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…E, como já vem sendo hábito na nossa escola, a equipa da biblioteca já anda, há umas boas semanas, e de mangas arregaçadas, a preparar exposições, palestras, livros, decorações de todos os gostos e feitios. O que não vai faltar é imaginação e boa disposição!
Tudo foi pensado ao pormenor: para além de várias turmas poderem assistir a dois esplêndidos filmes de terror (homenagem ao realizador de cinema Tim Burton), a biblioteca irá também criar exposições relacionadas com o Halloween: uma delas pretende prestar tributo ao realizador acima mencionado. Porém, iremos também entrar numa caverna para ouvirmos contos de terror. Pelo caminho, descobriremos qual é o nosso totem pessoal (uma espécie de animal-anjo que protege as nossas vidas) e, no fim, ainda faremos uma fusão entre a disciplina de Filosofia, a moral, e os géneros de ficção científica/fantasia. Haverá, assim, tempo para escrevermos, ouvirmos música, lermos e vermos filmes.
A escola está, portanto, de parabéns: vários professores de diferentes disciplinas e departamentos juntaram-se à biblioteca para celebrarmos um dia que, embora não seja propriamente tradicional no nosso país, tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos.
Afinal, quem é que não gosta de uma boa história de terror?
Imagem retirada daqui.
II
Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...
Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro...
O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...
Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no fato de haver coro...
A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...
E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa...
Excerto do poema Chuva Oblíqua, Fernando Pessoa
Imagem retirada daqui
Dora Bruder, de Patrick Modiano
Segundo algumas contas feitas, pensa-se que, até agora, já devem ter existido cerca de 100 biliões de seres humanos neste planeta, e é só quando pensamos neste gigantesco número que nos apercebemos até que ponto cada um de nós não passa de um pequenino ponto que, em 99% dos casos, não será mais do que uma pegada à beira-mar: mesmo que alguém se dê ao trabalho de tirar uma foto e publicá-la no facebook, o resultado vai ser o mesmo e ninguém, a não ser parentes e amigos mais chegados, se lembrará de nós, quando morrermos. Tantas guerras, tantas fomes, tantas injustiças, tantos momentos felizes, tudo isto reduzido a nada, como se nunca tivéssemos vivido.
Dora Bruder teria feito parte deste mar de anónimos, se não fosse um escritor de nome Patrick Modiano: tropeçando, quase por acaso, numa revista velha de 1945, descobriu que uma família judia, logo após a II Guerra, colocara um anúncio e andava ansiosamente à procura de um dos seus familiares desaparecidos, algo que, infelizmente, foi bastante comum, uma vez que esta época negra da História matou dezenas de milhões de seres humanos, de todos os lados, credos e raças. Aliás, estes anúncios em jornais e revistas eram o pão-nosso de cada dia.
A partir deste momento, Patrick Modiano ficou obcecado por esta jovem adolescente de 15 anos, que desaparecera de um convento católico, convento este que supostamente estava a escondê-la dos nazis. O que se terá passado? Por que motivo fugira ela? Por que tomara ela esta decisão?
Este pequenino livro, que se lê num dia e numa tarde não é uma história no sentido típico. Digamos, isto sim, que se trata de colagens, recortes, bilhetes, fotos, restos da presença de Dora neste mundo. O objetivo deste livro não é denunciar o Holocausto Nazi e os campos de concentração. Disto, estão as livrarias cheias de obras literárias ou históricas. Na verdade, dir-se-ia que esta sucessão de “banalidades diárias” é quase indolor e superficial. No entanto, é precisamente aí que esta obra nos choca: como é que um ser humano, com uma vida tão comezinha e tão comum – igual a tantas existências neste planeta – pôde ser destruído por causa de um reles e estúpido detalhe: a sua preferência religiosa?
Dora Bruder é, acima de tudo, um breve relato sobre até que ponto a Humanidade pode ser sinistramente absurda: um peso a mais, um par de óculos ridículo, um gaguejar, uma cor de pele mais escura, um deus ligeiramente mais diferente. Basta só isto para que o nosso destino possa ser decidido por uma multidão enraivecida.
Triste e lúcido, este livro insere-se na montra do mês, “Foi você que pediu um livro pequeno?”. É pequenino, é. Mas é um pequeno grande livro.
Todos os anos, é sempre a mesma coisa. Cada vez que um professor aconselha um aluno a ler mais ou a apresentar um livro na sala de aula, a ladainha nunca varia: “Oh, professora, não gosto de ler”, “Não tem para aí um livro pequeno?”, “Qual é o livro mais pequeno que temos na biblioteca?”, “Temos que terminar o livro ou podemos deixá-lo a meio”? Ao fim de cinco minutos de queixumes e choraminguices, o/a docente já está mais que arrependido/a de ter sugerido tal ideia. Sobram, como de costume, quatro ou cinco resistentes nerds (palavra inventada pelos americanos, e que se atribui aos seres humanos que adoram ler e aprender), quase sempre vistos pelos outros como sendo tipos “esquisitos”, que gostam de coisas bizarras como, por exemplo… livros.
Ora, precisamente já a contar com este cenário previsível, a biblioteca decidiu fazer uma coisa diferente: a estante deste mês será dedicada – adivinhou, caro leitor! – às leituras de formato mini. Podem ser contos ou histórias minúsculas que se lêem de um fôlego durante um dia e uma tarde. E há gostos para tudo: contos de amor, contos de vampiros ou de suspense, pequenas histórias que louvam o cinema e a família, diminutas páginas cheias de sabor e de entretenimento, palavras e conselhos sábios envolvidos num mini mini mini livro. Agora já não há desculpa para não se apresentar um contrato de leitura, pelo menos para este período.
