sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Lição de Vida – Dois Poemas de Amor do Antigo Egipto

Há flores de Zait no jardim. clip_image002[8]
Corto e junto flores para ti,
Faço-te uma grinalda,
E quando ficares ébrio
E te deitares com esse sono,
Sou eu quem te lava os pés para lhes tirar o pó.

…………..

São tão pequenas as flores de Seanu

Que quem as olha se sente clip_image002[6]um gigante.

Sou a primeira entre os teus amores,

Como jardim há pouco regado de ervas e perfumadas flores.

Ameno é o canal que tu cavaste

Pela frescura do vento norte.

Tranquilos os nossos caminhos

Quando a tua mão descansa na minha em alegria.

A tua voz dá vida, como o néctar.

Ver-te é mais do que alimento e bebida.

 

Imagens retiradas de:

http://mouraaveirense.blogspot.com/search?q=

http://historylink101.net/egypt_1/a-marriage.htm

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

E Os Óscares foram para …

Oito Óscares para "Slumdog Millionaire"("Quem quer ser Bilionário?"), Sean Penn melhor actor, Heath Ledger melhor actor secundário, Kate Winslet melhor actriz.

A história de um rapaz dos bairros de lata de Mumbai que conquista um prémio milionário num concurso de televisão conquistou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, deixando de fora dos principais prémios o recordista das nomeações do ano "O Estranho Caso de Benjamin Button" (13), que conquistou apenas três estatuetas, todos em categorias técnicas (caracterização, efeitos visuais e direcção artística).

Se quiseres saber mais clica AQUI.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Ena!!! Mais Seis Distinções!!!

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O nosso blog está a ficar “famoso”: o blog “Projecto Lê” (http://projectole.blogspot.com/ ), de uma turma do 12º ano da Escola Secundária de Serpa ofereceu-nos cinco galardões: Olha que Blog Maneiro, Prémio Dardos, Blog de Ouro, Pedagogia do Afecto e Vale a Pena Acompanhar este Blog. Já agora, este último também nos foi gentilmente dado por Isabel Maia, do blog “Na Companhia dos Livros” (http://nacompanhiadoslivros.blogspot.com/ ).

A todos os nossos “fãs”, muito obrigado pelo vosso carinho. Em breve, iremos fazer também a nossa lista dos “dez mais”.

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quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Bibliomúsica

Dead Can Dance, The Host of Seraphim

Que têm o filme O Gladiador e O Nevoeiro em comum? A voz e génio de uma extraordinária compositora chamada Lisa Gerrard. Há décadas que vem criando partituras que têm encantando pais e filhos, e a sua música é absolutamente intemporal.

Aqui fica a arrepiante “canção”, que faz parte do filme O Nevoeiro, criada em meados dos anos noventa do século passado”. Nesta altura, Lisa fazia parte de um dueto, conhecido pelo nome de Dead Can Dance.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Palavras

clip_image002  Com palavras, demonstro tudo o que de mim quer sair, mas que, de outra maneira, me impede de sorrir, impede-me de viver a vida, de viver a felicidade. Nas palavras confio, com elas tento falar, são elas que me aturam, sem reclamar, sem pedir algo em troca. É a escrever que me sinto bem, sem medos, sem temer que alguém fique a saber. Elas percebem-me e, para mim, é o essencial. Por vezes, parece que não faz sentido, mas faz.

E gosto de me divertir com elas, porque esqueço a realidade que tento esconder. Mas é impossível. Em tudo o que nós fazemos, ela entra, há sempre algo que nos faz lembrá-la. E, com palavras, posso fazer histórias, com histórias posso construir tudo, tal como nos sonhos.

Um sonho. Entrei num sonho cheio de fantasia, dele tirava a felicidade, que tentava esconder no mundo real, que não conseguia enxergar. Todos os dias, entrava nesse sonho, cada dia que passava, adorava-o ainda mais, mais me fascinava, ia com ele até ao fim. Entrava sem querer voltar, tinha pena de acordar, de voltar à realidade.

O sonho tinha campos verdes, papoilas e margaridas, laranjeiras e pessegueiros. E havia um rio, onde nele mergulhava e nadava cercado de peixes. Brincava com as rãs e os cisnes.

Que mais queria? A felicidade estava nesse sonho. Mas havia que voltar, e isso entristecia-me. Porque uma voz disse-me: “Não podes cá morar. Porém, desde que tenhas este sonho e te lembres dele, poderás sempre voltar”.

Desde aí, compreendi que, se fechasse os olhos, o sonho seria a realidade. Porque eles não são para serem vividos. São para serem sentidos.

Paulo Estradas

(Ilustração retirada de:

http://alethink.blogspot.com/2008/08/dream-world.html)

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Fantasmas à Solta na Escola!!

No dia seis de Fevereiro, a equipa da biblioteca desenvolveu mais uma sessão de “Dois Dedos de Conversa”, desta vez dedicada ao tema dos fantasmas. Mas antes de tudo, pediu-se aos alunos que trouxessem lanternas: a noite de “histórias de horror” era para ser vivida completamente às escuras. E assim o foi: todas as luzes do bloco A foram desligadas!

