sábado, janeiro 31, 2009

Recebemos um prémio ! Que bom!

Recebemos o prémio “Pedagogia do Afecto” no passado dia 23 e ficámos satisfeitos e surpreendidos, ao mesmo tempo. Foi o Blogue da EB1 Aldeia do Futuro que nos enviou o prémio e estamos-lhe muito agradecidos.Agora vamos também oferecê-lo a blogues que apreciamos e que se enquadram no espírito deste prémio.Parabéns a todos.Não deixem de cumprir as regras e oferecê-lo também.As regras do troféu "Pedagogia do Afecto" são as seguintes:
1 - Recebendo o troféu, ele deve ser oferecido a 10 blogues que tenham compromisso e afecto com a Educação;
2 - A imagem do selo deve passar a ser exibida permanentemente no blogue;
3 - O nomeado deve colocar um link para o blogue de onde a nomeação foi atribuída;
4 - Nos blogs seleccionados, deve ser deixado um comentário, permitindo assim que eles saibam que foram presenteados e quem os presenteou;
5 - O blogue que receber 5 vezes o troféu “Pedagogia do Afecto” deve ir à página http://pedagogiadoafeto.blogspot.com/ deixar um comentário com o e-mail, para receber uma nova homenagem.
De acordo com as regras estabelecidas, os blogues aos quais atribuímos o troféu “Pedagogia do Afecto” são os seguintes:

http://andorinhabe.blogspot.com/
http://estante-de-livros.blogspot.com/
http://sol.sapo.pt/blogs/olindagil
http://inbiblio.blogs.sapo.pt/
http://tempodeteia.blogspot.com/
http://marcadordelivros.blogspot.com/
http://escoladopresente.blogspot.com/
http://ler.blogs.sapo.pt/
http://bibliotecariodebabel.com/
http://tonsdeazul.blogspot.com/

Lição de Vida – Carpe Diem

clip_image002Instantes

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.

Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.

Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério.

Seria menos higiénico.

Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.

Iria a mais lugares onde nunca fui, comeria mais gelados e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida.

Claro que tive momentos de alegria, mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.

Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos. Não percas o agora.

Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termómetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do Outono.

Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.

Mas já viram, tenho oitenta e cinco anos e sei que estou morrendo.

(Jorge Luís Borges)

(Ilustração retirada do site http://labiosdesilencio.wordpress.com/2007/10/)

sexta-feira, janeiro 30, 2009

A Ciência Explica

Por que é que os pássaros, quando dormem, nunca caem do poleiro?

clip_image002 Toda a gente já viu um pássaro dormir (nem que seja o periquito da vizinha): quietinhos, sossegadinhos, muitas vezes com uma patita no ar… E não caem!! De onde é que vem este extraordinário equilíbrio, mesmo durante umas horitas de boa e confortável soneca??

Ao contrário do que muitos de nós pensamos, os seres humanos também possuem este “alerta inconsciente”: se assim não fosse, os beliches não seriam uma ideia lá muito engenhosa, e passaria a ser o pão nosso de cada dia escutarmos histórias de crianças (ou de turistas nas pousadas da juventude) que partiram a espinha ou, no mínimo, uma perna, porque, a meio da noite, viraram-se para o lado e bateram com o corpo nos azulejos impecavelmente limpos. Por isso, o equilíbrio do nosso papagaio ou catatua, enquanto dorme, não é algo assim tão incomum.

Mas voltemos aos pássaros. Estes não dormem deitados (na verdade, o dono que chegar a casa e der com o bicho estatelado no chão da gaiola, bem pode começar a preparar o seu funeral). O seu equilíbrio fantástico deve-se à disposição dos tendões nas suas pernas. Segundo o livro Porque Não Congelam Os Pinguins, da editora Casa Das Letras, O tendão flexor do músculo da coxa passa por cima do joelho, desce pela perna, contorna o tornozelo e acaba debaixo das patas. Isto quer então dizer o quê? Trocando por miúdos, o peso do corpo da ave faz com que o joelho da mesma fique dobrado, esticando assim o tendão e obrigando as patas a fecharem-se. Este mecanismo de “distribuição de peso” é tão eficaz, que já se encontraram aves ainda agarradas aos poleiros muito tempo depois de terem morrido.

Quanto ao facto de os humanos não caírem dos beliches… Bom, essa é uma questão que fica para outra ocasião.

Foto retirada do site www.dkimages.com

S.C.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Lendas

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Pesquisando sobre a origem do topónimo Freixo de Espada à Cinta, encontrei algumas lendas curiosas. Aqui vai uma delas.

Há muitos, muitos anos, na época em que os árabes tentavam conquistar a Península Ibérica, um nobre godo, de seu nome Espadacinta, cansado de pelejar, pendurou a sua espada num enorme freixo e à sua sombra deitou-se a descansar. Mais tarde, ali, nas margens do Douro, começou a formar-se uma povoação que tomou o nome de Freixo de Espadacinta.

Mais uma lenda de Serpa

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De certeza que já repararam que Serpa, no seu brasão, ostenta uma serpente alada. Ora reza a história que, há muitos, muitos anos, tudo o que é hoje a cidade de Serpa era uma vasta charneca, domínio de uma enorme serpente alada, que vivia nas margens do Rio Ana, hoje denominado de Guadiana. Sempre que Serpa se encontrava em perigo, e muitas foram as alturas em que tal aconteceu, lá vinha a serpente, deitando fogo pelas ventas defender as suas terras. Serpa foi-se desenvolvendo mas consta que a serpente ainda continua escondida, pronta a surgir se for necessário…

I.L.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

D.Pedro e Inês de Castro: Um Amor Eterno

 

clip_image001 Há meses atrás, anunciámos que o Plano Nacional de Leitura estava a promover um concurso, dedicado ao par amoroso mais famoso da História de Portugal: o rei D.Pedro e a lindíssima Inês de Castro.

