legendas em inglês)
The Dead South -  The Recap




sábado, janeiro 12, 2019

Já alguma vez OUVIU a língua da Babilónia?


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Boa pergunta: a que soa? Obviamente que não há registos sonoros da mesma. Afinal, o fonógrafo chegou um bocadinho tarde: só foi descoberto no século XIX e esta língua desapareceu há cerca de 2000 anos, juntamente com outras como o Aramaico (a língua de Jesus). No entanto, um ramo científico chamado Linguística Diacrónica (o estudo da evolução das línguas, ao longo dos tempos) permite-nos fazer uma viagem ao passado e reconstruir, da forma mais fiel possível, sons que já desapareceram. Para isso, a Arqueologia e a Informática têm sido grandes aliados da Linguística: sabe-se hoje que o som “V” não existia originalmente no Latim (O “V” deve ser lido como se fosse o som “U”) graças a descobertas de cartas, livros e poesias do império Romano.

wpsA796.tmp E é nestas coisas que se vê até que ponto algumas universidades do Ocidente – apesar da decadência geral do sistema de Ensino em toda a Europa e E.U.A - ainda continuam a dar cartas. Uma delas é a famosa Universidade de Cambridge. Chefiado pelo professor Martin Worthington, o seu departamento e um grupo de estudantes entusiasmados deram vida a uma velha estória com mais de 2000 anos de idade: O homem pobre de Nippur (uma cidade antiga que pertence, hoje, ao Iraque). E o resultado é fascinante: usando a atmosfera do próprio edifício universitário, assim como a lindíssima música da compositora Stef Conner, gerou-se uma ambiência irreal mas mágica, que nos transporta a um tempo perdido no tempo.

A primeira coisa que reparamos nesta história é o conceito de vingança, e até que ponto a violência estava normalizada nesta antiga civilização. A segunda é o facto de este império antigo valorizar a inteligência e a manha, e mostrar, através desta “fábula”, que nem a arrogância e as más ações dos ricos escapam à “justiça dos deuses”. O nome do pobre – Gimil- Ninutra – significa literalmente “vingança do deus Ninutra”, deus esse que era o patrono da cidade de Nippur. Assim, esta personagem representa o papel da deusa grega Némesis ou, melhor dizendo, “cá se fazem, cá se pagam”.

Para mais informações desta notícia, cliquem neste link .

Não se esqueçam de ativar as legendas!

Vídeo: O homem pobre de Nippur

As imagens foram retiradas do link acima mencionado. 

quinta-feira, janeiro 10, 2019

Neurocientistas inventaram a música mais relaxante do mundo!


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Não, não estamos a brincar: terapeutas de som, em colaboração com a companhia Marconi Union, criaram uma música, de nome weightless (leve, sem peso na língua inglesa), cujo objetivo consistia em baixar os níveis de ansiedade. No entanto, coloca-se aqui uma questão pertinente: como é que nós sabemos que esta experiência foi cientificamente comprovada?

A terapia de som não é uma ideia nova, muito pelo contrário: esta já era usada na Grécia Antiga, na Babilónia e no Egito. Durante a Idade Média, este tratamento à mente continuou a ser usado, desta vez escondido por detrás de uma capa piedosa chamada “cantos gregorianos” ou “Requiem”. No entanto, foi a partir do Romantismo (século XIX) que a música começou a ser usada única e exclusivamente para manipular paixões, instintos e desejos (a raiva, a revolta, o desejo sexual, mas também a empatia e a compaixão) e deixou de ser usada para curar, acalmar, apaziguar.

E durante quase trezentos anos, esta terapia foi esquecida…

Foi com a (re)descoberta da Cimática que o interesse pelo poder vibratório dos sons ressuscitou. Cientistas dos anos sessenta ficavam fascinados a olhar para todo o tipo de imagens e desenhos que as frequências vibratórias podiam criar numa chapa lisa – tonoscópio - e repararam que, segundo determinadas vibrações, apareciam cruzes, flocos de neve, quadrados, mandalas (ver imagem acima). Depressa começaram a perguntar a si mesmos se as velhas lendas à volta de “músicas que curavam” não teriam um fundo de verdade. Hoje, a plataforma youtube está carregadinha de inúmeras páginas que se dedicam única e exclusivamente a criar estes sons, com base em frequências. Um deles é o Numeditation.

wpsE151.tmpMas foi uma outra companhia residente na Inglaterra, a Mindlab International, que provou cientificamente a eficácia desta terapia. Após testarem inúmeras músicas “relaxantes” – enquanto visualizavam as ondas cerebrais dos participantes desta investigação – descobriram que a tal canção weightless era aquela que melhores resultados mostrava nos cérebros humanos (mais de 65% de eficácia). O mais interessante foi os cientistas constatarem que as participantes femininas eram precisamente aquelas que mais ficavam “afetadas”: muitas revelaram sentir-se tontas ou sonolentas! Segundo o neurocientista David Lewis-Hodgson – o autor desta pesquisa – tal pode dever-se ao facto de que são precisamente as mulheres que mais padecem, hoje em dia, de ataques de ansiedade.

Pois aqui ficam dois vídeos para aguçar a vossa curiosidade: o primeiro mostra as várias imagens que um tonoscópio pode criar. O segundo vídeo é- está claro! – a música weightless.

Fechem os olhos, ponham o quarto a meia-luz e experimentem. Depois digam qualquer coisa!