À espera deles, a médium-espírita Zandra Kostof saudou os alunos e os Pais presentes (embora poucos) , e informou-os que todos eles estavam ali com um propósito: libertar as almas penadas que sobrevoavam a biblioteca. Para isso, teriam que encontrar as suas fotografias, escondidas em vários cantos, estantes, prateleiras e computadores, contar a história das suas vidas e dizer alto o nome destes seres falecidos… Mas ainda bem vivos! Só assim poderiam ajudá-los e encaminhá-los para a luz… Como era de se esperar, os participantes deram asas à sua imaginação, e cada um deles narrou o triste destino destas gentes…

Libertados os fantasmas, todos falaram de experiências estranhas que já vivenciaram, supostamente paranormais. Uns falaram de casas assombradas, outros falaram de poltergeists, vários confessaram já ter passado por essa estranha sensação que se chama “dèjá vu”, debateu-se o fenómeno dos sonhos proféticos e dos grandes “mistérios” que a Ciência talvez um dia, quem sabe, possa explicar. Para acalmar os ânimos, esteve lá o professor José Filipe. Quando ninguém estava à espera, lá saía com uma piadinha certeira…

A sessão, acima de tudo, serviu para estimular a imaginação, criar laços de cumplicidade entre professores e alunos e… Prepararmo-nos para a sexta-feira treze!

Para a próxima sessão “Dois Dedos de Conversa”, iremos falar de coisas mais terrenas. Abordaremos o poder das novas tecnologias na vida das crianças e jovens. Terá lugar no espaço VOL, no dia 27 de Fevereiro, por volta das 21 horas.

Até lá… Que as boas energias estejam convosco!

S.C.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Livro Da Semana

Mocidade Portuguesa Feminina, de Irene Flunser Pimentel

clip_image002 A primeira coisa que este livro nos transmite é uma sensação de enorme estranheza: estamos a falar de um Portugal que já não existe mas que, bizarramente, ainda está muito perto de nós. Ao lermos esta excelente investigação histórica, apercebemo-nos até que ponto a nossa nação ainda preserva alguns resquícios da mentalidade instituída pelo Estado Novo: obediência servil, pouca capacidade de raciocínio e de pensamento próprio, o culto dos chefes e dos “salvadores da pátria”, e a eterna bandeira portuguesa a festejar as glórias da nossa “brava terra”. E quem duvida de tal, o melhor mesmo é começarmos a pensar: por que motivo estamos sempre à espera de alguém que nos resolva os problemas, em vez de sermos nós a arregaçar as mangas e lutarmos por aquilo que achamos ser justo? Por que motivo nós, os portugueses, obedecemos com tanta subserviência, e confundimos “crítica construtiva” com “insulto”? Por que motivo nós, os portugueses, queixamo-nos tanto das injustiças do nosso país, mas ao mesmo tempo somos inactivos, apáticos e donos de uma eterna baixa auto-estima? Toda a nossa forma de estar e de pensar revela o quanto os ideais de uma sociedade igualitária ainda precisam de ser muito trabalhados e limados: sem consciência cívica e cultura de participação, qualquer regime democrático corre o risco de se transformar numa ditadura mascarada de democracia. Porque uma democracia não se restringe a apenas rabiscarmos uma cruzinha num papel, de quatro em quatro anos. Implica muito mais do que isso.

E como eram as crianças, adolescentes e mulheres deste regime? A resposta está na capa: a mulher era Educada Para Ser Boa Esposa, Boa Mãe, Católica e Obediente. Era ensinada a ser modesta; a vestir-se com elegância mas discrição; a obedecer com um sorriso às ordens do pai e do marido; a saber conversar sem ser uma sabichona; a concorrer para profissões de “índole feminina”, ao mesmo tempo que invejava o “doce paraíso” da esposa feliz e fada do lar (Que Pena da Mulher que Trabalha!); a ler livros que não alimentassem os seus baixos instintos; a fazer exercício físico de uma maneira decente, porque Os rapazes ao sol! As raparigas mais na sombra!; a não usar permanente no cabelo, porque A menina do liceu, a criada, a mulher, da hortaliça (…) parecem angolanas; eram ensinadas a ser beatas católicas, a fazer a chamada “caridadezinha” e ajudar os coitadinhos dos pretinhos (Presas por um laço de família àqueles cristãozinhos/Trabalhemos Para os Pobrezinhos!); por fim, era instruída para ser uma feroz lusitana (Nem hitleriana nem balila. Portuguesa, clip_image004portuguesa!”).

Terminada a leitura deste livro fascinante, que conclusão poderemos tirar? Apesar de algumas boas intenções como, por exemplo, ensinar as crianças e as jovens a não serem egoístas e aprenderem a partilhar os seus bens com todos, independentemente da raça ou classe social, a sociedade do Estado Novo fica-se pelas palavras. O Paternalismo, que não passa de uma máscara chamada “desprezo”, está presente em todos ou quase todos os artigos das revistas da Mocidade. Note-se o exemplo dos “inhos”: os “pobrezinhos”, os “pretinhos”, os “cristãozinhos”. Por fim, a mulher é sempre a subalterna, a criatura dócil e servil, que nasceu para obedecer ao sexo masculino. Reza, assim, um boletim do MPF: Raparigas da Mocidade, o vosso dever é reagir contra tudo o que é mau. Vesti com orgulho o fato de banho da Mocidade: ele fala por vós e diz aos que vos vêem quem sois vós: verdadeiras raparigas alegres e saudáveis – mas puras!