Os meses passaram e a equipa da nossa biblioteca conseguiu dar uma espreitadela em vários blogs, relacionados com este tema. Quase todos eles ainda se encontram numa fase inicial, embora alguns deles já sejam promissores… A todas as escolas e alunos que decidiram entrar neste projecto, desejamos muito empenho, dedicação e sorte.

Relembramos que as inscrições ainda estão abertas (até finais de Março), e qualquer aluno da nossa escola (ou mesmo uma turma inteira) poderão fazer parte desta “corrida”. Basta entregar ao/à professor/a coordenador do PNL a morada do blog… E venha daí o prémio!

Uma pequena informação: a nossa escola já está a trabalhar neste concurso. É o penúltimo blog da lista abaixo assinalada. Façam figas!

E qual é o prémio? Bem, consultem o site do Plano Nacional de Leitura: http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/ . É só irem à coluna das “Novidades” (canto esquerdo) e ler o regulamento.

Blogs sobre Inês de Castro e D.Pedro (PNL)

http://www.clube-de-leituras.pt//blogs/pedroloveines/

http://dinesdecastro.blogs.sapo.pt/tag/malta+do+6%C2%BAb

http://www.clube-de-leituras.pt//blogs/jfs/

http://www.clube-de-leituras.net//blogs/umgrandeamorproibido/

http://lagrimasdafonte.blogspot.com/

http://quedepoisdesermortafoirainha.blogspot.com

terça-feira, janeiro 27, 2009

27 de Janeiro – Dia do Holocausto Nazi

clip_image002Campo de Concentração de Aushwitz

Se isto é um homem


Vós que viveis tranquilos
nas vossas casas aquecidas,
vós que encontrais regressando à noite
comida quente e rostos amigos:
considerai se isto é um homem

quem trabalha na lama
quem não conhece a paz
quem luta por meio pão
quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher,
sem cabelos e sem nome
sem mais força para recordar
vazio os olhos e frio o regaço
como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu:
recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração
estando em casa andando pela rua,
ao deitar-vos e ao levantar-vos;
repeti-as aos vossos filhos.
Ou então que desmorone a vossa casa,
que a doença vos entreve,
que os vossos filhos vos virem a cara

Poema de Primo Levi
recolhido por: Carolina Valente

Se quiseres saber mais do Holocausto Nazi:

http://www.eb23-diogo-cao.rcts.pt/Trabalhos/nonio/xx/holoc/holoc.htm

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Há Saldos Na VOL…

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Radhika Jha

Para todos aqueles que moram em Serpa e adoram ler, a livraria VOL está a “arrumar as prateleiras”. Vale a pena dar uma espreitadela às estantes porque, desde os policiais até aos romances de amor, há gostos para todos os leitores. Podemos encontrar grandes nomes como Gabriel Garcia Marquez, Truman Capote, Gao Xingjian, Lídia Jorge, Urbano Tavares Rodrigues ou até Vergílio Ferreira. Ao mesmo tempo, esta é também uma oportunidade para conhecermos outros grandes nomes da literatura actual como, por exemplo, Amélie Northomb, Richard Flanagan e Radhika Jha.

Os preços centram-se entre os sete e os dez euros, ou seja, dois livros ao preço de um. Apressem-se, porque as prateleiras já estão a ficar vazias!

 

clip_image003… E a Biblioteca Municipal Já Abriu!!

Foi na manhã de Sábado passado que as portas abriram pela primeira vez. Quem a viu, adorou. Falaram do espaço convidativo, da luz, da paz e do conforto que é podermos folhear livros e publicações que, pertencendo a todos, também nos pertencem.

Agora já não há desculpa para dizermos: “Não compro livros, porque são caros”. O lado bom das bibliotecas é lermos os escritores que quisermos, sem pagarmos um tostão!

Aguardam-se tardes bem passadas…

(Foto “Rapariga Lendo no Metro”, retirada do site

http://www.everystockphoto.com/photo.php?imageId=2538)

domingo, janeiro 25, 2009

Isto só Lido!! (2) ... Mundos Mágicos de Harry Potter

… de David Colbert, dito pela Jessica Correia

Livro Da Semana

clip_image001Marley & Eu, John Crogan

Quando John era uma criança, fora agraciado com um cão que se pode considerar perfeito: não roía nem estragava nada, era extremamente inteligente, não urinava em casa, não ladrava a toda a hora, era capaz de passar horas sozinho sem incomodar ninguém, dava liberdade aos donos, era meigo para as crianças, adorava sair à rua com o dono e tinha uma personalidade serena. Chamava-se Shaun ou, mais correctamente, o Santo Shaun. Foi este cão que marcou a infância e adolescência do nosso Narrador.

