Procurar Um Bode Expiatório
Os portugueses conhecem muito bem o sentido desta expressão: atirar as culpas a alguém, não importando sequer se ele ou ela é culpado/a de algum mal que foi feito.
A origem deste dito vem de há milhares de anos atrás e tem origens hebraicas: todos os anos, os judeus celebravam “O dia da Expiação”, e para que esse ritual fosse eficaz, um bode era escolhido entre os melhores dos melhores. Seguidamente, cada membro judeu colocava a mão em cima da pobre besta e, à frente de todos, confessava publicamente todos os pecados e pecadilhos que fez ou teve vontade de fazer, ao longo de todo esse ano. Quando terminava, dava o seu lugar a outro que, por sua vez, fazia exactamente o mesmo.
Quando finalmente o grupo inteiro “descarregava” os seus pecados, o coitado do animal era apedrejado até à morte levando, assim, todos os males da comunidade para outro mundo, o mundo dos mortos
. Desde então, “bode expiatório” passou a ser qualquer ser humano que tem que pagar pelos erros que alguém fez ou que todos fizeram…
Brilhar Pela Ausência
Esta é uma expressão que, infelizmente, está a cair em desuso: dizemos “brilhar pela ausência” quando reparamos que alguém não está presente numa cerimónia, festejo ou ritual de grande importância para a sociedade ou para um grupo. Normalmente, este dito é expressado com muita ironia, pois uma pessoa pode, de facto, “dar nas vistas”… Por não se encontrar num determinado sítio.
Custa a acreditar que esta velha expressão tenha nascido de uma história perfeitamente verídica e muito bem documentada: quando Júnia, viúva de Cássio e irmã de Bruto, morreu, o seu cortejo fúnebre não tinha as máscaras fúnebres nem do seu marido nem do seu irmão. O historiador Tácito escreveu, a propósito deste episódio: “Mas as imagens de Bruto e Cássio, mais que todas, lampejavam por ali não estarem”. Outra tradução não utiliza o verbo “lampejar”, mas sim, as palavras “brilhavam pela sua ausência”.
Por que razão este acontecimento ficou para a história? Expliquemos, então: quando um familiar de uma família muito importante morria, fazia-se um cortejo fúnebre com TODOS os membros da dita. No caso dos mortos, eram criadas máscaras fúnebres. Era como se eles tivessem sido convidados para a cerimónia do enterro. No entanto, Cássio e Bruto assassinaram Júlio César, pelo que os seus rostos “brilharam pela sua ausência”… Em poucas palavras, quando um romano caía em desgraça, era banido da sociedade de muitas maneiras. Uma delas era a chamada “Danação da Memória”, isto é, deixava de ser falado, retratado e mencionado, como se nunca na vida tivesse existido.
Sem comentários:
Enviar um comentário