sábado, outubro 31, 2009

Hoje É O Dia Das Bruxas

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No dia em que ultrapassámos as 15.000 visitas, o Plano Nacional de Leitura festejou e premiou na biblioteca da escola, os três melhores contos de terror, criados pelos alunos das turmas do 8º ano. Apresentamos aqui os três merecidos vencedores. Os restantes contos (e o relato da própria festa) serão editados neste cantinho online, nos próximos dias.

Divirtam-se!

Bruxas_8Ano

Foto retirada de:

http://www.bigoo.ws/images/gif-skulls-halloween/black-white-skull-candles-wine-228329.htm

E Agora, Quem Quer Um Susto, Quem Quer?

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Sempre que a indústria do cinema americano está a ficar quase sem imaginação nenhuma, normalmente recorre a um bluff muito eficaz: põe-se a fazer versões de outros filmes de terror. E, para estas coisas, não há nada como o horror asiático. Sim, estamos a falar a sério: os filmes que vocês pensam ser americanos, não passam de versões de obras de terror japonesas e sul-coreanas. São os exemplos de O Aviso, Águas Passadas ou até Ju-Ong.

O truque é simples: pega-se numa história que não é nossa e adaptamo-la para a realidade europeia ou americana. Depois, exporta-se o filme, esquecendo-se de avisar ao público que este não passa de uma cópia de uma esquecida ou desconhecida obra cinematográfica.

Parece que, até agora, Hollywood ainda não deu de caras com um dos filmes de terror mais famosos da Coreia do Sul: Whispering Corridors (em inglês, Corredores Sussurrantes). A história fala de uma escola muito sinistra, cheia de pecados, culpas, medos. O pior é que os mesmos vão-se acumulando, à medida que surgem novos alunos… E estes é que acabam por pagar o preço dos erros dos outros…

A não perder, caso consigam arranjar alguém que tenha uma cópia deste filme. É que nós já sabemos que, em Portugal, não é fácil encontrar o que quer que seja, se não for americano ou inglês…

Trailer do Filme

quarta-feira, outubro 28, 2009

Bibliomúsica – Voltámos ao Retro!!

Meu Deus, este grupo inglês, White Lies, é tão anos oitenta, tão século passado!! Estamos mesmo numa de movimento “Retro” (da palavra “retroceder”, voltar atrás no tempo) e já os Franz Ferdinand fizeram e fazem precisamente o clip_image002mesmo. Ou seja: à falta de sons interessantes no tempo presente, vai-se à caixinha de surpresas da mamã e dos avós…

Mas estas fases “retro” são necessárias, na medida que oferecem às novas gerações os ritmos, sons, melodias e efeitos que os nossos papás escutavam com prazer e que, de outra forma, acabariam no esquecimento de uma caixa de Lps amontoados numa feira da ladra qualquer. É através desta descoberta dos “oldies” (as músicas “velhinhas”), que se cria sempre algo de novo: a música do futuro.

E caso não o saibam, o supra-sumo do “chique a valer”, o que está a dar, o que está verdadeiramente “in”, não são os i-pods e os i-phones. Isso é para gente “quadrada”, “ovelhinha de rebanho”. Pois é, meus amigos: os Lps voltaram a ser a grande moda, assim como os gira-discos. As lojas que os vendem crescem como cogumelos em todo o planeta, e os jovens redescobriram o prazer de pôr o vinil na rodela, sacar da agulhinha e escutar o som fabuloso, que só um Lp consegue ter. A era digital tem os seus convenientes, é claro. Porém, o ritual de nos prepararmos para escutar uma canção e de quase a tocarmos, perdeu-se quase definitivamente.

Por isso, os putos de hoje, andam fascinados com tudo o que é “retro”.

O armário dos papás voltou a ter aquele charme perdido…

Comparem as duas músicas e divirtam-se!

White Lies- To Lose My Life

http://www.youtube.com/watch?v=l3P4MAwdBtI

Duran Duran – Planet Earth

http://www.youtube.com/watch?v=1mmEr5_e5RE

Foto retirada de:

http://colunadallas.wordpress.com/2009/04/30/vinil-vitrine-da-arte/

terça-feira, outubro 27, 2009

Quem É Que Quer 100% Na Disciplina de História, Quem Quer?

 

Uma Breve História do Século XX, de Geoffrey Blainey

clip_image002 Definitivamente, as “breves histórias de qualquer coisa” estão a ficar bastante na moda. Estamos a falar, é claro, de livros de divulgação histórica, cultural ou científica que, numas “poucochinhas” centenas de páginas, conseguem sintetizar um determinado assunto que, normalmente, enche enciclopédias inteiras. São verdadeiras injecções de saber, terapias de choque para alunos desesperados do Ensino Secundário, que se querem safar com uma boa nota para entrarem para a faculdade, ou apenas curiosos entusiastas, que nunca se cansam de aprender coisas novas.

Já aqui tínhamos feito uma crítica à Breve História de Quase Tudo, de Bill Bryson. Desta vez, iremos dar destaque à “voz” do historiador Geoffrey Blainey e da sua obra Uma Breve História do Século XX, que já se encontra disponível na nossa biblioteca. O que torna este livro tão interessante é o facto de nos transmitir a sensação de que estamos a viajar no tempo: Blainey não só relata os episódios importantes da História deste século, como é capaz, inclusivamente, de falar das “gentes pequenas” que testemunharam esses eventos: mães de nove anos com pequenos bebés, o cheiro da palha e do estrume, o alvoroço das cidades cheias de gente (…), a fome, os exílios, as fugas, as construções das casas, entre outras “pequenas coisas”. Com esta obra de divulgação histórica, é como se estivéssemos a caminhar em ruas que já não existem, casas que foram demolidas ou bombardeadas, conviver com pessoas cuja prova de existência já só pode ser comprovada através de uma velha fotografia… Quem lê este livro, está tão entretido com a narrativa que nem sequer se apercebe que está a aprender, ao mesmo tempo.

Por isso… Se pertences àquele grupo de alunos que acha que a disciplina de História é uma “seca tremenda” mas não consegues “desencalhar” do nível 2/3; se achas que a História da Humanidade não passa de uma série de datas para decorar; se pensas que conhecer “o passado” não tem qualquer utilidade para o teu futuro emprego e para a tua futura vida; se pensas assim, então vai à biblioteca e requisita este livro. São horas de garantido prazer… e nunca foi tão fácil memorizares eventos que marcaram o mundo… e transformaram a tua vida!

Afinal…

O que serias tu hoje, sem a descoberta da pílula, da televisão, do petróleo, do telemóvel, da Internet?

