terça-feira, junho 15, 2021

Seremos escravos, no futuro?

 


Foi esta a questão que colocámos aos alunos da turma B do 8º ano, no dia 22 de Abril, na biblioteca da Escola Secundária de Serpa. 

E é uma questão pertinente: num tempo em que estamos cada vez mais prisioneiros das máquinas, do mundo digital, dos bancos e das corporações, vigiados constantemente por câmaras em toda a parte, até nas nossas casas, que liberdade nos resta? E, ainda mais importante, o que devemos fazer para preservar a pouca liberdade que ainda nos resta? 

Para isso, foi criada uma exposição, um debate e um exercício de “Caça ao artigo” (podem ser vistos nos dois E-BOOKs indicados no fim deste post). No primeiro caso, a biblioteca foi inundada com artigos da Constituição da República e da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e estes seriam mais tarde usados na tal “caça ao artigo”. Mas antes, os alunos receberam uma brochura chamada O que é a Liberdade?, com o intuito de aguçar o apetite e puxá-los para uma discussão saudável, cujo tema é Seremos Escravos, no Futuro? 

Duas folhas foram apresentadas. A primeira chamava-se Previsões Pessimistas para o ano de 2050. Os jovens teriam que encontrar pelo menos duas que, na sua opinião, tinham a certeza absoluta de que iriam acontecer. Seguiu-se depois uma discussão. 

O mais triste aconteceu, quando a professora da BECRE perguntou à turma que ações positivas previam para as próximas décadas.  Reparou com muita preocupação que nenhum dos miúdos tinha uma visão otimista do futuro. Com efeito, quando se tratou de falar das más, a turma não se calou. Quando chegou o momento de falar das boas, o silêncio era bem sonoro. Só quando finalmente receberam a segunda folha (Previsões otimistas para o ano de 2050) é que finalmente entenderam que nem é tudo é negro, no futuro.


Terminado o debate, passou-se para a atividade “caça ao artigo”. As professoras presentes explicaram a importância que uma constituição da república tem para um país inteiro. É dela que emanarão todas as leis, economia, direitos humanos, liberdades privadas e públicas, sexualidade, educação, saúde, cultura, etc. Sem uma constituição em Portugal, nenhum Português teria os seus direitos protegidos. Por isso mesmo, ignorar a Constituição da República é meio caminho andado para perdermos a nossa Liberdade. Quando à Declaração Universal dos Direitos Humanos, esta também foi contemplada, uma vez que esta carta foi a primeira carta global, atenta aos problemas do mundo inteiro.

 Pediu-se aos alunos - através da folha Previsões pessimistas para o ano de 2050 - que procurassem artigos, de uma ou das duas constituições, que tivessem como objetivo impedir que esta má previsão acontecesse. Por exemplo, artigos que defendem a educação e a saúde protegerão futuramente os pobres das próximas décadas, pois estes não terão dinheiro para se curar e tratar ou para ir à escola. Desta forma, a previsão pessimista “A saúde será um privilégio de poucos” poderá ser evitada.

 Ao princípio, estes jovens estranharam esta atividade, mas depressa começaram a encontrar artigos que foram mesmo pensados para prevenir abusos futuros. Com efeito, o objetivo desta sessão foi alertar os alunos para o facto de que a Liberdade é muito frágil, e temos que estar sempre muito atentos, para que os poderosos não nos roubem o que é nosso por direito. No fim, a turma levou para casa as folhas com os artigos indicados.

 Foi uma aula diferente: debateram, discutiram, tentaram adivinhar o futuro, pesquisaram sem a ajuda de nenhum smartphone ou computador. A sessão durou praticamente a aula toda. Mas saíram bem-dispostos da biblioteca.

 Um grande abraço e obrigada à turma B do 8º ano, e obrigada à professora Maria Papá Almeida, por ter colaborado com mais uma das nossas atividades. Para o ano há mais!

 E-BOOKS:

Atividade Seremos Escravos, no Futuro?

https://issuu.com/sandracosta075/docs/seremos_escravos_no_futuro_e-book.pptx

 Duas Constituições, as mesmas leis - Exposição na Biblioteca Escolar

https://issuu.com/sandracosta075/docs/ebook_constitui_es_ppt_f9e6bd141c4061


1 comentário:

Susana Moreira disse...

Este é um bom exemplo de desenvolvimento do pensamento crítico e criativo. Fazer diferente é possível!