quarta-feira, janeiro 21, 2009

De Onde É Que Vem A Expressão…

Do Tempo Da Maria Cachucha/ Maria Castanha

clip_image002 É o que costumamos dizer, quando falamos de algo ou alguém que pertence a um passado já muito distante. Os brasileiros têm outra expressão, para exprimirem exactamente a mesma coisa: “Do Tempo Do Rei Charuto”. Mas… Quem foi esta “Maria Cachucha”??!!

Esta frase corrente é, pelos vistos, bastante antiga: já o escritor espanhol Cervantes (século XVI/XVII) a usou na sua obra El Casamiento Engañoso. De facto, tudo aponta para que esta expressão muito utilizada pelos portugueses seja… Espanhola. A nossa “Maria Cachucha” foi uma tal “Maricastaña” que, segundo a lenda (pouco ou nada se sabe dela), convenceu o seu marido a não pagar certos impostos exigidos pelo reino castelhano.

Já agora, importa referir que os portugueses foram pródigos a imaginar expressões correntes, relacionadas com tempos bastante antigos: No tempo em que a Berta fiava, Do tempo do arroz de quinze, Do tempo do avô do Padre Inácio, Do tempo do bacalhau a pataco

 

clip_image001Vira-Casacas

Todos nós já ouvimos falar desta expressão: o “Vira-casacas” é aquele ser humano oportunista que, consoante as circunstâncias, muda de política, de opinião e de amigos, sempre que isso lhe convém. São pessoas que não merecem o nosso respeito, pois não se pode confiar nelas para coisa nenhuma e, por isso mesmo, são muitas vezes vistas como traidoras.

Hoje em dia, a casaca é uma espécie de casaco preto, próprio para cerimónias especiais e que é vestido pelo sexo masculino. Todavia, há muito tempo atrás, esta “fatiota” era uma longa capa com mangas, quentinha e muito confortável para todos aqueles que andavam a cavalo. Além disso, convém lembramo-nos que, há séculos atrás, a maior parte dos cavaleiros pertencia a uma ordem militar (o cavalo foi sempre um animal caro) e cada uma delas possuía uma cor que as distinguia umas das outras.

Em tempos de instabilidade e de guerra, era normal os guerreiros “trocarem de cor/casaca”, sempre que tinham que atravessar território inimigo, ou quando as suas vidas se encontravam em perigo. Com o tempo, o acto de “Virar a casaca” deixou de ser visto como um acto de sensatez e de esperteza, e passou a ser interpretado como um gesto de falsidade e de hipocrisia.

O exemplo perfeito do “Vira-Casacas” foi Carlos Manuel, o duque de Sabóia. Sendo um nobre francês e também espanhol, o “honrado senhor” tanto apoiava um país como, logo a seguir, apoiava o outro, sempre que lhe dava jeito. Aliás, o seu cinismo era tão grande, que chegou a mandar fazer uma casaca que tinha duas cores, vermelha de um lado e branca do outro. Assim, cada vez que atravessava uma fronteira… Virava a casaca!

(Foto das Ruínas do Carmo: upload.wikimedia.org)

(Exemplo de uma casaca: http://www.fotoplus.com/dph/info17/i-estudos.htm)

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