O que serias tu hoje, sem a libertação das mulheres, sem as lutas dos direitos humanos, sem o direito ao Ensino e à Saúde grátis para todos?

O que serias tu hoje, sem a queda das monarquias, a ascensão das ditaduras e o triunfo das democracias?

Como seria hoje o mundo, se Hitler tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial?

Como seria hoje o mundo, se os americanos não tivessem pisado a lua?

O Passado é o grande arquitecto do Presente…

 

E Já Agora…Hoje é o dia Mundial da Biblioteca Escolar!

… Porque os livros fazem-nos sonhar, voar para longe…

…Porque a vida não é só comer (Pão) e diversão (Circo)…

…Porque a vida não é só nascer e morrer!

Os Mutantes – Panis Et Circenses (Pão e Circo, em latim)

 

Panis Et Circenses (Pão e Circo)

Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer.clip_image004

Mandei fazer

De puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer.

Mandei plantar
Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar

Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas na sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer.

Foto retirada de: http://horasserenas.blogs.sapo.pt/2009/02/

segunda-feira, outubro 26, 2009

Livro Da Semana

clip_image0022666, de Roberto Bolaño

Quando tiverem paciência; quando as férias chegarem; quando tiverem uns anitos a mais e um bocadito mais de maturidade nas vossas vidas; quando o mundo vos parecer demasiado certinho e demasiado simplista; então, leiam a gigantesca obra-prima do escritor chileno Roberto Bolaño, de nome 2666.

E este romance não era para ser um mega mega mega romance. Antes de morrer, o autor pediu aos seus editores, no seu testamento, que esta obra fosse publicada em cinco vezes, cada parte uma vez por ano. A razão era muito simples: assegurar o futuro económico dos seus filhos (Bolaño encontrava-se à beira da morte, quando escreveu estas instruções). No entanto, os editores decidiram publicá-la na totalidade, justificando que este livro devia ser lido e visto como um todo, e não como uma série de “temporadas”, ao estilo de uma série de televisão americana.

Embora esta decisão seja de louvar, talvez não tenha sido a mais sensata. Para quem não está habituado a ler, o tamanho e o peso do livro assustam: 1025 páginas. E não, não é um Nómada, da Stephenie Meyer, que se lê de um fôlego, até debaixo do chuveiro. 2666 é um murro no estômago, um verdadeiro incêndio literário, como há muito tempo não se via nas livrarias de todo o mundo. Especialmente num século como o nosso, obcecado pela juventude eterna, pelo sucesso, pelo dinheiro fácil, pela fama, pela beleza física, pelos 15 minutos de fama. Num século XXI asfixiado pelo êxito fácil e pela literatura light, só um escritor com muita coragem poderia escrever algo que, à partida, parecia “invendável”.

Este não é um livro para qualquer um. É preciso disposição para o lermos, é preciso estarmos preparados para o lermos. É demasiadamente esplêndido para ser compreendido logo à primeira, é demasiadamente bom para ganhar um Pulitzer ou um Nobel. Até porque Roberto Bolaño esteve-se sempre “marimbando” para os top 10, para os prémios literários, para as convenções sociais e optou sempre por seguir o seu instinto de génio literário. Aliás, Bolaño parece representar aquilo que todos nós desejamos ver num artista: alguém que é capaz de viver pelos seus ideais, e que nunca venderá a sua alma a quem quer que seja. Deu-se ao capricho de fazer algo que já ninguém faz: levar 13 anos da sua vida a escrever um romance. E se ficar famoso, tanto melhor. Se não… a vida continua.

clip_image004O próprio título é absolutamente estranho: porquê 2666? O escritor não se dá ao trabalho de explicar a razão deste número. Porém, através de outras obras suas, como o romance Amuleto (estes quatro dígitos são recorrentes ao longo dos seus livros), uma estrada no México é descrita como se fosse um cemitério no ano 2666. Há quem diga que este algarismo está ligado ao Antigo Testamento: quando Moisés libertou os judeus da sua prisão no Egipto, tal lendário episódio terá ocorrido, segundo alguns cristãos mais radicais, 2666 anos depois da criação do Planeta Terra. Mas este número fica ao critério do próprio leitor: é que esta história é intemporal e tanto pode ocorrer hoje como num futuro mais distante.

A história parece muito simples: quatro apaixonados por um escritor alemão desconhecido, Benno Von Archimboldi, um homem que parece ter desaparecido do mapa, encontram-se numa série de colóquios e decidem procurá-lo. Pelo caminho, há paixões, desilusões, um olhar frio sobre a crueldade e loucura humanas; uma macabra procissão de centenas de mulheres cruelmente mortas em Santa Teresa, no México; um professor de literatura que mora em Santa Teresa, pai de uma filha lindíssima que pode atrair as atenções de quem quer que ande a fazer mal a todas estas mulheres; um forasteiro que parece estar ligado a uma série de assassínios no deserto de Sonora; e, por fim, o próprio escritor alemão, Benno Von Archimboldi, escorregadio e fugidio, como areia entre os nossos dedos.

Enfim, parece que estamos a ler um “simples” livro policial. Nas últimas páginas, o culpado irá para a cadeia, os “bons da fita” terão a sua justiça ganha. Certo?

Errado.

Em 2666, a Humanidade é vista como uma louca lúcida ou um sábio a olhar para o poço da loucura. Não se sabe onde acaba a sanidade e começa o delírio, e tudo parece ser um sonho acordado ou um despertar no meio de um sonho.

Nós avisámos. Não é um livro fácil de se ler. Não é um livro para qualquer um. Mas é bom saber que, no século XXI, ainda há génios.

Booktrailer de 2666

http://www.youtube.com/watch?v=s5ksScxvnMk

domingo, outubro 25, 2009

A Ciência Explica

Por Que Razão As Formigas Não São Cozinhadas Pelos Nossos Microondas?

Ah, as formigas… Uma das grandes pragas de qualquer casa e de qualquer jardim ou varanda. Não importa se foi acabadinha de construir, se tem mais de cem anos, se foi restaurada, se está cair aos bocados. Uma casa nunca é uma casa, se não tiver formigas. Na verdade, o único lugar do mundo onde (parece…) que elas não existem, são os laboratórios científicos.clip_image002

Estas simpáticas e minúsculas criaturas são um verdadeiro milagre da Natureza: carregam dez vezes o peso do seu próprio corpo, sobrevivem a radiações, furacões, tsunamis, a fúria de uma dona de casa zelosa, e só morrem vítimas de um insecticida, desde que este seja um bom e actualizado insecticida. São tão fenomenais, que são capazes de entrar no nosso microondas, acompanhar o “bronzeado” da caneca de leite quentinho… e saírem perfeitamente ilesas, como se uma exposição radioactiva altamente perigosa não passasse de uma tarde agradável numa solarenga esplanada. Como é que isto é possível?

