Desde que o grande Charles Darwin desenvolveu a sua Teoria das Espécies, a justificação dos religiosos fanáticos, para contrariar as suas ideias tem sido sempre esta: se as espécies evoluem ao longo dos tempos, têm que existir “seres mistos”, isto é, animais que comprovem essa evolução, pelo simples facto de serem híbridos. E embora a teoria da Evolução seja, de facto, aquela que cientificamente é a mais correcta, encontrar espécies intermédias tem sido um bico-de-obra para os cientistas de todo o mundo.
Para começar, os fósseis são raríssimos, verdadeiras preciosidades que, miraculosamente, sobreviveram ao tempo e chegaram até nós. Além disso, muitos mas muitos destes espécimes encontram-se debaixo da terra e só acidentalmente é que são descobertos. Por fim, sempre que um objecto raro como este é encontrado, os cientistas dividem-se. O que torna tudo muito confuso para o público leigo (nós), que acompanha estas notícias.
Jorn Hurum, investigador do Museu de História Natural em Oslo (Noruega) chama-lhe “um sonho tornado realidade”, mas Jenz Franzen vai mais longe: as ossadas de Ida são, na sua opinião “a oitava maravilha do mundo”.
Para quê este “banzé” todo? A pequena Ida pode muito bem ser a ligação entre os actuais lémures… e os primeiros primatas humanos. “Este fóssil foi, até agora, o que pudemos encontrar mais próximo de um ancestral directo do Homem”, afirmou Jorn Hurum à televisão inglesa BBC.
À primeira vista, parece que estamos à frente de um esqueleto de um lémure (foto dois). Porém, o olhar atento e sábio dos cientistas fizeram-nos concluir que há ali qualquer coisa que não bate certo: o seu esqueleto assemelha-se mais aos dos primatas humanos, tem unhas em vez de garras, o polegar, à semelhança dos humanos, é oponente, os olhos não são laterais mas encontram-se, isso sim, no mesmo plano, possui talos nos tornozelos. O que nos faz chegar à conclusão de que estes ossos não pertencem a um primata humano, são os dentes, estes muito iguais aos de um lémure. Como diz Jens Franzen, “não se trata de um antepassado directo dos humanos, sendo mais uma tia do que uma avó”.
Como era de se esperar, os cientistas estão muito, muito cautelosos. O esqueleto encontrado tem fortes probabilidades de ser um “elo perdido”, mas ainda há muito a estudar. Além disso, a gigantesca campanha publicitária, desenvolvida pelos jornais, internet e televisões de todo o mundo, pode criar uma reacção contrária: depois do enorme entusiasmo, podemos passar por uma enorme desilusão e uma maior descrença nas virtudes da Ciência. Não nos esqueçamos que os fanáticos religiosos andam, há mais de cem anos, a tentar desacreditar a Teoria da Evolução (os religiosos mais agressivos preferem acreditar na famosa e controversa Teoria do Criacionismo: http://pessoas.hsw.uol.com.br/criacionismo1.htm). Um passo em falso, expectativas goradas e a Ciência sofreria um abalo muito forte…
Esperemos pelas conclusões finais…
Fotos retiradas de:
Semanário Expresso (esqueleto de Ida)
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