A Menina Que Não Sabia Ler, de John Harding
Vamos imaginar que estamos a viver na Inglaterra do século XIX. Os primeiros passos da Escola Pública começavam a ser dados. A sujidade era uma constante, de tal forma que os esgotos de Londres tiveram de ser reformados do zero no ano de 1858, porque já não conseguiam sustentar o lixo, a urina e as fezes de milhões de cidadãos. Mais de metade dos Ingleses viviam no limiar da pobreza, e só uma pequena elite de ricos e burgueses endinheirados tinham acesso ao poder e à Educação. A cultura era um privilégio de poucos, e nem pensar em dá-la às mulheres. Com efeito, elas querem-se estúpidas, submissas e prontas para casar.
Florence é um exemplo disso: educada juntamente com o seu irmão numa gigantesca mansão, ninguém quer saber deles para nada. Andam “por aí” a vaguear de sala em sala, à solta e ao Deus dará como se fossem bichos. O tio, que supostamente devia desempenhar o seu papel de tutor, não se interessa por eles e entrega-os às mãos dos criados de uma casa que vive debaixo de regras muito rígidas. E, vá-se lá saber porquê, o tio não quer que Florence aprenda a ler… Porém, este homem, que nem sequer se dá ao trabalho de conhecer pessoalmente os seus protegidos, subestima a inteligência e fome de saber desta menina. Assim que descobre, numa das suas muitas deambulações, a gigantesca biblioteca secreta e proibida, não descansará enquanto não aprender a ler sozinha, para que possa ter acesso a esse mundo incrível que são os livros.
Quando Giles, o seu irmão, é rejeitado por um colégio interno, por ser descrito como sendo uma criança lerda que não aprende bem, o tio lá se dá ao trabalho de contratar uma preceptora que lhe dê as lições de acordo com o ritmo da criança. Até aqui, tudo bem. O problema, mais tarde, é que esta professora morre em circunstâncias bastante estranhas. E a história começa a tornar-se ainda mais sinistra quando a nova preceptora, uma mulher fria e estranha, começa a invadir a vida de Florence e seu irmão.
E, por fim, a atmosfera da própria casa… Fechada, gótica, decadente, carregada de fantasmas, carregada de segredos de família, carregada de sombras do passado…
Uma vez que esta história é-nos contada através dos olhos de Florence, perguntamo-nos se esta tem razão em desconfiar da srta. Taylor ou se não estará a enlouquecer. A preceptora é ou não uma criatura maléfica? E por que motivo Florence sonha com uma mulher a ameaçar Giles, o seu irmão? Que segredos esconde esta casa? Por que razão não a deixam aprender a ler?
Não larguem o livro porque o final é completamente inesperado.
1 comentário:
Apetece ir a correr ler o livro...
Delenn
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