A resposta é inesperadamente simples: dentro de um microondas, há várias densidades de energia. Em certos lugares, as radiações são muito mais altas, enquanto que noutros espaços, a clip_image004densidade é muito mais baixa. É por isso que todos os microondas, hoje em dia, possuem um prato giratório, de forma a cozinharem os alimentos de uma forma uniforme. Se tal não existisse, metade do nosso arroz de frango ficaria cru e a outra metade estaria apetitosa para o jantar.

Um dos espaços onde há muito pouca energia é precisamente no fundo, junto às paredes metálicas deste forno. As formigas “pressentem” quais são as zonas mais quentes e mais frias, e refugiam-se nesses lugares, até o senhor ser humano abrir a porta do microondas e retirar a caneca de leite. Além disso, por ser tão minúscula, se for apanhada por acidente numa “zona quente”, o seu micro-corpo arrefece com muito mais facilidade do que um objecto quente, o que lhe permite escapulir-se depressa para o cantinho mais fresquinho do aparelho (Já agora, colocamos aqui um desafio aos doidinhos por estas curiosidades científicas: as formigas dormem??? Toca a investigar…)

Para vocês terem uma ideia da escala do mundo dos insectos, vejam uma parte de um filme/documentário francês, de nome “Microcosmos”, uma verdadeira obra-prima que, infelizmente, está muito esquecida: como será um dia de chuva no reino dos micro-bichinhos? Que peso terá uma simples gota de água na cabeça de um caracol ou de uma formiga?

Microcosmos – Um dia de Chuva no Mundo dos Insectos

Imagens retiradas de:

http://sitecomidinhas.wordpress.com/2008/01/21/voce-e-formiga-entao-fuck-tu/

http://media.photobucket.com/image/formiga/southafrikanse/formiga.png

sábado, outubro 24, 2009

Tens Um Revolucionário Dentro De Ti?

 

clip_image002 Não há ninguém que não conheça a personagem Mafalda, inventada pelo grande cartoonista Quino: de dedo em punho, sempre atenta às notícias das rádios, dos jornais e da televisão, não se cala e não se coíbe de dar a sua opinião muito particular sobre um determinado assunto. E, sim: é uma apaixonada pela política.

Se achas que este retrato tem alguma coisita a ver contigo; se achas que farias melhor figura na Assembleia da República, do que muitos deputados que ali estão; se achas que a voz dos jovens não é claramente ouvida, pois “aquilo é tudo velhos”; se achas que alguns dos teus pontos de vista mereciam ser ouvidos pelo país inteiro; então, participa no concurso Parlamento dos Jovens e traz a tua escola e o teu programa eleitoral a S. Bento, e mostra o que vales.

 O Parlamento dos Jovens é uma iniciativa institucional da Assembleia da República (AR), organizada em colaboração com o Ministério da Educação, Instituto Português da Juventude e outras entidades, com o objectivo essencial de continuar a promover a educação para a cidadania e o interesse dos clip_image004Jovens pela participação cívica e pelo debate de temas de actualidade. Trocando por miúdos, os alunos terão que desenvolver um programa eleitoral, baseado no tema escolhido (este ano, o Ensino Básico irá discutir a “Educação Para a Sexualidade”, enquanto que o Ensino Secundário discutirá “A República”). A primeira fase será realizada na escola, e serão escolhidos os melhores “deputados” para as sessões distritais. No final, apenas um representante da Escola terá direito à sua palavra na própria Assembleia da República! Será filmado pela televisão e será escutado e entrevistado como se fosse um verdadeiro deputado!

Quase todas as turmas do Ensino Básico da nossa escola já preencheram a sua candidatura e já afiam as cordas vocais para futuros e acesos debates. Então… E as Mafaldas do Ensino Secundário? Onde é que elas estão?

Se queres ter acesso a mais informação, consulta a página http://app.parlamento.pt/webjovem2010/index.html. As inscrições terão que ser feitas neste preciso endereço. Atenção: precisarás de um professor responsável, para participares neste projecto (os alunos do Ensino Básico já têm um). Só tens até ao dia 31 de Outubro, para te inscreveres!!

Ilustrações retiradas de:

http://moodle.ag-sg.net/mod/resource/view.php?id=10200

http://vitoriaestefani.blogspot.com/2009/08/jogar-tudo-pro-alto.html

quinta-feira, outubro 22, 2009

Os Jovens Falam

Oitocentas páginas????????

clip_image002No outro dia, levei um amigo meu a minha casa para jogarmos computador. Enquanto ele ia consumando o seu vício, peguei discretamente num livro que já andava a ler. Quando acabou o jogo e olhou para mim, fitou-me com uns olhos tão grandes que parecia que iam saltar das órbitas. Fiquei um pouco irritada e pensei “O que raio têm as pessoas contra os leitores compulsivos?”. Mas o que mais me espantou foi a atitude do meu amigo. Pegou no livro, abriu-o e foi à última página. E exclamou: “oitocentas páginas?!”. E entregou-me o grosso livro, como se tivesse medo de que entre as páginas brotasse um monstro.

Bem, hoje em dia muitas pessoas têm esse comportamento. Se só de se falar de um livro as agoniza, um livro grosso fá-las-ia desmaiar. Bem, meus amigos, chamo aqui os professores de Filosofia (sim, porque basicamente é disso que se trata) para eles vos perguntarem: como podem dizer que gostam de uma coisa sem sequer a conhecerem?

clip_image004Eu sei disso. Eu também já disse, em tempos que já lá vão, que não gostava de ler. Um dia, por curiosidade, experimentei pegar num livro e, curiosamente, as palavras envolveram-me de uma tal forma que não consegui parar. Se pararmos de ler, mais tarde, ele ainda lá está! Curioso, não é? Não é tanta pressão como se estivéssemos a ver uma coisa na televisão…

E depois ainda temos aqueles que dizem que não gostam de ler porque não gostam de Língua Portuguesa. Sinceramente, não entendo como é que não gostam de uma coisa que a todos os dias e a cada segundo cospem da vossa boca, tão naturalmente que nem dão por isso!

Faço daqui um apelo surdo a que todos os jovens dêem mais valor à Língua Portuguesa que, a muito custo, tem sobrevivido tantos séculos, nas linhas dos escritores e nas bocas de quem a preserva…

Beatriz Moreno 10ºC

Ilustrações retiradas do blog:

http://horasserenas.blogs.sapo.pt/2009/02/

quarta-feira, outubro 21, 2009

Bibliomúsica

Lhasa de Sela é uma famosa cantora que reside actualmente no Canadá, embora tenha nascido em Big Indian, em Nova Iorque.

