Há pequenas obras que podem transformar a História da Humanidade e Sidereus Nuncius ou Mensageiro das Estrelas foi uma delas: quando Galileu Galilei fabricou o primeiro telescópio, em 1609, ficou tão fascinado com tudo aquilo que viu que não durou muito tempo para que se decidisse a passar para papel todas as suas descobertas. Em apenas 60 páginas e em Latim. O único livro que Galileu escreveu nessa língua.
E Sidereus Nuncius é, de facto, um livro de divulgação revolucionário, que põe por terra uma quantidade de ideias antigas que, milhares de anos depois de terem sido “inventadas” pelos gregos, ainda eram tidas como factos verdadeiros no século XVII. Além disso, esta pequenina jóia de sabedoria é a “mãe” da Astronomia Moderna: como afirma o astrónomo João Fernandes no Público.pt, (podem ler a notícia inteira aqui: http://www.publico.pt/Ciências/o-mensageiro-das-estrelas-foi-escrito-para-causar-sensacao-e-agora-esta-em-portugues_1427987 ) É uma obra muito importante, marca a metodologia moderna da astronomia. O que hoje fazemos ainda é replicar o que Galileu nos ensinou. Pode-se dizer que esta é a obra fundacional da Astronomia Moderna.
Portugal esperou 400 anos para ler esta obra na língua de Camões. É isso mesmo, “ouviram” bem: quatrocentos anos. Agora já é possível, graças à tradução de Henrique Leitão (a edição é da Calouste Gulbenkian). E vale mesmo a pena consultar esta prenda de sabedoria: está escrita de uma forma acessível, visto que este grande génio da Humanidade não estava interessado em falar para os seus amigos e fãs, estava interessado em espalhar o conhecimento a todas as classes sociais. Foi feito para causar sensação. Está escrito como se de notícias rápidas se tratasse, quase em estilo jornalístico. Ele não se dirige às elites. Queria chegar às pessoas comuns. E queria chegar também a toda a Europa. Ele era um divulgador de ciência, afirmou Henrique Leitão.
E Galileu Galileu era um homem prático e funcional: embora não gostasse de dar aulas (foi professor durante vários anos) percebia a importância da divulgação clara e simples do Conhecimento. Para isso, fez uma coisa que, na época, pareceu uma ideia de doidos: abriu uma fábrica de telescópios (ver foto à direita). E não, não era para fazer dinheiro, era para que outras pessoas testemunhassem as suas descobertas. Ao democratizar e globalizar a Astronomia, este grande astrónomo e cientista abria, assim, a porta ao cidadão comum que poderia, desta forma, contribuir para o aumento do Saber. Se hoje podemos comprar um telescópio no Continente ou no Modelo, é a Galileu Galilei que devemos este prazer de olhar para as estrelas.
O livro foi hoje publicado e todas as bibliotecas deste país devem obrigatoriamente encomendar um exemplar para as suas prateleiras.
Imagens retiradas de:
http://www.lbl.gov/Publications/YOS/Jul/assets/img/sidereus-nuncius.jpg
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