Uma vez que a biblioteca desta escola celebra o Mês da Adolescência, é bom que os adolescentes de hoje, particularmente as adolescentes, se apercebam do quanto ganharam com o 25 de Abril. E, já agora, que comecem a ser mais activos, de forma a poderem construir uma democracia mais válida e que preserve os seus direitos já adquiridos. Para que não corramos o risco de voltarmos ao passado…

S.C.

domingo, fevereiro 15, 2009

O Ano de Charles Darwin

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Qualquer criança portuguesa que comece a estudar Ciências Naturais aprenderá que todos nós descendemos, há bilhões de anos atrás, de uma simples célula, que se foi ramificando em múltiplas e mais complexas espécies. Sabemos que o nosso planeta tem mais de 5 bilhões de anos, que milhões e milhões de espécies, ao longo dos tempos, nasceram, evoluíram e desapareceram, devido a múltiplos factores, e sabemos também que o ser humano que somos hoje não apareceu do nada. Muito pelo contrário: dos múltiplos “protótipos” ou “esboços” da Humanidade, apenas sobreviveu um ramo popularmente conhecido por Homo Sapiens Sapiens. Isto é, nós.

Porém, há duzentos anos atrás, um homem chamado Charles Darwin publicou uma obra polémica, de nome A Origem das Espécies. A partir deste momento, o mundo nunca mais foi o mesmo. Se não fosse ele, ainda hoje acreditaríamos que a terra tinha sido construída em sete dias; se não fosse ele, ainda hoje pensaríamos que Adão e Eva realmente tinham existido. A teoria do Evolucionismo (actualmente, um facto cientificamente comprovado) foi um enorme escândalo para a época, uma dor de cabeça para as igrejas e uma revolução de mentalidades sem precedentes na História da Humanidade.

Com Darwin, não se vira uma página da  Ciência, rasga-se.clip_image004

É por isso que o mundo inteiro está a festejar com pompa e circunstância os 200 anos desta brilhante publicação. Portugal, claro, não escapa à euforia. Para quem adora Ciência, o melhor mesmo é dar uma espreitadela à página online do jornal Expresso (www.expresso.pt) e usufruir dos imensos eventos que estão a comemorar esta data importantíssima. Para quem quiser saber mais sobre Charles Darwin, é imperativo visitar o blog http://a-evolucao-de-darwin.weblog.com.pt/, exclusivamente dedicado ao estudo e obra deste notável homem. Por fim, a Fundação Calouste Gulbenkian abriu na quinta-feira passada uma mega-exposição, toda ela dedicada à Origem Das Espécies. Quem já a viu, saiu de lá “nas nuvens”.

Preparem-se, portanto, para um fim-de-semana em família muito bem passado. Tragam o “farnel”, o portátil, um livro e uma toalhinha para se estenderem na relva do jardim desta fundação: após uma exposição enriquecedora, nada como uma tarde de preguiça, no meio do verde e da água. É barato, é perfeito e os museus são grátis para as crianças. Quem disse que a cultura é cara?

Terminamos este texto com um vídeo, narrado pelo cientista Carl Sagan. É extraordinário como, em sete minutos, se pode contar tão bem a origem da vida no nosso planeta!

(Publicação antiga da Origem Das Espécies retirada de:

http://www.rinr.fsu.edu/fall2002/features/librarycollection.html)

Evolução da Vida Na Terra (Narrada por Carl Sagan)

http://www.youtube.com/watch?v=k3I_qWIlF8o&feature=related

sábado, fevereiro 14, 2009

Bibliomúsica – Homenagem a Lux Interior (1946-2009)

The Cramps – Tear It Up

A vida é muito irónica: depois de ter vivido à grande e à francesa, é precisamente quando decide reformar-se e dedicar-se a plantar batatas no seu quintal, que Lux Interior, o vocalista dos The Cramps, morre de ataque de coração. Para quem os viu em Paredes de Coura, nunca mais se esquecerá de duas horas bem passadas. Para quem não os viu… Restam-lhes os discos.

Esperemos que esteja a dar uma grande festa, juntamente com Elvis Presley, na vida além-túmulo!

S.C.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Mês da Adolescência: Debater É preciso

clip_image002Nos dias 12 e 13 de Fevereiro, a equipa da Biblioteca Escolar e do Centro de Recursos, de acordo com a planificação do Plano Nacional de Leitura, desenvolveu duas sessões de debate e troca de ideias, de nome “Afectos e Sexualidade”. Para que este evento ficasse ainda mais enriquecido, foram convidadas duas enfermeiras do Centro de Saúde de Serpa, a psicóloga da escola e pediu-se também a colaboração de professores que fazem parte do Gabinete de Educação Para a Saúde.

clip_image004 Muitos assuntos foram abordados, tais como a importância de respeitarmos o próximo, a diferença entre amor e paixão, a idade certa para se começar uma vida sexual, a tolerância, as orientações sexuais, o valor da partilha e do diálogo, a procura da nossa identidade e a fase da descoberta do nosso corpo, o aprender com as experiências, o impacto da sociedade nas nossas vidas…

No final da sessão, os professores pediram aos alunos presentes que, em casa, enumerassem uma lista de perguntas que gostariam de ver respondidas. O objectivo consistirá em, daqui a umas semanas, elaborar uma palestra, onde as questões mais comuns acerca da sexualidade serão esclarecidas com objectividade e rigor científico.