Lhasa é uma mistura de várias culturas, e tal não é surpresa nenhuma, uma vez que o seu sangue é uma salganhada de México, raízes judias e libanesas. Por isso mesmo, a sua voz encaixa-se em todo o tipo de sons: desde o blues até ao folclore mexicano, desde os sons castelhanos até um pouco de jazz. Eis, pois, uma voz versátil…

Rising é o nome do seu novo álbum.

 

terça-feira, outubro 20, 2009

Livro Da Semana

clip_image002A Cidade E As Serras, de Eça de Queirós

O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival. E assim começa esta grande obra da literatura mundial: falando de um homem insuportavelmente rico, penosamente rico, felizardamente rico, podre de rico, respirando riqueza por todos os lados.

Tão rico, que se pode dar ao supremo luxo de se dedicar às grandes sabedorias: a Ciência, a Cultura, o prazer de ler, de investigar, de estabelecer relações sociais muito importantes numa cidade fervilhante de vida, que foi sempre Paris. Para Jacinto, as grandes metrópoles são o triunfo da Humanidade. O campo, esse, aterroriza-o, pois fica com a sensação de viver como os bichos, de descer à triste condição de ser animal.

Até que Zé Fernandes, o Narrador da nossa história, tem que se separar do seu grande amigo. Tem que voltar à sua terra, cuidar de familiares. E sete anos depois, reencontram-se em Paris.

Aparentemente, parece que está tudo bem: a mesma moradia de Jacinto continua imponente, o luxo é o mesmo, os costumes são os mesmos. Reparei então que o meu amigo emagrecera: e que o nariz se lhe afilara mais entre duas rugas muito fundas, como as dum comediante cansado. Os anéis do seu cabelo lanígero rareavam sobre a testa, que perdera a antiga serenidade de mármore bem polido. Não frisava agora o bigode, murcho, caído em fios pensativos. Também notei que corcovava.

E, estranho!, Jacinto estava aborrecido, aborrecidíssimo. Por mais brilhantes que fossem as descobertas científicas, por mais brilhantes que fossem as discussões à mesa e nos saraus culturais, tudo era “uma seca”, “uma maçada”, um tédio de roer as entranhas do nosso corpo.

Uma noite no meu quarto, descalçando as botas, consultei o Grilo:

-Jacinto anda tão murcho, tão corcunda… Que será, Grilo?

O venerando preto declarou com uma certeza imensa:

-Sua Excelência sofre de fartura.

Era fartura! O meu Príncipe sentia abafadamente a fartura de Paris (…).

clip_image003Até que, um dia, Jacinto vai ter que enfrentar o seu grande terror: passar uma pequena estadia “nas serras”, mais especificamente em Tormes (foto à esquerda). Ah, a boa, velha e salutar vida do campo…

A Cidade e As Serras é uma das mais belas homenagens à civilização mais saudável e quase sem artifícios que é a vida fora das grandes cidades, subúrbios e populações de periferia. Para quem não sabe, este livro não passou do desenvolvimento de um dos contos mais populares de Eça de Queirós: o conto Civiliação.

Eça de Queirós, através do louvor a uma existência simples, descomplexada e muito mais sincera, pretende criticar o mundo louco do “Homem Moderno”, asfixiado por todo o tipo de ideais e máquinas, e completamente dependente de tudo e todos. Zé Fernandes representa o homem simples (mas não simplório!), que valoriza os pequenos nada que tornam a vida perfeita, ao passo que Jacinto esgota lentamente a sua alma em Paris, cidade esta que, por muito fascinante que seja, descaracteriza o ser humano e afasta-o daquilo que é realmente importante neste planeta: a família, os amigos, o amor, e a empatia com todas as formas de vida que co-existem com o ser humano.

Mas isto não quer dizer que Jacinto se transforme num “campónio”, e se esqueça de Paris: ao chegar a Tormes, a nossa personagem leva consigo ideias construtivas, que podem aliar a saúde e boa disposição das “serras” com o progresso inovador e útil da “cidade”. No fim, ficam todos a ganhar…

Se Jacinto tivesse vivido no século XX, teria gostado de ler O Papalagui!

Fotos retiradas de:

http://joseames.blogspot.com/search?q=

http://oegodequeiros.blogs.sapo.pt/2007/02/

domingo, outubro 18, 2009

Quem Quer Comprar Um Manto De Invisibilidade, Quem Quer?

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Imagina que tens acesso a este extraordinário poder: o poder de literalmente desapareceres, quando te convém. Para muitos seres humanos, este “dom” iria servir para podermos gravar denúncias dos direitos humanos, infiltrarmo-nos em redes mafiosas e apanharmos com a boca na botija os criminosos. Para muitos outros, esta útil ferramenta seria usada para fins de chantagem física e emocional. Quantas empresas não iriam vigiar os seus empregados, quantos segredos das nossas vidas íntimas não seriam expostos em público, quantas casas não seriam assaltadas, quantas guerras seriam criadas, à custa deste “manto”?

Ah, mas isso é só fantasia, pensam vocês. Bom, o problema é que… daqui a uns anitos, deixará de o ser: segundo o jornal diário Correio da Manhã (http://www.correiodamanha.pt/canal.aspx?channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009), uma equipa de cientistas japoneses, em competição com outra equipa da Califórnia, conseguiu criar um “semi-manto” de invisibilidade, para espanto de muitos fãs do Harry Potter (foto em baixo).

clip_image003O desejo de nos tornarmos invisíveis vem de longe, e é um dos temas preferidos da ficção-científica. Na obra O Homem Invisível, de H.G.Wells, uma série de experiências químicas gera um homem invisível. A solução parece estar nos metamateriais, compósitos artificiais que podem ser construídos para interagir com ondas electromagnéticas de formas totalmente diferentes das dos materiais naturais. De facto, a solução está na nanotecnologia e nos chamados Metamateriais, altamente sensíveis à luz. As leis da Física já provaram que é possível criar campos magnéticos num material, de forma a torná-lo invisível ao olho humano. Esse material agiria como um escudo e desviaria os raios de luz que viessem na direcção do objecto. Assim, ele não reflectiria a luz, tornando-se invisível.

Por enquanto, os protótipos são promissores, mas não definitivos. Porém, uma vez descoberto o big secret, convém também começarmos a pensar nas implicações morais e éticas da criação deste objecto. Quem terá direito a usar este manto e para quê? Até onde acaba o divertimento e começa o abuso de poder? A Humanidade será mais feliz, com a descoberta deste invento? Que farão os governos, os terroristas e os poderosos, quando tiverem acesso a esta engenhosa ferramenta para espias e assassinos?

