Antes da
minissérie Chernobyl - da companhia Netflix - ter estourado em todas as
televisões do mundo, poucos eram os jovens que estavam a par deste desastre na
Ucrânia. Com efeito, à exceção do povo ucraniano, esta explosão numa central
nuclear era coisa do Passado e de manuais escolares. Foi graças a esta
adaptação – se bem que com algumas falhas históricas – que este episódio
trágico da Humanidade voltou a estar nas luzes da ribalta.
Tal não quer
dizer que tenha sido completamente esquecido, muito pelo contrário: no mundo
dos historiadores, jornalistas e cientistas, tudo tem sido feito para manter a
memória acordada, através da preservação de arquivos, entrevistas,
documentários, etc. Mas também tudo tem sido feito para evitar que a catástrofe
volte: é que esta central nuclear continua a largar radioatividade e pode
voltar a explodir a qualquer momento. Daí a determinação da comunidade
científica de todo o mundo em conter o problema da melhor maneira possível. E
este problema também é ecológico, porque só agora é que esta zona começa a recuperar
das altíssimas cargas de radioatividade que foram despejadas no ano fatídico de
1986 (500 bombas atómicas!).
Um dia
depois dos portugueses terem estado a festejar o dia em que a democracia voltou
a Portugal, os ucranianos sofriam um dos episódios mais traumáticos da sua
História: uma das usinas da sua central nuclear, na cidade de Pripyat,
explodiu, obrigando toda a cidade a evacuar. 35 anos depois, quase ninguém
voltou, e Pripyat é hoje uma cidade-fantasma que se transformou numa atração
turística, após a série de televisão acima mencionada. Embora os ares já
estejam respiráveis, este cantinho da Ucrânia degradou-se tão depressa que,
atualmente, é mais barato deixá-lo cair do que restaurá-lo. No entanto, se
lermos e virmos os vídeos do link da Euronews (abaixo indicado), esta
cidade continua a ter zonas de exclusão e continua a ser relativamente perigoso
visitá-la.
Serhii
Plokhy é um professor e Historiador da Universidade de Harvard. Há quem diga
que foi este o livro que inspirou a série da Netflix. No entanto, o que torna a
sua leitura fascinante é o facto de que toda esta investigação histórica está
escrita como se fosse um romance de suspense, sem nunca retirar a dignidade das
vítimas e faltar ao respeito de quem lutou para salvar o mundo. É considerado
por muitos críticos como o primeiro livro que conseguiu explicar às massas
leigas - de uma forma muito clara e objetiva - o horror que aconteceu há 35
anos. Por isso mesmo, a equipa da biblioteca escolar não hesitou em adquirir
uma cópia para os nossos alunos.
Não é uma
leitura muito feliz para se ler na época natalícia. E, no entanto, é a leitura
perfeita. É que o dia de Natal celebra o nascimento de um Deus que morreu para
salvar a Humanidade. Lembrarmo-nos do nosso passado e dos nossos erros só nos
faria bem à alma. Às vezes, uma dura lição de humildade faz melhor à construção
da nossa personalidade do que um elogio.
Clarividente
e trágico, uma leitura que deve ser feita no silêncio do Inverno e da lareira.
Link da
Euronews.travel:
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