Depois, John casa-se. Mas tanto ele como a sua mulher têm medo de ter filhos, pois acham que não estão preparados para educar uma criança. Ora, nada melhor do que um bom cachorrinho, para começarem a treinar. Pelo menos, era isto que eles pensavam! Mal sabiam o futuro que estava à espera deles…

Apaixonaram-se perdidamente por um adorável cachorrinho de raça Labrador Retriever, no momento em que o viram. Aquela bolinha de pêlo amarelo era adorável, brincalhona, meiga… E não hesitara, logo no primeiro momento, em roer metade da correia do relógio de John. Pior ainda, antes de saírem da quinta, tiveram um vislumbre do pai do bichinho, um animal divertido e patusco, meio enlouquecido, assustador, selvagem…

Enquanto esperavam ansiosamente pela sua chegada da quinta, o casal de apaixonados levou o tempo todo a ler uma série de livros sobre cães. O Labrador, dizia um deles, é conhecido pela sua inteligência, afeição aos humanos, destreza de movimentos e incansável dedicação a qualquer tarefa. Mas já outro dizia que Precisavam de exercício físico rigoroso todos os dias, sob pena de se tornarem destrutivos. Também afirmava que Tinham aquilo que poderia ser uma eterna infância de cachorros, estendendo-se para três anos ou mais. A sua adolescência, longa e exuberante, exigia especial paciência por parte dos donos. Deviam ter prestado atenção a este manual para cães mas… Enfim… Amor é amor!

Baptizaram-no com o nome Marley, em homenagem ao cantor Bob Marley. Só que este Marley não era o famoso cantor jamaicano, estilo Peace and love. John queria um segundo Santo Shaun. Em vez disso, calhou-lhe na rifa um Frankenstein!

Marley & Eu é uma lindíssima história de amor. É também um livro que nos faz rir até às lágrimas. Por fim, é a prova perfeita de que ter um cão ou um gato em casa, é o suficiente para trazer à tona o melhor que existe em todos nós. Por isso, da próxima vez que vocês ouvirem aqueles seres humanos dizerem que os animais “são um fardo”, respondam-lhes com firmeza: “Abençoado fardo!”.

Um cão dá trabalho, sem dúvida! Mas continuará a ser, como disse alguém, “a melhor invenção do Homem”…



quinta-feira, janeiro 22, 2009

A Ciência Explica

Por que é que as pessoas que sofrem de artrites “adivinham” o tempo do dia seguinte?

clip_image002 Ao contrário do que se pensou durante muito tempo, estes queixumes dos nossos avós não são produto do folclore popular e da superstição: os seres humanos que sofrem de reumatismo, por exemplo, conseguem de facto prever se amanhã vai ser um dia chuvoso ou não, se vai fazer calor ou frio. Não, eles não se transformaram em videntes, e a Ciência já encontrou várias razões que podem explicar, de uma forma absolutamente lógica e racional, a existência deste fenómeno doloroso (e cómico!).

Para começar, os nossos músculos são extraordinários, no que se refere a ajustarem-se a mudanças de temperatura. Os tecidos do corpo humano são elásticos e tão depressa incham como depressa se contraem, cada vez que há uma pressão atmosférica. Este mecanismo de adaptação é tão fenomenal, que a maior parte de nós nem sequer se apercebe do que se está a passar dentro do nosso corpo. Todavia, os músculos danificados tendem a ser muito mais rígidos, densos e quebradiços. Por isso mesmo, demoram muito mais tempo a adaptarem-se às mudanças do tempo. Daí as “profecias” dos nossos avós: “Leva o guarda-chuva, olha que vai chover!”.

Há duas outras explicações lógicas: os músculos lesionados tendem a inchar, sempre que há excessiva humidade no ar, e os nervos à volta do mesmo “interpretam” este inchaço como dor. Por fim, uma experiência recente feita por uma equipa de cientistas japoneses chegou à conclusão que, quando o corpo humano é sujeito a uma pressão atmosférica, há gazes que são gerados entre as vértebras. Estas bolhas de ar são mais comuns entre as pessoas mais velhas ou pessoas que sofreram acidentes, uma vez que estas vértebras se encontram muito mais deterioradas do que nos humanos jovens e saudáveis.

Afinal, os nossos avós tinham razão. E nunca é tarde para se começar uma carreira na TV…

Foto retirada de: http://simplesana.zip.net/arch2007-08-26_2007-09-01.html

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Emo: Uma Nova Tribo Urbana

Não existe definição para descrever um emo. Como o próprio nome indica (o termo vem das palavras inglesas emotive e emotion, isto é, “emotivo” e “emoção”) são pessoas muito emocionais e sentimentais, ouvem estilos de música diferentes e vestem-se de maneira diferente, embora a parte mais importante seja mesmo o modo como pensam, a sua maneira de ser. my%20chemical%20romance

Como já disse, os emos são muito sensíveis e afectuosos. São contra a violência, não suportam ver animais serem maltratados e odeiam o mundo em que vivem porque, para eles, tudo é superficial e fútil. Por fim, choram muito. Na verdade, alguns deles sentem as emoções de uma maneira tão forte, que chegam a cortar os pulsos.

Por mais estranho que pareça, a maior parte dos emos não se admitem como tal, porque não querem ser vistos como posers – falsos emos – ou porque não querem ser descriminados (com efeito, são muitas vezes olhados como sendo “maluquinhos”, “esquisitos” ou gays). Os posers, ou a maior parte deles, apenas se vestem como os emos, mas não pensam como um.

Os rapazes desta nova “tribo” usam, geralmente, franja lisa a tapar um dos olhos, ténis All Star, Vans ou DC’s, calças justas e tshirts com estampados. Não têm medo do seu lado feminino e, por isso, usam muito eyeliner. As raparigas usam também franja à frente dos olhos, nunca se esquecem do seu eyeliner, compram as mesmas marcas de roupas e vestem calças justas ou saias rendadas, com meias até ao joelho. Também gostam de vestir collants ou leggings e tshirts com estampados.

Os emos usam cores escuras, normalmente o preto, vermelho, roxo e rosa-choque. A música também é muito importante, visto que provém do estilo emocore. As bandas mais conhecidas são os My Chemical Romance, Underoath, Bring Me The Horizon e Alesana, entre outras.

