Pavana, de Keith Roberts
Há uns meses atrás, demos destaque como livro da semana o excelente romance de título A Conspiração Contra A América, de Philip Roth, história esta que também se debruçava sobre um futuro alternativo. Mas a obra que agora apresentamos vai ainda mais longe. Reinventa todo um futuro, inclusivamente as máquinas, a sociedade, a religião, o mapa mundial. Porque tudo começa não no século XX mas no século XVI, mais precisamente em 1588, o ano em que a rainha Isabel I… foi assassinada.
A partir deste acontecimento completamente inesperado, que repercussões se sentirão no futuro? Para já, a Igreja Católica será a Fé todo-poderosa da Europa. Se o Protestantismo existe, este é feito às escondidas e debaixo de um manto de eterno medo. Em segundo lugar, os papas nunca foram, como toda a gente sabe, lá muito amigos da Ciência, do Saber, do Progresso. A primeira tentativa de industrializar a Inglaterra será brutalmente reprimida graças aos terríveis autos-de-fé e as caves do Vaticano encontra-se cheias de invenções heréticas como, por exemplo, a energia eléctrica e os motores de explosão. O mundo sofrerá um enorme atraso cultural, tecnológico e social, pois é da Revolução Industrial que nascerão todas as sementes da Liberdade e da Igualdade que hoje conhecemos e temos.
Neste futuro alternativo, Inglaterra é uma nação verdejante e de uma beleza de cortar a respiração. Mas as doenças, a pobreza, as desigualdades sociais e a ignorância generalizada são uma constante. Como diz o texto na contra-capa deste livro, o frenesim da História transforma-se numa lenta Pavana que agoniza através dos séculos. Porém, há rumores que começam a preocupar os poderosos. Ouve-se para aí que se conspira contra o Papa. Ouve-se para aí que os rebeldes estão de volta. Ouve-se para aí que um grupo de cientistas, homens de Letras e do Saber juntaram-se para derrubar este poder que nunca mais termina…
Antes de terminarmos… O que é uma Pavana? A Pavana era uma dança espanhola muito famosa, dançada precisamente no século da Rainha Isabel I (século XVI). Imita os movimentos do pavão e é suave mas lenta. Muitas foram as gerações que a usaram para conquistar o seu parceiro desejado (sobreviveu centenas de anos!). No vídeo em baixo poderão ter uma ideia de como se dançava… e depressa entenderão por que motivo o autor escolheu um título tão estranho para o seu livro.
Mais uma grande obra saída daquela que é considerada uma das melhores editoras portuguesas do momento: A Saída de Emergência, que já tem também a sua página no Facebook.
Pavana: Como se Dançava (dança do século XVI)
Imagem retirada daqui
1 comentário:
A dança deu-me imensa vontade de rir! Até um velhinho cheio de reumático saberia dançá-la. Agora a sério: vê- -se mesmo que o Tempo era completamente diferente na época do Renascimento. Tudo corria de forma devagar, até uma dança. Hoje este tipo de «bailarico» impacientaria qualquer jovem. A música é linda, adoro música renascentista.
Enviar um comentário