Esta actividade foi muito apreciada pelos alunos das duas turmas do sétimo ano. Uns (é claro!) sentiram-se acanhados, e demonstraram ainda alguma insegurança clip_image006e pouco à-vontade em debater o tema da sexualidade. Outros, envergonhados, não sabiam muito bem o que dizer. Mas a maioria revelou-se curiosa, participativa e aberta a um diálogo mais franco e mais enriquecedor. Por fim, as suas opiniões pessoais foram sinceras e mostraram que a sociedade portuguesa está a passar sem dúvida por mudanças positivas. A título de exemplo, já começa a ser normal os filhos pedirem conselhos aos pais, sempre que lhes surge qualquer dúvida relacionada com a sexualidade. Há vinte anos atrás, isto era quase impossível…

clip_image008 Só nos resta agradecer a todos os nossos colegas e aos restantes intervenientes que aceitaram fazer parte deste evento: um bem-haja aos professores Marcelino Cassamá, Jorge Ferreira e Carla Fernandes, do Gabinete de Educação Para a Saúde. Esta actividade, sem eles, não teria tido um impacto tão grande nos alunos; a colaboração, apoio e experiência das enfermeiras Jesus e Márcia foram enriquecedoras para o debate; agradecemos também à professora Isabel da Ponte, por nos ter cedido a hora da sua aula; finalmente, a contribuição assertiva e ponderada da psicóloga Helena Guerreiro estimulou a troca de ideias entre alunos e professores.

No final da segunda sessão, uma aluna do 7º B confessou: “Temos que fazer isto mais vezes, professora!”. A promessa, é claro, será cumprida!

S.C.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

A VOL Recomenda

Já há muito tempo que não fazíamos publicidade de novidades literárias. Aqui vão algumas delas:

clip_image002Crepúsculo, de Stephenie Meyer

Juntamente com a nova saga Túneis, esta série tem sido a loucura de muitos jovens. E foca precisamente um dos mitos mais fascinantes (e mais românticos!) da Humanidade: o vampiro. Só este primeiro volume já vendeu mais de cinco milhões de exemplares em todo o mundo, e Hollywood já se rendeu a esta história.

Mas falemos um bocado da trama: Isabella Swam (mais conhecida por Bella) mudou-se aos 17 anos para a cidade de Forks, em Washington, para morar com o seu pai. É na escola que conhece um rapaz misterioso e belíssimo, de nome Edward Cullen. Para espanto e confusão dela, o lindíssimo jovem faz os possíveis para evitar a sua companhia.

É graças a Jacob Black, e o seu imenso repertório de lendas locais, que Bella descobre que toda a família de Edward é uma família de vampiros…

 

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Deserto, J.MG. Le Clézio

O Comité Nobel sublinha que a obra de Le Clézio contém, nessa obra, “imagens magníficas de uma cultura perdida no deserto do Norte de África, em contraste com uma descrição da Europa vista pelos olhos de imigrantes indesejados. A personagem principal do livro, Lalla, é uma antítese utópica da fealdade e da brutalidade da sociedade europeia”.

Assim escreveu o Jornal diário Público, no dia 9 de Outubro do ano passado, após ter recebido a notícia de que este escritor tinha recebido um dos prémios de literatura mais importantes do mundo: o prémio Nobel. Le Clézio sempre revelou um fascínio muito especial pelos povos do deserto africano e da América do Sul.

O livro conta a história de Lalla, descendente de um grupo de exilados, fugidos do deserto e das guerras intermináveis. De simples criada num horrível e sinistro hotel de Marselha, tornar-se-á uma famosa cover girl, descoberta por um fotógrafo famoso. No entanto, a fama nunca abafará a sua vontade de retornar ao deserto…

Al-Mu’Tamid – Poeta do Destino (Selecção e estudo de Adalberto Alves)

Apesar de ter sido governador de Huelva aos onze anos e de ter conquistado Silves aos treze, Al-Mu’Tamid ficou para a História da Humanidade como um dos poetas mais extraordinariamente talentosos que alguma vez pisaram este planeta azul. Adalberto Neves, mais uma vez, dedica um livro à vasta obra poética desta grande figura da península ibérica.

Mas deixemos a musa falar:

EVOCAÇÃO DE SILVES

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Saúda, por mim, Abg Bakr,
Os queridos lugares de Silves
E diz-me se deles a saudade
É tão grande quanto a minha.
Saúda o palácio dos Balcões
Da parte de quem nunca os esqueceu.
Morada de leões e de gazelas
Salas e sombras onde eu
Doce refúgio encontrava
Entre ancas opulentas
E tão estreitas cinturas!
Mulheres níveas e morenas
Atravessavam-me a alma
Como brancas espadas
E lanças escuras.
Ai quantas noites fiquei,
Lá no remanso do rio,
Nos jogos do amor
Com a da pulseira curva
Igual aos meandros da água
Enquanto o tempo passava
E me servia de vinho:
O vinho do seu olhar
Às vezes o do seu copo
E outras vezes o da boca.
Tangia cordas de alaúde
E eis que eu estremecia
Como se estivesse ouvindo
Tendões de colos cortados.
Mas retirava o seu manto
Grácil detalhe mostrando:
Era ramo de salgueiro
Que abria o seu botão
Para ostentar a flor.

Para saberes mais de Al-Mu’Tamid: http://pt.wikipedia.org/wiki/Al-Mu'tamid

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Navega à Vontade… Mas Não Te Afundes!

