Agarrar a ocasião/oportunidade pelos cabelos
Muito podemos nós falar do cabelo, e de como ele tem sido olhado, ao longo da História da Humanidade: a título de exemplo, os egípcios, por questões higiénicas, tinham o hábito de o rapar completamente, o que não os impedia de usarem perucas, para parecerem mais belos e jovens. Mas tirando algumas excepções, durante muitos, muitos séculos, os homens usavam-no comprido e lustroso, tal como as mulheres. Porém, uma farta cabeleira, no sexo feminino, era sinal de sensualidade e de feminilidade, enquanto que, no “sexo forte”, era sinal de força viril e de poder. Afinal, todos nós conhecemos a história de Sansão e de Dalila: quando a mulher deste herói da Bíblia descobriu que a força dele vinha dos seus cabelos, depressa arranjou maneira de os cortar, enquanto o seu esposo dormia.
De facto, foi só no século XIX que a Europa começou a achar que os cabelos compridos eram “coisa de mulheres”. Até lá, os homens tinham-nos bem compridos e bem cuidados. Com efeito, o próprio Jesus Cristo é retratado em milhares de ilustrações e quadros com uma lindíssima cabeleira que lhe emoldura os ombros.
Mas agora, voltemos ao que importa: de onde vem a origem desta expressão?
Os romanos tinham uma deusa, de nome “Fortuna” ou “Ocasião”. A sua função consistia em estar presente na vida dos homens, precisamente no momento em que a nossa vida podia mudar. Era representada muitas vezes com asas e uma enorme mecha de cabelo na parte dianteira, embora fosse careca na parte de trás. Um dos pés estava apoiado numa roda (a “Roda da Fortuna” ou “Roda da Vida”), enquanto que o outro ficava suspenso no ar. Dizia-se que a única forma de a agarrar, era pela sua enorme cabeleira de frente… Ora, esta tarefa, como devem calcular, não era fácil: Fortuna era rápida como a luz, por isso, só os humanos corajosos, que não tinham medo de arriscar, é que se atreviam a fazer tal coisa. Como reagia a Deusa? Recompensava os destemidos heróis, é claro! Daí o significado desta expressão: “agarrar a ocasião pelos cabelos” é o mesmo que dizermos que vamos dar tudo por tudo, arriscar. Ou seja, não vamos ficar à espera que as coisas nos caiam do céu…
Andar Com O Credo Na Boca
É o que dizemos, quando conhecemos alguém que anda cheio de preocupações ou dificuldades financeiras.
A expressão está ligada ao sofrimento do povo judeu e da criação da Santa Inquisição no século XVI, em Portugal, pelo rei D. João III. Quando este poderosíssimo tribunal católico iniciou a sua perseguição, muitos judeus fizeram-se passar por cristãos (e quem os censura?). Para que o disfarce fosse eficaz, decoravam a oração mais importante de então, o “Credo” (“Creio” em latim), e debitavam-na à frente dos carrascos e dos santos padres da Igreja. Foi assim que vários conseguiram escapar à fogueira…
Já agora, aproveitamos para lembrar que, ainda hoje, o “Credo” é, segundo a religião católica, a mais importante oração da manifestação da nossa fé, mais importante ainda do que o “Pai Nosso” ou a “Ave Maria”. O povo, no entanto, habituou-se a dar mais valor às duas últimas orações…
1 comentário:
Colecciono expressões idiomáticas. Ainda não tinha estas."Agarrei a ocasião pelos cabelos" e roubei-as.
É evidente que coloco a fonte.
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