Texto de Carolina Valente

Foto dos My Chemical Romance retirada do site:

http://www.idancerecords.com/ebay/products/midi_products/rock_midi/rock_midi.htm

… E uma musiquinha Emo, para aguçar o apetite

My Chemical Romance – The Ghost Of You

http://www.youtube.com/watch?v=0Owt5szhXLI&feature=related

De Onde É Que Vem A Expressão…

Do Tempo Da Maria Cachucha/ Maria Castanha

clip_image002 É o que costumamos dizer, quando falamos de algo ou alguém que pertence a um passado já muito distante. Os brasileiros têm outra expressão, para exprimirem exactamente a mesma coisa: “Do Tempo Do Rei Charuto”. Mas… Quem foi esta “Maria Cachucha”??!!

Esta frase corrente é, pelos vistos, bastante antiga: já o escritor espanhol Cervantes (século XVI/XVII) a usou na sua obra El Casamiento Engañoso. De facto, tudo aponta para que esta expressão muito utilizada pelos portugueses seja… Espanhola. A nossa “Maria Cachucha” foi uma tal “Maricastaña” que, segundo a lenda (pouco ou nada se sabe dela), convenceu o seu marido a não pagar certos impostos exigidos pelo reino castelhano.

Já agora, importa referir que os portugueses foram pródigos a imaginar expressões correntes, relacionadas com tempos bastante antigos: No tempo em que a Berta fiava, Do tempo do arroz de quinze, Do tempo do avô do Padre Inácio, Do tempo do bacalhau a pataco

 

clip_image001Vira-Casacas

Todos nós já ouvimos falar desta expressão: o “Vira-casacas” é aquele ser humano oportunista que, consoante as circunstâncias, muda de política, de opinião e de amigos, sempre que isso lhe convém. São pessoas que não merecem o nosso respeito, pois não se pode confiar nelas para coisa nenhuma e, por isso mesmo, são muitas vezes vistas como traidoras.

Hoje em dia, a casaca é uma espécie de casaco preto, próprio para cerimónias especiais e que é vestido pelo sexo masculino. Todavia, há muito tempo atrás, esta “fatiota” era uma longa capa com mangas, quentinha e muito confortável para todos aqueles que andavam a cavalo. Além disso, convém lembramo-nos que, há séculos atrás, a maior parte dos cavaleiros pertencia a uma ordem militar (o cavalo foi sempre um animal caro) e cada uma delas possuía uma cor que as distinguia umas das outras.

Em tempos de instabilidade e de guerra, era normal os guerreiros “trocarem de cor/casaca”, sempre que tinham que atravessar território inimigo, ou quando as suas vidas se encontravam em perigo. Com o tempo, o acto de “Virar a casaca” deixou de ser visto como um acto de sensatez e de esperteza, e passou a ser interpretado como um gesto de falsidade e de hipocrisia.

O exemplo perfeito do “Vira-Casacas” foi Carlos Manuel, o duque de Sabóia. Sendo um nobre francês e também espanhol, o “honrado senhor” tanto apoiava um país como, logo a seguir, apoiava o outro, sempre que lhe dava jeito. Aliás, o seu cinismo era tão grande, que chegou a mandar fazer uma casaca que tinha duas cores, vermelha de um lado e branca do outro. Assim, cada vez que atravessava uma fronteira… Virava a casaca!

(Foto das Ruínas do Carmo: upload.wikimedia.org)

(Exemplo de uma casaca: http://www.fotoplus.com/dph/info17/i-estudos.htm)

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Lição de Vida- Todos Nós Somos Iguais

Neste Momento Terno e Pensativo

 

clip_image002Neste momento terno e pensativo
Aqui sentado a sós
Sinto que existem noutras terras  outros homens
Ternos e pensativos,
Sinto que posso dar uma espreitadela
Por cima e avistá-los
Na França, Espanha, Itália e Alemanha
Ou mais longe ainda
No Japão, China ou Rússia,
Falando outros dialectos,
E sinto que se me fosse possível
Conhecer esses homens
Eu poderia bem ligar-me a eles
Como acontece com homens de minha terra,
Ah e sei que poderíamos
Ser irmãos ou amantes
E que com eles eu estaria feliz.

Poema de Walt Whitman

Escultura de Briony Marshall

Livro da Semana

A Rapariga Que Roubava Livros, de Markus Zusak

clip_image002 Muitos foram aqueles que classificaram este livro como sendo “literatura juvenil”. Todavia, as obras-primas têm o condão de fascinar todo o tipo de leitores: os novos e os velhos, homens e mulheres, os cépticos e os sonhadores, os românticos e os realistas, os desiludidos e os optimistas. Este quinto romance de Markus Zusak transformou-se num fenómeno mundial e conseguiu a proeza de ficar quarenta semanas no top de livros mais vendidos do New York Times. Sim, as obras-primas têm o dom de nos marcar, não importa a idade, o sexo, a classe social, a etnia.

De que fala, este livro? Façamos nossas as palavras da Morte, a narradora desta história: Trata-se da história de um desses sobreviventes perpétuos – um perito em ser deixado para trás. É apenas uma pequena história, na realidade, acerca, entre outras coisas, de:

· Uma rapariga

· Algumas palavras

· Um acordeonista

· Alguns alemães fanáticos

· Um pugilista judeu

· E uma boa dose de furtos

Através desta pequena introdução, a Morte relata os tristes dias da Alemanha Nazi, durante a Segunda Guerra Mundial. Fala-nos das perseguições aos judeus e outras etnias, fala-nos da fome, dos bombardeamentos e, por fim, da necessidade de sonhar, mesmo que a pequena comunidade de Molching, em Munique, esteja a ser arrasada por mil e uma bombas, vindas do nada, lançadas sabe-se lá por quem. Tudo isto contado como se fosse um poema, uma canção de embalar, um pesadelo com piadas incluídas.

