quarta-feira, outubro 15, 2008

Baú da Avozinha

Tão malditos como Marilyn Manson

Artistas malditos sempre existiram, existem e existirão. Os Bad Guys não nasceram apenas com a música Rock ou Hip Hop, eles fizeram e fazem parte do mundo da arte há muito, muito tempo. E para te provar aquilo que dizemos, aqui tens três exemplos:

Robert Johnson (1911-1938)




Foi um dos grandes artistas malditos do século XX. Cantor e compositor de cantigas de Blues, apenas sobreviveram ao tempo duas fotos deste génio do Mississipi e a sua obra é muito pequena: compôs nada mais, nada menos do que 29 canções.
Robert Johnson não era um homem fácil: alcoólatra, sempre metido em brigas, apaixonado por mulheres, revoltado por ser negro e por não ter os mesmos direitos da comunidade branca, viveu intensamente a sua curtíssima vida (morreu com 27 anos, em 1938).
Existem todo o tipo de histórias à volta dele: dizem que um dono de um bar tentou envenená-lo com estricnina (Robert andava a sair com a mulher dele); dizem que a Ku Klux Klan queimou a sua casa (é bem capaz de ser verdade!); dizem que vendeu a alma ao Diabo. Quem o conheceu a sério, afirma que era alguém que adorava os seus amigos e vivia cada instante da vida como se fosse o último.
Até a morte dele está cheia de mistérios: uns dizem que morreu de Sífilis; outros dizem que foi assassinado; alguns juram a pés juntos que faleceu com uma pneumonia; e há quem afirme que morreu de cancro. E mais: há DUAS campas suas no Mississipi! Agora, qual delas será a verdadeira, essa é outra história.
Uma coisa é certa: Robert Johnson continua a ser um dos grandes mistérios da história da música. Sabe-se muito, muito pouco dele…
http://br.youtube.com/watch?v=m9Dv7QQ_JvI

Niccolò Paganini (1782- 1840)

Genial compositor, nasceu no ano de 1782 e revolucionou a arte de tocar violino.
Paganini não teve uma infância fácil: o pai era um tirano que o obrigava a ensaiar mais de dez horas por dia, e se falhasse era severamente castigado. Assim que atingiu a maioridade, largou a família e decidiu viajar pelo mundo inteiro.
O seu génio foi logo notado, e depressa enriqueceu. Infelizmente, também adorava jogar e esbanjar dinheiro em diversões nocturnas. Por isso, andava sempre metido em sarilhos financeiros, o que não o impediu de morrer rico, com uma tuberculose, em 1840. Além disso, devido ao seu talento, coleccionava inimigos.
A sua maneira de tocar era tão genial, que depressa foi acusado de ter vendido a alma ao Diabo. Mas este boato não é para espantar: durante muitos séculos, o violino era, segundo a Igreja Católica, o instrumento preferido de Satanás. Em poucas palavras: quem tocava violino no século XIX, era tão maldito e tão sexy como hoje é tocar uma guitarra eléctrica.


Antonio Vivaldi (1678-1741)

Vivaldi foi uma pessoa muito estranha, cheia de grandes qualidades e de grandes defeitos.
Conhecido como “O Padre Ruivo”, dizem as “más línguas” que a família Vivaldi metia medo a Veneza: eram todos ruivos e todos eles eram violentos e perigosos. Muitos deles foram expulsos desta cidade.
Em 1703, foi ordenado padre, mas o nosso amigo depressa arranjou uma maneira de escapar à maçada de dizer missa: inventou uma doença. Segundo ele, sofria de uma “stretezza di petto”, que o impedia de aumentar a voz. Vá-se lá saber porquê, a Igreja caiu na mentira…
Pior ainda, andava sempre “acompanhado” por sete mulheres (segundo ele, as nobres senhoras faziam “a caridade” de cuidar dele), ia aos mais estranhos e suspeitos clubes, e era um amante da Ópera.
Para quem não sabe, a Ópera, no século XVII, gozava de uma péssima fama. Quem ia a esses espectáculos era normalmente o povo, e podia custar a nossa vida. A sala estava cheia de ladrões, brigões, gangs rivais, prostitutas. As cenas de pancadaria eram frequentes, quer no palco quer na plateia. Este divertimento era tão mal visto, que o papa Clemente XI, no século XVIII, proibiu qualquer exibição deste espectáculo em Roma. Ora, este era um dos lugares preferidos de Vivaldi…
Apesar do seu estilo de vida, era um homem muito humano: quando foi convidado para dirigir uma pequena orquestra de órfãs no Ospedale della Pietà (Hospital da Piedade), os seus “amigos” quiseram logo tirar partido da situação, para se aproveitarem de miúdas que não tinham ninguém que as protegesse. Para espanto de todos, Vivaldi defendeu as suas alunas com unhas e dentes.
Infelizmente, não teve um final feliz: tão depressa a sua obra foi amada, como depressa foi desprezada. Morreu na miséria absoluta e foi enterrado numa campa anónima. E durante três séculos, o seu nome foi esquecido… Até que, um dia, no século XX, um jovem músico chamado Alfredo Casella tropeçou por acaso numa série de composições perdidas numa biblioteca e, entusiasmado com a sua música, criou a “Semana Vivaldi”, no ano de 1939. Desde então, este compositor é tocado em todas as orquestras de todo o mundo.
Para teres um cheirinho da sua sonoridade, escuta o vídeo abaixo indicado:

http://br.youtube.com/watch?v=pe-MIDDfckw

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