 

clip_image002 Ontem, celebrou-se o Dia Europeu da Segurança na Internet. Foram muitas as escolas que aproveitaram esta data para ensinar (ou relembrar) aos seus alunos a maneira correcta e eficaz de navegarem na Internet, sem que os mesmos ponham em risco a sua segurança física e a sua privacidade. No caso do nosso estabelecimento escolar, a equipa da biblioteca e do Centro de Recursos, de acordo com o Plano Nacional de Leitura, decidiu aproveitar a actividade “Dois Dedos de Conversa”, para promover um debate entre pais e alunos, acerca das vantagens (mas também perigos) das novas tecnologias. Esta sessão está programada para o dia 20 de Fevereiro, por volta das 21 horas, no espaço VOL.

E como nunca é demais relembrar, apresentamos aqui uma exposição em Power Point, retirada da página SeguraNet. Nela, os pais e os seus filhos encontrarão conselhos muito práticos de como usufruir desta importante ferramenta de trabalho e de convívio, sem que ninguém corra grandes riscos. Para saberes mais, podes aceder à página, através do link que te indicamos em baixo.

(http://www.avjoaolucio.com/moodle/course/view.php?id=57)

Navega… Mas não te afundes!

(foto de Mikael Albrecht)

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Um Pedaço Da Nossa Escola

A Ludoteca da Nossa Escola

clip_image002 A Ludoteca começou por ser um projecto de uma turma do Curso Tecnológico de Acção Social, na disciplina de Técnicas de Expressão e Comunicação, no ano lectivo de 2006/2007. A sala foi toda remodelada – pintaram paredes, fizeram cortinas, criaram espaços como, por exemplo, o “Canto dos Jogos”, o “Canto das Histórias”, o “Canto da Música e da Dança” e, por fim, o “Canto da Expressão Plástica e dos Fantoches”. Posteriormente, as alunas fizeram uma campanha junto da Comunidade Escolar, para angariar brinquedos e livros. O resultado foi fantástico pois, entre professores e funcionários, conseguiram adquirir jogos diversos, brinquedos para várias faixas etárias e livros infanto-juvenis. Finalmente, realizaram as normas de funcionamento: horário e duração do empréstimo dos brinquedos.

clip_image004 É de referir que as alunas fizeram várias pesquisas sobre como funciona uma Ludoteca e visitaram a Ludoteca de Beja, para servir de referência. Criaram dossiês/pastas com inúmeros desenhos para serem coloridos e, ainda, possíveis actividades de animação. A primeira foi, precisamente, aquando da data do 25 de Abril, tendo as alunas recriado o acontecimento histórico para as crianças e fizeram jogos sobre o tema da Liberdade. Mais tarde, no dia 1 de Junho, trouxeram um grupo de crianças de etnia cigana, tendo dançado, pintado e cantado em conjunto.

clip_image006 No ano lectivo seguinte (2007/2008), outra turma do Curso Tecnológico de Acção Social, na disciplina de Técnicas de Expressão e Comunicação, continuou com este projecto, com o intuito de o enriquecer. Então, criaram o “Espaço da Música”, tendo desenhado numa das paredes vários instrumentos musicais e criaram eles próprios instrumentos. A partir do tema “A Música”, os alunos (cerca de 21), fizeram várias actividades na Ludoteca, com crianças de várias idades, contando-lhes histórias, musicadas por eles próprios. Houve mesmo uma sessão de esclarecimento com alguns músicos da Sociedade Filarmónica de Serpa, que explicaram em que consistia cada tipo de instrumento musical.

clip_image008 Neste ano lectivo (2008/2009), o espaço da Ludoteca está a ser dinamizado pela turma do 10º ano de Curso profissional na disciplina de Área de Expressões. Presentemente, estão a terminar a elaboração de brinquedos artesanais, sendo a próxima actividade a narração de contos tradicionais “apresentados” por fantoches, fantoches estes que foram confeccionados pelas próprias alunas.

Maria João Brasão

Já Começou!!

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A Acção de Formação Os Seniores e a Informática já teve a sua primeira sessão na passada Sexta-feira, dia 6 de Fevereiro, por volta das 9.45 minutos, na sala f7. Uma pequena turma bem simpática esteve a descobrir ou redescobrir o prazer de trabalhar num computador. Por enquanto, a primeira lição consistiu na explicação de todos os componentes de um pc e na “arte de bem manusear um rato”. Para a próxima sexta, haverá muito mais para fazer e aprender!

clip_image004 A equipa da Biblioteca/Centro de Recursos aproveita também para agradecer a colaboração e empenho dos Professores Manuel Silva, Carmen Cruz, Nuno Raposo e Paulo Amoroso, da equipa de TIC. Sem eles, esta actividade nunca poderia ter sido realizada.

Queremos também agradecer aos alunos Maria João Mourão, João Cuiça, Joana Parreira, Carmen Orelhas, Telma Mendonça, Patrícia Palma e Raquel Lampreia, da turma E do 11º ano (esperamos não nos termos esquecido de nenhum…), por se terem dado ao trabalho de distribuir as fichas de inscrição pelos quatro cantos de Serpa e arredores, desde a Academia Senior até à Piscina Municipal, desde a Junta de Salvador até aos centros de dia de Santa Maria e Salvador.

Por fim, falta valorizar a colaboração da professora Emília Sarmento, por se ter disponibilizado para ajudar no marketing desta acção.

A todos aqueles que acreditaram neste projecto, obrigado!

domingo, fevereiro 08, 2009

Livro da Semana

A Turma, François Bégaudeau

clip_image002 Mas quem é que ainda não ouviu falar do triste episódio do “Dá-me o Telemóvel já!”? Quem é que não ouviu falar do menino de dez anos que mordeu numa professora? Quem é que ainda não ouviu falar da palavra Bullying? E, já agora, para que é que a escola serve, hoje em dia? Será a escola um lugar de aprendizagem de conteúdos e de comportamentos, ou será simplesmente um parque de estacionamento, onde os pais “estacionam” os filhos, enquanto vão trabalhar? E de quem é a culpa? Dos pais? Dos professores? Dos alunos? De todos?

