segunda-feira, abril 19, 2010

Ontem Foi O Dia Mundial Dos Monumentos E Sítios

Somos o que somos, graças à nossa História, graças à nossa cultura, aos nossos ideais, graças às circunstâncias que ocorreram nas nossas vidas, graças ao legado cultural/económico/gastronómico/social que os nossos pais e clip_image002avós nos transmitiram, graças às relações amigáveis ou pouco amigáveis que tivemos com países vizinhos e alianças poderosas, graças aos nossos heróis, poetas, escritores, músicos, pensadores. E os monumentos são precisamente um testemunho do nosso passado e da nossa herança como Portugueses e como seres humanos.

A forma como respeitamos e preservamos o nosso passado, diz muito de nós: os Espanhóis já adquiriram o hábito de restaurar tudo o que está ligado à História e Arte da sua nação. Porém, nós Portugueses deixamos cair e destruir todas as evidências da nossa História e Cultura. E os exemplos são infindáveis: a casa onde morou Aristides De Sousa Mendes, um dos maiores heróis portugueses e do mundo, está à beira do colapso (ver foto); a casa onde morou o escritor Almeida Garrett foi demolida pela Câmara Municipal de Lisboa; o convento de Cristo, em Tomar, um dos monumentos mais emblemáticos de Portugal, está a dar de si. A lista, infelizmente, é assustadora: segundo o jornal Expresso.pt, um terço do património mundial no nosso país está a precisar urgentemente de obras (esta notícia vale a pena ser lida: http://aeiou.expresso.pt/portugal-deixa-morrer-patrimonio=f489824 ). Ora, isto diz muito de nós: somos um povo que não se dá ao respeito, que já não é capaz de guardar uma pinga de amor-próprio, que já não tem a mais pequena migalha de auto-estima. E uma nação que não se dá ao respeito, que não se mima, que não se valoriza, é uma nação condenada à morte. Levamos a vida a olhar, cheios de rancor e inveja, para o que se faz “lá fora” e nunca damos valor àquilo que é nosso. Um povo que pensa e reage assim está morto.

Está bem, este é mais um dia mundial de qualquer coisa. Talvez (talvez...) os jornais abordem hoje o assunto, muito ao de leve, entre duas notícias de futebol. Já não é mau. Mas enquanto os Portugueses não reconquistarem a alegria e o orgulho do que fomos e seremos, não há esperança para a nossa nação.

Porque um país que precisa de Mundiais de Futebol para ter um bocado de auto-estima é um país que já não existe.

Deixamos aqui um excelente video da National Geographic sobre Portugal.

Isto É Portugal

Imagem

2 comentários:

Anónimo disse...

É realmente uma inicitiava interessante e é bom que este espaço a aborde. Pena é que falem do que se passa noutros locais que não em Serpa, onde houve iniciativas interessantes para comemorar este dia e diz respeito à vivência dos que frequentam essa escola.
Era bom que se começasse a olhar para perto de casa...

Anónimo disse...

Caro/a anónimo/a:

O dia mundial do património e dos sítios é, como o próprio nome indica, um dia "mundial". Por isso mesmo, eu falei do país em termos gerais, dando exemplos que eu considero graves. Pessoalmente, não entendo como é que há dinheiro para TGVs e 10 estádios de futebol mas, estranhamente, nunca há dinheiro para preservarmos aquilo que representa o nosso passado, presente e futuro. Claro que há excepções e, por acaso, Serpa é uma delas: por exemplo, a Câmara Municipal de Serpa é uma das poucas câmaras desta nação que, tirando algumas excepções, exige que as construções das novas casas não entrem em choque com a arquitectura das antigas. Mas o/a leitor/a tem que admitir que um país que não respeita aquilo que é seu é um país sem identidade e sem futuro.

Quanto às "iniciativas interessantes" que foram feitas nesta cidade, fiquei a par de algumas delas, através do jornal local. Infelizmente, a nossa escola recebe toneladas de papéis, faxes, informações, etc, e os professores perdem-se no meio de tanta burocracia. Não conseguem, assim, estar a par de TUDO. No entanto, se quiser publicitá-las neste blog,teremos todo o prazer de informarmos os nossos leitores acerca de todas as actividades em primeira ou segunda mão.

Obrigada pela sua crítica e volte sempre.

A autora do texto,

Sandra Costa