Por enquanto, o perigo ainda não espreita às nossas portas. Todavia, o melhor mesmo é começarmos a ficar “de pé atrás”. Quantos aos feiticeiros… se eles existem, são muito mais humanos do que nós…

Fotos retiradas de:

http://xquimica.blogspot.com/search?q=

http://www.correiomanha.pt/

sábado, outubro 17, 2009

Coloca-te No Meu Lugar!

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E se quisesses fazer uma chamada à família… e não conseguisses alcançar o telefone? E se quisesses reciclar… mas a sociedade esqueceu-se de ti? E se fosses um aluno… que não consegue subir as escadas?

Pois bem: quatro alunos da turma A do 8º ano decidiram, na disciplina de Formação Cívica, fazer um trabalho sobre os direitos dos deficientes. Não contentes com a simples teoria, acharam que seria vantajoso meterem-se na pele de um deles (neste caso, os cegos e os paralíticos). O mini-video que criaram (incluído no seu trabalho de pesquisa) é um pequeno exemplo de como nós, os “normais”, somos indiferentes às necessidades básicas dos mais debilitados. Este pequeno filme comprova uma verdade muito inconveniente: os deficientes motores, para sobreviverem neste mundo, necessitam da solidariedade dos outros. Não possuem quase nenhuma autonomia para serem donos e senhores do seu futuro.

Esperemos que esta “reportagem” vos ajude a abrir os olhos!

Foto retirada de: www.faiaonline.com

sexta-feira, outubro 16, 2009

Nem de Propósito!

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Já todos devem saber que este é o Dia Mundial da Alimentação. Também todos já devem saber que, no nosso país, há cerca de trinta por cento de crianças com excesso de peso e catorze por cento são efectivamente obesas. Os meninos “gordinhos” do recreio da escola deixaram de ser uma minoria e transformaram-se num problema internacional.

Ora, por mais bonitas que sejam as intenções, a verdade é que a carne é cada vez mais a comida dos pobres, senão vejamos: um quilo de peixe-espada pode chegar aos dez euros, ao passo que uma refeição de almôndegas, no Continente, não chega aos três euros. E o melhor mesmo é nem sequer falarmos dos legumes e da fruta, que “estão pela hora da morte”. A velha imagem do milionário pançudo a fumar charuto deixou de ter impacto: hoje, os ricos do século XXI são elegantes, eternamente jovens, fazem fitness três vezes por semana, comem alimentos “biológicos” e têm um personal trainer, pago a ouro. Os pobres, esses, são obesos, feios, velhos, comem comida de aviário e não têm “estilo” nenhum. Para centenas e centenas de milhões de seres humanos, come-se o que se pode, não o que queremos.

Como se tudo isto não bastasse, a magreza passou a ser um sinal de optimismo, de sorte na vida. Os magros gostam de sim mesmos, mimam-se, têm dinheiro, bons salários, são bem-sucedidos nas suas vidas. Os gordos não passam de uma “pandilha” de mal-amados sem auto-estima, são preguiçosos, desleixados e perdedores. Há quem já defenda que os obesos não devem ter direito a serem tratados nos hospitais porque, se estão gordos, “é porque querem”. Claro que o reverso da medalha é… a Anorexia (e também a Bulimia). Os números de adolescentes que, pura e simplesmente, param de comer correctamente, são assustadores, e já atingem os jovens do sexo masculino.

Tudo isto vem a propósito da demissão de uma modelo, pela marca de moda Ralph Lauren. Segundo os “artistas” dessa coisa inútil chamada “Alta Costura”, Filippa Hamilton (primeira foto à direita), uma bela jovem alta, que só pesa 55 quilos… é gorda!!!!! Sim, vocês todos leram bem: esta top model só tem 55 quilos e, segundo os entendidos das passerelles, é uma baleia desmesurada!

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Mas esta demissão insólita começou com uma “simples” fotografia: Filippa Hamilton foi convidada para ser a capa da revista Ralph Lauren e, como é óbvio, a nossa modelo sentiu-se muito honrada e aceitou o convite. Ora, os fotógrafos acharam que ela estava um bocadito “inchadita”. Vai daí… submeteram as fotos a um programa chamado Photoshop, e distorceram de tal forma o corpo desta profissional, que ficou quase irreconhecível (foto à esquerda). A denúncia foi feita na Internet e gerou uma avalanche de queixas e uma onda de indignação, por parte dos pais e de todos os médicos do planeta. Os patrões da Ralph Lauren apressaram-se a pedir desculpas e retiraram a foto modificada. Porém, cheios de rancor por terem sido apanhados “com a boca na botija”, não hesitaram em despedir a modelo.

É bom que se perceba uma coisa, de uma vez por todas: existe uma diferença flagrante entre a elegância e a magreza. A não ser que estejamos a falar de pessoas naturalmente magras, pouco peso é sinónimo de doença. A pele fica amarelada, os olhos ficam baços, o cabelo cai e parte-se com facilidade, os ossos ficam frágeis e quebradiços, a menstruação desaparece, os dentes começam a cair, estamos sempre cansados e a concentração diminui substancialmente. Seria bom que o mundo da moda deixasse de ser fútil e insensível, e seria bom que reformulasse o seu conceito de beleza. Quanto às/aos adolescentes que estejam a ler este artigo, desconfiem de corpos perfeitos e aceitem-se como são.

Tudo o resto é efeitos especiais, jogos de luzes e maquilhagem.

quarta-feira, outubro 14, 2009

Lição de Vida- A Morte Também Deve Ser Cantada

Morri pela Beleza

Morri pela Beleza - mas mal me tinha clip_image002
Acomodado à Campa
Quando Alguém que morreu pela Verdade,
Da Casa do lado -
Perguntou baixinho "Por que morreste?"
"Pela Beleza", respondi -
"E eu - pela Verdade - Ambas são iguais -
E nós também, somos Irmãos", disse Ele -
E assim, como parentes próximos, uma Noite -
Falámos de uma Casa para outra - Até que o Musgo nos chegou aos lábios -
E cobriu - os nossos nomes –

(Tradução de Nuno Júdice)

Cemitério


Este pó foram damas,
cavalheiros,
Rapazes e meninas;clip_image004
Foi riso, foi espírito e suspiro,
Vestidos, tranças finas.
Este lugar foram jardins que abelhas
E flores alegraram.
Findo o verão, findava o seu destino...
E como estes, passaram.