Uma coisa este livro deixa bem claro: a escola actual tem forçosamente que mudar, sob pena de se tornar irremediavelmente inútil. E todos têm que contribuir para essa mudança. Os pais têm que estar mais atentos, têm que ser mais participativos, têm que olhar para os professores como aliados na educação dos seus filhos, e não seres humanos que põem em causa o seu papel como educadores; os professores têm que arranjar ainda mais paciência, têm que ser ainda mais diplomatas, têm que lutar ainda mais pelo que acreditam, têm que arranjar, dê por onde der, motivação para ensinar, apesar de o mundo os desprezar; os alunos têm que perceber que não é ignorando a escola e insultando os professores que irão conseguir um futuro radioso. Quanto ao Ministério de Educação, este tem que reformar as escolas, tem que reformar os horários, tem que reformar os conteúdos programáticos e tem que acabar com a burocracia nas escolas, que entrava os professores e rouba-lhes tempo para fazer aquilo que realmente interessa: ensinar mais e melhor.

Pela primeira vez em muitos anos, a figura do professor não é nem o “mau da fita” que inferniza a vida dos alunos nem o “santo salvador” que irá transformar o rapaz delinquente em cidadão exemplar. O cinema e a literatura andam saturados de “clubes dos poetas mortos”, filmes e livros que são muito interessantes, mas não espelham nem um pouco a realidade das escolas actuais (o que não é para espantar, se nos lembrarmos que nenhum destes filmes foi realizado por um professor). É muito difícil sermos heróis inspiradores quando chove nas escolas, as crianças tiritam de frio no Inverno e morrem de calor no Verão, e muitas delas vêm de famílias disfuncionais, que já há muito tempo deixaram de sonhar com um futuro melhor para si e para os seus. O professor, neste livro, é apenas um ser humano normal que tenta fazer o melhor que pode e consegue, num meio hostil que não valoriza o seu trabalho e o seu esforço. E os alunos são apenas o reflexo do que é a sociedade actual: consumista, sem sonhos, desiludida, sofrendo de solidão.

Há séculos atrás, Carlos Magno chegou à conclusão de que a escolas públicas estavam obsoletas, e mandou encerrá-las. Será que iremos assistir a este desfecho triste? Será que a Educação, daqui a uns anos, será apenas um privilégio dos ricos, e não um direito de todos? Cabe a nós mudar o futuro.

Para ler, com urgência! Porque o que se passa nas escolas francesas é exactamente o que se passa nas nossas.

Trailer do filme (legendado):

http://www.youtube.com/watch?v=9EAdkrVbzjU

Isto só "LIDO" (4) ... Colecção Clube de Futebol

… dito por: Diogo Brito

sábado, fevereiro 07, 2009

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Por que motivo Moura se chama Moura?

 

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Há muitos, muitos anos…. Quando os cristãos e os mouros andavam em luta, a cidade de Maura tinha por Alcaidessa, Salúquia, filha de Abu-Assan. Salúquia estava noiva de Brafma, príncipe da cidade de Aroche.

Na véspera do casamento, Brafma pôs-se a caminho de Maura, sem armas e acompanhado apenas por alguns amigos. Salúquia, do alto da mais alta torre do seu palácio, aguardava, ansiosa, a sua chegada. Mas os cristãos sabiam do que se preparava e resolveram agir. Álvaro e Pedro Rodrigues chefiavam o grupo de cavaleiros cristãos que emboscaram Brafma e a sua comitiva.

Depois de os matarem, os cristãos vestiram as roupas dos mouros e dirigiram-se para o palácio de Salúquia. Esta, ao vê-los e crente de que se tratava do seu noivo e amigos, ordenou que se baixasse a ponte levadiça, permitindo, assim, que os cavaleiros entrassem na cidade. Iniciou-se, então, uma chacina que só terminou quando os cristãos dominaram a cidade. Ao ver o que acontecera, e sabedora do destino que teria, Salúquia atirou-se da torre que, ainda hoje, tem o seu nome. Reza a história que, a partir de então, a cidade passou a ser conhecida pelo nome de Moura, em homenagem à desventurada noiva…

Isabel Lanzinha

Foto retirada de: www.bmwcklt.com

Lição de Vida – Presta Atenção Ao Sofrimento Dos Outros

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Primeiro levaram os negros,

Mas não me importei com isso.

Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários,

Mas não me importei com isso.

Eu também não era operário.

Depois prenderam os miseráveis,

Mas não me importei com isso.

Porque eu não sou miserável.

Depois agarraram uns desempregados,

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei.

Agora vieram buscar-me,

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht (1898-1956)

(Foto retirada de: http://www.redjuderias.org/red/novedades.php?lang=2)

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Estante do Mês e Mês da Adolescência

Como já vem sendo hábito, a biblioteca da nossa escola dedica sempre trinta dias a um tema em particular. Já falámos de Ciência, de Filosofia, de História, de grandes escritores… DSC08387

Desta vez, o tema será a Adolescência. Uma vez que o Plano Nacional de Leitura dedicou o mês de Fevereiro a este tópico, faz, portanto, todo o sentido que a nossa “Estante” esteja de acordo com as actividades que serão realizadas na nossa escola.

