Lá Longe, A Paz (vários escritores)
Este não podia ser um livro mais actual: numa altura em que o mundo inteiro assiste, horrorizado, à cada vez maior brutalidade entre israelitas e palestinianos, vale a pena lembramo-nos que as maiores vítimas da ganância, da intolerância e da estupidez dos adultos são sempre os mais frágeis e os mais indefesos: velhos, mulheres e sobretudo crianças. Lá Longe, A Paz é uma excelente antologia dedicada aos testemunhos da guerra, e dos traumas que gera em todos aqueles que tomaram parte dela, quer sejam inocentes quer sejam carrascos.
Ao lermos estes testemunhos, poemas, excertos de contos ou livros, estamos a dar a volta ao mundo, mas esta viagem não é agradável: desde os relatos dos campos de concentração alemães até aos genocídios de Ruanda, passando pela Primeira Guerra Mundial e terminando com um agradecimento da parte de uma criança da Palestina, esta jornada obriga-nos a repensar a forma como olhamos para o mundo e como nos vemos no espelho da nossa alma. Portugal, como é de esperar, é um dos países mais destacados neste livro, devido ao seu passado ligado a uma ditadura que durou mais de quarenta anos, para além de ter gerado uma série de brutais guerras coloniais.
Terminamos este texto com um poema lindíssimo de Theo Olthuis, incluído nesta obra:
Para Anne Frank
Querida Anne,
O que escreves é verdade.
Os adultos agem sem pensar.
Bombas mandam atirar,
Para de um país se apoderar.
Poluem o ar,
A praia e o mar.
Conduzem muito depressa,
Bebem até perder a cabeça.
Separam-se os casais
Ou fazem cenas teatrais.
Mas eu tenho um sonho belo:
Um dia…
De outra maneira havemos de fazê-lo!
A tua amiga
Kitty
(tradução de Lina Cortesão)
Para ler e não esquecer…
S.C.
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