Por que motivo escrevemos romances, fazemos poesia, compomos belas músicas ou cantamos? Ao longo dos séculos, têm aparecido as explicações mais plausíveis e também as mais palermas: a arte é uma forma requintada de mostrar ao grupo a que eu pertenço que possuo uma mente superior; a arte é uma maneira de competirmos civilizadamente; a arte é uma forma de “escapismo”, de fugirmos deste mundo; a arte foi criada com o objetivo de legitimar o poder de um determinado clã ou facção poderosa; a arte foi-nos oferecida pelos deuses; etc.
No entanto, é no século XIX que o dedo é “colocado na ferida” e se fala daquilo que incomoda muita gente: a arte foi criada com um único e simples objetivo: captar a atenção do parceiro que nos atrai sexualmente. Quem sugeriu esta ideia pela primeira vez foi – como não podia deixar de ser – o pai da Teoria da Evolução, Charles Darwin, na sua obra A Descendência do Homem e Seleção Sexual. Segundo o mesmo, uma música mais complexa e mais melodiosa teria sido “inventada” por parceiros masculinos que, não possuindo características físicas associadas à proteção e segurança – um corpo alto ou grandes músculos – deram “a volta ao problema” através da criatividade e, assim, conseguiram seduzir as fêmeas que - não fosse a música - teriam ficado com o “gorila” meio apalermado do grupo. E o mesmo se poderá dizer de todas as restantes artes. (Não nos esqueçamos que, durante muito tempo, a arte de cortejar era um privilégio dos homens e não das mulheres. Com efeito, as mulheres ditas “sérias” não faziam “essas frescuras”. Curiosamente, as musas da Antiga Grécia – supostamente as inspiradoras de vários tipos de artes – são todas do sexo feminino…)
E parece que esta teoria é bem capaz de ser verdadeira: no passado mês, o psicólogo Benjamim Charlton, da Universidade de Sussex (Inglaterra), desafiou 1.400 mulheres a escutarem, no espaço de um mês, vários tipos de música. Chegou-se à conclusão que, durante o período menstrual, a esmagadora maioria dos membros do sexo feminino sentiram-se mais sexualmente atraídas por compositores cujas composições musicais eram as mais complexas! Este estudo – publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society – veio, portanto, confirmar aquilo que Darwin já afirmava: toda e qualquer arte ou atividade que não pareça trazer qualquer benefício palpável, prático e imediato a um grupo tem como origem a seleção não do mais forte mas do “mais atraente” (poderão ler o estudo aqui ).
Obviamente, com a evolução das nossas sociedades, estas artes passaram a ser usadas para outros benefícios como, por exemplo, alegrar uma multidão, agradar a um Deus, valorizar a importância de um determinado chefe de uma tribo, etc. Mas originalmente, foi criada para atrair parceiros sexuais. Aliás, um dos maiores sedutores da história da música foi o pianista e compositor Franz Liszt (século XIX) que, como vemos na imagem em baixo, foi dos primeiros a aturar aquilo que hoje chamamos as groupies…
Se calhar é daqui que vem o mito “tão bonito/a, tão burrinho/a”: como as pessoas bonitas não precisam de se esforçar muito para arranjar parceiros e grupos, não precisam de usar o cérebro e a imaginação com mais frequência. São os humanos mais feios e menos beneficiados pela mãe natureza que não têm outro remédio senão serem criativos… sob pena de não conseguirem espalhar os seus genes para as próximas gerações.
Em suma: terá sido o ciclo menstrual o verdadeiro papá da música??
Aguarda-se o debate…