Pela primeira vez em muitas décadas são dez os felizardos candidatos à categoria de “melhor filme”, ao contrário do que se tem feito nos últimos anos: 7 candidatos no máximo dos máximos. Tal só tinha sido visto em 1944, quando essa grande obra-prima da sétima arte, Casablanca, levou ara casa este galardão tão desejado.
É também a primeira vez em muito tempo que um filme de animação, Up, tem a grande oportunidade de ser a película do ano (segundo a Academia, é claro). No ano passado, foram muitas as críticas por Wall-E não ter merecido este destaque especial. Mas, de facto, este ano, há “para o menino e para a menina”. Senão, vejamos:
Avatar, de James Cameron
É, sem dúvida, o grande preferido e o mais amado de todos os candidatos. Tem tudo para agradar: uma bela história de amor, a mensagem do costume (Salvem a Natureza), muitas batalhas, muitos efeitos especiais de estarrecer qualquer um... Mas tem uma desvantagem muito forte: nunca alguma vez na vida um filme ganhou esta categoria sem ter um único actor candidato ao óscar da melhor interepretação. Além disso, temos um problema: há uma mulher a concorrer...
Em Estado de Guerra, de Kathryn Bigelow
Preparem as bombas, limpem as armas, enterrem as minas: a brigada dos defensores da igualdade dos sexos está a trabalhar no duro para que Kathryn Bigelow seja a primeira mulher a ganhar o óscar do melhor filme. Se, de facto, levar para casa a estatueta, poucos irão reparar nesta triste verdade: dos dez candidatos, esta realizadora é, segundo a opinião de muitos, a que mais merece levar o prémio para casa, juntamente com o Distrito 9.
Sacanas Sem Lei, de Quentin Tarantino
Para quem gosta de puro humor negro, misturado com muita violência e alguma inteligência (Tarantino tem um estilo, temos que o admitir, muito próprio), Sacanas Sem Lei são duas horas bem passadas. Mas a Academia de Óscares, apesar de já ter provado ter sentido de humor, não gosta lá muito de piadas parvas com sangue a esguichar. Prefere os realizadores “conservadores” e os “temas sérios”.
Distrito 9, de Neil Blomkamp
Se não ganhar o óscar do melhor filme, será um dos grandes injustiçados: Distrito 9 é o filme de ficção-Científica mais surpreendente de há décadas atrás (a nossa criítica pode ser lida aqui: http://bibliotecaportaberta.blogspot.com/2009/09/nao-isto-nao-e-um-filme-de-extra.html ). Mas, infelizmente, a sua grande falha é ser... um filme de ficção-científica. Os júris dos Óscares não gostam deste género cinematográfico e consideram-no um género “menor”, juntamente com os filmes de terror ou, até mesmo, a comédia.
Precious, de Lee Daniels
Como dizia a crítica na revista Visão, há cerca de três semanas atrás, isto é mesmo o “fado da desgraçadinha”: violações, incesto, alccolismo, filha autista, violência doméstica... É só escolher. O filme não é mau, é péssimo. Mas como a actriz principal é uma negra muito gorda, é capaz de agradar às minorias...
Uma Educação, de Lone Scherfig
Não aquece nem arrefece: é igual a 557.979, 6 filmes alusivos aos anos sessenta e à descoberta do sexo e da liberdade. É bem interpretado, ao menos podemos dizê-lo...
Up, Altamente, de Pete Docteur e Bob Peterson
Não chega aos calcanhares de um Wall-E mas é um filme muito ternurento e muito bem-disposto. E é interessante repararmos que um dos heróis desta história é um velhinho rezingão e não um jovem louro de olhos azuis. Se ganhar o galardão de melhor filme, não vai ser por aqui que os parentes cairão na lama.
Blind Side, de John Lee Hancock
Outra história de puxar a lagriminha: um jovem negro, gigante e musculoso, meio “burrinho” é ajudado por uma branca rica, “ boa cristã”, uma zelosa mamã cheia de filhos. Esta acha que “Big Mike” só precisa de um empurrão para vencer na vida.
Nas Nuvens, de Jason Reitman
Aguém ouviu falar deste filme? Pois, nós não. Segundo as críticas, é um filme que começa muito bem (o genérico, dizem eles, é excelente) mas descamba na banalidade. Trata-se da história de um homem que é um excelente profissional, quando se trata de... despedir trabalhadores. George Clooney vai bem, como sempre.
Um Homem Sério, dos Irmãos Coen
Os irmãos Coen são os Irmãos Coen e está tudo dito. São brilhantes, hilariantes, surpreendentes. E o humor não pode ser mais judeu. Eis um filme que merecia mesmo ganhar o óscar do melhor filme.