Lembremo-nos que é a Morte que nos está a relatar todos estes eventos. E a Morte não é nem vingativa nem fria, nem cruel nem indiferente. A Morte sente compaixão e amor pelos humanos. Muitas vezes, não os entende. Muitas vezes compadece-se das suas dores.

E a Morte também faz amigos. Neste caso, ela escolheu uma menina que roubava livros…

S.C.

domingo, janeiro 18, 2009

Atenção, Atenção!!!

Estão abertas inscrições para a acção de formação Os Seniores e a Informática, acção esta integrada no Plano Nacional de Leitura da nossa escola. As aulas terão início a partir do dia 6 de Fevereiro e terminarão no final do mês. Lembramos que esta actividade é grátis e é dedicada a todos aqueles que estão desejosos de aprender a mexer com um computador mas, até agora, nunca tiveram tempo nem oportunidade para o fazer. Por isso, não te esqueças de espalhar a notícia aos teus vizinhos e familiares!

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O boletim de inscrições encontra-se à disposição na biblioteca da nossa escola.

Acção de Formação Os Seniores e a Informática

Horário: Todas as sextas-feiras, no mês de Fevereiro.

(6, 13 e 20de Fevereiro): das 09.30m até às 13.15m.

(27 de Fevereiro): das 16 horas até às 20 horas.

Sala: F7

Programa (sujeito a alterações)

Dia 6 de Fevereiro:

1- Principais ferramentas do sistema:

· Como funciona um computador;

· Funcionalidades do computador;

· Como funciona um teclado;

· Actividade: Treino do rato ou touchpad, através de um jogo.

2-Como utilizar o Word:

· Escrever um texto;

· Gravar um texto;

· Inserir fotos;

· Formatar o fundo, pôr cores, mudar caligrafia, etc.

13 de Fevereiro

1- Microsoft Power Point:

· Como criar um trabalho em Power Point;

· Inserir fotos, música, filmes, etc.

2- Windows Movie Maker:

· Como fazer um pequeno filme;

· Inserir fotos, música, controlar o som, etc.

20 de Fevereiro

1- Navegar na Internet:

· Como manter o computador seguro: spywares, vírus, cavalos troianos, etc;

· Como ligar a Internet;

· Navegar na Internet, detectar sites e blogs nocivos;

· Publicar um comentário;

· Criar um mail;

· Encontrar informações necessárias;

· Seleccionar e guardar informações;

· Top 10 da Internet.

27 de Fevereiro

1- Exposição dos trabalhos realizados pelos alunos.

( Fotografia retirada do site http://www2.fhs.usyd.edu.au/arow/opti/)

sábado, janeiro 17, 2009

Isto Só Dito!!

clip_image002A partir de hoje, o nosso blog estreia um novo espaço: um espaço onde os livros são contados pelos próprios leitores! Uns são mais espontâneos, outros são mais tímidos. Uns mostram a capa, outros escondem-se por detrás dela. Desta vez, quem nos irá aliciar à leitura, será uma devoradora de livros chamada Carolina Valente. Irá tentar convencer-nos do prazer que é enlear-nos numa perigosa história de amor…

Divirtam-se!!

Obra que está a ser apresentada: Crepúsculo, de Stephenie Meyer.

 

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Lição de Vida – Crianças

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Poema Enjoadinho

Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaçoclip_image004
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocó está branco
Cocó está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insónia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilette
Bebem champô
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

(Vinicius de Moraes, poeta brasileiro)

(Ilustrações da cyberteca.wordpress.com e https:/.../gallery/target/2007-2/40/183

quarta-feira, janeiro 14, 2009

A Ciência Explica

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Por que correm as ovelhas em fila, para a frente do carro, em vez de se afastarem dele?

Ao contrário do que muita gente pensa, as ovelhas não são animais nada estúpidos. Elas utilizam, isso sim, uma “táctica de combate” muito antiga: travam o ataque do inimigo, cerrando fileiras à sua frente. Além disso, e à semelhança de muitos seres vivos neste planeta, estranham o facto de aqueles bichos de metal não conseguirem subir taludes com relva ou atacarem de lado as suas vítimas, como muitos predadores fazem, ou seja, correrem de lado até agarrarem uma presa pela garganta.

Ao decidirem colocar-se em massa à frente do automóvel, as ovelhas estão, acima de tudo, a confundir o inimigo. Na opinião destes bichinhos, NÓS é que somos os estúpidos: “por que cargas d’agua”, pensarão elas, “aqueles idiotas não nos atacam de lado?”

Assim, como não vêem perigo nenhum, continuam a caminhar à nossa frente…

(Foto retirada do site:

http://www.calendarfactory.com/acatalog/wild_life.html)

terça-feira, janeiro 13, 2009

De Onde É Que Vem a Expressão…

Arrotar Postas de Pescadaclip_image002

 

Como todos nós sabemos, alguém que arrota postas de pescada é um gabarolas, um convencido, um mentiroso que se faz passar pelo que não é. Mas o que é que a pescada tem a ver com a vaidade?!

Ao longo de séculos e séculos, a carne foi a refeição preferida das classes endinheiradas. Com efeito, a imagem que muitos nós guardamos dos ricos é a de um gordo monstruoso, vestido com as roupas mais caras e fumando charuto. A obesidade era sinal de dinheiro, de muita riqueza. Os pobres, por outro lado, eram sempre descritos como criaturas famélicas, esqueléticas, e alimentavam-se do peixe que pescavam nos rios, quase sempre acompanhado por uma côdea de pão e azeitonas.

