sexta-feira, outubro 02, 2020

Livro(s) da semana

 

 

Coleção Poirot, Agatha Christie

Já mencionámos no post anterior que 2020 é o ano em que celebramos os 100 anos da criação da personagem Hercule Poirot, um dos detectives mais famosos da história da literatura policial. Mais famoso do que ele, só Sherlock Holmes.

A inspiração para esta personagem tem como origem a própria vida de Agatha Christie: durante a I Guerra Mundial, trabalhou como enfermeira voluntária na Cruz Vermelha, e era bastante comum os médicos pedirem-lhe para ir à dispensa dos remédios buscar este antídoto, este remédio, este comprimido, etc. Foi por acidente que ela esbarrou com uma secção de venenos, bastante volumosa, diga-se de passagem. Como é que se permitia uma coisa destas no início do século passado, é algo que hoje nos ultrapassa: comprar arsénico nas drogarias/farmácias era tão comum (supostamente era para matar ratos) que a sua venda teve que ser proibida por lei, tal era o número de assassinatos à base deste veneno. Mas sim, estes produtos mortíferos eram super comuns nas casas de todo o cidadão inglês. Foi a partir deste momento que Agatha Christie criou um enorme fascínio pela Toxinologia (ramo científico que estuda os venenos) e, se nos lembramos que esta escritora papou todas as histórias de Sherlock Holmes durante a sua infância, não demorou muito para começar a escrever os seus próprios enredos.

Precisava de um detetive para solucionar os seus crimes inventados. Como seria? Homem ou mulher? Alto ou baixo? Inglês ou estrangeiro? A sua experiência de enfermeira ofereceu-lhe, mais uma vez, a solução: na cidade em que ela morava, quase mesmo ao pé da casa dela, foi aceite uma colónia de refugiados belgas e – reza a lenda – um deles era um homem pequenino, careca, com um bigodinho de cera e passinhos rápidos. Agora que ela já tinha um rosto para o seu detetive, só faltava o nome. Como Agatha Christie queria que a sua personagem fosse grandiosa – mas também vaidosa – escolheu o nome Hercule Poirot. Sonante e grandioso.

Por mais filmes ou séries que sejam criados – mais fiéis ou menos fiéis aos livros – as obras literárias nunca passarão de moda. No século XXX d. C., continuaremos a ler as aventuras de Poirot, sabe-se lá em que formato, digital, holográfico ou simplesmente papel. Mas Poirot será sempre Poirot.

Poderá viajar numa nave espacial. Mas será sempre o nosso Poirot.

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