A notícia foi um murro no estômago, para todos nós: Robert Enke, o famoso guarda-redes alemão, que viveu anos em Portugal como jogador do Benfica, suicidou-se ontem, colhido por um comboio, perto da cidade de Hannover. Ontem, a sua morte ainda estava por explicar, embora já existissem fortes suspeitas de a mesma ter sido provocada pelo próprio jogador. Hoje, tivemos a confirmação do suicídio, através de uma conferência de imprensa e de uma carta de despedida, escrita por Robert. Nela, foi feito um pedido de desculpas à família pela decisão tomada…
Ficámos também sabendo, através da sua mulher, que Robert tinha vindo a sofrer de depressões atrás de depressões, desde que a sua filha de dois anos morreu de uma paragem cardíaca. No entanto, Enke fez sempre o possível para as esconder, pois vivia no pânico de perder o seu trabalho e de perder, sobretudo, a custódia da sua outra filha adoptiva. Desta vez, optou por não fazer nenhum tratamento à sua doença, provavelmente porque já contava pôr termo à sua própria vida.
Como é que se chega a um estado de desespero tal, a ponto de pensarmos que nada, absolutamente nada neste mundo é importante, bonito e valioso, e nada já importa para que a nossa existência continue a fazer sentido? Então, e o amor dos familiares, dos amigos, dos cães abandonados que Robert acarinhou e protegeu? E as árvores? E o sol? E a chuva? E os mil e um aromas da Mãe Natureza? E a música? E os livros, o cinema, o teatro, os jantares entre amigos, a dança, o riso daqueles que amamos, o amor dos fãs, a luz das velas e da lua, o mar, uma deliciosa refeição, a dedicação ao nosso trabalho? Como é que se chega a um sofrimento que apaga tudo? Como?
Nada compensou o imenso vazio que Robert vinha sentindo há vários anos...
Em jeito de homenagem, vamos fazer algo diferente. Porque, apesar de tudo, a sua vida curta deixou uma marca feliz neste mundo, cheia de “boas vibrações”, em vez de uma música triste, vamos oferecer-lhe uma alegre. Deixamos-lhe uma canção escrita por Brian Wilson, também ele um artista que, ao longo da sua existência, sofreu de depressões terríveis.
E que acreditava que só através do riso é que poderíamos curá-las…
Good Vibrations (The Beach Boys, escrita por Brian Wilson)
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