Sejamos honestos: as black Fridays sempre existiram em Portugal, até porque é costume neste país muitos portugueses receberem o abençoado “subsídio de Natal”, uma ferramenta económica que muitos estrangeiros consideram bizarra, mas temos que admitir que é muito eficaz na criação de um boost no nosso comércio. No entanto, ninguém usava o termo “Black Friday”. Estes descontos de época eram conhecidos pela singela frase “promoções de Natal”. Infelizmente, nós, portugueses, graças ao nosso costumeiro complexo de inferioridade, adoramos imitar tudo o que vem “de fora”, especialmente se vier da América: copiamos o dia de São Valentim, as festas de finalistas (com direito a rei e rainha do baile), o dia das bruxas, movimentos ideológicos que nada têm a ver com a nossa cultura... Não é de espantar, portanto, que poucos saibam qual é a origem desta expressão. O hábito de chamarmos às promoções de Natal “Black Friday” não tem mais do que cinco, oito anos de existência na nossa nação.
Mas afinal, quando é que tudo isto começou?
Originalmente, a expressão “black Friday” tinha, de facto, ligação com comércio e dinheiro, mas estava ligada às bolsas de valores, e não às lojas: muitos colapsos da Banca aconteciam na sexta-feira, daí a criação deste termo. Porém, Nos EUA, a primeira vez que o termo foi usado foi no dia 24 de setembro de 1869, quando dois especuladores, Jay Gould e James Fisk, tentaram tomar o mercado do ouro na Bolsa de Nova York. Criaram acidentalmente um colapso na bolsa de valores, obrigando-a a fechar mais cedo.
Foi quase ao mesmo tempo que o Dia da Ação de Graças foi criado neste país. Esta data comemorativa foi da autoria do presidente Abraham Lincoln, e foi graças a ele que os americanos ganharam quatro dias de descanso: ficavam (e ficam) com a quinta-feira livre para viajarem e juntar-se à família toda. Sexta-feira era o desejado feriado e, de brinde, ainda ganhavam o sábado e o domingo para se recuperarem da festa e terem tempo para voltar para casa. Ora, os comerciantes depressa se aperceberam que as suas contas, antes assinaladas a vermelho (perigo de ruína financeira), rapidamente passavam para o preto (contas em dia). É que estes dias implicavam grandes custos: custos de comida, bebida, viagem, prendas para os familiares e amigos, tratamento de cavalos e outros animais, etc. Desta forma, o Dia de Ação de Graças passou a ser O grande dia das compras, nesta nação, e depressa se transformou numa desenfreada corrida aos descontos e promoções.
Há outras possíveis interpretações (podem ler mais no link abaixo indicado), mas quase todos os Historiadores concordam que a origem desta expressão está sobretudo ligada à Bolsa de Valores e ao Thanksgiving day. Há para aí pessoas que juram a pés juntos que o Black Friday está ligado ao comércio de escravos: diz-se que, no final do mês de Novembro, havia uma sexta-feira dedicada a descontos bombásticos, estilo “Leve dois escravos e pague apenas um”. Porém, hoje sabe-se que a escravatura era um luxo de pouquíssimos americanos. Com efeito, a esmagadora maioria dos cidadãos deste país não tinham escravos e, mesmo que quisessem, não podiam pagá-los. Por isso mesmo, esta teoria não faz sentido: tendo em conta que só os ricos é que podiam comprar esta “mercadoria de alto valor”, não valia a pena baixar preços...
E você, querido/a leitor/a? Vai fazer parte desta loucura? Pela nossa parte, existe uma coisa fabulosa chamada “compras online”. Longe da confusão, das correrias, das brigas nos corredores e do tráfego, não há nada mais maravilhoso do que estarmos confortavelmente sentados num sofá, ao pé da lareira ou termoventilador, a escolher com calma e segurança as “mercas” que desejamos comprar.
Afinal, há certos confortos que a tecnologia nos oferece!
Para mais informações (e citação retirada) aqui.
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