E se utilizamos a palavra “museu” é porque estamos a ser muito simpáticos!
Toda a gente, em grau maior ou menor, tem um fraquinho por velharias. Não há nenhuma criança que não se sinta fascinada por aquela aparelhagem, perdão, mastodonte antigo que está a ganhar pó numa prateleira, dispensa ou garagem qualquer. Não há puto que não ache piada àquele quadrado esquisito que os pais chamavam “disquette” e não há adolescente que não se sinta entusiasmado ao pé de um exemplar de um dos primeiros computadores caseiros que foram criados. “Oh, pai, liga lá, só para ver se ainda trabalha!”, é o que dizem logo. E ficam de olhos esbugalhados quando lhes mostramos os primeiros jogos de computador. Custa-lhes a acreditar que aqueles desenhos toscos e tão infantis, de cores berrantes e doentias, causavam furor aos primeiros “cibernautas” do mundo inteiro. E que diremos nós dos primeiros telemóveis, tijolos pesadíssimos que, ironia das ironias, ainda conseguem ter melhor rede do que os “telelés” modernos? E as primeiras máquinas de lavar a roupa? E as televisões a preto e branco? E...
Mas se as primeiras gerações de electrodomésticos e de computadores ainda têm o ar da sua graça, o problema são as terceiras, quartas, quintas e seguintes gerações. Por mais engraçados que os aparelhos sejam, a verdade é que as casas de hoje são cada vez mais pequenas e o tempo dos sotãos misteriosos, onde as crianças brincavam às escondidas e tropeçavam em velhas fotos de família, desapareceram, a não ser para alguns felizardos. Espaço é sinónimo de “maior prestação ao banco” e as casas de hoje querem-se práticas, funcionais, arejadas, solarengas e saudáveis. Não há espaço para frankensteins informáticos. Pior ainda, agora até já se sabe que não só são um chamariz para o pó como, ainda por cima, poluem bastante o meio-ambiente. Os metais em corrosão ou os chips danificados, por exemplo, podem envenenar qualquer lugar da nossa casa. O nosso planeta, graças ao Admirável Mundo Novo do Consumismo, está a virar uma lixeira a céu aberto.
Ora, é precisamente aqui que entra o projecto EscolaElectrão: esta iniciativa pretende promover um espírito mais ecológico nas novas gerações, permite alertá-las para a importância da reciclagem, recompensa as escolas que mais entusiasmo demonstraram e, de caminho, até nos leva de graça os mastodontes que enchiam metade do espaço da nossa casa. Tudo o que precisamos de fazer é... trazer a “sucataria” toda para a escola. Do resto, tratam eles.
Por isso, toca a fazer uma ronda pela casa. Tragam tudo o que é eléctrico e que está danificado: aquecedores, telemóveis, frigoríficos, computadores caseiros, ventoinhas, serras eléctricas, batedeiras, impressoras, máquinas fotográficas... Desde que tenha os botões on/off já serve.
A escola agradece, a sua casa agradece e o planeta suspirará de alívio.
Ilustração retirada de:
http://tomilhomentaehipericao.blogspot.com/2009_08_01_archive.html
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