Os nossos leitores podem escolher entre a leitura de enciclopédias temáticas ou obras relativas aos problemas da “idade do armário” ou podem optar por literatura juvenil, criada especificamente para alunos dos 12 até aos 18 anos. Escolhas não faltarão!DSC08389

DSC08386 Aproveitamos também para divulgar algumas das actividades que já estão confirmadas, e que englobam o terceiro ciclo. Aqui estão elas:

· Dois dedos de Conversa: “Fantasmas”: Espíritos e Medos (6 de Fevereiro na biblioteca da escola) e “Os jovens e as Tecnologias” (dia 20 de Fevereiro no mesmo lugar). A segunda acção poderá ter a colaboração de um jornalista. Estas sessões serão realizadas às 20.30m/21.00 horas, para que os pais possam participar das mesmas.

· Exposição de trabalhos sobre pintura chinesa (EDT, 7º anos, Língua Portuguesa);

· Acção Jovens Zen com a professora Emília Sarmento, no ginásio da escola. Será realizada no dia 27 de Fevereiro para duas turmas do terceiro ciclo.

· Estante do mês - A estante do mês de Fevereiro será dedicada à adolescência.

· Livros da Semana: Todos relacionados com temas da adolescência;

· Debates e palestras sobre a adolescência. Terão a colaboração da psicóloga da escola Helena Guerreiro, da professora Margarida Pedrosa, do professor Francisco Féria, de uma enfermeira do Centro de Saúde de Serpa. O local escolhido foi a biblioteca:

1. Afectos e Sexualidade (Gabinete de Saúde e Centro de Saúde) - 11 de Fevereiro (11.45minutos) e 12 de Fevereiro (14.30m);

2. Resolução de Conflitos: Dez Medidas Para Evitar Um Conflito E O Resolver (17 de Fevereiro, 14.30m);

3. Cientistas Famosos na Adolescência (25 de Fevereiro, 14.30minutos) – Histórias engraçadas e hilariantes de grandes mentes, na “fase do acne”.

· A Poesia e os Afectos – Exposição de poemas dedicados ao amor e à adolescência. A partir de 12 de Fevereiro, no expositor da biblioteca (entrada da escola).

· Exposição de brinquedos, fantoches e instrumentos musicais na biblioteca, do curso profissional TAP.

Outras actividades encontram-se por confirmar. Aguardamos novidades…

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

PESSOA ASTROLÓGICO – AQUÁRIO, ÁGUA DA VIDA

 

clip_image002Retomamos a leitura astrológica do segundo livro da “Mensagem” (“Mar Português”) com Aquário, décimo primeiro signo do Zodíaco (de 21 de Janeiro 19 de Fevereiro), regido pelo planeta Urano e associado ao elemento Ar.

É no poema “A Última Nau” que se plasma a mensagem de Aquário. E a imagem cujos contornos se desenham logo na primeira linha deste poema, é a imagem de um rei. Mas não se trata de um rei qualquer… O rei é D. Sebastião (1554/1578), ele próprio nascido sob o signo de Aquário (20/Janeiro), como, de resto, deixa adivinhar a sua personalidade visionária e controversa.

XI. A ÚLTIMA NAU

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,

E erguendo, como um nome, alto o pendão

Do Império,

Foi-se a última nau, ao sol aziago

Erma, e entre choros de ânsia e de pressago

Mistério.

Não voltou mais. A que ilha indescoberta

Aportou? Voltará da sorte incerta

Que teve?

Deus guarda o corpo e a forma do futuro,

Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro

E breve.

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,

Mais a minha alma atlântica se exalta

E entorna,

E em mim, num mar que não tem tempo ou espaço,

Vejo entre a cerração teu vulto baço

Que torna.

Não sei a hora, mas sei que há a hora,

Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora

Mistério.

Surges ao sol em mim, e a névoa finda:

A mesma, e trazes o pendão ainda

Do Império.

 

clip_image004Em Aquário, encontramos alguém que aspira a servir o Universo (erguendo, como um nome, alto o pendão / Do Império”). Este não é, contudo, o mesmo tipo de Serviço que encontramos em Virgem, signo de Terra. O nativo de Virgem pode ser comparado a um Escultor que, devotada e sistematicamente, modela o barro e que, para gerar a Obra, depende desse laço pessoal, íntimo, telúrico, com a matéria. Por sua vez, o aquariano serve de forma impessoal, desapegada e livre. Ele é o Aguadeiro que derrama, de modo soberano e indiferenciado, o fluido da Vida sobre todas as criaturas. Por isso o seu lema transpessoal é: "Água da Vida eu sou, derramada para os homens sedentos".

É o desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer Quibir, corolário de uma aventura militar condenada ao fracasso (como condenado ao fracasso já estava, em 1578, o sonho de um Império político e económico), que Fernando Pessoa ergue como bandeira para simbolizar este “recuo” do individual em favor da totalidade. Um recuo que é a chave para a regeneração da Alma. Um dia, D. Sebastião retornará, emergindo da manhã envolta em bruma… "Não sei a hora, mas sei que há a hora, / Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora / Mistério. / Surges ao sol em mim, e a névoa finda: / A mesma, e trazes o pendão ainda / Do Império.".