(Tradução de Nuno Júdice)
Emily Dickinson, in "Poemas e Cartas"

(Primeira Foto: retrato da poetisa Emily Dickinson. Segunda foto: imagem do filme O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman)

terça-feira, outubro 13, 2009

Já Está!!

clip_image002A nova calendarização do Plano Nacional de Leitura da nossa escola já se encontra disponível neste blog, e aguarda a aprovação oficial.

Claro que haverá espaço para muitas outras actividades, sempre que as ideias surjam e sempre que os professores e alunos quiserem realizar projectos, relacionados com todos os tipos de leituras e literaturas. Afinal, o PNL não é só poesia e grandes escritores. Está ligado ao prazer de aprendermos, através da escrita e dos livros. Daí que as nossas propostas abarquem vários departamentos e vários saberes.

À semelhança do ano lectivo passado, continuaremos a dar voz a apostas já ganhas: Semana da Adolescência, o nosso blog, “Estante do Mês”, “Livro da Semana”, entre outras actividades e projectos.

Toda a comunidade escolar está convidada a participar e todas as ideias serão bem-vindas!

Quadro de Karen Kooper, “Reading in a Red Dress”

http://karencooperpaintings.com/works

PNL 09-10

segunda-feira, outubro 12, 2009

Homenagem a Mercedes Sosa (4 de Outubro de 2009)

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Já lá vão uns dias, mas não nos esquecemos: morreu a grande e luminosa cantora folk da Argentina Mercedes Sosa, aos 74 anos. Recebeu o carinhoso apelido de “La Negra”, devido à sua tez morena e o seu longo cabelo escuro, o que não é para espantar, uma vez que Mercedes tem sangue índio.

Durante os anos sessenta, fez parte do movimento Nuevo Cancionero, que pretendia trazer a música folk às suas origens. Sendo uma mulher muitíssimo inteligente, lutou pelos direitos das minorias, dos pobres e dos oprimidos, e foi forçada a exilar-se em 1979, devido ao conteúdo “perigoso”, “subversivo” e “rebelde” das suas canções. Pelo menos, era assim que os militares de Jorge Videla, o chefe que encabeçou a Junta Militar, assim o achavam. A partir daí, passou a ser considerada “a voz de uma maioria silenciosa”.

Comunista, intelectual, mulher, amiga, artista. Como dizia, Não sou nova nem bonita, mas tenho a minha voz e a minha alma, que me sai quando canto.

Argentina está de luto.

A sua Amália morreu.

Gracias a la Vida (música original de Violeta Parra)

Foto retirada de: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1403624

domingo, outubro 11, 2009

Livro Da Semana

O Último Hotel, de Roberto Innocenti e J. Patrick Lewis

img6241 Na semana passada, falámos de uma obra de investigação polémica, relacionada com o excessivo poder de algumas pessoas invulgarmente influentes e abastadas. Na verdade, nós já demos relevância a vários tipos de leitura: livros de aventuras, histórias de terror, poesia, investigação científica ou histórica, etc. Mas nunca fizemos uma sincera homenagem à banda desenhada, este estilo artístico tantas vezes desprezado e visto como sendo uma “arte menor”. “Ah, isso é para os putos!”, dizem os portugueses.

E, de facto, isso não é verdade: há grandes génios da banda desenhada como, por exemplo, George Herriman (há quem diga que ele foi o primeiro grande génio deste género artístico), Alan Moore, a dupla Goscinny/Uderzo (da colecção “Astérix”), Hergé (o criador da personagem Tintim), Hugo Pratt (criador de “Corte Maltese”), Moebius, entre muitos e muitos outros exemplos. O ilustrador Roberto Innocenti, com a colaboração do escritor J. Patrick Lewis, fez uma belíssima homenagem à literatura, inventando uma personagem que, perdida, vai parar a um hotel extraordinário, cheio de hóspedes muito particulares:ultimo_hotel

O jovem pescador pescava prodígios.

A rapariga inválida lia pela vida.

O marinheiro da perna de pau cavava a fortuna.

O artífice das palavras escrevia pela cor.

O inspector perseguia o sentido.

O vagabundo alto procurava o amor.

O aviador voava pela aventura.

A poetisa reflectia na verdade.

O empoleirado na árvore vigiava heróis.

O cavaleiro dos moinhos de vento esperava a coragem.

Numa palavra, todos eles semeavam curiosidade

E colhiam imaginação.

Reconhece alguma destas personagens? Não se preocupe: no final desta pequenina jóia, que se lê em meia-hora, os autores deram-se ao trabalho de criar um Posfácio, que serve para explicar ao leitor quem são todas elas e de que livros famosos vieram. Segundo Ana Margarida Ramos, a personagem deste livro é o próprio Roberto Innocenti que, num hotel perdido no tempo, encontra todas estas pessoas imaginárias que lhe marcaram a vida. Com humor, mas também com particular expressividade e sensibilidade (…), Roberto Innocenti recria um universo que resulta da amálgama de leituras e de referências do autor e que pode ser ponto de partida para outras leituras. Saint-Exupéry ou a pequena Sereia, o inspector Maigret ou Huckleberry Finn são alguns dos extraordinários hóspedes deste livro-hotel cheio de imaginação.

Divirtam-se!

sábado, outubro 10, 2009

E Voltamos Ao Mesmo Conselho…

VÁ VOTAR!

Sabia que…

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… foi graças a Emmeline Pankhurst que, hoje, as mulheres inglesas têm direito ao voto?

 

 

 

 

clip_image003… A luta dos direitos dos negros norte-americanos começou com uma “simples” mulher, que se recusou a ceder o seu lugar do autocarro a um branco? (Chamava-se Rosa Parks)

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… Os índios da Bolívia só conquistaram o direito ao voto, em 1952?

clip_image007A Nova Zelândia foi a primeira nação do mundo a conceder o voto às mulheres(1893)

 

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Ainda há muitos países onde a Democracia não existe? (Mapa retirado da Wikipedia)

Para quem estiver interessado em conhecer a marcha lenta do Sufrágio Universal (isto é, todos têm o direito de votar), consultem o seguinte link:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia#Direito_ao_Voto

sexta-feira, outubro 09, 2009

Hoje É O Dia Mundial Dos Correios!

 

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Ai, estes tempos de antigamente! As meninas recebiam cartas de amor… Os rapazes esfalfavam-se a escrevê-las… As lindíssimas correspondências entre amigos… Os postais ilustrados, cheios de cor e de aromas… As missivas ternas dos familiares…

Mails, SMS, facebooks e companhia? Quem já não consegue viver sem eles? Porém, muito se perdeu:

Aquela ânsia agradável de olharmos para a caixa do correio…

A flor que recebíamos embrulhada num lenço bordado…

O cheiro do perfume do/a nosso/a amado/a envolto num papel de pergaminho…

As cartas que mais nos marcaram, resguardadas numa bela caixa e amarradas por uma corda ou uma fita de seda…

O cão a perseguir o carteiro…

E isto, a Internet já não nos pode oferecer...

