Tínhamos dito aqui que a sessão de escrita criativa (que mais não era do que um aperitivo para um curso a sério) tinha sido adiada, devido ao facto de várias pessoas não terem podido estar presentes no dia indicado, para grande tristeza delas. Por isso, decidimos mudar a actividade para o dia 26 de Março.
E praticamente todos os que manifestaram desejo de estar presentes vieram. Quase todas as interveninentes já tinham ouvido falar desta nova moda inventada pelos americanos e foi com grande entusiasmo que arregaçaram as mangas e se mergulharam nos “conteúdos programáticos” deste curso muito sui generis. O primeiro exercício, bastante simples, não passava de uma “prova de aquecimento”: construir um diálogo entre duas personagens através do nosso próprio nome. Os resultados foram hilariantes e, durante cinco minutos, foi um não acabar de gargalhadas sinceras.
A segunda actividade já exigia mais imaginação: colocarmo-nos na pele de um objecto e tentarmos imaginar como seria a sua vida e as suas sensações. Por exemplo: o que sentirá um sapato? Será que um telemóvel se magoa ao cair? E um copo dentro de uma máquina de lavar? Será que ele sente cócegas ou pensa que está numa discoteca muito cool? Este exercício de escrita ensina o futuro escritor “a sair de si mesmo” e a procurar outros pontos de vista, e é precisamente útil porque todos nós temos tendência para nos agarrarmos só às nossas opiniões, aos nossos preconceitos e às nossas vivências pessoais. Ora isto pode “encravar” uma história, pois não conseguimos criar espaços e personagens diversificados. E, mais uma vez, os textos que saíram das nossas “alunas” foram bastante divertidos. “Isto é mesmo engraçado!”, confessou uma delas.
A terceira e última actividade foi aquela que mais surpresas trouxe e mais puxou pela criatividade de todos os presentes: tinham que escolher uma fotografia de um espaço (podia ser um quarto, uma paisagem, um palácio), uma fotografia com uma ou duas personagens e, a partir das mesmas, criar uma história. Mas não era uma história qualquer: tinha que ter um problema, uma situação de conflito e, finalmente, a solução para o problema. Durante cerca de vinte minutos pairou apenas o som das canetas e das esferográficas a “magoar” freneticamente o papel. Porém, no final, saíram verdadeiras “joiazinhas” literárias!
Durante toda a sessão, pediu-se às pessoas que não tivessem qualquer pudor, que não se preocupassem com o que estavam a escrever, se era bom ou não, se era divertido ou amargo, se tinha erros, se tinha um vocabulário fraco, etc. “Deixem correr a pena”, foi o conselho que lhes foi dado. E quem não quisesse ler, não tinha que o fazer. Isto era um divertimento, não era uma saula de aula normal. E precisamente porque ninguém se sentiu avaliado ou julgado houve vontade e prazer de participar.
E agora é que vai ser! O sucesso foi tão grande, que, logo a partir da primeira semana de aulas do terceiro período, o Atelier das Línguas (da responsabilidade, como é óbvio, do Departamento de Línguas) disponibilizará um curso (quase?) completo de Escrita Criativa. Em princípio, a primeira sessão estará programada para quarta-feira às 18 horas, na nossa biblioteca. Se conhece alguém que quer fazer parte desta aventura, passe a palavra!
Só nos resta agradecer a todas as nossas futuras “alunas” que, às 21 horas, estiveram presentes e à excelente colaboração de Dr. Miguel Bentes, da Biblioteca Municipal de Serpa. O seu contributo para esta sessão foi de grande valor!
1 comentário:
Excelente iniciativa e adorava poder participar, mas fica tão longe ... (sou do Norte).
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