Quando os indianos dizem “Vamos passar a tarde no cinema!”, é MESMO passar uma tarde no cinema! Os filmes, até recentemente, costumavam ser bastante longos, e duravam no mínimo umas quatro horas.
Mas de onde vem o nome “Bollywood”? Quando a Índia decidiu criar a sua própria fábrica de filmes fez, obviamente, uma homenagem à cidade de Hollywood,
Esta indústria de cinema é a ÚNICA que é capaz de competir com a americana: a Índia é a única nação do mundo inteiro que consome mais filmes caseiros do que estrangeiros. De três em três meses, uma grande obra (estamos a falar, é claro, do tamanho!) sai para as salas, e tempos houve em que se fazia um filme por dia! Quanto aos actores, estes são venerados como se fossem deuses.
Um pormenor interessante: quase nenhum actor ou actriz canta. Quem o faz, é uma outra poderosa indústria de cantores, compositores e músicos, que dobram as vozes das estrelas.
Grandes e Geniais Filmes
À semelhança de Hollywood, 90% do que Bollywood faz é puro lixo, e serve para entreter e vender, nada mais. Porém, há obras cinematográficas que ficaram para a história da Índia. Conheçamos algumas:
Mughal-E-Azam (Príncipe dos Mogois) -1960
Esta foi uma das obras cinematográficas mais famosas, mais brilhantes e mais rentáveis da indústria de Bollywood. Baseada numa lindíssima história de amor entre um poderoso príncipe e uma simples dançarina, tudo neste filme é lindo: desde a perfeita banda sonora de Naushad, até à esplêndida câmara de Raj Kapoor (há muito de Eisenstein aqui), e terminando nas coreografias, vale a pena ver esta jóia do cinema. Ficou “no ar” durante 15 anos e, em 2002, foi apresentado, para grande delícia dos portugueses, no FantasPorto.
Apresentamos-te a famosa cena, em que as duas rivais do príncipe decidem fazer um duelo cantado. E claro que ganha a dançarina!
http://br.youtube.com/watch?v=yGDh4tPJov8&feature=related
Mother Índia (Mãe Índia) - 1957
Outra obra-prima do cinema indiano, este filme conta a vida trágica e injusta de muitos camponeses que, ainda hoje, lutam por um pedaço a mais de terra, de forma a poderem aliviar a sua pobreza e conseguirem, assim, alimentar a sua numerosa família. Esta Índia é encarnada pela personagem de Radha que, devido a um casamento azarado, entra num ciclo de pobreza que afectará todos os seus filhos. Futuramente, terá inclusivamente que matar um deles (agora um homem violento e vingativo) para salvar a honra da família. Uma espécie de “Mãe Coragem” indiana…
Deixamos-te uma das canções mais famosas deste filme.
http://br.youtube.com/watch?v=yNFPjvT5PJM
Kisna, O Poeta Guerreiro – 2005
A história toma lugar nos anos quarenta do século passado, precisamente na altura emque os nacionalistas indianos exigem a independência do seu país, e expulsam, assim, os ingleses.
No meio destes tumultos e revoltas, uma mulher inglesa torna-se vítima do racismo e da intolerância. É então que Kisna, contra tudo e todos, decide protegê-la e abrigá-la na sua própria casa. No entanto, ele sabe que a sua amiga não poderá ficar na sua vila para sempre. É então que decide fazer-lhe uma escolta e levá-la à embaixada inglesa mais próxima,
Nasce entre eles uma terna atracção…
A ouvir com atenção a excelente banda sonora, composta por A.R.Rahman.
http://br.youtube.com/watch?v=nC-5KJ2EGOo&feature=related
Paheli (Dilema) – 2005
Um pormenor interessante: aqueles que estão a narrar esta história são marionetas, não humanos.
Esta comovente narrativa fala de um fantasma que, vagueando pela terra, apaixona-se profundamente por uma bela mulher, cujo marido anda desaparecido. Ao saber de tal notícia, decide reencarnar num corpo igualzinho ao do cônjuge “desaparecido em combate”. Mas como a ama a sério, não é capaz de lhe mentir, e confessa-lhe a verdade. Ao princípio a sua amada sente-se confusa. Porém, ele é TÃO bom e delicado para ela, que decide aceitá-lo.
É então que o verdadeiro marido, ao saber que a sua esposa está grávida, retorna a casa…
Excelente banda sonora de MM Kreem.
http://br.youtube.com/watch?v=Mg5DkTicnyM
Sarkar Raj (O Reino do Chefe Supremo) – 2008
Para quem acha que Bollywood é só saris, repuxos, grandes dramalhões amorosos e lindas mulheres cantando, este filme pode ser uma surpresa para os europeus.
Digamos que é uma espécie de Padrinho indiano: Subhash, um mafioso, dono de um enorme poder, deixa-se convencer pelo seu filho Shankar acerca dos benefícios de uma planta poderosa, tão poderosa que pode diminuir fortemente a fome na Índia. Renitente, embarca neste projecto muito pouco comum para o seu tipo de negócios.
Mas as lutas entre famílias, assim como as ligações ao poder político, custarão a vida do seu filho…
Muitíssimo bem realizado, o compositor (Babi-Tutul) foi escolhido a dedo e imprime na película uma atmosfera de constante mal-estar e más premonições.
http://br.youtube.com/watch?v=mcxsOqpckPM
Se as sinopses destes filmes conquistaram a tua curiosidade, aconselhamos-te a ler um pouco da história do cinema indiano.
Sem comentários:
Enviar um comentário