De novo o Império… De novo o pendão… Mas é de outro Império que se fala aqui. O signo complementar de Aquário é Leão. No poema correspondente ao signo de Leão, “Epitáfio de Bartolomeu Dias”, abriam-se, com a passagem do Cabo das Tormentas (sugestivamente rebaptizado de Cabo da Boa Esperança), as portas para um Império político e mercantil, as mesmas portas que se cerraram sob o “sol aziago” que viu partir a “última nau”. Agora é outra a aventura! Agora o Império é do Espírito!

Aquário está associado às ondas do conhecimento derramadas do céu para revitalizar a criação sobre a terra. Evoca dinamismo, renovação, recriação. É a expressão do Vazio Contentor, que tudo abarca e consubstancia em si o infinito de possibilidades. Por isso, a originalidade, o anseio de inovar, o impulso de desafiar convenções e limites estabelecidos, a rebeldia, o inconformismo, a capacidade de visão, a busca intensa de aproximação ao infinito, são características comuns aos nativos deste signo.

Pelo mesmo motivo são, frequentemente, tidos como controversos aos olhos de quem os rodeia e incompreendidos pelo seu tempo e pelo seu espaço. E, à semelhança de D. Sebastião, à semelhança de Pessoa, quanto mais ao povo a alma falta, / Mais a [sua] alma atlântica se exalta / E entorna, / E em [si], num mar que não tem tempo ou espaço, / [Vêem] entre a cerração [o] vulto baço / Que torna.”.

E.S.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

De Onde É Que Vem A Expressão…

Vai Plantar Batatas!

clip_image002 Os portugueses demonstraram, ao longo dos tempos, uma enorme criatividade, no que se refere a mandar alguém “dar uma curva”: “Vai bugiar”, “Vai à fava”, “Vai para o quinto dos infernos”, “Vai pentear macacos”, “Vai ver se eu estou ali”, entre outras expressões correntes deliciosas. Só não se percebe lá muito bem por que razão a batata está ligada a indivíduos que nós desprezamos e que, por isso, não desejamos ver à nossa frente…

Uma das razões mais prováveis para a origem desta expressão reside num livro de nome Locuções, Adágios, Anexins, de António Tomás Pires. Segundo o autor, nos finais do século XIX, Portugal estava a enfrentar uma crise económica profunda. Com efeito, a situação económica das pequenas indústrias do norte era tão pouco convidativa, que muitos operários largavam-nas para se dedicarem ao trabalho da lavoura, e os que ficavam compensavam os maus salários com a agricultura de subsistência.

Não foi só o povo que teve que se agarrar à enxada para sobreviver. Os oficiais de ourives de Gaia e de Gondomar, assim como os oficiais de marceneiro em Paredes também tiveram que plantar este apetitoso legume, uma vez que perderam os seus empregos. “Ir plantar batatas” significava na altura “ficar desempregado”. Hoje, serve para exigirmos a alguém que nos deixe em paz.

Vai Para os Quintos Dos Infernos!

clip_image003 Eis outra expressão que muita gente ainda usa, e que tem exactamente o mesmo sentido de “Vai plantar batatas”. No entanto, a Igreja Católica ensinou-nos que só existia UM inferno. Então… Porque é que este dito corrente utiliza a palavra “inferno” no plural??

No livro A Vida Misteriosa das Palavras, de Gomes Monteiro e Costa Leão, a palavra “quinto” referia-se a um imposto que a monarquia portuguesa cobrava das minas de ouro do Brasil. Ora, a nau que vinha de Portugal buscar esse pecúlio chamava-se (ou era conhecida por) Nau dos Quintos.

Mas a história não acaba aqui. Esta embarcação era também usada para transportar os degredados, condenados a viver e trabalhar no Brasil. As condições de viagem, como devem calcular, eram terríveis. Porém, o que os esperava em terra também não era pêra doce. Finalmente, muitos deles estavam convencidos que o nome do lugar para onde iam chamava-se “Quintos”. Assim, os familiares que ficavam em Portugal lastimavam-se dizendo: “Ai, ele foi para os quintos dos infernos!!”.

Fotografia da batata retirada de: http://poesiasflavio.blog.uol.com.br/

Ilustração do Inferno retirada de:

http://www.templodeapolo.net/Civilizacoes/grecia/artigos/2007-dezembro/04-12_vida-morte.html

S.C.

domingo, fevereiro 01, 2009

Livro Da Semana

Adolescência, Um Valioso Guia Para Pais e Adolescentes

 

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Mas por que é que os jovens têm “birras” constantes? Por que razão levam a vida “entrincheirados” nos seus quartos? Por que razão se vestem de uma forma que, segundo os pais, é ridícula? Por que razão, de um momento para o outro, choram ou riem, sem que ninguém consiga encontrar uma explicação plausível para tal? Por que se metem nas drogas? Por que é que nunca escutam os mais velhos? E por que razão sentem-se tão confusos na sua sexualidade.

Estas e muitas outras respostas poderão ser encontradas neste excelente guia, escrito por Elizabeth Fenwick e Dr. Tony Smith, dois famosos psicólogos, dedicados quase exclusivamente ao estudo da adolescência, e das mudanças profundas que esta provoca no nosso corpo e na nossa mente.

Este livro foi escolhido não só pela sua qualidade, mas também por outra razão: a nossa Biblioteca e Centro de Recursos, de acordo com o calendário de actividades do Plano Nacional de Leitura, irão dedicar o mês de Fevereiro ao tema da adolescência. É por isso mesmo que os próximos “livros da semana” contemplarão quaisquer publicações, literárias ou não, que poderão ser do agrado dos nossos alunos e encarregados de educação.

S.C.