sexta-feira, maio 20, 2011

Adeus, Yvette Vickers

 

PBDYVVI EC002 Como é que é possível que, num século XXI cheio de 1001 maneiras de entrarmos em contacto uns com os outros, ainda haja gente que morre sozinha e desamparada? Quase que podemos dizer que as tecnologias, longe de aproximarem as pessoas, só as afastam ainda mais umas das outras. Há 100 anos atrás, havia homens e mulheres que conseguiam manter uma amizade eterna e à distância, apenas através de cartas e postais ilustrados, a meio minuto da casa ao lado. Hoje, são cada vez mais os seres humanos que morrem dentro das suas próprias casas. Não têm família, não têm amigos, não têm o apoio dos vizinhos. Que se passa com este mundo?

O fim triste de Yvette Vickers, actriz de filmes série B (género de terror e de ficção científica) dos anos 50 e 60, mais parece ter saído de uma

clip_image003 história de terror, daquelas que poderiam dar um bom sucesso de bilheteira: o seu corpo foi encontrado já completamente mumificado e estima-se que a sua morte tenha tido lugar há cerca de um ano atrás. Segundo a autópsia, é provável que tenha morrido de um ataque de coração fulminante (ao menos isso…) Os vizinhos deram pela ausência, mas depois chegaram à conclusão de que talvez Yvette se tenha mudado para outras bandas. Segundo os mesmos, era uma pessoa calada e reservada e continuava a receber cartas de fãs de todo o mundo. Fãs que queriam conhecê-la e ser amigos dela. Que ironia do destino: uma mulher tão requisitada e ainda tão amada morreu da forma mais inesperada: não esquecida mas sozinha.

Orgulhosa e tímida, Yvette nunca assumiu a sua solidão. Para ela, fora de casa e à frente dos vizinhos, estava tudo bem. Nos últimos anos começou a ficar paranóica, dizia que estava a ser perseguida por fãs agressivos. Hollywood, “empresa” famosa por desprezar as estrelas caídas em desgraça, nunca lhe fez uma única homenagem. Porém, gravem bem o que vos digo: na próxima cerimónia de Óscares, vamos ter honras e tapete vermelho. E muita gente, cinicamente, de lagriminha no olho.

Deixemos, portanto, os verdadeiros fãs, aqueles que ainda lhe escreviam cartas a dizer “quero conhecer-te”, prestar-lhe a devida homenagem.

Ataque da Mulher Gigante

Imagens retiradas daqui e daqui

1 comentário:

Mariza disse...

O filme parece ser deliciosamente mau. Dá vontade de o ver. Repousa em paz, Yvette, lenda da Sci-FY...