sexta-feira, novembro 28, 2008

Uma Noite de Cumplicidade

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Vinte e uma horas e um frio de rachar blocos de gelo! A primeira sessão “Dois Dedos de Conversa”, no espaço da livraria “Vemos, Ouvimos e Lemos” contou com um pequeno e simpático grupo de participantes que, apesar do gelo da noite serpense, esqueceram-se temporariamente dos aquecedores e das lareiras, e juntaram-se para criar um bom serão entre alunos, encarregadas de educação, professores e amigos.DSC06966

Uma vez que o tema desta tertúlia era a comida, bem como o seu poder nas nossas vivências e na literatura, a actividade teve início com um jogo de aromas: cada participante retiraria de um saco um guardanapo embrulhado. Nele, encontrava-se encerrado um aroma. De olhos vendados, a pessoa teria, então, que descrever a primeira imagem que viria à sua cabeça.

Os resultados foram divertidos, belos e até inesperados: para Guadalupe Sim Sim (Enc.Ed.), o caril trouxe-lhe más (e ao mesmo tempo cómicas) recordações de infância, uma memória que envolvia uma madrinha e um frasco de caril derramado, empestando o ar onde todos estavam; para Paula Janeiro (Enc.Ed.), o alecrim trouxe-lhe a imagem de uma lindíssima menina, de vestido vaporoso, a percorrer um campo solarengo, num dia de primavera; para a Helena Guerreiro (Psicóloga na ESS), o eucalipto fez-lhe lembrar passeios pedestres, passeios estes que ficaram um tanto ou quanto distorcidos, graças ao aroma do alho, que encheu todo o saco e apagou quase todos os outros cheiros; à aluna Beatriz, depois de cheirar um pimentão verde, ocorreu-lhe apenas a imagem de algo fresco, da cor do legume que acabara de ter nas mãos; para a professora Sandra Costa, a canela trouxe-lhe ecos dos Descobrimentos e de um marinheiro agarrado ao mastro de uma nau carregada, cheia de especiarias agora molhadas e perdidas; porém, ao aluno Miguel Monteiro DSC06974ocorreu-lhe a imagem de crepes quentinhos, cheios de canela; por fim, a aluna Carolina Valente, depois de cheirar um pequeno lima-limão, evocou a imagem de um baú velho, aristocrático, forrado de tecido azul-esverdeado.

Terminada esta brincadeira, falou-se de tudo o que estivesse relacionado com comida: falou-se de queijo e requeijão, de almece, de fruta, de vinho, do comer bem e do comer mal, de modismos à mesa (“o que está agora a dar” é o sushi e a comida vegetariana), e chegou-se a falar até do fenómeno da anorexia e da bulimia, com uma imperatriz Sissi à mistura. Por fim, foram lidas passagens do novo livroDSC06958 de Miguel Esteves Cardoso (Em Portugal Não se Come Mal) e da obra de Joanne Harris, O Vinho Mágico.

As conversas são como as cerejas, dizem os antigos. Por isso, esta actividade não foi preparada ao pormenor. As opiniões, paixões e confissões de cada um teriam que ser espontâneas, abrindo, assim, portas para mais participações, depoimentos e pontos de vista. A verdade é que muito foi dito e falado, numa simples hora e meia!

Resta-nos agradecer à Encarregada de Educação Paula Janeiro pelo seu excelente bolo de chocolate, e ao Paulo Barriga, por nos ter cedido o espaço da sua biblioteca. O Coord. da BECRE também colaborou e registou, para a posteridade, as imagens e sons do encontro.

Para o início de Janeiro, a segunda sessão terá como tema “Os Fantasmas”, e pede-se que os participantes tragam uma lanterna! Até à próxima!

S.C.

1 comentário:

Anónimo disse...

Por razões profissionais não me foi possível participar. Tinha preparado o "Como água para chocolate", de Laura Esquível. Fica para uma próxima oportunidade. Parabéns pela iniciativa.