Foi preciso chegarmos ao final do século XX, para a obesidade ser encarada como um mal da sociedade. Além disso, (ironia das ironias!) os gordos, hoje em dia, são os pobres! Afinal, toda a gente sabe que uma refeição de peixe e legumes custa o dobro ou o triplo do que custaria um hambúrguer com massa.

Apesar destes apetites carnívoros, isto não quer dizer que as classes abastadas SÓ comessem carne: até há muito pouco tempo, o salmão era um peixe consumido apenas pelos ricos. E, durante longos séculos, a pescada foi considerada muito valiosa, uma iguaria que só aparecia nas mesas dos nobres. De facto, no Foral de Lisboa, em 1500, este peixe está no topo da lista das preferências, seguido dos gorazes, dos cachuchos ou cavalas, e assim por adiante. O bacalhau, claro, era o “fiel amigo” dos portugueses…

 

Elefante Branco

clip_image004 Qualquer leitor/espectador que esteja atento às crónicas dos jornais, aos debates e a comentários relacionados com a política, já deve ter ouvido esta expressão. Um “elefante branco” é uma obra ou construção bastante cara e que não tem qualquer utilidade para quem quer que seja. A título de exemplo, quando a ponte Vasco da Gama estava a ser construída, muitos jornalistas, economistas e arquitectos consideraram-na inútil para o país: não só seria bastante dispendiosa, como nem sequer serviria para diminuir o tráfego da Ponte 25 de Abril (mais conhecida por Ponte Sobre o Tejo). O tempo provou que todas estas pessoas estavam certas…

Mas falemos, então, da origem desta expressão: há séculos atrás, na Índia e na Tailândia, sempre que um cortesão entrava em desgraça, o rei oferecia-lhe… um elefante branco. Ora acontece que estes animais, por serem bastante raros, eram sagrados. Não serviam para trabalhar, não serviam para passeios, não serviam para nada. No entanto, eram um rombo financeiro na carteira de qualquer um. Um elefante não é propriamente um alegre e fofinho caniche: são necessárias toneladas de comida por dia, para o manter feliz e bem alimentado. Em suma: o “feliz contemplado” não podia negar este presente envenenado (não se diz “não” a um rei!) para além do facto de que, a partir daí, levaria o resto da sua vida a contar todos os tostões…

Ilustrações:

Pescada- Retirada do site

http://www.pescadosme.com.br/produtos/detalhes.asp?familia=Pescada%20Amarela

Elefante Branco Real- Século XIX, artista desconhecido

S.C.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Livro da Semana

Lá Longe, A Paz (vários escritores)

clip_image002 Este não podia ser um livro mais actual: numa altura em que o mundo inteiro assiste, horrorizado, à cada vez maior brutalidade entre israelitas e palestinianos, vale a pena lembramo-nos que as maiores vítimas da ganância, da intolerância e da estupidez dos adultos são sempre os mais frágeis e os mais indefesos: velhos, mulheres e sobretudo crianças. Lá Longe, A Paz é uma excelente antologia dedicada aos testemunhos da guerra, e dos traumas que gera em todos aqueles que tomaram parte dela, quer sejam inocentes quer sejam carrascos.

Ao lermos estes testemunhos, poemas, excertos de contos ou livros, estamos a dar a volta ao mundo, mas esta viagem não é agradável: desde os relatos dos campos de concentração alemães até aos genocídios de Ruanda, passando pela Primeira Guerra Mundial e terminando com um agradecimento da parte de uma criança da Palestina, esta jornada obriga-nos a repensar a forma como olhamos para o mundo e como nos vemos no espelho da nossa alma. Portugal, como é de esperar, é um dos países mais destacados neste livro, devido ao seu passado ligado a uma ditadura que durou mais de quarenta anos, para além de ter gerado uma série de brutais guerras coloniais.

Terminamos este texto com um poema lindíssimo de Theo Olthuis, incluído nesta obra:

Para Anne Frank

Querida Anne,

O que escreves é verdade.

Os adultos agem sem pensar.

Bombas mandam atirar,

Para de um país se apoderar.

Poluem o ar,

A praia e o mar.

Conduzem muito depressa,

Bebem até perder a cabeça.

Separam-se os casais

Ou fazem cenas teatrais.

Mas eu tenho um sonho belo:

Um dia…

De outra maneira havemos de fazê-lo!

A tua amiga

Kitty

(tradução de Lina Cortesão)

Para ler e não esquecer…

S.C.

Bibliomúsica

The National, Fake Empire

domingo, janeiro 11, 2009

O Novo Harry Potter?

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As críticas são unânimes: os livros Túneis são a loucura do momento e já vão em milhões de exemplares vendidos, já foram traduzidos em mais de vinte línguas e está para breve uma adaptação para cinema. A própria J.K.Rowling, criadora do universo de Harry Potter, considerou esta obra fantástica como a digna sucessora do mais famoso feiticeiro do mundo.

