quinta-feira, dezembro 16, 2021

Livro da Semana: Chernobyl - A história de uma catástrofe nuclear, de Serhii Plokhy

 

Antes da minissérie Chernobyl - da companhia Netflix - ter estourado em todas as televisões do mundo, poucos eram os jovens que estavam a par deste desastre na Ucrânia. Com efeito, à exceção do povo ucraniano, esta explosão numa central nuclear era coisa do Passado e de manuais escolares. Foi graças a esta adaptação – se bem que com algumas falhas históricas – que este episódio trágico da Humanidade voltou a estar nas luzes da ribalta.

Tal não quer dizer que tenha sido completamente esquecido, muito pelo contrário: no mundo dos historiadores, jornalistas e cientistas, tudo tem sido feito para manter a memória acordada, através da preservação de arquivos, entrevistas, documentários, etc. Mas também tudo tem sido feito para evitar que a catástrofe volte: é que esta central nuclear continua a largar radioatividade e pode voltar a explodir a qualquer momento. Daí a determinação da comunidade científica de todo o mundo em conter o problema da melhor maneira possível. E este problema também é ecológico, porque só agora é que esta zona começa a recuperar das altíssimas cargas de radioatividade que foram despejadas no ano fatídico de 1986 (500 bombas atómicas!).

Um dia depois dos portugueses terem estado a festejar o dia em que a democracia voltou a Portugal, os ucranianos sofriam um dos episódios mais traumáticos da sua História: uma das usinas da sua central nuclear, na cidade de Pripyat, explodiu, obrigando toda a cidade a evacuar. 35 anos depois, quase ninguém voltou, e Pripyat é hoje uma cidade-fantasma que se transformou numa atração turística, após a série de televisão acima mencionada. Embora os ares já estejam respiráveis, este cantinho da Ucrânia degradou-se tão depressa que, atualmente, é mais barato deixá-lo cair do que restaurá-lo. No entanto, se lermos e virmos os vídeos do link da Euronews (abaixo indicado), esta cidade continua a ter zonas de exclusão e continua a ser relativamente perigoso visitá-la.

Serhii Plokhy é um professor e Historiador da Universidade de Harvard. Há quem diga que foi este o livro que inspirou a série da Netflix. No entanto, o que torna a sua leitura fascinante é o facto de que toda esta investigação histórica está escrita como se fosse um romance de suspense, sem nunca retirar a dignidade das vítimas e faltar ao respeito de quem lutou para salvar o mundo. É considerado por muitos críticos como o primeiro livro que conseguiu explicar às massas leigas - de uma forma muito clara e objetiva - o horror que aconteceu há 35 anos. Por isso mesmo, a equipa da biblioteca escolar não hesitou em adquirir uma cópia para os nossos alunos.

Não é uma leitura muito feliz para se ler na época natalícia. E, no entanto, é a leitura perfeita. É que o dia de Natal celebra o nascimento de um Deus que morreu para salvar a Humanidade. Lembrarmo-nos do nosso passado e dos nossos erros só nos faria bem à alma. Às vezes, uma dura lição de humildade faz melhor à construção da nossa personalidade do que um elogio.

Clarividente e trágico, uma leitura que deve ser feita no silêncio do Inverno e da lareira.

 

Link da Euronews.travel:

https://www.euronews.com/travel/2021/04/26/chernobyl-as-a-tourism-destination-what-is-it-like-in-pictures

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