Proteja o seu filho do Bullying, de Allan L. Beane
Finalmente este assunto começa a ser debatido em Portugal. Já não era sem tempo. Finalmente os pais já podem chegar a uma livraria ou biblioteca, e requisitarem leitura apropriada para este assunto. Finalmente as escolas já começam a fazer palestras e cursos práticos acerca deste tema para pais, professores, funcionários e alunos. Finalmente os jornais e as televisões já mencionam este problema. E estão a levá-lo a sério. Finalmente.
Deixemos uma coisa bem clara: “gozar com o colega”, “fazer queixinhas”, dizer piadas parvas e, de vez em quando, acabarem todos à batatada é, sem dúvida, “coisa de crianças”. É certo e sabido que todos os meninos e meninas deste mundo hão de, um dia, ter as suas quezílias com os amigos ou inimigos e, cedo ou tarde, haverá um ou outro confronto. Se isto já acontece com adultos, mais ocorrerá entre as crianças, que só agora é que estão a aprender as regras de bem conviver numa sociedade. Mas há uma diferença colossal
entre “gozar com o menino do lado” e praticar Bullying. E é precisamente aqui onde o problema reside: a esmagadora maioria dos adultos não sabe ver esta diferença, não faz a menor ideia do que realmente significa a palavra Bullying.
O que é, afinal, Bullying? O termo aplica-se a alguém que intencionalmente e voluntariamente agride, ameaça e insulta sistematicamente alguém, sem revelar qualquer compaixão ou empatia pelo sofrimento do outro. A palavra perseguição é provavelmente aquela que melhor caracteriza este comportamento: o agressor não se limita a fazer pouco do colega, persegue-o sistematicamente pela escola toda, com o objetivo de aterrorizar a sua vítima e fazer-lhe a vida negra. Não contente com isso, não hesita em difamá-lo/a online e em destruir-lhe a reputação. Este é um comportamento, doentio, obsessivo e destrutivo. E os adultos são a peça-chave para acabar com este problema. Para todos os efeitos, há qualquer coisa de muito errado numa criança ou jovem que, em vez de estar a gozar o intervalo entre duas disciplinas, gasta-o a perseguir e agredir outros colegas, nem que esta agressão seja apenas feita através de palavras.
E há sinais de alerta que qualquer adulto pode verificar: a criança foge dos recreios da escola; a criança refugia-se demasiadas vezes na biblioteca; a criança tem medo de ir à escola; a criança está feliz na sexta-feira e começa a sentir-se tensa e doente, assim que chega o domingo; a criança tem medo de olhar para o telemóvel; a criança tem pesadelos constantes a meio da noite; a criança voltou a urinar na cama; estes são apenas alguns exemplos de muitos sinais de alerta que podem ser verificados, e que confirmam a possibilidade de alguém estar a ser vítima de Bullying.
Este livro é bastante objetivo e prático e, por isso mesmo, pode ser lido por todos. Começa por explicar o que é Bullying, apresenta inúmeros sinais de alerta e dá sugestões bastante práticas para enfrentarmos o inimigo, e estas sugestões são boas quer para o adulto quer para os próprios filhos. Mais importante, o adulto que ler esta obra poderá ajudar o seu filho/aluno a recuperar a sua autoestima perdida, pois este livro aposta muito na desconstrução de uma série de comportamentos que podem dar força ao agressor como, por exemplo, aprender a andar sem os ombros descaídos, olhar nos olhos as pessoas, não arrastar os pés, usar roupa que não dê nas vistas, etc.
Este é o presente de Natal ideal Para todos os pais e adultos que querem, nestas férias, injetar otimismo numa criança. Porque não há nada melhor do que começarmos um ano cheios de autoestima e confiança em nós mesmos.
1 comentário:
Uma coisa é certa: Portugal está a reagir mais depressa que a Inglaterra e os Estados Unidos. Se nós deixamos as coisas avançar um bocadinho mais, vamos acabar por perder o controlo sobre este problema.
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