segunda-feira, março 22, 2010

Livro Da Semana

 

101 Heróis, de Simon Sebac Montefiore

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Todos temos os nossos heróis. Podem ser heróis do Futebol, dos Direitos Humanos, da música, da Economia, da Política, dos direitos dos animais, podem ser heróis religiosos, e assim por adiante. No geral, escolhemos um pouco de tudo: tanto pode ser um grande actor como pode também ser um ser humano que lutou pela Democracia. Temos “um fraco” por este ou por aquele artista mas não deixamos de admirar os bombeiros voluntários e os jornalistas que morrem em nome da Liberdade. Aliás, costuma-se dizer que uma boa forma de conhecermos a personalidade de alguém é perguntarmos a essa pessoa quais são as três figuras mundiais que mais admira.

De uma forma geral, a maior parte dos seres humanos admira as personagens do presente, “esquecendo-se” muitas vezes de todas as vozes do passado que transformaram o futuro. E, porém, elas foram peças-chave para o nosso mundo. Por exemplo: sabiam que Voltaire (imagem à esquerda) foi um génio da Humanidade que lutou ferozmente contra a tortura e a pena de morte? Sabiam que os hospitais e os cursos de enfermagem que hoje conhecemos devem bastante a Florence Nightingale? Sabiam que a Astronomia como hoje a conhecemos começou com Galileu Galilei? E Alexandre Magno, porque foi ele tão importante? E Saladino? E Sarah Bernhardt, quem foi? E porque foi um escritor como Balzac tão imprescindível para os séculos seguintes?

clip_image004O nosso livro da semana chama-se, como já viram, 101 Heróis. E obviamente que Simon Sebac Montefiore, o autor desta obra, fez uma escolha muito pessoal. À excepção de Fernão de Magalhães, faltam (raios!) outras personagens portuguesas que, modéstia à parte, também deixaram uma marca forte no mundo: o Infante D. Henrique, o rei D. João II, Fernando Pessoa, Aristides de Sousa Mendes, entre outros (no caso de Aristides de Sousa Mendes, há uma pequena referência num artigo sobre outros homens e mulheres que salvaram judeus, na II Guerra Mundial). No entanto, vale a pena ler este livro, que não só é um prazer para os olhos e para os dedos (o papel é tão macio!) como também é uma verdadeira injecção de saber e de deliciosas informações sobre estes grandes homens e mulheres.

Por fim, resta-nos dizer uma coisa: o nosso mundo precisa de heróis como de pão para a boca. Há demasiados ricos, demasiados políticos, demasiados criminosos, demasiados “carolas da informática”, demasiados adultos ambiciosos. Mas faltam poetas, faltam pensadores, faltam “agitadores das consciências”. Há demasiada futilidade e pouco pensamento; há demasiadas “redes sociais” que, ironicamente, contribuem para uma solidão cada vez maior nas sociedades ocidentais; há demasiada obsessão pela juventude e muito desprezo pelos idosos; há muito barulho e, ironicamente, muito silêncio; há muita frase-chavão, do estilo “todos diferentes, todos iguais” e, ironicamente, muito desprezo pelo direito à diferença. Precisamos de heróis. Precisamos de pessoas que comuniquem, que falem, que se preocupem com os outros, que não se calem, que lutem por um mundo melhor, que acreditem no futuro, e que façam coisas mais importantes do que envelhecerem à frente do computador, a plantar cebolas e rabanetes que não existem.

Esperemos que este livro seja uma inspiração para quem o irá ler.

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