sábado, maio 16, 2009

Boa Leitura!

A equipa da Biblioteca/Centro de Recursos recomenda-vos três livros para as futuras tardes solarengas que se adivinham nos próximos meses. Os autores e os temas não podem ser mais diferentes uns dos outros, mas são garantia de umas horas de leitura bem agradáveis.

As Cantinas” e Outros Poemas do Álcool e do Mar, Malcolm Lowry

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- Bêbados de água salgada, sedentos de desastre,

Restos de naufrágios de barcos nunca sonhados.

A calamidade jamais os abandona

Não os troca pela calma dos veleiros e pela vigília: (…)

É assim que começa o poema Ao Balcão, um poema de uma tristeza profunda, cheio de almas perdidas e afogadas nos seus sonhos frustrados, afogadas na melancolia da Condição Humana, que sempre desejou o voo, mas quase nunca conseguiu concretizá-lo.

Malcolm Lowry foi um dos mais geniais escritores e poetas ingleses do século XX. Nunca foi feliz, e sente-se essa tristeza a transpirar em toda a sua obra. Alcoólico incorrigível desde os 22 anos, as suas duas grandes obsessões – a escrita e a garrafa – destruíram a sua vida aos 48 anos. Morreu de uma overdose de álcool e de comprimidos para o sono. A sua segunda mulher, Margerie Bonner, foi uma excelente influência para Malcolm. Porém, não conseguiu salvá-lo dos seus fantasmas…

A editora Assírio & Alvim fez-lhe uma justa homenagem e, como é costume, a edição é bilingue: na página esquerda temos acesso ao poema original, na direita podemos lê-los na nossa língua. E tendo em conta que esta editora não brinca em serviço, o tradutor (José Agostinho Baptista) foi escolhido a dedo.

Para ler num dia de contemplação.

 

Quando Éramos Peixes, de Neil Shubin

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Ora aqui temos mais um livro de divulgação científica, que se devora como um guloso bolo de chocolate.

Por que motivo os humanos têm o aspecto que têm – um pau esticado com dois pauzinhos no meio (braços) com duas extremidades muito estranhas (mãos), dois buracos para ver (olhos), um buraco para falar (boca), dois buraquitos para respirar (nariz), duas cartilagens esquisitas (orelhas) e uns bocados de carne estranhos, que parecem suportar todo o peso desta coisa bizarra que somos nós (pés)? Por que motivo os homens têm mamilos que, pelos vistos, não servem para nada? E, mais estranho ainda, existirá alguma ligação entre os seios, as glândulas suporíparas… e as escamas?

Desde que o ADN foi descoberto, os cientistas não têm feito outra coisa senão descobrir elos nunca antes imaginados entre o Homem e várias outras espécies deste planeta (a obra O Conto Ancestral, de Richard Dawkins, é imperdível!). Neil Shubin, um conceituado paleontólogo e professor de Anatomia prova, através deste livro, que os ditos “órgãos humanos” já existiam neste mundo, ainda antes de os primeiros “caminhantes da terra” começarem a respirar o oxigénio das árvores. Demonstra que as nossas mãos são bastante semelhantes às barbatanas dos peixes e que a nossa cabeça está organizada exactamente da mesma forma que a de um peixe sem maxilar, há muito desaparecido.

Este livro é uma verdadeira injecção de sabedoria e de boa disposição. Neil Shubin não escreve para os seus colegas cientistas, escreve para um público vasto, isto é, nós. E é verdadeiramente impossível não nos deixarmos arrastar pelo entusiasmo deste paleontólogo. A Natureza ainda tem muito para nos contar.

Para ler num dia de boa disposição.

 

clip_image002Nómada, de Stephenie Meyer

Para quem já leu o livro Crepúsculo e viu o filme e leu a Lua Nova e leu o Eclipse e já anda com o look de um vampiro e já tem a t-shirt do lindo par de namorados e já comprou a caneca com a cara dos namorados e já tem a mochila com a cara dos namorados e já comprou a Bravo Especial, dedicada à loucura do momento e… Bom, para quem já tem isto tudo, o nome Stephenie Meyer é tão conhecido como os Gato Fedorento ou os Xutos e Pontapés. Porém, a obra Nómada só agora começa a ser falada no nosso país. Aproveitando a boleia do vampiro mais romântico do século, a editora 1001 Mundos traduziu este gigantesco romance de ficção-científica para a nossa língua.

E, de facto, o tamanho mete medo: 836 páginas!! Tentem ler este livro deitados numa cama e logo descobrirão que, ao fim de duas horas de leitura, os músculos dos vossos braços cresceram dois centímetros. Porém, raramente o tamanho de um livro é sinónimo de “aborrecimento”: há obras gigantescas que se devoram, como se fossem pãezinhos com queijo, e há contos diminutos que são soporíferos e nunca mais parecem terminar. Nómada é o exemplo perfeito de um “tijolo” viciante, que não se larga nem quando vamos tomar banho.

De que trata a história? Ao princípio, parece que estamos a ler um típico romance americano, estilo “eles vieram para nos invadir”. E, com efeito, é disso mesmo que o livro fala: uma espécie alienígena invade planetas e coloniza-os, não para lhes fazer propriamente mal, mas porque precisam de corpos para se manterem vivos. Trata-se de seres que precisam de “hospedeiros” pois, sem eles, não conseguem sobreviver de uma forma autónoma. Esta maldição obriga-os a “escravizar” os corpos das espécies que colonizam, apagando-lhes as memórias e permitindo, assim, que os novos ocupantes possam viver alegremente… até o hospedeiro morrer. Não é um destino lá muito feliz, mas enfim…

Chegou, portanto, a nossa vez. E, como era de se esperar, somos um osso duro de roer. Por isso mesmo, as almas preferem encarnar em “hospedeiros imaturos”, isto é, crianças. Só que Nómada, uma das almas mais velhas e mais experientes, exigiu ser colocada no corpo de uma fêmea adulta (o livro explica porquê). Após a transformação descobre, completamente estupefacta, que Melanie Stryder, a humana cujo corpo está a ocupar, permanece viva e bem teimosa no seu novo cérebro.

Gera-se, então, uma verdadeira batalha mental entre a mente da alienígena e a mente da mulher humana. Pior ainda, as memórias de Melanie revelam-lhe sentimentos e recordações que, muito a custo, Nómada consegue controlar. E o corpo em que ela agora habita também não a ajuda muito. O paladar, a audição, o toque e, sobretudo, o desejo físico, são sensações que Nómada nunca teve que enfrentar. Não de uma forma tão violenta. Todavia, e mais importante que tudo, a nossa invasora começa a sentir amor pelo humano que lhe surge no cérebro a toda a hora: Jared, um membro da Resistência…

Para ler naqueles dias em que só queremos entretenimento.

1 comentário:

darlen disse...

quero comenta sobre esse livro. eu ja acabei de ler ele,em espanhol ele muito bom .ele e um pouco mas maduro que a saga crepusculo. na verdade eu gostei muito, um abraço