Porém, é melhor sermos sinceros: Túneis não é um mundo solar, cheio de inocência e de esperança. Ao contrário da fantástica sociedade dos feiticeiros, as personagens vivem na total escuridão e a crueldade é, infelizmente, mais comum do que pensamos. Trata-se de um mundo onde só os mais fortes e os mais inteligentes sobrevivem. Daí que, na nossa opinião, este é um universo que, apesar de nos viciar e de nos fascinar, não deve ser lido por crianças.clip_image004

Falemos, então, da história. Will e Chester são dois grandes amigos apaixonados por arqueologia que, acidentalmente, descobrem todo um mundo subterrâneo, com as suas tradições e regras, religiões, classes sociais, exércitos, infra-estruturas praticamente autónomas, bem como uma flora e espécies completamente distintas das dos humanos da superfície (nós). Mais ainda: apercebem-se que há cidades debaixo de cidades debaixo de cidades debaixo de cidades; antigas civilizações que desapareceram quase sem deixar rasto, sobrando apenas as pedras; uma escrita quase desconhecida; estranhas máquinas e casas; trípticos bastante bizarros; uma cópia quase fiel de uma Londres medieval subterrânea, agora abandonada devido a uma inexplicável doença contagiosa; uma pequena sociedade de humanos-escravos, desfigurada pelas condições ambientais mas pacífica; gatos gigantes que se parecem com cães; uma sinistra e violenta ordem religiosa, conhecida pelo nome Styx

O tema dos mundos subterrâneos não é novo: Júlio Verne, com o seu extraordinário romance Viagem ao Centro da Terra, já tinha concebido todo um universo debaixo da terra, especialmente no que se refere à vida animal. E muitos outros escritores, filósofos e teólogos já mencionaram a possível existência de sociedades vivendo no escuro. Os próprios cidadãos de Nova Iorque acreditam que, nas linhas de metro abandonadas, vivem humanos (chamam-lhes moles, toupeiras) que nunca viram a luz do dia. Todavia, Roderick Gordon e Brian Williams pegaram em todos estes mitos antigos e urbanos e, desta mistura, criaram algo fascinante e original.

Eis uma obra que foi feita para todos aqueles que realmente adoram voar…

S.C.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Lição de Vida- Nunca te Esqueças do Passado

 

António Gedeão, Poema do alegre desespero

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Compreende-se que lá para o ano três mil e tal
ninguém se lembre de certo Fernão barbudo
que plantava couves em Oliveira do Hospital,
ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores
que tirou um retrato toda vestida de veludo
sentada num canapé junto de um vaso com flores.
Compreende-se.
E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto
(o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império)
com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil,
e o Estrabão, o Artaxerpes, e o Xenofonte, e o Heráclito,
e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, e a retirada dos dez mil,
e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras,
que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro, e conquistavam o Épiro e perdiam o Lácio,
e passavam a vida inteira a fazer guerras,
e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio,
e o resto tudo por aí fora,
e a Guerra dos Cem Anos,
e a Invencível Armada,
e as campanhas de Napoleão,
e a bomba de hidrogénio,
e os poemas de António Gedeão.
clip_image004Compreende-se.
Mais império menos império,
mais faraó menos faraó,
será tudo um vastíssimo cemitério,
cacos, cinzas e pó.
Compreende-se.
Lá para o ano três mil e tal.
E o nosso sofrimento, para que serviu afinal?

(Fotos de Joakim Elskidsen e Bill Biggart)

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Imperdível

 

O Leque Secreto, de Lisa Seeclip_image001

Nos anos sessenta do século passado, uma senhora idosa chinesa sentiu-se mal e desmaiou numa estação de comboio. Quando a polícia desta nação revistou os seus pertences, à procura de uma identificação sua, encontraram uma série de papéis, que julgaram ser uma espécie de código secreto, e depressa concluíram que a pobre avozinha podia ser uma espia.

Chamaram, então, um grupo de intelectuais, peritos em descodificar linguagens supostamente secretas. Porém, o que descobriram foi absolutamente extraordinário: “tropeçaram” acidentalmente numa linguagem escrita criada e escrita única e exclusivamente por mulheres, usada há séculos e séculos por avós, mães, filhas, netas e amigas, na esperança de nunca perderem os seus laços de amor, quando se separassem para casar. Mais ainda, os homens não podiam saber da sua existência nem podiam tocar sequer em nenhum objecto que contivesse estes caracteres. Segundo a autora deste livro, Esses eruditos foram rapidamente enviados para um campo de trabalho, para que nunca contassem às massas o que encontraram.

clip_image003 Esta linguagem, hoje amada e protegida pelo próprio governo chinês, chama-se Nu Shu e pensa-se que seja um caso único na história da Humanidade. E foi a partir desta forma de escrita que Lisa See encontrou inspiração para escrever esta obra literária dilacerante e espantosamente bela.

A história ocorre nos inícios do século XIX, e narra a amizade entre duas mulheres, quase até à nascença. Lírio e Flor de Neve são Laotong, ou seja, “amigas-irmãs” para toda a vida. Trata-se de uma amizade muito, muito especial, que obedece às leis do filósofo chinês Confúcio, arquitecto de toda a filosofia e modo de vida da sociedade chinesa. Em poucas palavras: duas almas gémeas estão predestinadas a viverem ligadas até à morte. Até que um dia, algo muito triste acontece…

À medida que vamos lendo este livro, vamos tomando conhecimento de uma China que já não existe: a China dos pés enfaixados; a China da miséria extrema; a China das casas cheias de filhos, de concubinas e de muitos outros membros da família; a China dos imperadores e dos rígidos códigos de honra e tradição. E é um livro cheio de personagens muito, muito humanas.

Primorosamente escrito, eis um presente que não envergonhará ninguém.

Para saberes mais sobre a escrita Nu Shu (consulta a página 21):

http://tipografos.net/cadernos/CT9-Desenho-de-fontes.pdf

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Ano Novo… Mente Nova!

 DSC07547 Que fazemos neste mundo? Por que nascemos? Para onde vamos? Por que razão, todos os anos, fazemos uma lista das coisas que desejamos cumprir no próximo ano? Qual é o sentido da vida? E de onde vêm as ideias, de onde vem a criatividade, de onde vem a emoção?   

