É
verdade que todos os seres humanos são iguais uns aos outros. No
entanto, cada cultura tem as suas “pequeninas” manias, tradições,
paisagens e sentimentos. Ora, como é de se esperar, essas diferenças
acabam inevitavelmente por se refletir na linguagem do dia-a-dia. Por
exemplo: como é que se explica a palavra “saudade” a um
estrangeiro? Este sentimento de melancolia muito luso não é um
sinónimo de “nostalgia”. Os próprios portugueses não sabem
muito bem interpretar este estado de espírito e veem-se gregos para
encontrar vocábulos que o descrevam. “Ter saudades” pode
simplesmente significar “alguém que deseja qualquer coisa” sem
saber bem o quê. Pode ser um “chamamento”, como o mito do Quinto
Império; pode ser o desejo de algo que nunca se teve, projetando-se
esse algo para um futuro impreciso. Pode ser… Adiante.
Mas
não pensem que somos só nós os portugueses com estes vocábulos
peculiares. Senão vejamos:
- Os japoneses usam a palavra Arigata-meiwaku para descrever uma espécie de “dívida de honra”. Vamos explicar: alguém, contra a sua vontade, salvou a reputação de alguém, e agora há que pagar um preço por tal. Uma vez que este povo asiático é obcecado por rituais complexos e pela honra do grupo, é difícil explicar a um Ocidental que esta “dívida de honra” contempla a reputação de uma entidade coletiva, e esta estende-se a todas as gerações. Cria-se, assim, um laço social muito complexo, que poucos conseguem entender, e o não cumprimento do mesmo pode implicar inclusivamente um suicídio, como forma de “salvar a face” do grupo;
- O vocábulo checo litost é uma mistura de “tomada de consciência”, “campainhas de alarme”, “Epifania”, “raio que nos cai na cabeça”, “há males que veem por bem”, “Voz de Deus”;
- Os alemães – vá-se lá saber porquê! – possuem uma palavra que descreve o sentimento de nos encontrarmos sozinhos numa floresta: Waldeinsamkeit. Este estado de espírito é uma mistura de medo, deslumbramento, sexto sentido, revelação e solidão. Curiosamente, a Noruega também é conhecida por ser uma nação muito verdejante e, no entanto, não há nenhum sinónimo que se assemelhe a esta experiência germana…
- No Havai, o ato de coçar a cabeça enquanto se pensa tem um nome: Pana Po’o;
- Para terminar, a palavra Tingo, da Ilha da Páscoa, refere-se ao ato de levar bens que, supostamente, foram emprestados… E que nunca mais são devolvidos. Se tivéssemos que traduzir este vocábulo, o mais perto seria qualquer coisa como “emprestadar”.
Como vimos, o que não falta
para aí são estados de espírito e realidades que são únicas numa
nação ou grupo. Para aqueles que ficaram com água na boca, aqui
deixamos três sites
com muitos vocábulos que comprovam até que ponto a Humanidade é
complexa… e complicada!
Imagem retirada daqui.
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