Revista Visão, de 19 a 25 de Maio
Não é muito difícil qualquer um chegar à conclusão da razão que nos levou a escolher esta revista como “livro” da semana: o país está a precisar como de pão para a boca de motivos para sorrir. Não temos dinheiro nos nosso cofres e, por isso mesmo, estamos completamente dependentes das esmolas e da caridade dos outros; apesar de trabalharmos bastante (somos dos países da Europa que mais cedo acorda e mais horas de trabalho tem) continuamos a não produzir e não sabemos render as nossas horas de “labuta diária”; somos a nação da Europa que mais consome anti-depressivos; os nossos filhos vão à escola mas nem a família nem eles próprios a valorizam. Podíamos gastar 10 páginas
de estatísticas embaraçosas, que reflectem um país atrasado, sem projectos, sem sonhos, sem futuro. Porém, o pior de tudo talvez seja o facto de não sabermos como dar a volta aos problemas. Reclamamos, reclamamos mas não sabemos propor alternativas.
Ora, a revista Visão é uma lufada de ar fresco numa maré de jornais e canais pessimistas. Ao contrário das lamúrias do costume, esta publicação decidiu mostrar aos portugueses o quanto estes podem ajudar o país: através de um saudável patriotismo. Não o patriotismo serôdio e antiquado dos nossos bisavós; não o patriotismo saudosista do tempo da “velha senhora”; não o patriotismo negativo dos neo-nazis; este patriotismo reside apenas no bom senso, no facto de sentirmos orgulho das coisas boas que temos, e o simples gesto de estarmos a comprar “aquilo que é nosso” é uma excelente forma de preservarmos postos de trabalho, produtos de qualidade, ajudarmos a preservar o meio-ambiente e trazermos divisas para a nossa nação.
Afinal, o que é um “produto português”? Será que o código de barras 650 é um bom indicativo de que estamos a adquirir marcas nacionais? De quanto precisamos de gastar por mês para equilibrarmos as contas do nosso país? É verdade que as nossas exportações aumentaram? E, mais do que tudo, comprar português está na moda? Ou continua a ser coisa de “fascistas saudosistas”? Uma coisa é certa: as mentalidades estão a mudar e marcas tradicionais como a Couto ou a Ach Brito voltaram a estar na berra, de tal forma que estrelas como a Oprah Winfrey, Sharon Stone e Kate Moss as usam!!
Deixemo-nos de clubismos futebolistas estúpidos e passemos a pensar em grande. Porque o patriotismo não é apenas colocarmos bandeirinhas nas janelas, em tempos de mundiais e europeus. É muito bonito, mas não serve para nada. E, afinal, não é preciso muito para que Portugal saia da cepa torta. Basta cada um de nós contribuir um bocadinho para as nossas empresas.
E, ainda por cima, essas bandeiras nem sequer são cá feitas.
Ach Brito – Os sabonetes 5 estrelas de Hollywood!!
1 comentário:
Sim, já começa a ser mais que altura de reinventar este país. Sinto que vem aí uma grande mudança que virará esta nação para um lado totalmente desconhecido. No entanto, é preferível aceitarmos o desconhecido a permanecermos nestas «águas enquinadas» em que andamos há cerca de um século.
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