Experimento Cimático

Música Weightless, da Marconi Union

Imagens retiradas daqui e daqui

terça-feira, janeiro 08, 2019

Livro da Semana A Lisboa de Miguel Cervantes – editado por Maria Fernanda de Abreu


wpsE875.tmp Se proferirmos o nome “Miguel Cervantes”, serão poucas as pessoas que, hoje em dia, saberão quem é ou era. Provavelmente irão dizer disparates do estilo “é futebolista” ou “é um político”. No entanto, se dissermos logo a seguir “D. Quixote”, serão muitos aqueles que imediatamente se lembrarão de um homem franzino a lutar contra moinhos. Pois é: esta personagem – juntamente com o seu fiel amigo Sancho Pança – tornou-se um símbolo do sonho vs realidade, a coragem vs pragmatismo, a aventura vs a rotina. E de tal forma marcou a cultura Ocidental que, ainda hoje, muitas personagens atuais ainda são criadas com base nesta dicotomia. O último caso é o do visionário Homem de Ferro vs o pragmático Capitão América.
No entanto, Miguel de Cervantes não se ficou por esta obra-prima. Na verdade, até ao fim da vida, escreveu. E os paralelismos entre Camões e este grande autor espanhol são extraordinários: ambos participaram em batalhas, ambos conheceram o mundo, ambos tinham uma mente muito aberta, ambos eram génios, ambos passaram por imensas dificuldades económicas até morrerem e ambos sobreviveram muitas vezes graças à arte da escrita.
Ora, uma das últimas obras – senão mesmo a última – que Cervantes escreveu tinha o título de Los trabajos de Persiles y Sigismunda - Historia Setentrional. No entanto, a editora Colibri, para comemorar os 400 anos da 1ª edição deste pequenino livrinho, deu-lhe o nome moderno de A Lisboa de Miguel Cervantes. E temos que admitir: no século XXI, este é um título bem mais chamativo do que o original. Já praticamente ninguém se chama Persiles ou Sigismunda. Graças a Deus, pobres criancinhas...
Eis uma descrição dos lisboetas, vista pelos olhos de uma das personagens: Aqui o amor e a honestidade dão-se as mãos e passeiam juntos, a cortesia não deixa a arrogância chegar-se a ela e a bravura não consente que dela se aproxime a covardia. Todos os seus habitantes são agradáveis, são corteses, são liberais, e são enamorados, por que são discretos. Claramente Lisboa ainda não tinha senhorios a expulsar os velhinhos das suas casas, não existiam hostels e a capital ainda não era um parque de estacionamento a céu aberto.
Ironicamente, a cidade não é grande estrela deste livro: Manuel de Sousa Coutinho (sim!, o Frei Luís de Sousa!) e uma família de “bárbaros,” vindos da Europa Setentrional, são as figuras mais importantes desta obra, assim como a gentileza e piedade dos lisboetas. Na verdade, pouco se fala desta capital... Apesar de tudo, vale a pena ler esta pequenina história, que se divide em três partes. É um documento histórico interessante e, para quem está a aprender Castelhano, esta edição é bilingue.
Este livrinho foi-nos oferecido pela Doutora Maria Fernanda de Abreu (que linda dedicatória, obrigado!), que editou, prefaciou e organizou esta homenagem. A dedicatória também revela o agradecimento do ilustrador Nuno Abreu. Para quem não sabe, esta professora é a maior - como diz o povo - “entendida” na vida e obra do grande Cervantes! COM EFEITO, É UMA GRANDE CERVANTISTA RECONHECIDA INTERNACIONALMENTE. Por isso mesmo, a equipa da nossa biblioteca sentiu-se muito comovida com a sua oferta.
Lê-se em meia hora, podemos garantir-vos!

segunda-feira, janeiro 07, 2019

Estante do mês: Mãos à obra!


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É verdade que essa ideia chamada “novo ano” nada mais é do que uma construção social. Afinal, os nossos antepassados muito distantes celebravam o começo do mesmo no início da Primavera, em vez de o festejarem no Inverno. No entanto, estas datas ritualísticas produzem sempre um impacto psicológico na mente de todos ou quase todos. Sejamos honestos: quem é que nunca fez uma lista de “resoluções” ou “projetos”? Quem é que nunca teve um ataque de fúria e decidiu deitar para o lixo tudo o que era velho e usado? É para isso que estas datas servem: para reorganizarmos as nossas vidas, livrarmo-nos de medos, fazermos as pazes com alguém, resolvermos uma situação financeira ou cumprirmos, de uma vez por todas, projetos que deixámos sempre para trás.
Por isso mesmo, esta estante do mês é muito simbólica: este é o momento certo para arregaçarmos as mangas e fazermos algo de criativo, belo ou simplesmente prático e agradável. Tudo começa com as mãos: a escrita, a arte, um poema, um móvel, um olá ou um adeus. Janeiro é o mês mais frio, é certo, mas – no mundo ocidental - é também o mês dos recomeços. Além disso – e por estar tanto frio – nada como recolhermo-nos nas nossas casas e, no aconchego do lar, criarmos algo com as nossas próprias mãos. Algo que não precisámos de comprar, algo que é único, que mais ninguém no planeta tem. Porque mesmo seguindo as orientações de alguém, há sempre um toquezito personalizado – que é só nosso – que é colocado numa manta, numa cómoda, numa estante, num boneco, numa joia, num cartoon.
Eis aqui as sugestões que a nossa biblioteca oferece.
Bom ano 2019!
Imagem retirada daqui .