Conjunto António Mafra – O Carteiro

Letra:

O Carteiro (Conjunto António Mafra. Composição: António Mafra)

Manhã cedo segue a marcha
sempre na mesma cadência
e lá vai de caixa em caixa
metendo a correspondência
para uns são alegrias
para outros tristezas são
o carteiro não tem culpa
é a sua profissão!

Refrão

clip_image004Chegou o carteiro
das nove p´ras dez
e a vizinha do lado
de roupão enfiado
chegou-se à janela
em bicos de pés
e logo gritou:
"Traz carta p´ra mim?"
e o carteiro que é gago
espera um bocado
e responde-lhe assim:
"Na na na na não clip_image005
na na não trago nada
só só só só só
só trago o pacote
da sua criada".

E o sr. Roque desespera
pelo vale que nunca vem
vai sentindo infelizmente
como faz falta o vintém.
para uns são alegrias
para outros tristezas são
o carteiro não tem culpa
é a sua profissão!

Refrão


Quando o carteiro se atrasa
os protestos são em coro.
As garotas ansiosas
por notícias do namoro.
Para umas são alegrias
Para outras tristezas são.
O carteiro não tem culpa
é a sua profissão!

Refrão

Ilustrações retiradas de:

http://fundacaojlf.no.sapo.pt/Noticias.htm

http://www.thecaptainsmemos.com

quinta-feira, outubro 08, 2009

Os Jovens Falam

A Influência dos grupos

 Ano após ano, milhares de adolescentes são influenciados por grupos considerados “fixes”, e todos os jovens que queiram fazer parte do mesmo, têm que “praticar” algumas actividades ou hábitos clip_image002próprios, para que possam ser aceites como, por exemplo, fumar, tomar drogas, roubar, beber bastante, etc.

Apesar dos esforços dos pais e dos professores, pouco se faz para parar com este tipo de comportamentos! Afinal, de quem é a culpa ou, melhor dizendo, o que é que está a falhar? Os professores, em todas as escolas, falam destes problemas com os alunos, criam debates e oferecem-se sempre para nos ajudar; os pais criticam a alertam os seus filhos para o “mau caminho” que estão a seguir; por fim, o cinema, a televisão e as revistas abordam cada vez mais este assunto actual, de modo a mostrarem aos jovens que não estão sozinhos e para “aconselhá-los” a tomarem as melhores decisões para a sua vida. Então, o que está falhando?

Normalmente, o que leva certos adolescentes a quererem fazer parte destes grupos são jovens cujos pais e familiares se encontram ausentes. Sentem-se sós e, por isso, sentem a necessidade de serem amados. Os professores não são vistos como amigos.

Este tipo de adolescentes tem como ideia de que os “amigos” são simplesmente as pessoas que estão com eles diariamente. O problema é que eles, por vezes, não os ajudam e levam-nos a cometer erros e a “desperdiçar” a sua vida, em vez de serem aqueles os verdadeiros companheiros que todos nós desejamos: alguém que está pronto para nos ajudar e que tenta guiar-nos para caminhos melhores, mas sempre sem nos influenciar.

Os adolescentes devem escolher! E casos raros como estes são a prova de que uma vida melhor está apenas nas suas mãos!

Texto de opinião de Ana Borralho, 8º B (com a colaboração de Mariana Neca, 8ºB)

Foto retirada de:

http://oteumundo.wordpress.com/2009/03/11/o-mundo-obscuro-da-adolescencia/

terça-feira, outubro 06, 2009

Ontem foi o Dia Mundial do Professor…

Artista Anónimo


Sou profissional excepcionalclip_image002[10]
Competente, polivalente
Dois, três e até dez em um.
Eu "rebolo", represento,
Faço mágica,
Um talento!
Sou psicólogo, conselheiro,
Palhaço e até biscateiro.
Ah! Se eu ganho muito dinheiro?
Não tanto quanto devia
Pra não ter de trabalhar
Dia e noite, noite e dia.
Sou réu, sou advogado
Defendido, acusado,
Querido e também odiado.
Sou babá, sou vigilante
E em alguns instantes
Também sou policial
Com a arma na memória
Vou fazendo a minha história
Nesta luta desigual.
Carrego dentro do peito
Uma sede de respeito
Ao meu merecido valor
E assim vou continuando
Com firmeza, desempenhando
Minha arte de ser professor.


de Eleusa Ribeiro da Silva Dias (Brasil)


…E Hoje faz dez anos que Amália Rodrigues morreu.

Já agora, aproveitamos para avisar que Portugal tem uma nova rádio: a Rádio Amália, exclusivamente dedicada ao fado. A frequência é 92.0 FM. Poderás também sintonizá-la online, através deste link: http://www.amalia.fm/?page_id=20

Gaivota clip_image002

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.


Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.


Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.


Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.


Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.


Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

(música de Alain Oulmain e letra de Alexandre O’Neill)

Amália Rodrigues – Gaivota

http://www.youtube.com/watch?v=EiDcL2pFwtA&feature=related

Amália Hoje - Gaivota

http://www.youtube.com/watch?v=BgQeJ6BqRLI

segunda-feira, outubro 05, 2009

5 de Outubro de 1910: Implantação da República

Para quem leva a santa vida a queixar-se do atraso do nosso país, sericlip_image002a interessante darmos uma espreitadela nos inícios do século passado. De há cerca de 100 anos para cá, a nossa nação tem evoluído bastante em todos os aspectos: Sociedade, Cultura, Política, Educação e Saúde. De facto, quase nos custa a acreditar que aquele Portugal era o nosso Portugal!

