Recentemente, publicámos um texto no nosso blog, como forma de agradecer a esta escritora, pelo gesto bonito de nos ter oferecido um dos seus livros à nossa biblioteca escolar (ler aqui) . Agora, como prometido, o livro desta semana contemplará, precisamente, a análise desta obra oferecida.
Fazendo parte da “Coleção Bichos”, a autora acima referida tem dedicado vários anos da sua vida a criar histórias infanto-juvenis onde os bichos são as personagens principais, e quase toda a trama é vista e contada pela boca de cada um destes seres gentis. E já são vários: temos o Sultão- o Burreco que veio de Miranda; temos o Signatus -o lobo do fojo de Guende; temos o Farrusco – um cão de gado transmontano; e agora chegou o Santiago.É muito comum escritores de literatura infanto-juvenil usarem animais para contar histórias que quase sempre têm uma lição de vida e uma lição de moral para oferecer às novas gerações. No entanto, o interessante desta coleção é o olhar muito emotivo, mas ao mesmo tempo realista e pouco fantasista destas narrativas. Com efeito, Isabel Mateus faz os possíveis e impossíveis para criar um enredo que o animal escolhido teria provavelmente seguido na vida real. As cenas de luta, a necessidade de comer, a rivalidade entre bichos até do próprio clã, a relação entre humanos e outros seres vivos, o conflito entre a “civilização” e a necessidade de proteger a terra...
Ora, este livro começa precisamente com dois linces ibéricos, criados em cativeiro, que serão libertados no seu habitat. A história não começa bem: a necessidade de comer, a briga entre dois linces machos por causa da comida, uma fêmea que abandona o macho, uma criança que encontra um animal ferido... Afinal, tanto esforço para nada? Mal chegou à Herdade e vai morrer logo? O mundo lá fora é imperdoável, uma selva onde só os fortes sobrevivem. O que fazer?
Pelo caminho, vai-se falando de projetos de recuperação e de salvação do património natural; as memórias dos velhos que conheciam o campo, quando ele era verde e habitado por tantas espécies; a culpa de querermos uma vida melhor às custas do sofrimento e morte de tantos outros bichos; a descrição das paisagens; o instinto, amor e lógica desta espécie que – graças a Deus! - já está a sair da lista que diz “em vias de”...
Isabel Maria Fidalgo Mateus cresceu apaixonada por Miguel Torga, um génio que, tal como ela, também era um filho de Trás-Os-Montes. Nota-se aqui a influência do mesmo, embora o estilo da escritora seja mais fotográfico e menos poético. A sua coleção “Bichos” é um excelente presente de Natal para crianças entre os 10 e os 100, que gostam de ler histórias sobre animais, ao mesmo tempo em que vão aprendendo um pouco sobre eles.
2 comentários:
Bom dia!
Também eu agradeço o vosso gesto, bem como o carinho com que estão a tratar o "Santiago" no vosso e no meu Alentejo.
Espero que façam uma boa leitura!
Um grande abraço a todos,
Isabel mateus
Recomendo vivamente este livro porque nos seduz, encanta e nos incita a melhor conhecer e respeitar o mundo à nossa volta.
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