quarta-feira, maio 13, 2009

Baú Da Avozinha

Injustamente Esquecido: Dune, de Frank Herbert

 

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Mesmo não tendo lido os livros, toda a gente já ouviu pelo menos falar de vários universos épicos como, por exemplo, O Senhor Dos Anéis, Eragon, Harry Potter, As Crónicas de Nárnia, entre outros. Todavia, em 1965 foi publicada uma obra, considerada a Bíblia da ficção-científica, de nome Dune (“Duna”, em Português), obra esta que, à excepção de alguns apaixonados pela verdadeira literatura, praticamente que foi esquecida.

O seu autor, Frank Herbert, imaginou toda uma história que poderá acontecer daqui a 22.000 anos. Trata-se, portanto, de um futuro muito distante. Neste mundo, as máquinas já não são bem-vindas. Os humanos já sofreram o que tinham a sofrer com elas, e usam-nas simplesmente para poderem viajar de planeta em planeta, cavar grandes superfícies de terra, ou então usam-nas como um sistema de defesa (é o caso dos escudos, por exemplo). Toda a tecnologia existente tem como única função tratar daquilo que é essencial e que pode facilitar a vida dos humanos. clip_image003Não há computadores, não há robôs, não há “quinquilharias” electrónicas que, no fundo, só poluem e só causam danos físicos e psicológicos à Humanidade. As batalhas são corpo-a-corpo, à maneira medieval como, aliás, todas as guerras deviam ser.

Neste universo, existem três “Casas” (nesta obra, o termo “casa” é o mesmo que dizermos “família poderosa”) de grande força e importância: a Casa Atreides, a Casa Harkonnen e a Casa Corrino, lar do Imperador Shaddam IV. Ora, acontece que o Imperador tem a certeza absoluta de que a Casa Atreides pode ser uma série ameaça ao seu poder. Porém, está de mãos atadas: se atacar abertamente esta família poderosíssima, arriscar-se-á a ser cilindrado por outras casas nobres, igualmente proeminentes. Se não fizer nada, poderá vir a perder clip_image004o seu trono. É então que Shaddam IV, inteligente e manhoso, toma a decisão de “dividir para reinar”: ao incentivar o Barão Harkonnen a destruir a família Atreides, não só garantirá o seu poder como nem sequer poderá ser acusado de nenhuma matança.

O plano tinha tudo para dar certo. Só que ninguém estava à espera da rebeldia de Paul, o filho de Leto Atreides. Ainda antes de esta personagem ter nascido, corriam rumores e profecias de um futuro Messias (o Kwizats Haderach) que iria repor a paz e o equilíbrio, neste mundo. De tal forma estas profecias assustavam, que a Irmandade das Bene Gesserit, uma ordem de mulheres guerreiras e também detentoras de grandes poderes psíquicos, exigiram que a mãe de Paul só concebesse meninas. É que, segundo os cálculos delas, a Casa candidata ao Messias era a Casa Atreides.

clip_image006E tinham razão: Paul escapa ao atentado, é acolhido por um estranho povo do deserto, os fremen e, a partir daí, a profecia começará a ser não um sonho, mas uma realidade…

Este grande romance sofreu uma explosão de êxito em 1984, quando um génio excêntrico chamado David Lynch decidiu transportar este universo para o cinema. Quem viu o filme, reconheceu de imediato o talento do realizador, mas a obra cinematográfica ficou muito, mas muito aquém da obra literária. Com efeito, para lhe ter sido feita uma justa homenagem, teriam sido necessários três filmes e não um, à semelhança da trilogia d’O Senhor Dos Anéis, de Peter Jackson. Mas Lynch, nessa altura, ainda era um nome quase desconhecido, e poucos quiseram investir no seu projecto, apesar de esta película estar cheia de estrelas famosas dos anos oitenta…

Estranho, bizarro, soberbamente escrito, eis um romance épico que devia estar nas bibliotecas de todo o mundo, privadas e pessoais…

S.C.

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