Foi precisamente por estas razões que decidimos criar, para esta “Estante do Mês”, toda uma série de livros e grandes obras, baseadas no estudo da mente humana. Desde a Filosofia até à Neurologia e continuando na Sociologia, a comunidade escolar poderá optar por um Dicionário de Símbolos, ou uma obra de António Damásio. E ficará a conhecer também uma das vozes da filosofia espanhola: Fernando Savater. O seu Dez Mandamentos no Século XXI, bem como a obra As Perguntas da Vida, são textos práticos e claros, que nos obrigam a pensar muito acerca do mundo que nos rodeia e em que vivemos…

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terça-feira, janeiro 06, 2009

Baú da Avozinha

Florence Nightingale (1820-1910)
Poucos são aqueles que (infelizmente) ainda se lembram do nome desta extraordinária mulher, que mudou o mundo. Não, não foi uma grande compositora, actriz, cantora, política ou cientista. A sua herança neste mundo consistiu em revolucionar, de uma vez por todas, a imagem que as massas e os poderosos tinham dos hospitais e das próprias enfermeiras.
Custa a acreditar, mas antes de Florence, os hospitais eram lugares insuportavelmente sujos, cheios de ratos e de baratas; as janelas dos quartos nunca se abriam, pois havia a superstição de que o ar infectava os doentes (hoje sabe-se que é precisamente o contrário!); as ligaduras dos pacientes ficavam a apodrecer nos seus corpos e só eram trocadas, com muita sorte, uma vez por semana; os lençóis idem; banho, só lá para o fim do mês; os médicos nem se davam ao luxo de lavarem as mãos, o que explicava a gigantesca onda de mortes nestes lugares, particularmente nas salas de parto; fumava-se para cima dos enfermos; ofereciam-lhes álcool para acalmarem as dores; os doentes ficavam junto de outros doentes, espalhando as infecções e as mortes.
Como se não bastasse toda esta horrível descrição, as enfermeiras não eram nem um pouco profissionais: quase todas eram de uma classe muito baixa, sem instrução, analfabetas, e muitas eram mesmo prostitutas. Não é de espantar, portanto, que no século XIX, esta profissão tenha sido muitíssimo mal-vista. Por isso, quando a nossa Florence, uma senhora muito culta da classe alta, contou determinadamente aos pais que se iria dedicar para sempre à carreira da enfermaria, o choque foi tão terrível que, dizem as más-línguas, a mãe nunca mais lhe dirigiu palavra. As senhoras decentes casavam, tocavam piano e falavam francês. Ponto final.
Só que esta nossa heroína era uma mulher de fibra diferente: era uma apaixonada pela matemática e uma feroz defensora dos direitos dos pobres. Foi a sua tenacidade e perseverança que fez dela a mulher revolucionária que hoje conhecemos. Além disso, foi também um ser de muita coragem: quando ficou a par das condições dos soldados na guerra da Crimeia, comprou um bilhete de barco e, juntamente com mais trinta mulheres que conseguiu convencer, dirigiu-se ao campo de batalha. Os soldados deram-lhe um nome: The Lady With a Lamp, a senhora com uma lanterna.
Terminada a guerra, abriu uma escola de enfermagem, foi uma mulher política, estudou muitas novas teorias de saneamento e limpeza nos hospitais, e mudou de vez a reputação das enfermeiras.
Sem ela, os hospitais não seriam o que são hoje…

Para saberes mais sobre Florence Nightingale:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Florence_Nightingale
http://www.florence-nightingale.co.uk/cms/
Para saberes mais sobre a guerra da Crimeia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Crim%C3%A9ia

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Livro da semana

Crónica do Rei Pasmado, Gonzalo Torrente Ballester

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- Viste coisa mais bela?

-Há muitas coisas belas no mundo.

-Mais do que o corpo de uma mulher?

- Se é o de Marfisa, dificilmente.

-Até ontem à noite, nunca tinha visto uma mulher nua.

- E então?

- O paraíso tem que ser uma coisa semelhante.

- Não creio que os senhores inquisidores gostassem dessa ideia.

-Que saberão os senhores inquisidores de mulheres nuas?

E é assim que o fascínio de Filipe IV, rei de Espanha terceiro rei de Portugal, começa: ao deitar-se uma noite com a prostituta mais bela, mais cara e mais famosa de toda a Espanha, descobre, completamente aparvalhado, que nunca na sua vida tinha visto uma mulher inteiramente nua. E o desejo de conhecer a beleza natural do “belo sexo”, leva-o ao ponto de achar que tem o direito de ver a sua própria mulher (a rainha!) sem as respectivas indumentárias!

A rainha, essa, acha a ideia deveras marota e divertida. Mas os padres da Inquisição; os defensores da moral e dos bons costumes; uma classe de nobres com mais medo dos padres do que das espadas; e, por fim, todo um rígido e asfixiante conjunto de regras e tradições, a seguir num palácio “de gente decente”… Tudo, enfim, conspira contra o rei e a rainha que, por mais artimanhas e estratégias que encontrem para estarem sozinhos, nunca conseguem fazer aquilo que qualquer casal feliz devia estar a fazer: a divertirem-se na sua privacidade. E nus, de preferência.

É então que uma compreensiva superiora de convento, a meretriz Marfisa e o próprio diabo até (!) decidem fazer a vontade aos dois monarcas…

Delirante e imperdível, eis uma obra literária que se lê sempre com prazer. Especialmente nestes dias de frio e névoa, que só nos faz desejar estar em casa, frente a uma lareira…