terça-feira, janeiro 13, 2009

De Onde É Que Vem a Expressão…

Arrotar Postas de Pescadaclip_image002

 

Como todos nós sabemos, alguém que arrota postas de pescada é um gabarolas, um convencido, um mentiroso que se faz passar pelo que não é. Mas o que é que a pescada tem a ver com a vaidade?!

Ao longo de séculos e séculos, a carne foi a refeição preferida das classes endinheiradas. Com efeito, a imagem que muitos nós guardamos dos ricos é a de um gordo monstruoso, vestido com as roupas mais caras e fumando charuto. A obesidade era sinal de dinheiro, de muita riqueza. Os pobres, por outro lado, eram sempre descritos como criaturas famélicas, esqueléticas, e alimentavam-se do peixe que pescavam nos rios, quase sempre acompanhado por uma côdea de pão e azeitonas.

Foi preciso chegarmos ao final do século XX, para a obesidade ser encarada como um mal da sociedade. Além disso, (ironia das ironias!) os gordos, hoje em dia, são os pobres! Afinal, toda a gente sabe que uma refeição de peixe e legumes custa o dobro ou o triplo do que custaria um hambúrguer com massa.

Apesar destes apetites carnívoros, isto não quer dizer que as classes abastadas SÓ comessem carne: até há muito pouco tempo, o salmão era um peixe consumido apenas pelos ricos. E, durante longos séculos, a pescada foi considerada muito valiosa, uma iguaria que só aparecia nas mesas dos nobres. De facto, no Foral de Lisboa, em 1500, este peixe está no topo da lista das preferências, seguido dos gorazes, dos cachuchos ou cavalas, e assim por adiante. O bacalhau, claro, era o “fiel amigo” dos portugueses…

 

Elefante Branco

clip_image004 Qualquer leitor/espectador que esteja atento às crónicas dos jornais, aos debates e a comentários relacionados com a política, já deve ter ouvido esta expressão. Um “elefante branco” é uma obra ou construção bastante cara e que não tem qualquer utilidade para quem quer que seja. A título de exemplo, quando a ponte Vasco da Gama estava a ser construída, muitos jornalistas, economistas e arquitectos consideraram-na inútil para o país: não só seria bastante dispendiosa, como nem sequer serviria para diminuir o tráfego da Ponte 25 de Abril (mais conhecida por Ponte Sobre o Tejo). O tempo provou que todas estas pessoas estavam certas…

Mas falemos, então, da origem desta expressão: há séculos atrás, na Índia e na Tailândia, sempre que um cortesão entrava em desgraça, o rei oferecia-lhe… um elefante branco. Ora acontece que estes animais, por serem bastante raros, eram sagrados. Não serviam para trabalhar, não serviam para passeios, não serviam para nada. No entanto, eram um rombo financeiro na carteira de qualquer um. Um elefante não é propriamente um alegre e fofinho caniche: são necessárias toneladas de comida por dia, para o manter feliz e bem alimentado. Em suma: o “feliz contemplado” não podia negar este presente envenenado (não se diz “não” a um rei!) para além do facto de que, a partir daí, levaria o resto da sua vida a contar todos os tostões…

Ilustrações:

Pescada- Retirada do site

http://www.pescadosme.com.br/produtos/detalhes.asp?familia=Pescada%20Amarela

Elefante Branco Real- Século XIX, artista desconhecido

S.C.

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