Foi você que pediu um livro pequeno? Então, aqui vão algumas sugestões:
Somos a única espécie do planeta que não se contenta apenas com um teto para nos abrigarmos. A nossa casa – ou escolas, hospitais, bibliotecas, entre outros espaços – têm que nos inspirar, acalmar, fazer-nos sentir em casa. Somos obcecados por designs, decorações, bibelôs, paredes vazias ou pintadas, e enfeitamos o nosso “lar doce lar” consoante a nossa personalidade e as nossas crenças.
Sim, é verdade: a nossa casa reflete a nossa individualidade, mas a Humanidade não se fica por aqui: tudo o que é um lugar com quatro paredes – quer seja para uma pessoa, família ou grupo – tem que ter o seu “toquezinho” especial. E este “toque” também nos diz muito sobre a civilização em que vivemos, os avanços tecnológicos que foram “inventados”, e o quanto o nosso país ama ou não o seu passado e a arte. Basta entrarmos na livraria Lello, no Porto (imagem ao lado) para sermos transportados para o passado, e só nos apetece viver e morrer neste lugar especial, onde os livros são tratados como objetos sagrados.
Por isso mesmo, para celebrarmos o dia mundial da arquitetura, deixamos aqui 5 maravilhas arquitetónicas do mundo, que todos precisamos de ver, antes de morrermos! Não foram escolhidas apenas por serem bonitas. Todas elas representam uma revolução na tecnologia e na engenharia espacial. Representam, no fundo, o melhor que o ser humano consegue criar!
Um- O Cromeleque dos Almendres, Portugal
Sim, nós também temos o nosso Stonehenge, e situa-se na zona de Évora. Dezenas de pessoas festejam os solstícios de Verão e de Inverno neste lugar muito especial, sendo este espaço sagrado um dos maiores complexos megalíticos da Península Ibérica. Dedicado ao sol e à lua, ainda hoje é capaz de nos maravilhar!
Dois- Panteão de Roma, Itália
Ainda hoje é uma das maiores maravilhas arquitetónicas: como é que aquela maldita cúpula ainda hoje não caiu, é o que toda a gente pensa. Só mesmo uma civilização já bastante avançada em cálculos matemáticos poderia criar uma estrutura gigantesca como esta, um edifício que – passados tantos séculos – ainda não colapsou. E os Romanos eram simplesmente brilhantes nestas “brincadeirinhas” da engenharia.
Três – Catedral de Notre Dame, França
Estávamos no período da Idade Média. Era preciso glorificar, celebrar Deus e ascender aos céus, purificarmos as nossas almas de todo o mal, fugirmos do mundo terreno. Nesta altura, os templos sagrados espelham precisamente isso: renegar a vida na Terra para alcançarmos a eternidade, através da Fé Cristã. Paredes finas e decoradas, como se fossem feitas de papel, grandes janelas que deixam entrar a luz da manhã, abóbadas cada vez mais elevadas… Nestes locais de culto, sentimo-nos pequenos e humildes…
Quatro – Capela Sistina, Vaticano
Sim, é importante celebrarmos Deus, mas o Renascimento trouxe algo de novo ao mundo: o otimismo e confiança no ser humano. Basta olharmos para os frescos desta fabulosa capela – pintados por Miguel Ângelo num “curto” espaço de 20 anos - para nos apercebermos de que o Homem, lado a lado com Deus, consegue ser tão criativo e tão divino como Ele. O Homem, como diz a Bíblia, foi feito à imagem e semelhança do seu Criador. Já estamos longe das magníficas catedrais góticas. O ser humano já não tem se sentir miserável e pequeno. Agora, o objetivo é celebrarmos Deus através do nosso “engenho e da arte”.
Cinco – Ópera de Sydney, Austrália
Parece um navio de papel à beira-mar, mas esta estrutura arquitetónica estupenda foi criada através das novas técnicas modernas da engenharia, da Matemática e da Física, e utiliza materiais modernos. Ao contrário de muitos edifícios contemporâneos, o arquiteto dinamarquês Jon Urtzon usou a abusou da linha curva, em vez da linha reta. Talvez seja precisamente essa a a razão que faz com que tanta gente ame este monumento à Arte, particularmente a música: é que a linha curva faz parte da natureza…
Recinto Megalítico e Menir dos Almendres
A escola já começou e a nossa equipa da biblioteca está pronta para vender sonhos: filmes, histórias, poemas, pensamentos, debates. Porque a escola não é só “empinar” matéria, ela também nos oferece a possibilidade de nos conhecermos melhor através dos livros.
Quer sejam histórias de terror ou policiais, romances de fazer chorar as pedras da calçada ou relatos de batalhas, dragões ou unicórnios, naves espaciais ou vinganças de irmãos, recordar o passado ou imaginarmos o futuro, todos os livros têm um ponto em comum: são a maneira mais barata de viajarmos. E, no caso das bibliotecas, nem precisamos de pagar um tostão para darmos um pulinho à lua.
À chuva ou ao frio, em casa ou na rua, na cama ou empoleirados numa janela, no metro ou numa bicicleta, numa bicha para pagarmos uma conta ou num café, todos os lugares são válidos e bem-vindos para a leitura. Porque ler é expandirmos as nossas mentes, descansarmos um pouco da aborrecida rotina, voltarmos a ser crianças e “refugiarmo-nos” numa dimensão que é só nossa.
Bem-vindos, portanto, à nossa biblioteca. Cá vos espera uma equipa bem disposta e animada, pronta para vos dar conselhos, realizar atividades para a escola, ajudar-vos em qualquer trabalho de escola e que, um dia destes, não hesitará em “invadir” a vossa sala de aula, para vos trazer, em primeira mão, um saco cheio de novidades e sugestões para boas horas de leitura.
Bom ano letivo!!!!
Ler para uma criança