Façamos, portanto, uma viagem no tempo: há cem anos atrás, três em cada quatro portugueses e seis em cada sete portuguesas não sabia ler nem escrever. Apenas uma pequena elite cultural (políticos, professores, advogados, médicos, intelectuais, etc) tinha acesso a este privilégio. Como este grupo tinha uma coisa chamada tempo e não levava a vida a trabalhar até à exaustão, podia dar-se ao supremo luxo de se reclinar na cama, no sofá da sala de estar ou num café elegante, e ler com muita paciência e seriedade jornais com letrinhas tão minúsculas, que, actualmente, só os amantes da História se dão ao trabalho de fazer o mesmo. Lisboa, tal como o Porto, era uma capital dolorosamente atrasada, onde o comércio ainda era feito nas ruas, no meio de muitos “pregões”, lixo acumulado e condições sanitárias de meter medo ao susto. O telefone era um luxo destas duas cidades e o restante país tinha que se contentar com os serviços de um correio que, em muitos locais, precisava de burros ou cavalos para chegar ao destino.

clip_image004O progresso lá ia chegando: devagarinho, muito, muito, muito devagarinho. Os eléctricos começaram a ser instalados, as primeiras lojas (hoje, o “comércio tradicional”) começaram a fazer furor e, lentamente, foram destruindo os negócios feitos nas ruas. A publicidade era uma agradável novidade e já se falava do gramofone, da electricidade, dos aviões. O carro era um luxo das classes endinheiradas. Quanto às mulheres, estas estavam autorizadas a serem professoras e pouco ou nada mais. A sua função era casar, ter filhos e obedecer ao marido. Não tinham direito ao voto e não tinham acesso às faculdades. A religião católica dominava toda a educação e vida dos portugueses e não permitia que a mulher ascendesse intelectual e socialmente (há excepções, obviamente. Veja-se o exemplo de uma grande feminista e republicana, de nome Maria Veleda, em http://www.aph.pt/recursos/download/outros/Maria_Veleda.pdf). Mas todas estas ideias modernas estavam circunscritas às grandes cidades. No restante país, assistia-se a um penoso atraso de séculos. Com efeito, muitos portugueses nasciam, cresciam, envelheciam e morriam na sua terra. Quanto muito, conheciam a aldeia do lado e nada mais.

O rei D.Carlos era muito boa pessoa. Era também um homem culto, educado, amante das ciências e das letras. Mas era, como muitos o acusavam, “um rei clip_image006ausente”. Temos que admitir que não foi um bom governante. Sua “Real Majestade” estava muito mais interessada em pintar aguarelas (bastante boas, diga-se de passagem) do que em criar, por exemplo, um sistema de Ensino funcional, que libertasse o povo português de uma constante e eterna pobreza. O Jet Set da época andava a fazer o costume: caçadas, garden parties, ir à Ópera ou ao teatro, pavoneando as suas novas fatiotas. O povo, esse, contentava-se com passeios domingueiros, piqueniques, as romarias e pouco mais. E a ida ao teatro. Para os nossos antepassados, o teatro era tudo. Grandes actrizes, quer fossem rainhas da revista ou da comédia quer fossem rainhas do drama (o dito teatro sério), esgotavam salas e arrastavam multidões (ver foto à direita).

Nas colónias portuguesas, particularmente as africanas, uma minoria de portugueses endinheirados vivia à grande e à francesa, enquanto a esmagadora maioria dos nativos vivia no limiar da extrema pobreza. E ai daqueles que se revoltassem e quisessem mais!: eram logo reprimidos e humilhados clip_image008perante a indiferente máquina fotográfica.

Sim, este era o nosso país. E a elite de Portugal já estava a ficar farta. Queriam um país mais evoluído, mais civilizado, mais educado. Ou seja, mais europeu, capaz de competir com os outros e de não causar vergonha “lá fora”. Queriam uma Educação melhor e mais eficaz. Queriam um povo mais culto e menos religioso. E a Monarquia era cada vez mais vista como um “trambolho”, um empecilho que só atrasava os sonhos de um Portugal mais risonho. Estamos a falar, é claro, dos “fãs” da República, que sonhavam com um Estado onde quem decidisse seria o povo e não o rei (se bem que, nesta altura, a monarquia já não tinha um peso assim tão grande, nas decisões de uma nação).

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E não se mudava nada: as contas públicas derrapavam, o país continuava atrasado e os líderes de ambas as facções políticas foram “acarinhados” com alcunhas nada simpáticas: Hintze Ribeiro era conhecido como o “Casaca de Ferro”, ao passo que José Luciano de Castro recebeu a linda alcunha de “bacoco”. O rei despede e nomeia quem bem quer, as guerras entre políticos resolvem-se cada vez mais nos bastidores, várias vezes à estalada e ao murro. Os “grandes” e “sábios” clip_image012do país estão fartos. Quanto ao povo, esse, trabalha, indiferente às birrinhas daqueles que os governam.

É então que a tragédia tem lugar: no dia 1 de Fevereiro de 1908, o rei D. Carlos é assassinado (baleado nas costas) por um fanático Republicano, de nome Alfredo Costa. Manuel Buíça é o seu “companheiro de armas” e alveja o príncipe D. Manuel no braço. A rainha Amélia, em pânico, bate no agressor com o ramo de flores que trazia na mão. Era suposto este triste episódio causar emoção nos portugueses. Porém, “o rei ausente” despertou apenas a indiferença num povo, que há muito tempo perdera a fé nos seus governantes.

A partir daqui, é o descalabro: o ódio entre Republicanos e Monarcas acentua-se, os confrontos são cada vez mais directos e mais clip_image014violentos. O país divide-se em dois: no norte, os portugueses são cada vez mais conservadores e católicos, ao passo que, no sul, predominam cada vez mais as ideias liberais e republicanas. Estamos, é claro, a falar de uma minoria culta e cheia de ideais políticos. O povo, esse… trabalha.

Quem vai ganhar a guerra? Os republicanos, é claro. No dia 4 de Outubro de 1910, dá-se a “Insurreição Republicana” em Lisboa. Um exército constituído por médicos, caixeiros, estudantes, advogados, sargentos, oficiais e muitos outros, teve acesso a uma enorme quantidade de armas e, juntamente com o apoio da Marinha, da Carbonária e da Maçonaria, declararam guerra às forças da Monarquia. A batalha termina no dia 5 de Outubro, e quem vence são os republicanos. No início da manhã, vários membros desta facção sobem à varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa e proclamam o fim da monarquia. A família real, essa, opta por fugir.

Como reagiram os portugueses? Com total e clip_image016absoluta indiferença. A maior parte recebeu a notícia por telégrafo (ficaram a sabê-lo pelos jornais locais) e nem sequer se deram ao trabalho de manifestar pesar, indignação ou alegria. “De careca a coxo”, pensaram…

Independentemente de gostarmos ou não da Monarquia, esta data marcou o país. E quase 100 anos depois, coloca-se esta questão: teríamos evoluído mais depressa, se Portugal ainda tivesse reis e rainhas? Nunca o saberemos. Temos simplesmente que entender que os tempos e as preocupações eram outras e as circunstâncias, naquele tempo, não estavam do lado de D.Carlos. 5 de Outubro foi apenas mais uma tentativa de criarmos um Portugal melhor.

Uma de muitas…

(Todas as ilustrações foram retiradas da excelente enciclopédia temática “Portugal Século XX”, de Joaquim Vieira)